Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 34
Coincidências não existem


Notas iniciais do capítulo

Olá amorecos do nosso coração. Saudade de vocês. Sumimos e sei que vocês estão bravos, então eu e Mandy resolvemos caprichar nos próximos capítulos pra ver se os leitores nos perdoam.
Bom... Foto de hoje: Bruno Castelli, alguém se lembra dele?
Boa leitura amores



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Se o objetivo deles era me deixar confusa. Bom, eles conseguiram com sucesso.Profecia?

– Pelo amor de Deus, é lógico que sou a menina da profecia. Aloooou!! Mayara teve a visão comigo. - falei revirando os olhos.

Todos se viraram para mim incrédulos.

– Kate, não nos referimos a visão que Mayara teve com você. - falou papai com a voz rouca.

– Hm? Não estou entendendo.

– Ah alguns anos, Mayara teve uma visão muito diferente. - falou Ivo.

– Ela viu a nossa extinção. - falou Richard me analisando - E disse que não demoraria muito para que o dia do nosso "Juízo Final" chegasse.

– Logicamente ficamos preocupados. - se manifestou Rosalina. - As previsões de Mayara já se provaram infalíveis. Então perguntamos como nos defenderíamos. Ela disse que mesmo que tentássemos morreríamos em vão. Kora está libertando demônios dia após dia, eles estão se alimentando e ficando cada vez mais fortes.

"Entenda, somos nada comparados aos demônios. Quando eles vierem, morreremos."– continuou Richard. - Bom, o pânico foi evidente. Mas ela disse que teríamos uma breve chance de sucesso se, descobríssemos a tempo uma garota, cuja descendência vem da própria deusa.

– O problema é que achávamos que se tratava da própria Mayara. Quando ela nos disse que não pertencia a profecia, foi o caos. Como saberíamos quem era a menina? - meu pai falou me olhando.

– Ela nos disse que a menina chegaria como a filha perdida, não surgiria de dentro de Ilheias e sim de fora. - falou Ivo. - Teria a marcas diferentes de qualquer um. E por fim, seria a manipuladora dos quatro elementos.

Engoli em seco. Tatuagem de sol e lua. Olhei para minhas mãos. A filha perdida. Encarei meu pai que parecia a ponto de desmaiar. Nascida fora de Ilheias... tudo batia....

– Isso não é possível. - gemi. - A cara, com tanta gente tinha que ser eu?

Elza me olhou chocada.

– Eu não acredito no que ouvi. - rosnou- Você é uma estúpida Katherine! Deveria se sentir horada sua tola, servirá a favor do seu povo, será uma heroína. Deveria estar contente.

– Eu não quero ser uma heroína. - choraminguei - Eu só queria voltar a ser o que eu era. Viver na Kince Joyce, namorar um cara comum e ter minhas amigas do meu lado. Mas o que eu consigo? Ser uma aberração da natureza, descontrolada, que vai ter que destruir uma deusa maluca, namorar um lobisomem que eu mal posso ver, porque ele é um exilado. E ainda aturar um maníaco idiota como instrutor. E vocês querem que eu fique contente? Façam-me rir.

Todos ficaram em silencio.

– Kate, minha querida, entendemos que você se sinta nervosa e assustada... - falou Madalena - E por isso precisamos que você relaxe e reflita.

Fiquei lá me sentindo impotente, apavorada e muda.

– Vocês poderiam nos dar licença? - perguntou Nicolas ao meu lado.

Me perguntei como ele chegou perto de mim tão rápido.

– Estão liberados. - falou Valentim - Essa assembleia acabou. Por ora.

– Muito bem. - falou Nicolas agarrando meu pulso e me arrastando para fora da sala.

Senti todos os olhares em nós.

– O que v....

Mas fui interrompida assim que ele praticamente me jogou na parede do lado de fora.

– O que você tem na cabeça Katherine? - gritou Nicolas sibilando cada silaba e me gelando com aquele olhar assassino.

Ele agarrou meu queixo me encarando.

– Você não pode simplesmente falar aquilo. Eu sei que você se assustou, mas você não pode falar com o Conselho daquele jeito. O mundo não gira em torno de você.

– Nem em torno deles. - gritei de volta.

– Você tem de respeita-los. - ele quase rosnou.

– Ou o que? Eles vão fazer o que? - gritei tirando sua mão do meu rosto.

– Eles não, mas Elza sim. - falou - Você nunca vai querer Elza como inimiga. Ela é capaz de tudo.

– Quer saber? Eu não me importo. - gritei.

Ele respirou fundo e ergueu o corpo. Sustentei seu olhar, encarando seus frios olhos azuis.

– Então se você quer se matar... vá sozinha.

***

Senti um arrepio descer pela minha nuca. Acho que meu cérebro processou apenas uma palavra: vai!

Me aproximei num único passo e a vi engolir em seco. Estiquei as mãos e puxei a mochila do seu ombro. Coloquei-a no chão e me virei para encarar Julieth.

Ela olhou para os pés e depois para mim de um jeito frenético. Deslizei os dedos pela sua bochecha e me aproximei o suficiente para ter que me curvar e sentir sua respiração.

Ela ergueu os olhos e por um instante me perdi e foi o suficiente para fazer meus olhos irem ate sua boca e voltarem. Tirei as mechas soltas que escapavam do rabo desajeitado e as coloquei atrás de sua orelha.

Senti meu corpo se agitar de ansiedade e me estiquei ate sentir nossos cílios se tocando e as respirações se confundindo. Só sei de uma coisa: quando meus lábios tocaram nos seus, o mesmo arrepio que senti no dia do beijo acidental, voltou. Só que dessa vez foi mais intenso.

Pressionei os lábios nos seus e por um momento ela ficou imóvel. Só quando levei uma das mãos a sua cintura e a puxei para perto, que ela reagiu. Retribuindo o beijo, fazendo nossos lábios se moverem em sincronia.

Senti seus braços passarem em volta do meu pescoço e seus dedos na minha nuca. Dedos frios assim como minhas mãos deviam estar.

Senti-la morder meu lábio inferior e me apressei em abrir mais sua boca com a língua, enquanto suas unhas tomavam o lugar dos dedos.

Subi as mãos pela suas costas consequentemente levantando a blusa de moletom. Meus dedos tocaram a pele da sua cintura que por sinal estava quente. Apertei-a contra mim assim que deixei sua boca. Desci com beijos pelo seu queijo, ate o pescoço ouvindo-a dar longos suspiros.

Me afastei poucos centímetros e observei seu rosto. As bochechas estavam vermelhas, mas um pequeno sorriso brotou em seus lábios. Sorri de volta e foi a vez dela se esticar para me beijar.

Abracei sua cintura fechando os olhos e me desligando do mundo enquanto....

– Julieth! - o grito do lado de fora veio no mesmo instante em que ouvi a maçaneta da porta girar.

Senti as unhas de Julieth no meu braço e me afastei num pulo para o lado.

A porta se abriu e a figura de cabelos negros não parecia muito feliz em nos ver.

– Elza... - resmungou Julieth. - O que foi?

– Ate que enfim te encontrei. - exclamou Elza.

Julieth me olhou de esgueira e eu suspirei.

– Por que estão sozinhos? - Elza perguntou me lançando um olhar quase mortal.

Abri a boca para responder, mas Julieth foi mais rápida.

– O Dani tem me ajudado a praticar, já que... tenho tido dificuldades.

Os olhos de corvo de Elza se pregaram em mim e me senti exposto. Passei a mão esquerda pelo cabelo e afastei mais um passo de Julie.

– Pelo menos alguém da família Mozart sabe o que fazer com o seu dom. - ela sorriu. - Ainda bem que é diferente deles, Daniel.

Olhei para Julieth me perguntando do que sua mãe estava falando. Ela balançou a cabeça.

– Como assim? - perguntei.

Elza sorriu e levou uma mexa de cabelo preto atrás da orelha.

– Apenas sua querida irmã. - ela caminhou ate nós e se abaixou pegando a mochila de Julieth que estava onde deixei. - Talvez devesse dar conselhos a ela, Daniel.

– O que foi decidido no Conselho? - perguntei por impulso.

Ela me fitou como se me avaliasse, depois olhou para a filha descendo os olhos por sua roupa como se estivesse pensando "Não estavam treinando coisa nenhuma!" e finalmente se voltou para mim.

– Aparentemente sua irmã não é uma guardiã comum. - ela se aproximou de mim, mas desviou o caminho indo ate Julieth e lhe entregando a mochila. - Mas algo posso garantir... Katherine Mozart tem sua missão aceita.

***

Bruno dirigia devagar e permanecia com um sorrisinho no rosto.

– Caramba! Por que você está com esse sorrisinho idiota no rosto?

– Nada. - falou - É só que você é muito louca.

– Ei! Eu Não sou louca!

– Imagina, você apenas apareceu na estrada do nada, foi atropelada, não queria ir a um hospital e agora quer ir a uma boate? - resmungou - E você me diz que não é louca. Haha.

– Tudo bem, talvez eu seja um pouco louca.

– Aham, um pouco. - ele riu.

– Ei! - protestei dando-lhe um soco no ombro. - Enfim, onde você esta me levando?

– Eu conheço uma ótima boate. Se chama, The Clue 5 - falou - Você vai amar.

Dei de ombros. Eu nunca fui a uma boate, primeiro porque não tinha nenhuma em Ilheias e segundo porque nunca fui muito de festas.

– Mas vem cá. - falei curiosa - O que faz aqui? É uma cidade pequena, e sinceramente você não tem cara de alguém do interior.

Ele riu.

– Na verdade, eu nasci em Birmingham. - falou - Mas eu estudava em uma escola interna, Kince Joyce. Fica num vilarejo aqui perto, Witherpoll para ser mais exato. Mas a mais ou menos três semanas o colégio explodiu, literalmente. Aí, nós os alunos, fomos 'encaminhados' pra cá, enquanto nossa escola se reorganiza. Resumindo... estamos de férias, sendo que, estamos ainda a mercê da escola. Patético não é?

Minha cabeça latejou assim que ouvi o nome da escola. Kince Joyce. Eu sabia que consciências não existiam, mas aquilo era loucura, com tanta gente pra me atropelar tinha que ser alguém daquele inferno em que Katherine havia surgido?

– Aham. - concordei engolindo em seco. - Você, hm, disse que o colégio explodiu? O que exatamente aconteceu?

– Parece que houve vazamento de gás. - ele me olhou rapidamente.

– Hm, compreendo. - falei arrastadamente - Houve, hum, algum ferido?

– Apenas um. - ele voltou sua atenção a estrada. - Brad Banson... morreu. Parece que inalou muita fumaça. - ele suspirou. - Não era amigo dele nem nada, mas... odeio essas coisas.

– Sinto muito.

– Tudo bem. - bateu os dedos no volante.

– Pelo menos só foi um caso. - falei.

– Na verdade, foi o único caso de morte, porque quatro pessoas desapareceram misteriosamente. - falou - Você não soube? Saiu em todos os jornais.

– Não... hm, não. Me lembro de ter ouvido em algum lugar. - menti - Quem foram?

– O meu colega de quarto, Nicolas Heenk. Sujeito metidinho, mas na dele. A irmã dele, Margareth, nunca conversamos, mas eu cruzei com ela duas ou três vezes no corredor.

Suei frio, ele estava chegando ao ponto que eu esperava.

– O carinha do Grêmio, garoto legal, gente boa, Lucas se não me engano. - continuou. - E Katherine Hankor. Aaah, Kate, ela sim era curiosa, extremamente mimada. Não éramos amigos, mas acho que ela não ia muito com minha cara.

Fiquei muda. Aquilo era surreal.

– Você está bem? - perguntou me olhando de rabo de olho. - Está pálida.

– Nada não, é só que estranho eles sumirem do nada.... né?

– Muito louco. - falou - Mas tipo, a policia esta investigando e tal.

– E os familiares e amigos deles?

– Hm, todos se mantiveram, ocultos. Nenhuma declaração, é como se pouco se importassem. - falou - Agora, as amigas da Katherine... elas ficaram meio mal, mas parecem estar aceitando.

– Hm, entendo. E o que você acha da situação?

– Sinceramente eu acho que os quatro aproveitaram a explosão para fugirem da escola. - falou dando de ombros.

– Loucura.

– Total. - falou e então estacionou - Pronto! Chegamos.

Sai do carro e me deparei com um hotel.

– Aqui não tem cara de boate. - comentei.

– Porque não é.

– E por que você me trouxe pra cá?

– Porque eu preciso de um banho e roupa limpa, e achei que você também iria querer. - fez cara inocente.

Arqueei uma sobrancelha e ele encolheu os ombros

– Tudo bem. Obrigado. - sorri.

Entramos na residência. Não era nada excepcional: dois andares, a sala de estar, sala de jantar, cozinha.

– O banheiro principal fica no segundo andar, segunda porta a esquerda. - explicou Bruno assim que entramos - Vou à cozinha, qualquer coisa, grita.

Dei um sorrisinho e agradeci. Ele me jogou uma toalha verde limão e subi.

Continuei a andar até encontrar a porta. Entrei no banheiro e o tranquei.

Dei um pulo quando ouvi duas batidas na porta. Abri-a hesitante e lá estava Bruno com "minha" mochila de raposa nas mãos. Ele a estendeu pra mim.

– Encontrei isso preso na roda do meu carro. - deu uma risada. - E imaginei que poderia ser sua. Esqueci de te devolver no hospital.

Sorri aliviada e peguei a mochila.

– Obrigado.

Ele deu de ombros e saiu.

Coloquei a mochila na pia e a abri torcendo pra achar uma roupa decente. Tirei uma blusa berrante de renda azul e procurei por um short ou algo assim e bem... não tinha nada que um ser humano em sã consciência usaria, então optei em vestir o mesmo short que eu estava. Era o melhor que eu conseguiria.

Entrei no chuveiro e deixei a água correr em meu corpo. Minha cabeça parecia pesar uma tonelada. Aquilo tudo era loucura, eu queria gritar, meu corpo estava tremendo e foi só aí que me dei conta de que estava preste a me transformar.

Desliguei o chuveiro e respirei fundo. Enxuguei-me e comecei a me vestir. Assim que estava totalmente vestida me encarei espelho. Meu cabelo estava um ninho de rato total.

Abri o armário perto da pia e o revirei ate encontrar uma escova e um gloss. Penteei o cabelo molhado e notei que as mexas estavam ficando mais escuras, assim como o cabelo de... Daniel.

Eu tinha bolsas debaixo dos olhos e minha pele parecia áspera.

Fechei os olhos e apertei a bancada com força. Só relaxe, Eliza. Voltei a encarar meu reflexo e comecei a agir. Cacei no banheiro maquiagem. Tem que ter. Tem que ter!

Finalmente achei uma nécessaire preta de bolinhas cor de rosa. Tinha base, blush, sombra batom... Um kit completo.

Separei tudo o que eu usaria. Rímel, lápis, blush, sombra, gloss, delineador e base. Comecei a trabalhar. Nunca fui muito de maquiagem, mas mamãe sempre insistia que mesmo não gostando eu deveria pelo menos aprender a manusear para futuros imprevistos. Ah mãe nunca fiquei tão feliz por ouvi-la.

Depois de me maquiar me encarei novamente no espelho. Fiz uma careta, estava horrível. Pensei em tirar tudo, mas conclui que ficaria horrível com ou sem do mesmo jeito.

Suspirei então e sai do banheiro, desci as escadas.

– Bruno? - chamei

– Aqui! - respondeu uma voz no fim da escada. Segui pelo corredor e o encontrei. Ele estava de jeans, camisa social, tênis all stars e blazer.

– Nossa! Está linda! - comentou - Mas temos aqui um problema. Por favor me diga que você não tem quinze anos?!

Ri um pouco e prendi um fio de cabelo atrás da orelha. Pensei em dizer a verdade, mas optei pela mentira. Estava ficando boa nisso!

– Dezessete.

– Graças aos céus! - falou fazendo um gesto extremamente dramático.

– Vamos?

– Ah sim! Claro, vamos. - falou erguendo a mão esquerda. A peguei e seguimos. Entramos no carro e ele deu partida.

A boate não ficava muito longe, então logo chegamos. Saltamos do carro e ele entregou as chaves a um rapaz e seguimos. O exterior da boate era um prédio preto lotado de purpurina e uma placa escrito The Clue 5 em neon.

Tinha uma gigantesca fila que dava uma volta no quarteirão.

– Vamos ficar na fila?

– Haha, eu por acaso tenho cara de quem fique na fila? - perguntou arqueando as sobrancelhas. - Venha. - falou e pegou minha mão.

Andamos de mãos dadas e chegamos a porta do clube.

– Nome - falou um homenzarrão moreno.

– Bruno Castelli. - falou Bruno e sussurrei meu nome todo em seu ouvido. - E Eliza Mozart.

O cara checou a lista e virou pra Bruno.

– Entrem. - falou e com um sorriso presunçoso, Bruno e eu entramos na boate.

Por dentro a boate era muito mais legal do que por fora. Era toda preta e em cada centímetro quadrado tinha purpurina. As luzes neon iluminavam o local e a musica parecia retumbar as paredes.

O primeiro andar era a pista de dança, mas parecia que não ficaríamos por ali.

– Para onde estamos indo?

– Área V.I.P. - falou como se fosse obvio.

Andamos mais um pouco, tomando cuidado para não esbarrarmos em ninguém, e finalmente chegamos ao segundo andar. Tinha sofás, pufes e mesinhas. Gente rindo, se beijando, bebendo....

Andamos mais um pouco e chegamos ao fim do corredor onde havia um sofá com duas lindas meninas. Uma loira, os cabelos batendo nos ombros com pequenas ondas e uma cara de boneca, olhos cinzentos. E a outra com lindos cachos castanhos e olhos azuis violetas. Ao lado da loira tinha um rapaz moreno bonito e ao lado da morena um outro cara, só que ruivo.

– Yve, Leninha, Henry e Adam.... - falou - Essa é Eliza, minha nova amiga.


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Notas finais do capítulo

Eliza: http://www.polyvore.com/eliza/set?id=135503872



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