Naruto suspirou em frente à jaula da Kurama, ficando com o semblante cansado, por assim dizer. Ele não tinha muita ideia das habilidades de Sasuke, muito menos se ele poderia vencê-lo, mas esse não era o principal problema. O principal problema era que Naruto não queria levar a paz ao mundo através da violência. Ele queria trazer paz com paz, mas decidiu ouvir as palavras da sua companheira de consciência, Kurama. Apesar da maldade, ele sabia que aquele ser era um poço de conhecimento e uma bizarra sabedoria.

Isso quando quisesse, se quisesse.

– O Uchiha está imerso em ódio e arrogância, especialmente em arrogância. Quando vi o olhar dele, notei que ele acreditava que você era forte, mas não páreo para ele. Vença-o e isso abrirá um pouco mais o coração dele, pois ele verá que suas crenças não são absolutas - Kurama dizia com sua grave voz.

– Kurama-san, façamos assim... eu vou ver se encontro um motivo real pra bater nele ao invés de conversar, se eu encontrar, chuto aquele traseiro - Naruto disse e depois sorriu. Kurama suspirou, desanimado.

Kurama era uma raposa gigantesca de pelugem vermelha e olhos também incrivelmente vermelhos, com uma fenda no centro. Seus dentes eram ferozes, davam uma sensação de... voracidade. Kurama era a bestialidade em pessoa, a terrível Kyuubi no Yoko.

– Não se esqueça que você recebeu a honra de saber o meu nome - Kurama disse. Dessa vez, quem suspirou pesadamente foi Naruto.

– Okay, okay, não vou me esquecer - Naruto disse. - Vou voltar agora, Kurama-san, se cuide.

E então ele, Naruto, voltou a se concentrar, se focando para fora daquele lugar. Aos poucos, tudo que ele começou a enxergar foi a escuridão de seus olhos e começou a notar uma coisa: alguém o chacoalhando de leve e um nome sendo chamado. Ele começou a pensar, que nome era? Ele começou a ouvir e a resposta foi clara.

– Naruto-kun! Naruto-kun! - uma voz doce e melodiosa dizia. Naruto abriu seus olhos e notou que se tratava de sua amiga Hinata.

Ele, olhando para o lado, notou o sensei Iruka o olhando com uma cara feia, ao lado da carteira em que Naruto e Hinata estavam. Naruto abriu um sorriso sem graça, de orelha a orelha.

– Hehe... me desculpem, é que eu estava com muito sono, não dormi muito essa noite - Naruto deu essa desculpa.

– Então trate de dormir melhor, Naruto - Iruka disse.

Naruto olhou para a frente e viu que o Uchiha Sasuke, na frente de todas as carteiras, olhava para trás, novamente com seus olhos gélidos. Encontrar um motivo para lutar com ele? Seria isso tão difícil? Do fundo do coração, só havia uma coisa que faria Naruto espancar alguém por vontade própria e Sasuke nunca cumpriu essa condição.

A primeira parte da aula finalmente terminou, depois de mais explicações de Iruka sobre coisas que Naruto já sabia. Naruto, com a katana Kuro em seu colo, se levantou da carteira, colocando-a na cintura. Hinata o acompanhou, meio apreensiva. Naruto parecia estar escondendo algo.

– Vamos, Hina-chan! - Naruto disse, se preparando para ir ao recreio, então segurou a mão de Hinata, que corou a níveis desconhecidos pela a Humanidade.

– C-c-c-certo, Naruto-kun! - Hinata dizia, se atrapalhando nas palavras. E os dois começaram a andar até a saída da sala, mas Sasuke estava encostado nela, parado, com um sorriso nos lábios.

Um sorriso perverso. Naruto decidiu ignorar e voltar a andar. Quando estava saindo da sala de aula pela a porta, ele ouviu uma voz:

– O dono vai e a cadelinha segue - era a voz de Sasuke. Naruto olhou para trás.

– Hã!? - Naruto perguntou.

– Sempre foi assim, não é? A herdeira dos Hyuuga sempre foi fraca demais para fazer qualquer coisa sozinha, então se esconde atrás do dono - Sasuke dizia, convencido, o tom de sua voz era cruel e cheio de malícia. Naruto sentiu o seu sangue ferver e suas pupilas dilatarem.

Sasuke havia acabado de cumprir o requisito necessário para apanhar de Naruto: insultar Hinata. Tudo que Naruto fez, sem ao menos ter consciência, foi socar Sasuke face, que caiu no chão.

– Quem você pensa que é para insultar A MINHA AMIGA!? - Naruto vociferou, com a voz saindo cheia de ódio. Sim, ódio. Sasuke se levantou do chão e Iruka-sensei se colocou no meio de ambos.

– Não permitirei que lutas sem sentido ocorram na minha sala de aula - Iruka disse. Naruto suspirou fundo, ele apertava forte a mão de Hinata.

– Não haverá luta nenhuma, não aqui, sensei. Mas Sasuke, se quiser algo, me encontre no campo de treinamento número cinco - Naruto disse calmamente e depois se virou para Hinata, que estava de cabeça baixa, pelo o visto seria complicado levantar a auto-estima dela. - Vamos, Hina-chan? - ele perguntou.

– S-sim, Naruto-kun - Hinata respondeu, baixinho.