With our backs to the wall, the darkness would fall

We never quite thought we could loose it all

Ready aim fire, ready aim fire

An empire's falling just one day

You close your eyes and the glory fades

Ready aim fire, ready aim fire away (fire!)

Ready aim fire, ready aim fire away

Abro os olhos com os dissonantes tique-taques do relógio, que marca as 7h. Tento fechá-los, mas alguns segundos depois ouço o despertador. Minhas têmporas parecem estar prestes a explodir, porém sigo em frente.

— Hey! — vejo Clary me alcançando, caminhando em direção ao banheiro. - O que houve contigo?

— Absolutamente nada — retruco, embora estivesse mentindo. — Por quê?

— Você está com um hematoma no olho. — ela faz uma pausa, fitando o meu rosto. — Por um acaso andou lutando contra sua própria cama? — ri com desdém.

— Acho que está claro que não quero lhe fornecer qualquer informação sobre isso. — respondo revirando os olhos, até os de Clary não estarem focados em mim, mas em Eric.

— Acho que você nem precisa. — ela dá de ombros e caminha ao banheiro. Faço o ,mesmo, a fim de lavar o meu rosto e retirar todas as camadas sujas de mim. Entretanto, sei que é difícil, afinal, apenas a parte externa pode ser limpa.

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— Hoje, vocês lutarão contra seu próprio grupo. — diz Amah, olhando fixamente para mim. — A regra é simples: vocês irão lutar até que o seu adversário não esteja mais apto a fazer o mesmo, ou simplesmente desista. Isso fará com que a classificação do perdedor seja menor que a do vencedor, obviamente.

— Classificação? — indaga Joseph. — Para que isso serve, afinal?

— A classificação os lembrará que um guerreiro audaz não pode, em hipótese alguma, desistir. Fará com que vocês, iniciandos, consigam distinguir um soldado forte, ou não. Além de que, quanto maior sua posição, ao fim de todos os estágios, melhor será o seu cargo em sua nova facção. — diz o instrutor. Suas palavras ecoam em minha mente. Devo dar o melhor de mim.

— Qual foi sua posição no ranking? — pergunta Maddie, a erudita ligeiramente parecida com Jeanine.

— Não é da sua conta. Afinal, está aqui para lutar ou para recolher informações sobre a minha vida? — responde Amah com outra pergunta, e Maddie se cala, os olhos transmitindo raiva.

Um silêncio ensurdecedor preenche o local de uma forma totalmente assustadora. Por alguns segundos, permito-me olhar Eric de soslaio: seu rosto está repleto de hematomas, e sangue escorre de sua boca, como se acabasse de ter levado uma pancada. Por um instante, sinto uma pontada de culpa. Lembro-me das agressões sofridas pelo meu pai e reflito se aquela teria sido a atitude correta a se fazer. estaria eu me tornando uma paráfrase de meu pai? Acordo do devaneio após o instrutor carregar em mãos um quadro negro, o qual está escrito o nome dos iniciandos transferidos.

— Começaremos com Maddie e Pharrel. — ele diz, sem emoção. - Entrem na arena.

Observo o casal de namorados se entreolhando e, por fim, caminhando até a arena. Pergunto-me se fora proposital ou uma mera coincidência. Ao adentrarem ali, encaram-se e permanecem imóveis como uma estátua.

— Comecem! — berra Amah, e então Pharrel sussura algo inaudível por mim à namorada, que anui com a cabeça.

Os golpes de Maddie em Pharrel são fortes, porém, lentos. Enquanto ela tentava desferí-los no corpo do namorado, ele desviava. A luta parecia algo premeditado e monótono, e Amah, irritado, interrompera os dois.

— Vocês não estão numa porra de um conto de fadas! - ele exclamou e em passos rápidos, entrou na arena. - Preste bem atenção, vocês dois. Esqueçam quaisquer tipos de relacionamentos que vocês têm lá fora. — apontou à nossa direção. — Nem eu nem os outros líderes da Audácia estão interessados nessa história de amor adolescente, repleta de de testosterona e estrogênio. Na arena, vocês são inimigos. Saibam separar as coisas.

— Mas não é fácil! — Pharrel retrucou, logo depois, com um olhar arrependido. Não deveria ter falado aquilo.

Amah franziu o cenho e olhou fixamente para o ex-erudito.

— Saia daqui, garotinha. — disse, ainda olhando a Pharrel, porém, se direcionando a Maddie. Ela obedece. — Agora, você aprenderá a lutar. — disse, e em uma fração de segundos, agarrou o corpo do iniciando e o arremessou no chão. Quando estava prestes a socá-lo, o garoto desviou o corpo e, desajeitadamente, se levantou, enquanto Amah estava no chão. Veloz, pôs o pé direito na coluna do instrutor e puxou um dos dreads dele.

— Não preciso de você para me ensinar isso. — cuspiu as palavras e se distanciou de Amah, que se recompôs e levantou surpreso.

— Muito bem, nerd. — riu. — Agora faça isso com a sua namoradinha. — apontou para Maddie, que novamente entrara no ringue.

Desta vez, a luta parecia um pouco menos estática, e Maddie continuava golpeando Pharrel, embora seus golpes continuassem lentos. Por fim, o garoto dera uma rasteira em sua namorada, que caiu no chão, e socou o seu rosto. Quando sangue escorreu de seu nariz, ele recuou. Quando já estava de pé, Maddie cotovelou o rosto do iniciando, que soltara um grunhido de dor. Com isso, a garota adquiriu uma ligeira vantagem sob ele e continuara com uma sequência de golpes em seu rosto e abdome. Por fim, Pharrel levou seu joelho à barriga da garota, que automaticamente gritara de dor por estar sem ar e caiu no chão. O golpe final foi do iniciando, que cerrou o punho e socara o rosto de Maddie, que grita por desistência.

— O que foi que eu fiz? — Pharrel indaga desesperadamente.

— Bom trabalho, amor. — ela sorri, o sangue saindo de sua boca.

Amah faz uma careta de nojo.

— Muito bem. Vitória de Pharrel. Agora saiam da arena. — Amah diz, e os dois o fazem. — Clary e Joseph, subam.

A luta entre os dois, o transferido e a nascida, é rápida. Joseph, que não está acostumado com a força bruta de uma garota nascida na nova facção, é rapidamente surpreendido pelos socos e chutes que leva. Entretanto, ele é rápido, conseguindo desviar dela e ainda desferir alguns golpes nela.

— Amador. — Clary diz, rindo com escárnio. Após Joseph fitá-la, a garota envolve seus braços no pescoço dele. — Boa noite, Joseph. — ela diz e ele cai no chão, desacordado.

— Mas o quê... — grita uma garota de cabelos louros. Clary sai do ringue, com um leve sorriso no rosto. Joseph, em alguns segundos, abre os olhos e se levanta, ainda zonzo.

— Vitória de Clary. Sem mais delongas, entrem na arena, Mia e Quatro.

Estremeço. Ao perceber que lutarei com uma aliada, lembro-me do conselho de Amah ao casal de eruditos na arena. A luta com Eric, apesar de ter deixado hematomas em meu rosto, fora algo bem mais fácil, pois estava confrontando um adversário, não um amigo. Entretanto, em minha nova facção, pelo menos por enquanto, todos são meus adversários. Encaro Mia, a garota a qual confrontara Amah logo no início dos estágios, e sem sequer trocar uma palavra, subo na arena, o olhar sério. Ela faz o mesmo, portando o mesmo olhar enigmático e sério.

— Isso vai ser interessante. — diz Joseph, ainda se recuperando da surra que levara.

— Ou não. Dois maricas numa mesma luta. — Clary fala e é interrompida pelo som do corpo de Mia ao cair no chão.

Pressiono meu corpo contra o de Mia com força, que vacila e automaticamente cai. Em contrapartida, as mãos da garota se encontram em meu pescoço, fazendo com que eu perca alguns segundos da vantagem que tinha. Ainda assim, as mãos da garota suam, sendo assim, consigo me soltar com facilidade. Prendo-a entre as minhas duas pernas, reproduzindo os mesmos golpes que desferi em Eric na noite anterior. Porém, Mia ataca de modo feroz, diferentemente do garoto. Em um tom de zombaria, Eric grita:

— Isso é a única coisa que você pode fazer, Careta?

Dou de ombros ao comentário dele, focando os meus olhos na garota, que ainda estava sobre as minhas pernas, encontrando alguma maneira de se livrar. Decido levantar-me e ofereço a minha mão para a garota fazer o mesmo. Ela recusa, e se levanta sozinha. Depois de alguns segundos me fitando, a garota corre em minha direção, porém, desvio e o seu chute atinge o ar. Quando a garota alcança novamente o chão da arena, não perco o meu tempo, e em uma fração de segundos, desfiro vários golpes em diversos lugares de seu corpo. Seu corpo cai no chão, e por fim, quando estou prestes a socar o seu rosto, Mia exclama.

— Desistência! — quando ela pronuncia essas palavras, Amah entra no ringue, cansado. por fim, segura a minha mão, dizendo. — Vencedor!

Caminho em passos lentos até Eric, me aproximando o suficiente para encará-lo e sentir sua respiração.

— Meus métodos podem até ser ultrapassados, Eric, mas ainda assim eu consigo vencer uma luta. - digo as palavras com desprezo. — E você?

Surpreendentemente, ele cospe em mim.

— Você verá quem sabe lutar, Careta. Você verá.