Nico P.O.V

Comecei a rezar freneticamente. Depois percebi que não era necessário. Ele praticamente sorriu, virou as costas e foi embora, me deixando com um grande ponto de interrogação na mente.

Achava que ele fosse me bater, ou chorar freneticamente, mas não. Ele sorriu! Não foi um sorriso grande, mas continua sendo um sorriso. Não sei se ele fez aquilo só para não me deixar com cara de tonto ou para esconder que estava extremamente irritado, mas ele sorriu!

Depois de ter praticamente ganhado o dia, me levantei para fazer minha higiene matinal. Penteei os cabelos, escovei os dentes, lavei o rosto e fui em direção ao guarda-roupa. Me vesti com as mesmas roupas de sempre e fui em direção ao refeitório.

A fome já me consumia por inteiro, e, para variar, não tinha sobrado quase nada do café da manhã. Apenas um copo de suco de morango e uma torrada. Não era um café dos deuses mas era o que tinha para hoje.

Normalmente era assim, se você demorava muito podia acabar comendo um pedaço de pão mordido e uma xícara de café cuspida. Uma delícia... E no final você acabava com a baba do café e a parte mordida do pão, já que a melhor parte da sua refeição vai para algum deus. Eu realmente odiava isso.

Estava sentado na mesa do chalé treze, completamente em silêncio, enquanto degustava meia torrada queimada e um pouco suco azedo. Desse jeito já era de se esperar, o dia começou uma bosta e iria terminar uma bosta maior ainda.

Depois de terminar minha "refeição", fui dar umas voltas por ai. Nada muito diferente. Os campistas treinando. As filhas de Afrodite sendo chatas como sempre. Sophia sentada perto do pinheiro junto com a amiga dela que eu nunca conseguia lembrar o nome trocando alguns beijos. O cheiro delicioso de comida fresca vazava pela janela da cozinha. Era sempre assim.

Fui caminhando sem a menor pressa até a praia. Ao chegar me sentei em uma pedra e fiquei observando o oceano. As horas não passavam. O sol esquentava cada vez mais e mais. Chegou a um ponto que tive de tirar a jaqueta devido ao calor insuportável e pude ouvir um suspiro aqui e ali. Nenhuma delas me interessava. Ninguém nunca me interessou na verdade. Apenas ele, o filho do deus do mar. Que à essa hora deveria estar tendo mais um de seus surtos.

Eu me sentia tão inútil ao pensar nisso. Ele estava sofrendo por pensar que ninguém o amava. Mas isso não era verdade. Eu o amava. Porém, talvez ele nunca saberia disso. Meu orgulho me impedia de salvar meu amado. Mas que droga! Eu sou o ser mais otário residente na face da Terra!

Depois de ficar observando os balanços das ondas e perceber que já se passava do meio dia resolvi dar uma passada pelo chalé três, já que estava sem almoço de qualquer jeito. Ao passar pela porta, foi impossível não notar o barulho de louças se quebrando. Entrei e encontrei ele. Ele e mais vários cacos de porcelana no chão. Claro, a culpa era minha.

De repente, senti algo se chocando contra a minha cabeça. Droga! Novamente culpa minha. Levei uma das mãos imediatamente ao lugar onde o objeto se chocou. As últimas coisas de que me lembro são a cara de pavor do Percy e minha mão ensanguentada. Tudo ficou escuro.