E começaram as conversas paralelas, somente Chico não falava muito. O café da manhã foi muito animado, assim como o resto da manhã e o almoço. Junior não desgrudou de mim nem um instante, o que eu não achava ruim, pelo contrário eu amava. Mas o senti meio tenso e com o astral baixo, como se alguma coisa o incomodasse muito, porém não perguntei nada. Pouco depois do almoço Gabi chegou ao orfanato. Estava com os olhos bem vermelhos.

G: Junior - ela o abraçou e chorou
J: O que foi Gabi?
G: Nossos pais não param de brigar, mamãe chora pelos cantos... Nossa casa ta um tendéu, meu irmão, e tudo por causa do orgulho do nosso pai
J: Logo isso passa. É só uma fase
G: Não Junior, serão anos. Você já contou o que o nosso pai fez?
J: Não... - ele disse me olhando e seus olhos marejaram novamente
G: Então conta. Será difícil mas ela tem que saber. Vai
J: Carol, - uma lágrima caiu de seu olho - eu... Eu...
C: Fala logo Junior, seja o que for eu estou aqui
J: Eu amo tanto você - ele me abraçou - Só que o que eu vou dizer agora não é nada fácil
C: Junior... - eu disse passando a mão em seu rosto
J: Carol, meu pai não aceitou nosso namoro. Eu... - respirou fundo - Eu vou ter que ir embora, meu amor, eu vou morar em Londres.

Eu o olhei e meus olhos se encheram de lágrimas. Novamente eu estava perdendo a pessoa que mais amava no mundo. Gritei, saí correndo pra rua e andei sem rumo, pensando no que iria acontecer. Parei no parque e me sentei no "nosso" banquinho afastado. Apoiei meus cotovelos em minhas pernas e pousei o rosto nas minhas mãos. Chorei. Chorei muito .É inacreditável como a vida de uma pessoa pode ser tão azarada, dentro de uma ano perdi meus pais e estou perdendo o amor da minha vida. Sabe-se lá quando o verei novamente, ou, pior, SE o verei novamente. Meu celular vibrou em meu bolso, era o Lucas, mas não atendi, somente o deixei tocar. Por que isso tem que acontecer comigo?

#CONTINUA