Bring Me Back To Life escrita por Elizabeth Watson


Capítulo 2
Capítulo 2.


Notas iniciais do capítulo

Continue meu filho desobediente
Haverá paz quando você estiver terminado
Coloque sua cabeça cansada para descansar
Não chore mais-Kansas|Carry On My Wayward Son.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479163/chapter/2

Dois dias depois do acontecido Oliver me ligou remarcando o trabalho para segunda depois da aula. Eu não iria para a casa depois que saísse do colégio, iria direto para a casa dele.

Coloquei uma calça de couro preta, uma camiseta do Jack Daniel’s também preta e uma jaqueta da mesma cor. Uma bota de salto baixo com fivelas e um óculos de sol, escondendo meus olhos azuis por trás das lentes escuras.

Peguei meu celular, meus fones, e coloquei Aerials do System Of A Down pra tocar.

Fui indo, e senti um cansaço extremo na metade do caminho. “Está na hora de eu arranjar um carro...” falei para mim mesma quando cheguei ao portão da escola.

–Ou aprender a pegar um táxi. Você é muito mão de vaca Sarah. - Oliver estava atrás de mim, sussurrando no meu ouvido que estava sem fone. Obviamente eu pulei de susto.

–Que susto garoto! Não pode aparecer na frente como qualquer pessoa normal?!

–Por trás é mais legal... - ele sorriu malicioso.

–Olha você para com isso ou eu te denuncio por abuso sexual!

–Ah é?!E se mesmo assim eu continuar “te abusando”?

–Aí eu... Ta, chega.

Ele tirou os meus óculos de sol delicadamente.

–Seus olhos são lindos.

Sabe quando você sabe que está vermelha como a bandeira da China, e tudo o que você quer é sair correndo? Então...

O sinal tocou, suspirei aliviada.

–Depois eu falo com você ta? Aproveitador de garotas indefesas.

Ele riu e devolveu os meus óculos.

–Ok. Garota nada indefesa.

Fiquei tentando entender o que ele quis dizer com aquilo...

...

Depois da manhã mais do que chata de aula, finalmente o sinal para a libertação dos escravos soou.

Encontrei Oliver no portão. Ele tirara o casaco, mostrando os músculos dos braços. Ah sim! Esqueci-me de dizer! Oliver repetiu o 3º ano, ele tinha 18.

–Vamos?

–Sim, e só avisando, se você tentar qualquer coisa, bem... - olhei para as minhas botas. - Isso aqui machuca bastante.

Pude ver suas pupilas se dilatando de... Medo? Não era pra eu ter parecido tão malvada.

–Está bem, não se preocupe, não farei nada.

–Desculpa, não era pra ter saído assim.

–Não tudo bem, é que eu fiquei pensando, se fosse de verdade, o que você faria com essa bota que mais parece uma bota de soldado... Só de imaginar já dói.

–Perdão, não queria te assustar.

–E quem disse que você me assustou?

–Hum, você ficou branco como um lençol.

–Claro que não garota!Eu só estava... só estava...

–Com medo?

–Vamos logo pra minha casa?! A gente tem muita coisa pra fazer.

–Ok, vamos. Você não vai admitir que estava com medo mesmo...

O olhei maliciosa e pude ver a ponta de suas orelhas ficarem vermelhas.

Ele foi andando meio rápido até o estacionamento, onde sua caminhonete estava estacionada. Ele abriu a porta para eu entrar - um ótimo cavalheiro-, e assumiu o volante, ligando o rádio. Estava tocando Hey Jude dos Beatles, digamos que... Eu comecei a cantar junto bem alto.

Paramos num semáforo, e alguém parou ao nosso lado tocando uma música com muita baixaria.

Oliver abaixou o vidro e aumentou a música fazendo a pessoa do carro ao lado se assustar e mostrar o dedo do meio.

–Nossa! Ignorância! Abaixa essa merda que a gente abaixa aqui! - eu gritei, tentando impor minha voz mais alto que as duas músicas.

Com sorte o sinal abriu naquele momento, ou nós iríamos detidos por briga de trânsito.

Nós chegamos a casa dele. Era gigante, mas muito vazia.

–Não quer tirara jaqueta? - perguntou-me enquanto pendurava o casaco no cabide.

–Não, eu estou bem...

–Você esta suando muito, Sarah...

Pior que eu estava mesmo. Suspirei dando-me por vencida, tirei a jaqueta e entreguei para ele.

–Vamos logo fazer o trabalho? - perguntei.

–Vamos. Somos obrigados mesmo.

–Seu tom é tão animador e contagiante que me deu vontade de me matar.

Ele deu uma risada fraca e me conduziu para a cozinha.

...

– Cara! Quanto drama numa peça só! – Oliver disse depois de três horas de trabalho.

Eu ri.

– Shakespeare, cara. O pai do romance e da tragédia tinha que ser dramático, não acha?

– Eu acho é desnecessário nos passarem livros numa linguagem tão difícil e lenta!

–E é por isso que você nunca vai ser professor.

–Que ótimo! Eu não queria ter que aguentar um aluno como eu.

–Isso ninguém quer... Cadê seus pais?

–Eles foram viajar a uns meses e falaram que voltariam no verão.

Mas já era verão...

Foi quando eu entendi porque a casa era tão vazia.

–Oliver eu, eu sinto muito...

–Não, tudo bem. Acho que eles não queriam ter que cuidar de um encosto como eu...

Ele passou o antebraço na frente dos olhos, impedindo lágrimas de caírem.

–Oliver, você não é um encosto. Seus pais, eles não podiam ter abandonado você.

–Obrigado. O pior é que eu não posso denunciar eles, eles me abandonaram quando eu já tinha 18, legalmente não é considerado abandono.

–Dane-se cara, eles não podiam ter feito isso! Eles te mandam dinheiro?

–Não. Essa casa é herança, não preciso pagar aluguel. Meus avos me ajudam com as contas e eu trabalho, posso comprar comida e o necessário.

–Eles não podiam ter feito isso cara. Não podiam!

–Eu sei, mas, ei, quem liga pra um adolescente abandonado que tira notas baixas na escola?

–Eu ligo.

Ele sorriu, seus olhos brilhavam de lágrimas.

–Obrigado Sarinha, mesmo...

–Sarinha?!

–Posso te chamar assim?

–Não, não chame. Odeio qualquer coisa no diminutivo, inclusive meu nome.

–Ok, Sarinha.

O olhei com uma cara maléfica, mas um olhar sincero e feliz. Ele sorriu.

Terminamos o trabalho duas horas depois. Ele não era tão preguiçoso quanto aparentava. Só na hora de escrever é que ele quase dormiu. Pois é, escrever não é o forte dele. Ou talvez ele estivesse cansado demais. Ser abandonado pelos pais não deve ser fácil.

...

Terça-feira. Mais um dia terrível de aulas. Sabem que eu realmente não gosto da escola não é? Bem, se não sabiam...

Oliver me esperava no pátio, com o nosso trabalho em mãos que estava um tanto... Não, um tanto não. Estava muito amassado.

–Cara, você dormiu em cima do trabalho? - me aproximei dele, fitando o papel completamente amassado.

–Ah, não cara. Esse é a minha lição de história, o trabalho esta dentro da pasta. Pega ai.

Ele me entregou a bolsa. Parecia totalmente cansado, e seus olhos... Seus olhos estavam inchados. Parecia ter chorado um pouco, provavelmente por conta dos pais dele. Ele chorara por se lembrar dos pais e uma parcela de culpa começou a me corroer.

Abri a bolsa dele, havia uma garrafa de Jack Daniel’s pela metade lá dentro.

–Você bebe? - franzi o cenho, olhando-o como se pedisse para que ele dissesse que era mentira.

–Sim, quando eu estou triste. E por favor, não me olhe assim ou quando eu chegar em casa eu bebo mais duas dessas.

–Cara, desculpa. Eu, eu não devia ter perguntado sobre os seus pais. Por favor, não beba mais.

–Calma Sarinha, a culpa não é sua. É que eles ligaram, eu briguei com o meu pai e ele me disse coisas horríveis e...

–E... ?

–Eles estão voltando. Chegam amanhã.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?Reviews?Semana que vem tem mais,e digamos que as coisas vão ficar um pouco mais divertidas..É,talvez divertidas seja o termo certo.