Paz Temporária - Sombras do Passado escrita por HellFromHeaven


Capítulo 22
Pondo a cabeça para funcionar




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Dormi menos que o de costume (que já era pouco) naquela noite. Não consegui deixar de arquitetar diversos planos na minha cabeça depois de receber aquela imensa dose de determinação. Infelizmente tive que descartar cerca de 90% de tudo que pensei por se tratar de coisas, digamos, impossíveis de se realizar. Cheguei a ficar com vergonha de deixar tantos detalhes importantes de lado nessas ideias miseráveis. O bom foi que não dormi apenas 3 horas em vão, pois consegui pensar em umas duas ou três coisas aproveitáveis. Fui ao meu posto como de costume e passei o resto do dia interrogando pessoas. Aquele lugar não poderia estar mais movimentado. Depois de saberem que o plano de me transformar em um peão do exército havia funcionado, oficiais de todas as bases mandaram suspeitos para que eu pudesse “fazer minha mágica”. Quase dormi em cima do meu almoço, mas eu sobrevivi ao expediente. Ao sair daquele “cativeiro”, fui direto até o coronel para falar sobre o que havia pensado. Ele estava prestes a entrar em seu quarto quando apareci no corredor. Ele me fez um sinal e nós dois entramos. Sentei naquele confortável sofá e esperei enquanto Jack trocava de roupa em seu quarto. Como eu estava exausta, uma incrível vontade de dormir cresceu dentro de mim com a ajuda daquele bendito sofá. Mas eu não poderia me dar ao luxo de dormir até discutir sobre minhas reflexões noturnas. Ele demorou cerca de 5 minutos e sentou-se no outro sofá:

– O que houve?

– Bem... Não sei muito bem como explicar...

– Então fica difícil de entender. O general me disse que conversou com você ontem. Ele fez alguma coisa?

– Não, não. Digamos que depois de conversar com ele eu... Bem... Minha ficha caiu.

– Como assim?

– Eu apenas me dei conta de algumas coisas e passei a madrugada formulando possíveis planos.

– Isso explica suas olheiras.

– Na verdade elas são minha marca registrada.

– Pensei que elas tivessem aparecido depois que você chegou aqui.

– Não. Eu as tenho faz tempo. Você deve saber mais ou menos minha história, certo?

– Apenas sei que você foi encontrada sem memória e passou dois anos num orfanato meia boca até ser adotada por um cientista local e que foi fundamental para o fechamento da instalação localizada na Red Moon Forest.

– Oh... Sabe bastante até... Enfim, desde que eu me lembre, ou seja, desde que eu acordei naquele hospital eu não consegui ter uma noite decente de sono. Então o aparecimento dessas grandes olheiras foi inevitável. Mas não estamos aqui para falar sobre isso.

– É verdade, me desculpe. Pode continuar.

– Como eu estava dizendo, eu tive milhares de ideias nessa última madrugada sobre o que poderíamos fazer daqui para frente. Acabei descartando boa parte delas porque estavam muito mal formuladas, mas pelo menos consegui umas duas ou três apresentáveis.

– E que seriam?

– A primeira seria dar um jeito de verificar o passado de todos daqui e, com isso, descobrir onde estariam possíveis provas contra o exército.

– Isso seria impossível na sua condição atual. Você não tem acesso a todas as áreas daqui. Sem falar que seu expediente lhe impede de encontrar com todos.

– Droga... É verdade... A segunda seria entrar no jogo deles e ganhar sua confiança enquanto recolho informações.

– Pode até funcionar, mas deve levar algum tempo. E a última?

– É fazer o mesmo que fiz com você. Liberar algumas pessoas culpadas em troca de auxílio.

– Isso é arriscado, mas pode ser necessário...

– Infelizmente isso é tudo que consegui pensar.

– Não se preocupe, com o tempo pensaremos em algo mais concreto.

– É... Essas três ideias pareciam ser boas hoje de manhã... Pena que não possas ser executadas...

– Sim, é uma pena que não...

– O que foi?

– Espere um pouco... Elas não funcionam sozinhas, mas... Talvez se juntarmos as três e fizermos algumas modificações...

– Modificações?

– Sim. Já sei. Você deveria fazer o máximo possível para conquistar a confiança do general enquanto reúne informações porque ele vai lhe apresentar mais oficiais se confiar em você. Quanto aos soldados suspeitos, use suas habilidades para descobrir quem poderia ser útil sem trazer grandes riscos, os libere e me informe o mais rápido possível para que eu possa entrar em contato com eles.

Apesar de não estar vendo meu reflexo, eu podia afirmar com certeza que meus olhos estavam brilhando. Aquilo com certeza daria certo. Era tão bom saber que não tinha gastado meu precioso e escasso tempo de sono à toa. O coronel também parecia animado com o plano.

– O que achou?

– Porra! Vamos fazer essa merda dar certo!

– Heh. É bom ver que ficou animada. Só tome cuidado para essa animação não lhe trair.

– Oh... Tudo bem serei cautelosa. Farei o meu melhor para ganhar a confiança daquele bastardo em tempo recorde!

– Gosto da sua determinação. Ah, mais uma coisa.

– O que é?

– A partir de agora seria melhor se você evitasse o contato comigo. Apenas fale comigo quando encontrar algum “aliado”.

– Verdade. Eles podem acabar suspeitando de algo. Nesse caso, é melhor eu me retirar.

– Até a próxima e boa sorte, garota.

– Até mais Sr. Strider.

Levou alguns meses, mas consegui um posto melhor e a confiança daqueles desgraçados. Aquele general idiota foi o mais fácil de conquistar. Só precisei bancar a garota boazinha e fazer meu trabalho direitinho. Infelizmente não encontrei quase nenhum aliado para nossa causa, então estávamos carentes de informações. Porém isso não me desanimava nem um pouco, aliás, tinha o efeito contrário: eu queria cada vez mais seguir com o planejado. Eu estava sentada no sofá de meu quarto, que agora era mais luxuoso do que o do Coronel, lendo o jornal quando uma notícia me chamou a atenção: “Grupo de guerrilheiros ataca comboio militar que transportava munição para os campos de batalha.”. Fazia algum tempo desde que meu amigo Paul e aquele grupo do qual ele era membro começaram uma guerra civil em Harvyre. Isso me ajudava porque os oficiais estavam ocupados demais com Cherland e The Fallen Ones para poderem verificar os furos dentro do exército. Meu expediente foi reduzido, mas já era hore de trabalhar. Coloquei meu uniforme de coronel, que agora era realmente meu, e caminhei até minha sala. Levei um puta susto quando vi meu primeiro “paciente”: era um general encarregado da filial de Olgden Ville. Eu o conhecia apenas de vista, mas mesmo assim o fato de ele ser suspeito de traição era inacreditável. Apesar de sua expressão vazia, eu podia notar alguns sinais de nervosismo em seu corpo.

– Bom dia Sr General! Meu nome é Cherry Winter e serei sua interrogadora hoje.

– Eu sei quem você é. É o dever de um oficial saber tudo sobre aqueles que interferem a paz de suas cidades.

– Heh. Não seja rude comigo. Eu já aprendi minha lição e agora estou do lado de vocês.

– Apenas ande logo com isso.

– Tudo bem. Não precisa ficar nervoso. Levará apenas alguns minutos.

Austin Phoenix, 39 anos, casado e pai de dois filhos homens. O mais velho morreu na linha de frente de batalha, assim como seu pai. Sua família passou por maus bocados depois do falecimento de seu pai e só conseguiu se reestruturar depois de sua entrada para o exército. Cultiva um ódio pelo governo e, acima de tudo, pela guerra contra Cherland. Aquilo parecia um presente vindo dos céus! Ele era inocente, mas com certeza nos ajudaria. Afinal, nós também queríamos o fim da guerra.

– Viu só? Foi rapidinho. Podem deixa-lo ir. Ele é inocente.

– Bem... Adeus, mocinha.

– Argh! Uma maldita sede brotou em mim agora. Melhor buscar um copo de água antes de continuar. Gostaria de me acompanhar, General?

– Oh... Como quiser.

A essa altura do campeonato eu tinha bastante liberdade até mesmo dentro do local de trabalho. Então aproveitei a minha “sede” e disse o mais baixo possível:

– Encontre com o coronel Strider e diga que a Cherry mandou um oi.

Ele ia perguntar do que se tratava, mas apenas levei um dedo à frente da boca em sinal de silêncio e disse:

– Você só voltará a Olgden Ville daqui a três dias certo?

– Oh... Sim.

– Espero que tenha uma boa estadia por aqui. Ah! E se vir algum dos meus antigos amigos, diga que mandei um olá.

– Tudo bem.

Depois do trabalho, fui até o quarto do coronel para me certificar que ele e o Sr. Phoenix haviam se encontrado. Jack estava no corredor e parecia me esperar. Entramos no quarto e ele foi direto ao assunto:

– Você é incrível mesmo.

– Obrigada. Pelo jeito deu tudo certo.

– Sim. Melhor impossível.

– Como ele reagiu?

– Ele hesitou no começo, mas logo mudou de ideia e resolveu nos ajudar. Disse que mandará um homem de confiança a cada quinze dias com as informações que conseguir reunir. E virá pessoalmente uma vez ao mês para se certificar de que tudo ocorrerá bem. Você conseguiu um ótimo parceiro.

– Até eu me espantei. As coisas finalmente vão começar a fluir. Espero que esses quinze dias não demorem a passar.

– Está animada, não?

– Heh... Você não tem ideia do quanto.


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Notas finais do capítulo

Heh...Então né... Peço mil desculpas pelo atraso desse capítulo x.x Minha preguiça e a falta de inspiração tomaram conta de mim enquanto tentava escreve-lo! Sem falar que resolvi assistir Kill la Kill e...bem.. isso me tomou algum tempo xD Enfim... agradeço a quem leu até aqui e tentarei escrever o próximo mais rápido xD



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