Paz Temporária - Sombras do Passado escrita por HellFromHeaven


Capítulo 25
A boa filha a casa torna




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/480615/chapter/25

Mais dois anos se passaram até que eu pudesse adquirir toda a informação necessária para ferrar de vez com Cherland. Tenho que admitir que ser uma comandante de uma tropa de forças especiais foi uma experiência realmente interessante. Na verdade seria muito mais se eu não tivesse sido a responsável por um grande número de mortos. Pois é, tive que ajudar o exército a destruir algumas bases secretas para ganhar a confiança deles. Nosso esquadrão comemorava mais uma vitória com uma pequena festa no quartel general enquanto armávamos as próximas ações. Além de mim e do Jack, havia mais dois homens encarregados de comandar aquela equipe das forças especiais. Eles eram os únicos responsáveis até que nós dois chegamos e fizemos com que tudo funcionasse. É claro que nenhum daqueles dois incompetentes gostava da gente, pois tecnicamente roubamos a glória que poderia, ou não, ser alcançada por eles algum dia. Eu não ligava para isso, aliás, até me divertia com os dois de vez em quando. Por algum motivo parecia que eles estavam especialmente irritados na ocasião e não concordavam com nada que propúnhamos:

– Poderíamos atacar a base de Nº 8 em seguida e...

– Claro que não! Você é idiota, garota? Seria muito óbvio!

– Então que tal a 7?

– Pior ainda! Parece que essas vitórias consecutivas subiram à sua cabeça.

Como eu disse anteriormente, nunca me importei com as provocações dos dois, mas nesse momento específico me lembrei de que já tinha reunido todas as informações que precisava e não havia mais motivo para continuar em Cherland. E aquele desentendimento poderia ser nosso passaporte para fora do país.

– Nesse caso, por que vocês não tomam a dianteira do próximo ataque?

– Não brinque conosco, garota!

– Eu estou falando sério. Realmente não estou conseguindo pensar em um movimento decente no momento. E como vocês estão nesse ramo a mais tempo do que eu, o mais sábio a se fazer seria dar o controle total da próxima operação a vocês.

Eles se entreolharam e sorriram sadicamente como se eu tivesse acabado de cair em uma armadilha. Mal sabiam eles que era exatamente o contrário. Parece que eu fiquei boa em manipular as pessoas ao longo desses anos. Depois de cochichar algumas frases entre eles, os dois se levantaram com olhares determinados e prosseguiram:

– Você está absolutamente certa. Na verdade, se tomasse essa decisão antes teríamos poupado muitas vidas.

– Você acha mesmo?

– Mas é claro. Apesar de demonstrar um talento natural na arte de liderar, ainda há uma linha bem distante entre seus conhecimentos e os nossos anos de experiência no ramo.

– Bem... Eu só fiz o que o general me mandou aqui para fazer.

– Não se culpe. Errar é humano, mas reconhecer os erros é o primeiro passo para endireitá-los. Então pode ficar tranquila.

– Sim. Você e o Jack podem até tirar uma folga enquanto cuidamos das coisas por aqui.

– Tem certeza? Quanto a ela eu entendo, mas se quiserem eu posso ser útil em alguma coisa.

– Não se preocupe meu jovem. Nós daremos conta do recado.

– Isso mesmo. Podemos ser velhos, mas ainda estamos na ativa.

– Então está decidido. Deixaremos o esquadrão aos seus cuidados e aproveitaremos para descansar um pouco.

– Verão do que nós somos capazes. Podem descansar totalmente despreocupados!

Aquela era uma situação totalmente inusitada. Por um lado, era a oportunidade perfeita para sairmos de Cherland. E por outro, era a oportunidade perfeita para aqueles dois incompetentes nos ferrarem. Aposto que eles estavam pensando em sabotar a operação e depois colocar a culpa em nós porque estávamos relaxando na “hora em que eles mais precisavam”. Como eu sei disso? Bem, digamos que estava escrito em seus rostos. Não era preciso nenhum tipo de vidência para o caso. No final, aceitamos a proposta e fomos tirar uma folga coincidentemente em uma cidade que fazia fronteira com Harvyre. Uma diferença interessante entre nossas posições em Harvyre para com as nossas em Cherland era que o que faltava em liberdade na primeira, sobrava na segunda. Tínhamos o direito de ir para qualquer lugar do país sem ter que pedir nenhum tipo de autorização. Não preciso nem dizer que cruzar a fronteira foi tarefa fácil. Ah! Eu não me esqueci de que somos procurados políticos na nossa terra natal. E foi exatamente por isso que entramos no país por uma cidade tomada pelos Fallen Ones. Começar aquela guerra civil foi a melhor coisa que eles fizeram pelo país. Paramos em um restaurante da cidade para comer algo enquanto decidíamos nosso próximo passo e aproveitamos para conversar um pouco:

– É tão engraçado estar comendo em um restaurante de Harvyre com um uniforme do exército de Cherland.

– Pois é. Já sabe qual nosso próximo destino, pequena?

– Sim. Pouco antes de fugirmos para Cherland, conheci um membro dos Fallen Ones através do Phoenix e mantive contato com ele desde então. Ele nós transportará para qualquer cidade sob o controle da guerrilha.

– Não sei nem por que ainda pergunto. Parece que você sempre tem tudo planejado.

– Eu faço o meu melhor... Depois daquela noite comecei a pensar cautelosamente em todos os meus passos antes de sair do lugar.

– Está se referindo àquela noite antes de você ser levada para o forte onde nos conhecemos?

– Sim... Lembro-me daquele dia como se fosse ontem e acho que ele não sairá da minha memória tão cedo...

– Entendo... Você mencionou o Phoenix não é?

– Sim.

– É realmente uma pena que ele tenha morrido.

– Sinto uma parcela de culpa por esse ocorrido.

– Não deveria. Ele morreu defendendo o que acreditava. Graças a ele nós pudemos dar continuidade ao plano chegar até aqui. Eu faria o mesmo em seu lugar.

– Mesmo assim eu não consigo deixar de me sentir culpada por todas as mortes nas quais estive relacionada. E isso inclui os soldados daquelas bases que atacamos.

– Heh. É meio engraçado.

– O quê?

– Às vezes me esqueço de que você é apenas uma garota.

– Eu já tenho dezoito anos.

– Não foi isso que eu quis dizer. Você tem uma mentalidade acima da sua idade e um coração frágil. É uma combinação complicada.

– A culpa de eu ter amadurecido demais é desse país de merda.

– Pois é... Mas vamos parar de falar de coisas ruins. Já sabe para onde irá?

– Com certeza. Preciso rever uns velhos amigos em Olgden Ville.

– Imaginei que diria isso.

– Você gostará deles.

– Temo que não haja como comprovarmos isso.

– O que quer dizer?

– Assim como você, preciso rever algumas pessoas importantes. Faz anos desde a última vez em que visitei meus pais e não posso deixar essa chance escapar.

– Entendo... Sabe onde eles estão?

– Sim. Usei alguns dos nossos contatos para averiguar isso. Eles estão morando em Mardley Ville, uma pequena cidade do interior. Pretendo ficar lá por algum tempo.

– Falando nisso... Faz pouco mais de quatro anos desde a última vez que vi meu pai...

– Está falando do cientista que lhe adotou, certo?

– Sim... Sinto muitas saudades dele...

– Logo você o verá novamente.

– Sim... Mal posso esperar.

Um homem com trajando roupas com o símbolo dos Fallen Ones estampado entrou no restaurante e, ao nos avistar, começou a andar em nossa direção.

– Oh. Parece que meu contato chegou.

Ele caminhou lentamente até nossa mesa, pegou uma cadeira e sentou-se. Exibia um sorriso em seu rosto e parecia um pouco agitado. Analisou-nos com os olhos por alguns segundos e depois coçou a cabeça:

– Você é a Cherry, certo?

– Eu mesma.

– Ótimo! Não pensei que seria tão fácil te encontrar.

– Estamos vestidos assim exatamente para sermos notados.

– Pois é né... O pessoal veio me falar que dois oficiais de Cherland tinham cruzado a fronteira sozinhos se estavam tranquilamente comendo em um restaurante daí eu pensei: “Só podem ser eles!”.

– Jack, esse é Noah. Ele é um dos chefes da área de informações dos Fallen Ones.

– Somos basicamente espiões.

– Ah! Já avisou nosso convidado especial?

– Já! Ele já estava por aqui então vai chegar a Olgden Ville pouco depois de você.

– Ótimo! Quando partimos?

– Quando a senhorita quiser.

– Senhorita... Gostei... Vamos logo então. Eu preciso rever meu pessoal.

– Você pretende ir assim mesmo?

– Claro Jack. Preciso ser notada, mas não como eu mesma para causar um pouco de suspense para eles.

– Só você mesmo.

– Ah! Noah preciso que arranje um transporte para o Jack. Ele vai para Mardley Ville.

– Pode deixar. Vai demorar um pouco, então aconselho que fique na base dos Fallen Ones daqui até seu transporte chegar.

– Fico muito agradecido.

– Quanto a você senhorita, vamos partir agora mesmo.

– Isso é um adeus, certo coronel?

– Parece que sim, garota.

– Tenha uma vida tranquila e pacífica.

– Boa sorte com a etapa final do plano. Espero que nossos caminhos se cruzem novamente algum dia.

– Igualmente.

A viajem até Olgden Ville foi de longe a mais longa que já fiz, mesmo durando apenas duas horas. Minha ansiedade estava em seu ápice quando chegamos em frente à base da cidade. Falei com um dos guardas do local, respirei profundamente e entrei. E foi isso que aconteceu comigo durante esses últimos anos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Heee mais um~ (acho que já me redimi xD)
No próximo capítulo voltaremos ao presente e daremos continuidade à história.
Cherry Pie está chegando na reta final!
Agradeço a quem leu e vejo vocês no próximo capítulo /o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Paz Temporária - Sombras do Passado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.