This is not a fairy tale escrita por Lice Lutz


Capítulo 6
Seis: E a princesa para sempre dormiu.


Notas iniciais do capítulo

Desejo a todos uma ótima leitura!

Ps: se vc quiser emocionar-se ainda mais ao ler este ultimo capítulo, sugiro que o faça ao som de "Say something", da Cristina Aguilera.



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Tudo o que lhe resta são cinzas.

Cinzas da vida que teve e, principalmente, daquela vida que poderia ter tido. Cinzas que esvoaçam ao seu redor, levando tudo de bom que por poucas horas teve e trazendo de volta, depois de vinte anos, tudo o de pior que nunca quisera ser que fora obrigado a ser. Cinzas que dançam ao seu redor, zombeteiras, como aquele seu amor de outrora que explodira depois de uma boa dose de uísque de fogo.

Cinzas que escampam ao seu toque, irreponíveis, incontroláveis, impossíveis de serem reconstituídas.

Cinzas como estão os seus olhos desde que ela se fora, desde que ele a permitiria partir por entre seus braços.

Ele a beijou. Beijou-a com tudo o que lhe restava da sua já tão fragmentada alma. Beijou-a como sabia que jamais voltaria a beijar alguém, a amar alguém. Depois disse:

– Eu te amo... E por isso vou matar você.

Ela não disse nada. Apenas continuou a olhar aqueles olhos que estavam tão azuis e brilhantes como nunca mais ficariam. Eles seriam a ultima coisa que ela veria, ela sabia e queria que fosse assim. Por um momento, ela considerou dizer-lhe seu verdadeiro nome a ele. Mas não, preferia morrer como Noriah, a Noriah dele.

Então Draco tirou sua varinha das vestes. A mão tão firme quanto a certeza de que aquilo que fazia era o melhor. Não havia jeito de Noriah sair viva dali, nem deles dois conseguirem fugir. Eles iriam matá-la de qualquer jeito, do pior jeito que encontrassem e ainda era capaz que os lobisomens reivindicassem seu corpo.

Se ela iria morrer, melhor que fosse pelas mãos dele.

Ainda abraçado a ela, Draco posicionou sua varinha bem em cima do coração dela. Concentrou-se em fazer mudamente o feitiço; queria que as ultimas palavras que ela ouviria fossem aquelas eu te amo eu te amo eu te amo.

Queria que aquelas não fossem as ultimas batidas do coração dela.

Queria que pudesse levar qualquer coisa dela.

Queria que estas não fossem agora as cinzas dela que rodopiam, rodopiam e se esvaem entre seus dedos e este mundo.

Queria qualquer vida que não esta.

Momentos depois que Draco transformou seu coração em cinzas, sua mãe invadiu seu quarto. Ela olhou para o rosto coberto de cinzas e riscado por lágrimas do garoto. Sufocou um soluço e a vontade de correr para seu filho e abraça-lo. Então disse num sussurro:

– O Lorde das Trevas ordenou matar a garota.

Draco respondeu sua mãe em um tom duro como pedra – ele todo havia se transformado em pedra; um organismo sólido e sem vontade que vivia apenas para existir:

– Imagino o quão satisfeito ele vai ficar em saber que eu me antecipei a seu pedido.

E de fato, o Lorde ficou satisfeitíssimo com o desempenho do garoto. Tanto, que transformou-o em seu carrasco de elite. Em poucos meses, Draco assassinou mais pessoas e criaturas que muitos homens trouxas condenados a pena de morte. E em cada morte que executava, lembrava-se de Noriah e utilizava a dor que sentia por perdê-la para camuflar a culpa que rasgava-lhe a alma. Mais uma vez ela lhe consolava, tornava o Inferno melhor, e tudo o que ele pudera fazer por ela fora tirar-lhe a vida.

Depois da guerra, ele fora julgado e inocentado. Não voltou para a mansão dos Malfoy, até porque alguns baderneiros do outro lado atearam fogo a sua casa, como forma de extinguir de uma vez por todas os aliados de Voldemort.

E tudo o que lhe restara fora cinzas, onde agora o seu filho brincava, sem ter qualquer consciência de que aquele fora o lugar que lhe dera e ao mesmo tempo tirara a chance de ter um pai melhor. Ele se casara, é claro, com uma bruxa puro sangue, preferida por seus pais. Vivera a vida á qual estava destinado, a mesma que seus pais haviam vivido e que ele estava lutando com todas as suas forças para que o seu menino não fosse submetido.

Ele olha para seu filho. Vê seus olhos brilhantes e, naquele instante, azul. Sente-se desfazendo-se em areia.

Sente seu coração virando cinzas e se juntando ao dela.

Finalmente irá dormir com sua princesa.

FIM


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Notas finais do capítulo

Saudações bruxões!
Antes de qualquer coisa, preciso dizer obrigada. Quero agradecer a todos aqueles que ao menos se interessaram pela sinopse e titulo e vieram dar uma espiadinha; à quem veio, viu, gostou e ficou por aqui e, principalmente, com um carinhozinho especial, àquelas que vieram, viram, gostaram, ficaram e FALARAM o quanto gostaram, estavam revoltadas, desesperadas, emocionadas... Obrigada pelo apoio, de verdade!
E agora quanto a fic, a história em si... Apesar deu já ter explicado os elementos que me inspiraram a escreve-la, bem, eu não sei dizer ao certo, o porquê de eu tê-la escrito. Esta é com certeza uma história de amor, ainda que seu final seja trágico. Mas talvez esse seja o ponto de tudo: na vida há situações em que nem mesmo um pouco de magia pode trazer alivio; somente nossa coragem e amor assim o podem fazê-lo.
BTW, quero agradecê-los mais uma vez pela presença e pedir, encarecidamente que, por favor, me digam o que acharam - e se choraram, não me responsabilizo pelas lágrimas derramadas.
Afinal, eu avisei que isto não era um conto de fadas.

xoxo

e até a próxima!



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