Mais cinco anos se passaram desde aquele incidente, o jovem Naruto ainda continuava muito parecido com antes, fisicamente e emocionalmente, mas algo nele havia mudado. Algo essencial. Sua força. Se antes ele era capaz de lutar de igual para igual com o gennin, agora ele podia vencer um chuunin com algum esforço, isso se não usasse o chakra da boa e velha Kyuubi no Yoko ou Kurama. Kurama jamais revelaria o seu nome assim, para qualquer mortal, mas ela via o loiro dormir tranquilamente e o olhava com calma, procurando qualquer imperfeição no caráter dele. Tudo bem que às vezes ele era estúpido demais, mas ele estava sempre ajudando as pessoas, sempre querendo criar um mundo mais gentil e calmo.

Mas bem, já estava na hora, ele tinha que ser acordado.

"ACORDA, PASPALHO!!!", uma voz gutural gritava na mente do loiro, ele deu um salto da cama, caindo de cabeça no chão.

– Ai, Kurama-san, você não sabe ser cuidadoso não? - Naruto perguntou, passando a mão onde doía.

"Não quero ficar vendo um marmanjo como você dormindo. Agora vá tomar um banho e se vestir para a Academia", Kurama disse.

– Tá bom, "papai" - Naruto zombou. Kurama, dentro da mente do loiro, ficou com os olhos vermelhos arregalados por uns instantes, até voltar a si.

"Eu... pai!?", Kurama disse para si mesmo, baixinho.

– O que você disse? - Naruto perguntou, ainda de cara feia.

"Nada, verme inútil", Kurama respondeu. Naruto decidiu deixar aquilo de lado, começando a caminhar até o banheiro.

De resto, foi tudo absolutamente normal: Naruto escovou os dentes debaixo do chuveiro, deixando a água morna cair em seu corpo, o que era bastante confortante e agradável. Ele fechou os olhos, com gotas pingando de seu cabelo arrepiado molhado, e começou a apreciar o momento. Ele estava se lembrando das esquisitices de sua vida: um demônio mal-humorado de nove caldas em seu corpo falando em sua consciência, uma amiga de infância tímida e desajeitada sem nenhum talento para a vida ninja, mas mesmo assim esforçada, sua nova katana que ele comprou com um velho ferreiro... todas essas coisas simples e complexas estavam formando o mundo de Uzumaki Naruto.

Ele saiu do banho, desligando o chuveiro e saindo de baixo dele, se enxugando com uma toalha branca. Ele amarrou a toalha na cintura e foi até o quarto, ao lado do banheiro de seu pequeno apartamento, pegar suas roupas. O mesmo costume de sempre: vestir um kimono laranja, mas dessa vez com calça também laranja e amarrar na cintura uma faixa negra. Ao lado de sua cama, ficava sua katana que ele chamava de Kuro. Ele sorriu para ela, que tinha bainha negra e cabo negro, mas uma lâmina tão afiada que poderia matar.

– Sentiu minha falta, Kuro-chan? - Naruto disse para a arma, com um sorriso bobo no rosto. Kurama, que via tudo, ficou com uma gota na cabeça.

Naruto depositou Kuro entre a faixa negra, a deixando na cintura. E, assim, foi até o seu destino. No caminho, ainda eram as mesmas coisas de sempre: olhares de ódio, digo. Pessoas o odiavam e o preferiam morto, mas Naruto permaneceu caminhando lentamente, ele não ia primeiramente à Academia, por isso acordou mais cedo do que seria o normal (ou foi acordado), ele ia passar em um lugar antes. E assim o fez, chegando até bem próximo de um portão que levava a várias casas, quase uma mini-vila. Um dos únicos lugares em que Naruto era bem-vindo, mesmo que fosse por causa de apenas duas pessoas.

Ele ficou próximo do portão, esperando, até ver uma garota correndo bem apressadamente de lá de dentro. Ela vestia um casaco branco e uma calça feminina azul, com sandálias azuis, tinha um cabelo curto e azulado, uma pele clara e olhos incrivelmente perolados. Ela parou perto de Naruto, um pouco cansada.

– Desculpe pela a demora, Naruto-kun, é que o meu pai decidiu me falar algumas coisas - ela disse entre suspiros. E de repente o seu olhar se tornou um pouco triste.

– Tudo bem, Hina-chan, mas temos que ir ou vai ser complicado chegar à Academia - Naruto disse. Hinata concordou com a cabeça.

E assim foram. Sim, aquela era Hyuuga Hinata, herdeira dos Hyuuga e amiga de alguns anos de Naruto. Mesmo que ela quisesse deixar de ser apenas uma amiga, mas bem, isso era um detalhe.