Mudança é algo engraçado. Mudança é uma palavra engraçada, convenhamos. Não são todos que conseguem lidar com ela. A mudança pode mudar-te completamente.

Quando as coisas não são como eram, quando o mundo se transformou completamente, é aí que o chão literalmente caí sob nós. Somos deixados para firmarmos em lugar nenhum.

As coisas tornam-se incertas e não há jeito de voltarmos atrás. O mundo ao nosso redor é diferente agora, até mesmo, irreconhecível, e não há nada que possamos fazer para que o mundo volte a ser como era. E para piorar, estamos presos neste novo mundo.

O futuro está bem a nossa frente e muito raramente gostamos do que vemos. Mas é o que o destino nos trás, e temos que enfrentar esse futuro.

Porque, gostando ou não, mudança é algo inevitável.
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O alarme ao lado da cama disparou, fazendo tanto Meredith quanto Cristina acordar, ou ao menos assim era suposto. As duas estavam vivendo juntas desde então, até mesmo dormindo na mesma cama, já que seria deprimente demais para Meredith dormir na mesma cama de seu marido - sem ele.

Hoje seria seu primeiro dia de volta ao trabalho. Passara-se um mês desde a trágica morte de Derek Shepherd. Meredith Grey sentia-se pronta para voltar ao hospital, mas ainda sim, não sabia se realmente estava. Sentir e saber são palavras sem nexo algum.

Ela sabia o tempo de recuperação após uma cirurgia pancreática, após uma cirurgia cerebral, até mesmo após uma cirurgia cardiovascular, mas não sabia o tempo necessário para a recuperação após a morte da pessoa amada. Muito, ela suponha.

Meredith abriu seus olhos e olhou para o lado, na expectativa de encontrar Cristina lá, mas não a encontrou. Estranhou, mas preferiu não questionar-se e levantou-se simplesmente.

Pôs rapidamente uma roupa e foi ao quarto de seus filhos. Zola dormia pacificamente, e Meredith sentia-se horrível por ter de acordá-la. "Zozo, é hora de levantar"

A menina abriu seus olhos e sorriu para sua mãe. Meredith amava como sua filha sempre acordava sorrindo, não importava qual o tempo era. Desde que Derek se fora, Zola e o pequeno Bailey era o único motivo que ela ainda conseguia apoiar-se em seus dois pés. Eles eram literalmente sua pedra.

Acordou Bailey logo em seguida e vestiu-os, então indo com as duas crianças para a cozinha, onde encontrou com Cristina. "Hey! Desde quando você está acordada?" Meredith indagou.

"Eu acordei um pouco antes do despertador, então resolvi vir arrumar café da manhã. É seu primeiro dia de volta, precisa estar fortalecida" Cristina respondeu.

Meredith revirou os olhos, mas agradeceu. Geralmente, quem cuidava de fazer o café da manhã seria Derek, enquanto ela encarregava-se apenas de alimentar as crianças. De certo ponto de vista, poderia-se dizer que Cristina estava literalmente tomando o lugar de seu marido morto.

Uma hora depois, os quatro estavam no hospital. Meredith deixou as crianças na creche, mudou-se para as roupas azul marinhas de um cirurgião atendente e começou seu trabalho.

"Dra. Grey!" saldou-a Jo Wilson "É bom tê-la de volta"

Virou-se para encarara a residente "Um, é bom estar de volta" disse "O que você quer, Wilson?"

"Oh, eu estou em seu serviço hoje"

Meredith assentiu "Sendo assim, temos algum paciente?"

"Sim, Dra. Bailey pediu-me para trazer-lhe essa apendicectomia. Ela achou que, como é seu primeiro dia de volta, seria melhor começar com algo mais leve"

Pegou o arquivo de suas mãos, mas disse: "Você pode dizer à dra. Bailey que eu sou uma cirurgiã. I don't take it easy"

Enquanto caminhava pelos corredores do hospital, Meredith Grey pôde sentir os olhos de todos sobre ela. Não gostava nada disso, mas não era como se ela pudesse fazer com que as pessoas parassem de a encarar. Ela só estava grata de que não estavam dando-lhe comida de viúva, assim como davam para Teddy Altman, logo após seu marido, Henry Burton, ter falecido. Bem, ao menos, não ainda.

Fez então uma breve consulta com o paciente e disse para Wilson prepará-lo e levá-lo para a sala de cirurgia.

Ao caminho para cirurgia, Meredith se cruzou com Owen Hunt, "Meredith, você está de volta"

"Eu estou" respondeu simplesmente.

Aproximou-se dele. "Tem certeza que esta pronta? Digo, faz pouco tempo desde que... e você tirou pouco tempo de folga"

"Estou pronta" afirmou. "De fato, tenho cirurgia em alguns minutos"

"Oh. Ok. Eu não quero atrapalhá-la, então, vá"

Meredith assentiu e seguiu para o andar cirúrgico. Indagava-se se as pessoas a tratariam assim, como uma cirurgiã incapacitada, literalmente quebrada. Assim ela não queria ser tratada.

E durante a cirurgia, foi a primeira vez que Meredith Grey sentiu-se normal outra vez depois de muito tempo. "Gosh, how I miss this" disse. Podia ser uma simplesmente uma apendicectomia, mas honestamente, ela não se importaria de passar o resto de sua vida fazendo apendicectomia.

"Dra. Wilson, você gostaria de retirar o apêndice?"

Wilson olhou para ela. "Sério? Digo, após o que aconteceu da última vez que eu realizei uma apendicectomia..."

"Wilson, você quer que eu mude de ideia?"

Tomou uma respiração profunda e sob as orientações de sua atendente, conseguiu terminar o procedimento perfeitamente. "Bem feito, Dra. Wilson" Meredith disse-lhe uma vez que o paciente estava fechado. "Monitore-o no post-op"

Saiu do centro cirúrgico e olhou para o relógio. Não era nem hora do almoço ainda. Não que ela quisesse ir embora, mas simplesmente não sabia o que fazer, já que não havia nenhum outro paciente.

Resolveu dirigir-se ao ER, na esperança de encontrar alguma cirurgia em que pudesse participar.

Quando chegou, surpreendeu-se do tanto que estava lotado. Ainda mais, surpreendeu-se de estar lotado assim e ninguém tê-la bipado.

"Kepner!" gritou para April "Onde posso ajudar?"

"Umm, neste momento, acho que qualquer lugar serve" a mulher respondeu.

Viu um dos residentes cuidando de um paciente por si mesmo, e resolveu ir ajudar. "O que nós temos, Edwards?"

"Uh, vítima de acidente de carro. Eu estou sentindo um pouco de rigidez no abdômen"

"Tudo bem. Leve-a para uma tomografia e me traga os resultados"

Stephanie assentiu e estava prestes a levá-la, quando a mulher, Lauren Chambers, agarrou o braços de Meredith. "Henry, meu noivo. Por favor, eu não posso ir sem saber de meu novo"

"Ms, você precisa ser levada para tomografia urgentemente"

"Eu não posso ir sem saber de meu noivo" repetiu.

"Ok, ok. Façamos o seguinte: dra. Edwards a levará enquanto eu vou checar seu noivo, pode ser?"

A mulher concordou. Meredith rastreou o homem até uma sala de trauma. Mas a imagem que viu não foi a melhor de todas: Owen Hunt tentava desesperadamente ressuscitá-lo, mas uma linha reta o acompanhava no monitor.

"Damn it!" amaldiçoou-se Hunt. "Hora da morte: 11:18 am.

Meredith suspirou. Sua paciente provavelmente precisaria de cirurgia e agora receberia a notícia que a pessoa que amava estava morta. De fato, o que acontecia com a mulher era parecido com o que acontecera. Meredith também perdera o amor de sua vida em um acidente como esse.

Teve então de esperar sua volta e contar-lhe o que aconteceu "Ms. Chambers..." disse seu nome e tentou procurar em sua mente palavras que amenizariam o que estava prestes a dizer. Mas, ela mais que ninguém, sabia que nada poderia suavizar o impacto que essas palavras poderiam fazer na vida de alguém.

"Ele está bem? Henry está bem?"

Meredith tomou uma respiração profunda. "Ms. Chambers, eu sinto muito"

Pôde ver as lágrimas chegarem aos seus olhos "O que você está dizendo?"

"Henry não resistiu... Ele morreu"

Viu-a quebrar a sua frente. Ela segurou sua mão por alguns momentos. "O que eu vou fazer agora? Nosso casamento seria no final do mês...!"

Meredith sentou-se na beirada da cama. "Será difícil no começo. Terá dias que você sequer quererá sair da cama. Então, você pensará que ele não quereria que você se sentisse assim, que ele quereria que você seguisse em frente. E depois de um bom tempo, você conseguirá olhar para trás e não chorar. Olhar para trás e lembrar-se apenas de seus momentos bons. Olhar para trás e conseguir olhar para a frente de novo"

"Sério?" Meredith assentiu "Por que parece que a vida acabou de perder o sentindo"

"É, você se sentirá assim por um tempo, mas daqui um mês, até mesmo um ano, você se dirá boba, apenas por pensar isso no início" ela garantiu, dando-lhe um último aperto na mão. "Agora, eu preciso levá-la para cirurgia" virou-se para sua residente "Edwards, prepare-a e encontre-me na sala de cirurgia"

"Right away, Dr. Grey" concedeu "Você está bem?"

E pela primeira vez em um bom tempo, com um sorriso maroto no rosto, disse: "Sim"
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Ao final daquele dia, após a cirurgia de Ms. Chambers, Meredith foi encontrar-se com Cristina "Hey!"

"Hey! Como foi seu primeiro dia?"

"Foi bom, na verdade. Eu fiz duas cirurgias"

"Feels good to be back on action, um?"

"Yeah. Você está indo para casa?"

"Uh, não. Eu tenho que ficar de olho em um paciente. Mas você vai indo na frente"

Assentiu. "Tudo bem. Eu te vejo em casa"

Dirigiu-se para a creche onde pegou seus filhos.

"Mamãe!" a criança cumprimentou sua mãe.

"Olá, Zozo" sorriu "Você se divertiu hoje?"

"Sim!" disse animada "Sofia e eu constuímos um castelo!"

"Que legal! Você está pronta para ir para casa?" a menina maneou a cabeça "Okay, vamos pegar seu irmão e irmos para casa"

Dentro de uma hora, os três chegaram na casa na florestas. Estava tudo silencioso, o que era incomum. Parte desse silencio todo vinha da parte de trás do carro: tanto Zola quanto Bailey adormeceram na viagem - o que tampouco era comum.

Meredith tirou primeiro o menino do carro e depois voltou para pegar a garota. Ambos dormiam tão pacificamente que não sabia se teria coragem de acordá-los para banhá-los. Além do mais, sabia que se os acordasse, seria impossível fazê-los voltar a dormir tão cedo.

Assim, preferiu deixá-los dormir. Colocou-os em suas camas e dirigiu-se para a sala, onde ligou o TV. Não gostava de ficar sozinha, não estava acostumada a ficar sozinha. E de certa forma, a TV a confortava um pouco.

Alguns minutos depois, recebeu uma mensagem de texto de Cristina: eu terei que passar a noite no hospital. Não espere por mim.

Suspirou. Esta seria a primeira noite que dormiria completamente sozinha. E indagava-se se conseguiria dormir ao todo.

Quando a hora de recolher-se chegou, Meredith foi para seu quarto. Seu coração palpitava ao deitar-se na cama.

Mudança é algo inevitável...

Meredith Grey sabia que precisaria enfrentar seus medos e conseguir dormir por si mesma.

...Queira se goste dela ou não.