Insanity escrita por Petrova


Capítulo 12
Você não Conhece tão Bem os Boehm até Precisar deles!


Notas iniciais do capítulo

MEU DEUS EU FIZ ESSE CAPITULO HOJE MEU DEUSSSSS
então
nao deu tempo de corrigir nada
espero que gostem desse capitulo, acho que vão gostar e tal
acho que esse capitulo será o maior que eu já fiz nessa fic, porque escrevi muuuuuuuuitoooooooo
eu já dei spoilers para carla sobre o fim de alguns personagens, mas não vou poder dizer nada a vocês, quero que descubram
boa leitura
QUERO COMENTÁRIOS



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Você Não Conhece tão Bem os Boehm até Precisar Deles

Agarrei o colarinho da blusa de Trey e me joguei ao seu lado. Ele tinha nos levado para uma de suas casas na cidade, afinal, Trey McComery era rico. Muito rico. Talvez eu não estivesse aqui pelo acaso de queremos ambos estar aqui, talvez porque depois que Allison foi embora, eu comemorei bebendo mais vodka e depois pulando nos braços de Trey, implorando que fossemos para outro lugar.
– Você está quente. – ele disse, sorrindo enquanto me beijava.
– Você pode resolver isso.
Ergui meu corpo e me sentei com ele de frente para mim.
– Você pode abrir o zíper do meu vestido.
Trey riu como se eu tivesse contado uma piada.
– O que foi? – franzi o cenho.
Como ele não me respondeu, eu o segurei novamente e o beijei. Depositei minha lingua na sua boca e senti o extase dominando meu corpo. Agora eu o queria sem roupa. Passeei minhas mãos pelos seus ombros e depois para os botões de sua camisa. Abri um por um, até que pude me maravilhar com seu físico malhado. Beijei cada canto de sua pele quente. Trey tinha um cheiro doce, de como quem passava horas no banho e depois mergulhava num oceano de perfume caro e importado. Sua pele era lisa e se arrepiava enquanto eu depositava meus beijos. Trey soltou um suspiro excitado, isso queria dizer que ele estava gostando. Levantei um pouco desengonçada, sentindo seu braço firme segurar minhas costas.
– Você bebeu demais, Srta. Boehm. – ele disse com o ouvido perto do meu rosto.
Na verdade, eu estava ocupada demais tentando não confundir as coisas, porque naquele quarto tudo ainda estava rodando, apesar de que se eu voltasse a beijar Trey, isso pararia rápido, rápido.
– Ninguém se importa. – eu disse.
Beijei as linhas de sua garganta amostra. Seus dedos se afroxaram.
– Seria uma ótima hora para você pensar em abrir o zíper do meu vestido. – sussurrei perto do seu ouvido.
– Bella... – ele beijou meus lábios. – Nós não vamos transar.
Eu abri bem os olhos cortando o seu beijo.
– Por quê?
– Porque você me deu uma segunda chance. E quero pensar um pouco nela antes de tirar sua roupa.
Eu tive que rir. Não sei porque estava rindo. Minha cabeça latejava um pouco.
– Então o que vamos fazer até você pensar em tirar minha roupa?
– Eu não sei. – ele coçou o queixo.
– Eu sei.
Afastei-me de seu abraço e empurrei seu peito. Trey caiu certeiro na cama e eu o segui, colocando minhas pernas de cada lado do seu quadril.
– Você podia me beijar.
E o beijei.


Pressionei os olhos numa segunda tentativa de conter a claridade. Meu corpo doía, minha cabeça ardia e minha boca estava seca. Eu precisava de água, de analgésico e uma semana num spa, mas eu tinha certeza que nada disso eu poderia desfrutar agora, porque neste momento eu estava lutando para tentar abrir os olhos. Rolei na cama, não caí e não tombei na parede, cheguei a conclusão que não era a minuscula cama do meu quarto na universidade e pelo cheiro, não era parecido com o quarto de America. Isso era diferente de tudo que eu já senti, era cheiro de perfume e creme de barbear. Pressionei minha cara no travesseiro e pensei mais algumas vezes até tentar colocar minha cabeça em ordem.
Eu teria que enfrentar a claridade do quarto de qualquer maneira. Rolei novamente e abri os olhos. A janela de vidro que tomava quase metade da parede cinza tinha as cortinas semi abertas, não propositalmente. Pisquei algumas vezes, cocei os olhos e ergui meu corpo para me sentar. Eu não estava no meu vestido, estava com uma blusa branca que ia até meu quadril e calça moletom cinza. Não eram minhas. Senti meu coração acelerar rapidamente, minha garganta arder e uma série de imagens formando na minha cabeça. Eu tinha estado noite passada com o Trey, era minha verdade mais óbvia, tinha quase implorado para que ele tirasse minhas roupas.
Enfiei minha cabeça nas minhas mãos e senti vontade de me enterrar, de sumir.
Eu tinha implorado para transar com um cara depois de ter bebido mais do que eu beberia a vida inteira. Minha cabeça dói para me fazer lembrar e para me castigar por ser tão imprudente e idiota. O que falaria minha mãe se me encontrasse numa cituação dessa? Tiara certamente gritaria comigo e começaria a dizer o quão vergonhosa estava de mim, o quão irresponsável eu estava sendo. Eu estava suja. Como Allison tinha dito. Senti meus olhos marejados, implorando para chorar. Meu corpo doía por isso? Eu tinha tido minha primeira vez com um garoto e não me lembrava de nada?
Eu queria gritar e sumir dali o mais depressa possível.
Empurrei os cobertores e me coloquei de pé, pronta para caçar minhas coisas e dar o fora daqui até que ouvi vozes e alguém entrou. America. Minha boca abriu alguns centimetros sem entender absolutamente nada.
– Graças a Deus que você despertou. – America entrou como um furacão no quarto e nas suas mãos ela carregava uma muda de roupas.
Agora eu estava mais que perdida. Estava totalmente fora da ordem.
– O-o que você faz aqui, America? – eu deveria estar com a expressão de espanto.
– Depois eu explico. Primeiro, quero você de banho tomado, aqui está toalha e sabonete, suas roupas também.
Ela empurrou a muda para mim e me encarou.
– O que está esperando, Lady Bella?
Fiz que sim com a cabeça e andei em direção a porta do banheiro do quarto. Não me lembro de ter estado aqui, mas o banheiro era enorme, a pia era de pedra branca, o espelho se estendia retangular até a extremidade. Coloquei a muda em cima da pia de pedra e puxei a toalha, me despindo logo em seguida. Enrolei meu cabelo num coqui, já que eu não tinha o cojunto suficiente para poder lavar meus cabelos. A agua era morna, mas mesmo assim fez toda a tensão do meu corpo diminuir.
Após o banho, me enrolei na toalha e vesti a muda que America tinha me trazido. Já vestida, dei uma ultima olhada no espelho. Tinha olheiras, leves, porém estavam ali, meu cabelo não estava sedoso, claro que não estaria, eu tinha suado tanto na noite passada, dançando com Trey, com o Kayle e com Sierra, que seria mais do que óbvio ele estar totalmente confuso. Desamarrei o coqui e senti meu pesado cabelo loiro caindo pelos meus ombros. Eu queria explodir, eu queria ter sido mais prudente, nunca tinha feito isso antes, nunca tinha sido irresponsável e mesquinha, vingativa, eu sempre passei por cima das implicações sem me enrolar ainda mais num buraco negro. Trey era o garoto problema, ele tinha toda a atenção da faculdade por ser um veterano rico que todas as garotas desejam, com fama de ser o primeiro de muitas novatas. E no pacote, ele tinha uma ex namorada inconformada que me odiava em alto grau. Eu já ignorei implicações como essa, Scott também era famoso, era atraente e ainda jogava no time da escola, os olhos castanhos dele, quase dourados, eram um charme, e todas garotas queriam estar com ele e me odiavam por eu ser sua melhor amiga e finalmente sua namorada. Quantas delas não me encheram a paciência e eu não esbufetei ninguém? Não bebi loucamente numa festa e fui para cama com o garoto que elas eram totalmente afim e obssecada?
Esta não era eu. Então, em quem me tornei?
Alguém bateu na porta do banheiro e eu despertei. Peguei minha toalha e saí pela porta. America estava do outro lado, sentada na cama que dormi aparentemente exausta, como se tivesse estado num jogo ou numa maratona. E quem estava batendo na minha porta era Sierra.
– O que você está fazendo aqui? – perguntei, agora eu estava totalmente fora de ordem desse lugar e de tudo que tinha acontecido.
– Ora, cuidando de você, claro.
Franzi a testa.
– Não estou entendendo nada. – murmurei.
– Sente aqui que vamos te explicar o show que você deu ontem a noite. – America bateu no colchão da cama para me sentar.
Senti um aperto no estomâgo. Não era fome, era uma mistura de nervosismo, ansiedade e mal estar porque o efeito da bebida ainda rolava dentro de mim. Sentei de costas para America e Sierra de frente para mim. Os dedos de America percorreram os fios do meu cabelo, tentando desembaraçá-los.
– Vamos começar com Allison Golden. – ela disse atrás de mim.
– Disso você se lembra, não é?
Fiz que sim com a cabeça.
– E a parte que você se jogou nos braços de Trey?- Sierra pergunta.
Forçei um pouco a memória, senti dores pontiagudas nas regiões laterais da minha cabeça até que me lembrei detalhadamente dessa parte. Depois disso, lembro-me apenas de dançar loucamente e beber, até que tudo foi um borrão.
– Você poderia nos explicar essa ideia absurda de ter se jogado nos braços do Trey depois de você nos ter falado que não queria absolutamente nada com ele? – senti o rosto de America inclinado perto do meu.
– Eu tinha dito isso. Tinha dito que não queria nada.
– Aquilo de ontem foi tudo, menos nada.
Revirei os olhos para Sierra.
– Eu sei, eu sei. – passeei as mãos pelo meu rosto, sentindo mais pesada do que o normal. – Se vocês querem entender tudo que aconteceu ontem, eu também quero.
America massegou minha cabeça e desceu os dedos para o meio do meu cabelo, ela estava fazendo uma trança de raiz.
– Eu lembro que Allison esbarrou em mim, enquanto dançavamos. Kayle, Sierra e eu. – disse-lhes afirmativamente, dessa parte eu me lembrava. – Nós nos alfinetamos, mas juro que foi ela quem começou.
– Não precisa jurar, todas nós sabemos que o veneno vem dela. – Sierra disse.
Acenei.
– Então Kayle pediu para ignorá-la, eu decidi que não queria estragar minha noite por causa da Allison e no fim estávamos saindo da pista para tentar manter o menor contato possível.
Sierra prestava atenção, ela não sabia o que Allison tinha me dito um tanto antes de sairmos.
– Ela segurou meu braço e me puxou para trás. Ela disse que eu deveria encontrar um homem de verdade para me esfregar nele.
Sierra abriu a boca.
– Eu acho que foi a bebida, porque naquele momento eu queria fazer Allison sangrar até a morte. – senti minha pele vermelha de raiva.
– Eu teria feito. – Sierra resmungou. – Não acredito que ela ainda te provocou.
– É o trabalho dela. Ela é suja.
Lembrei das palavras de Allison e senti-me enjoada. Eu estava suja, não Allison, não dessa vez.
– Foi por isso que beijei o Trey. Ela estava me insultando, e tudo que eu queria era me vingar sem precisar sujar minhas mãos. Na verdade, foi o que ela disse, ela me chamou de suja, e agora definitivamente eu estou.
Sierra se aproximou.
– Suja?
– Suja se refere as pessoas que dormem com qualquer um, pessoas que vivem desse prazer, sujas. – America murmurou, sua voz baixa. – Não acredito que ela te chamou assim, Bella. Eu não acredito.
– Se você tivesse me chamado, Bella, eu teria arrancado cada fio negro daquela cabeça dela.
Eu sorri um pouco, mas não adiantava, eu me sentia como America havia explicado, suja.
– Eu não acredito que estou aqui, que fui dormir com Trey, que cheguei a esse ponto. – enterrei minha cabeça entre minhas pernas e minhas mãos.
America terminou os ultimos fios da trança. Meu peito estava pesado e eu queria chorar, já sentia as lágrimas molhando minhas bochechas.
– Bella, não chore, bella! – Sierra me abraçou e eu retribui.
– Você não dormiu com Trey... literalmente. – America sussurrou para mim.
Tive um longo suspiro.
– Não? – ergui sorrateiramente meu rosto para ela.
– Não. – ela deu um meio sorriso. – Era com isso que estava preocupada? De que tinha tido sua primeira vez e nem se lembrava?
– Também. – eu disse. – Estava preocupada por ter bebido demais e por ter implorado ao Trey que ele tirasse minha roupa.
Sierra riu de repente. Nós a olhamos.
– Desculpa. Você pediu isso?
Senti minhas bochechas arderem, deveriam estar brilhando por causa das lágrimas. America se curvou para mim e limpou os vestígios que tinham no meu rosto.
– Trey te levou para cá e ele contou que vocês estavam se beijando até que você simplesmente caiu na cama e dormiu.
Eu abri a boca por uns três segundos e não disse nada. Eu tinha dormido? Eu tinha empurrado Trey para cama e implorado que me beijasse, então exausta rolei para o lado e dormi. Agora eu me lembrava.
– Meu deus. – tampei a boca com minha mão. – Eu fiz isso? – e de repente eu já estava rindo
America e Sierra me seguira, rindo um pouco alto demais.
– Ele nos ligou, disse que tinha você dormindo na sua cama e não sabia o que fazer. Quando chegamos você estava intacta, ainda com a roupa de ontem, o cabelo desgrenhado e dormia profundamente.
Eu fiquei surpresa. Muito surpresa.
– Nós dormimos aqui também. – Sierra comentou. – Paul tinha uma mala dentro do carro com moletom e essa blusa, vestimos você sem pensar duas vezes.
Eu estava aliviada, então essas roupas um pouco largas não eram do Trey. Eram do Paul. Eu olhei para meu colchão até perceber que haviam três travesseiros na cama e mais três lençois.
– Dormimos juntas? – perguntei.
– Sim. E você dormiu demais.
– Então por que acordei e não vi vocês? – ergui as sobrancelhas olhando de America para Sierra.
Suas expressões endureceram.
– Nós tentamos te acordar, mas você estava muito mal, Bella, e não tinhámos como ficar aqui, você sabe, por causa dos...
– Dos Testes? – eu perguntei alto demais. – Meu deus, os testes!
Eu me levantei num pulo, sentindo toda a tensão voltar novamente.
– Eu tinha teste de economia. Eu não posso ter perdido, eu não posso, minha nota será substituida por um zero. Isso não pode estar acontecendo! – eu gritei enquanto andava de um lado a outro.
– Você pode mostrar um atestado, você pode mudar sua prova para o periodo da tarde. – America disse sugestivamente.
Enfureci-me comigo mesmo, passei as mãos pelo rosto e senti que eu estava prestes a gritar ou explodir, mas eu não podia, não podia sumir disso, eu tinha realmente me afundado definitivamente nesse buraco por uma maldita escolha minha. E eu me odiava por isso.
– Não, não, eu quero ir para a universidade, até lá eu decido o que vou fazer.
America e Sierra trocaram olhares cansados, elas estavam mal por mim, pela situação que eu havia me enfiado.


Após o fim dos testes, a maioria dos estudantes estariam tomando seus horários livres para sair, enquanto outros ficavam até o periodo da tarde, dependendo do seu curso e o seu horário de provas. Infelizmente, o meu horário era na parte da manhã e já passava do meio dia. Eu estava enfiada dentro do meu quarto comendo uma maçã e lendo o livro de economia, evitei o refeitório enquanto certamente todos meus amigos estariam lá, porque neste momento, eu só queria ficar sozinha. Queria poder pensar nas minhas opções. Eu poderia ir até a diretoria da universidade e implorar por uma chance, ainda era o dia dos testes, eu estive estudando o máximo que eu podia, eu precisava dessa nota, era meu primeiro semestre na faculdade e tudo que eu estava fazendo era me enterrar em festas e me preocupar com ex namoradas e não ser aceita por Landom Bale.
Oh, céus. O que Landom estaria pensando de mim?
Ele deve saber, todo mundo deveria estar comentando, Allison iria fazer questão de espalhar que eu tinha dormido com Trey sem ao menos isso acontecer. Não literalmente, ainda bem que eu dormi antes que eu fizesse a maior burrada minha vida. Eu estava nervosa, não tinha pensado no Landom desde o momento que acordei, estava exausta, pensava na minha prova, pensava na idiotice que havia feito com Trey e que no fim das contas ele tinha realmente merecido essa segunda chance, não tinha mantido as mãos em mim, tinha de certo modo me protegido de mim mesma. Eu o vi apenas uma vez, quando saímos da sua casa, ele tinha acabado de chegar dos seus testes. Ele estava preocupado e perguntou como eu estava com tudo isso, que se precisasse, ele poderia falar com meu professor de economia para me dar uma segunda chance. Como ele iria perguntar algo para o sr. Forward? Eu mesma tinha medo de dirigir um olhar para ele, quanto mais pedir um fabor, que me desse uma segunda chance para a prova, que era sua área.
Não podia ficar pior.
Alguém bateu na minha porta e fiquei surpresa. Se fosse Candice, America ou Sierra elas entrariam espontaneamente, sabiam que eu estava estudando e que não me importaria de ser interrompida. Por outro lado, senti meu corpo esfriar. Seria Landom? Ele tinha finalmente decidido vim falar comigo, mas logo nesse momento? Ele iria dizer o quão idiota eu era por estar com o Trey, diria o quão suja eu era e que estava feliz por ter seguido em frente sem mim?
Suspirei com dificuldade, sentindo que sem esforço algum eu já estaria chorando.
Levantei da cama e joguei a maçã no lixo, deixei meu livro de economia aberto na cama e andei cuidadosamente até a porta. Destranquei e abri.
– Que história é essa de que você não apareceu para os testes?
Era um sonho? Ou melhor, um pesadelo?
– Pai, o que o senhor está fazendo aqui? – foi a única pergunta que consegui assimilar.
Meu pai estava parado na porta com seu habitual uniforme de empresário e dono de uma empresa de jornais. O terno era rigorasamente negro, sem linhas retas, vestia uma blusa branca gelo por detrás dela de botões e uma grava azul escuro, a cor dos seus olhos. Azuis e profundos, o cabelo dourado, mas escurecido por causa do tempo. Tinha duas linhas retas na sua testa franzida, seu nariz igualmente ao meu estava franzido como uma expressão de incompreensão.
– Depois respondemos essa pergunta, Isabella. Posso entrar? – ele estava mais paciente e menos irritado.
Suspirei e me afastei para ele entrar. Quando ele o fez, fechei a porta e observei suas costas. Ele estava mais forte, não de quem usa academia, mas de quem anda se alimentando mais. Evan estava decidindo qual cama seria a minha, pois ambas eram muito parecidas, não havia nada nas paredes, e ele não sabia que eu havia trocado meu lençol rosa por um azul marinho, que meu travesseiro era com fronha de bolinhas preto e branco. Coisas que apenas mamãe saberia. Até que ele colocou os olhos em cima de algo realmente relevante. Minha caixa de porcelana com bailarinas desenhadas, onde eu guardava meus astros que ganhara dele. Nossa coleção particular.
Ele sorriu. Era o Evan que eu estava acostumada a ver. Ele se virou para mim e me entregou um embrulho de cor preta.
– Comprei para você.
Segurei delicadamente o objeto pequeno e desembrulhei ansiosamente na espera de ver meu sol astral que ele tinha me prometido. Mas se tratava de uma lua minguante., de qualquer forma, eu sorri espontaneamente porque era a que faltava para completar as quatro fases da lua na minha coleção.
– Não achei o sol. – ele se explicou, seus olhos em mim.
– Eu amei, pai.
Evan sorriu e abriu os braços. Eu não me contive e fui até ele, sem segurar as lágrimas e começei a chorar, manchando seu terno limpo e caro. Queria pedir desculpas por isso, por eu ser uma péssima filha, por desistir de nossa amizade de pai e filha, de querer meu futuro longe dele, por não aceitar que ele estava sendo feliz com outra pessoa.
– Me desculpe, me desculpe pai. – minha voz saiu abafada, enterrada no seu terno.
– Está tudo bem, Isabella.
Ele acariciou meu cabelo trançado, suspirando calmamente e me abraçando forte.
– Eu fiz coisas erradas, perdi um teste importante, eu sinto muito, eu sinto muito, a primeira vez que o senhor me visita e é recebido com uma noticia dessa.
Choraminguei um pouco mais, agarrando seu terno e tentando me recuperar. Meu pai era alto e forte, deveria ter 1,90, vários centimetros a mais do que eu, mais do que eu me considerava alta. Evan segurou meus ombros e enxugou minhas lágrimas.
– Nós poderíamos conversar sobre isso, o que acha?
Eu suspirei e fiz que sim com a cabeça. Ele me levou até a beirada da minha cama e se sentou ao meu lado. Olhei para Evan e vi seus olhos me observando, e pela primeia vez, agradeci por ser ele e não Tiara. Eu iria ser franca com ele, porque sabia que meu pai me entenderia, que iria me confortar por todas as burradas que eu estava fazendo.
– Que tipo de coisas erradas você fez? – disse suavemente.
– Eu me apaixonei.
Ele estreitou o olhar e puxou meus braços para me abraçar novamente. Eu fiquei surpresa.
– Ontem eu bebi mais do que o normal, pai. – murmurei. – Queria esquecer a ideia de ter sido chutada.
– Que idiota chutaria você, Isabella? Você é maravilhosa, estudiosa, é gentil e bondosa.
Eu sorri um pouco.
– Ele não é um idiota, pai. Talvez eu tenha feito escolhas erradas, e ontem foi uma dessas. – suspirei. – Minhas amigas cuidaram de mim, mas não estava bem o suficiente para o teste.
Ele ainda me abraçava.
– Eu sei que isso é errado, mas eu chutaria o idiota que te deixou assim, Isabella. – ele murmurou. – Quem quer que seja esse garoto, ele pode ser filho de um prefeito, do presidente ou a pessoa mais inteligente do mundo, desde o momento que ele não escolheu você ele se tornou a pessoa mais insana e burra que já conheci. Ele não a merece.
Segurei a manga de sua blusa e o abraçei mais forte.
– Obrigada, pai. Obrigada.
Nós ficamos em silêncio por minutos que pareciam ter passado rapidamente, eu queria estar ali, desfrutando de sua companhia, mas eu também sabia que meu pai morava longe daqui e para ele ter feito essa viagem toda, ele deve ter abrido mão de muitas coisas.
– Não sabia que iria me visitar hoje. – eu disse, afastando-me um pouco.
– Era surpresa. – ele sorriu. – Sabia que você iria ter a tarde livre porque já teria feito os testes de manhã. Mas não ocorreu como planejei.
Ruborizei mais de vergonha de mim mesma do que de raiva.
– Não fique assim, iremos dar um jeito nisso.
– Um jeito? – ergui a sobrancelha.
– Sim. Venha comigo e vamos arrumar uma nova chance para você.
Eu não sabia o que meu pai queria dizer, mas não pensei duas vezes desde o momento que ele se levantou e andou em direção a porta. Eu o segui sem perguntas, o corredor não estava vazio, mas tinha pouquissimas pessoas, a maioria deveria ainda estar no refeitório. Nós passamos do dormitórios e pegamos alguns corredores. Eu estava surpresa por ele conhecer tão bem cada entrada aqui, cada canto. Logo depois, me assustei aonde estávamos. Na entrada da diretoria, onde eu tinha estado a alguns dias atrás por causa de Allison Golden.
– Fique aqui, eu darei um jeito nisso, filha. – ele beijou o topo da minha cabela e bateu na porta, sendo aberta logo depois pelo diretor de que me lembro.
Eles se abraçaram e entraram. Então meu pai o conhecia?
Eu estava confusa, inumeras perguntas rodeavam minha cabela por isso caçei uma cadeira para me sentar naquele corredor vazio. Sentei-me desconfortávelmente, eu ainda usava moletom, mas desta vez minha blusa era bem mais sociável. Encolhi-me naquele espaço pequeno, abraçando minhas pernas e sentindo que aqui era mais frio do que os outros lugares. Talvez por causa da central de ar. Procurei por mais alguém no corredor, mas eu estava definitivamente sozinha.
Até agora.
– Eu agradeço, sr. Forward. – a voz vinha de uma porta entreaberta no fim do corredor, e tudo que eu podia ver era as costas do Landom. – Mas não sei se é isso que eu quero.
– Apenas pense nisso, te dou até a noite para uma resposta, tem pessoas atrás dessa proposta.
– Então não pense duas vezes, os contrate. Minha resposta, infelizmente, é não. Não seria o suficiente para este cargo. – Landom estava sendo imparcial, mas sua voz era cheia de tensão e exaustidão.
– Tudo bem. – o sr. Forward deliberou. – Contarei a eles amanhã de manhã, já que você recusou.
– Ok, de qualquer forma, obrigado.
– Não precisa agradecer. Tenha uma boa tarde.
– O senhor também. – e a porta se fechou.
Landom ergueu o rosto e rapidamente encontrou meus olhos sobre ele. Eu poderia ter desviado, mas fui fraca para desviar, porque eu queria vê-lo, queria lembrar de suas expressões, olhos azuis, nariz simétrico, feições de um ator famoso, mas ao mesmo tempo tão diferentes. O cabelo negro de sempre, despenteado. Ele caminhou sem desgrudar seus olhos de mim e quanto mais perto chegava, mais meu coração acelerava, eu não tinha controle. Ele passou pelos primeiros bancos e quando pensei que ele pararia, ele hesitante continuou a andar, quase dobrando no corredor a seguir. Baixei meus olhos e encarei meus dedos. Eu era estupida.
Olhei para o alto e suspirei.
– Bella... – ouvi uma voz resurgindo.
Olhei para o lado e ele tinha voltado. Minha respiração estava falha outra vez.
– Você está bem? – ele se aproximou. – Aconteceu alguma coisa?
Ele não sabia sobre os testes que perdi?
– Estou resolvendo um problema. – fiquei surpresa por minha voz estar audivel. – Perdi os testes essa semana.
Ele franziu a testa. E ele não parecia surpreso, porque sabia.
– E como pensa arrumar isso? – ele estava sendo educado não tocando no assunto que eu sabia que ele estava ansioso para perguntar.
– Eu ainda não sei, só preciso de mais uma chance, nunca fui bem em economia, mas preciso dessa nota.
Ele acenou com a cabeça. Nós ficamos em silêncio, mas ele não saiu, nem se moveu, continuou me encarando. Se ele queria fazer a pergunta, que o fizesse, seria melhor para ambos que fossemos diretos.
– Se você quer me perguntar alguma coisa... – eu disse.
Ele despertou.
– Na verdade, eu quero. – ele mudou de posição.
– Eu sei sobre o que vai me perguntar, e minha resposta é a mesma que sempre lhe disse.
Ele deu um sorriso torto e baixou a cabeça.
– Eu sei. – disse-me aliviado.
Landom estava sorrindo?
– Eu sabia da resposta, mas não pude aguentar a curiosidade.
– Todos estão comentando, certo? – murmurei.
Ele fez que não com a cabeça.
– Eu soube porque sou curioso. – ele disse e eu não entendi sua resposta. – Bella, eu queria dizer que...
A porta se abriu.
– Foi bom revê-lo, sr. Boehm, quando precisar, pode contar comigo sempre. – disse o diretor dando um sorriso caloroso para meu pai.
– Para mim também, Owen. Agradeço desde já.
Eles apertaram as mãos e se despediram. Eu me ergui rapidamente e me coloquei de pé. Meu pai olhou de mim para Landom, que pela primeira vez percebi que estava encolhido, ele estava receoso? Pelo meu pai? Ele o conhecia?
– Quem é o garoto? – Evan me perguntou, sem se mover da frente da porta.
Eu tinha um nó na garganta e uma profunda confusão dentro de mim.
– Este é o Landom, pai. – eu disse com a voz rouca. – Ele é meu... amigo.
Eu não sei quanto ao Landom, mas eu sentia meu corpo transpirando mais do que o normal, e a cena de ver meu pai com um sorriso educado e firme no rosto se aproximando do Landom me fez tremer.
– Prazer, Sr. Landom, sou Evan Boehm. – meu pai esticou o braço para Landom e fizeram um contato mais firme do que o normal.
– Prazer, Sr. Boehm.
Eles se olharam por alguns segundos e Landom desviou para procurar meus olhos, ele tinha a testa franzida, mas um meio sorriso de tirar o folego.
– Está estudando o que, Landom?
– Ahm, eu estou nas ultimas semanas de Engenharia. – ele disse, tentando ao mesmo tempo que olhar para meu pai, procurar meus olhos.
– Ah, parabéns, é um ótimo curso.
Minha pele esfriou com esse terrível começo de dialogo, eu não queria ver meu pai perguntando sobre o Landom e sua vida, ou mesmo sobre como nos conhecemos.
– Sim, pai, como ficou com o diretor? – decidi perguntar, me livrando do silencio.
– Ah, sim, resolvemos, Isabella. – meu pai acenou para Landom antes de se virar para mim. – Ele tentará te arrumar um tutor de economia e você fará uma prova especial daqui algumas semanas. Owen só aceitou isso porque confia no seu histórico escolar e nas minhas palavras. Ele também tem uma filha que...
– Pai! – eu o interrompi
Nós ficamos numa troca de olhares sugestiva e um silencio fulminante. Eu não queria olhar para direção do Landom, porque seu eu fizesse eu entregaria tudo e sairia correndo dali para me enterrar em qualquer buraco, mas felizmente, depois desse silencio frustrante, Evan entendeu de que ele não podia falar sobre a filha do diretor também passar por problemas amorosos, sendo que meu problema amoroso estava exatamente no nosso lado.
Evan me deu um sorriso amarelo e se aproximou de mim, fazendo um sinal com os olhos de como quem entendia exatamente do que eu estava temendo.
– Ahm, bem, de qualquer forma, você terá um tutor até amanhã. – ele colocou os braços em volta dos meus ombros.
– Obrigada. – sussurrei, depois olhei em direção ao Landom, que estava sério, mas que tentava não demonstrar que estava nervoso.
– Agora vamos, tenho que pegar o carro pra capital de tarde. – ele disse para mim, mas sabia que Landom podia ouvir. – Foi um prazer, Landom.
Landom acenou para meu pai assim que ele passou por ele e seguiu o caminho, esperando que eu fosse logo atrás.
– Melhor eu ir. – avisei como se devesse.
– Okay.
– Ahm, você não ia também?
– Ah, sim, mas lembrei que tenho de terminar uma conversa com o Sr. Forward. – ele disse roçando as mãos entre si.
Não sei se ele percebeu, mas eu tinha a testa franzida num pensamento ligeiro: pelo o que entendi, Landom já tinha deixado claro seus pensamentos para o Sr. Forward.
– Tudo bem então. – acenei para ele e me movi.
– Te vejo depois. – ele disse antes de eu seguir caminho e perder ele de vista


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Notas finais do capítulo

e aí o que acharam?