#Logan

Logan acordou com seus braços em volta de Jen, que roncava como uma britadeira. Ele puxou seus braços devagar, sem acordá-la, para olhar em volta e ver garrafas vazias por toda a parte. Jude e Davis estavam jogados cada um de um lado em um sofá que até ontem era branco. Ele não se lembrava de nada da noite passada, exceto pela cesta da vitória que Ravens enfiou garganta a baixo nos Tridents. Ele se levantou, derrubando uma garrafa que estava em seu colo, e foi até o sofá aonde os amigos estavam feito mortos.

– Jude, esta acordado? - ele resmungou, mas não moveu nenhum musculo - E você, Davis? - também não deu nenhum sinal de que levantaria.

Logan foi até a cozinha, pegou uma sacola e começou a jogar as latinhas vazias dentro. Para não se lembrar de nada, ele devia ter bebido horrores e isso o deixava envergonhado. Mas essa noite ele não beberia, não mesmo. Lembrava-se vagamente de Jude ter falado sobre a festa que aquela garota dos cabelos de Branca de Neve havia lhes dito que faria. Devia ser dificil, uma garota de dezenove anos assumir uma boate e ter que lutar por sua sobrevivencia sozinha. Por algum motivo, ele não conseguia parar de pensar naquela menina, que parecera timida ao ser apresentada a ele. Alguém bate na porta. Ele abre e vê seu pai parado, com a mão pronta para bater novamente.

– Bom dia filho! Vejo que acordou agora - Clay o empurra da porta para dentro para poder entrar. Ele vai até a sala e vê algumas garrafas ainda jogadas pelos cantos, os gemeos babando no sofá e sua namorada só de calcinha roncando.

– Vitória dos Ravens? - Logan apelou pelo sorriso inocente.

– Filho, eu sei que você já tem vinte e dois anos e eu não devo me meter na sua vida, mas até a morte de uma barata é motivo de você e seus amigos cairem de bêbados. Tome cuidado com isso, Logan. Eu já te contei de quando Jamie e a mãe desses dois - ele apontou para os gemeos - Quase morreram porque um cara bêbado avançou com o carro para cima deles?

– Mais de vinte vezes, papai, e eu não tenho sequer um carro - resmungou.

Clay caminhou até os meninos desmaiados no sofá e depois foi até a garota no chão e começou a bater palmas e gritar no pé do ouvido deles, acordando cada um com um pulo de susto.

– Meu anjo - ele olhou Jen dos pés a cabeça - Vista uma roupa. E vocês também. Pelo amor de Deus! Vocês estão fedendo.

– Não grite, tio. Minha cabela está explodindo - Jen pediu, correndo para o banheiro. Jude e Davis correram atrás dela. Eles começaram a socar a porta, afim de fazê-la sair de qualquer forma

– Não enche!

– Dê o fora dai, vadia! - Davis berrou.

– É nisso que você está se transformando? Fico grato por sua mãe não estar viva para assistir tamanha decepção - Clay saiu e deixou-o pensativo.

Ele ainda era um bebê quando sua mãe morreu e um menino de cinco anos quando seu pai casou com a doce Quinn e ela o tratava como um filho. Quinn foi a única mãe que ele conheceu, mesmo assim, ela mostrava fotos de sua mãe sempre que Clay as encontrava.

Depois que Jen e os meninos partiram, meio cambaleando ainda, ele se jogou debaixo do chuveiro, fritou dois ovos e tomou seu café. Enquanto olhava no celular, viu que todos estavam compartilhando no facebook um mural online sobre a festa NOITE DOS MORTOS que Ellie estava organizando para aquela noite. Ele tinha que comprar uma fantasia rapidamente. Questão de vida ou morte: De que ele iria?

#Ellie

A empresa de decoração já havia descarregado a cascata de sangue, os enfeites mórbidos que eles espalhariam pelo salão, até mesmo o globo espelhado preto e vermelho. Estava tudo quase assustador e ela estava gostando muito daquilo.

– Desculpe a demora. Recebemos sua mensagem - Davis disse ao entrar na boate correndo.

– Aqui estão as fantasias. De que vamos? - Jude completou.

– Bem, vocês serão zumbis-comedores-de-cerebros, enquanto eu e Jamie seremos criaturas da série sobrenatural. Criativo, não? - Ellie sorriu, mas, como ninguém sorriu com ela, continuou - Eu queria perguntar-lhes uma coisa, mas tem que ficar entre a gente.

– Pode mandar! - gritaram ao mesmo tempo.

– Quando aquele rapaz veio aqui ontem, o Logan, ele falou numa tal de Jen. Quem é ela? - tentou parecer desinteressada no assunto, mas não deu muito certo. Jude e Davis sorriram.

– Infelizmente para você, é a namorada dele. Eles estão saindo faz dois meses e... - Jude explicava, quando eles viram uma loira, bem alta, estilo rockeira, entrando no bar. Ela olhava de um lado para o outro, sem achar o que queria.

– Posso ajudar? - ela pediu para os rapazes esperarem e foi até a garota.

– Vocês darão uma festa aqui, certo? Noite dos mortos? É um titulo irônico quando a dona daqui morreu a pouco tempo - resmungou baixo.

– Conhecendo a minha irmã, é exatamente o tipo de festa que ela daria numa situação dessas. Me chamo Ellie Scott. E você é...?

– Valeska Cunningham. Fui... amiga da Sawyer - ela exitou na palavra amiga, mas Ellie não estava afim de pensar nesse tipo de detalhe naquele momento. Estava ansiosa para a sua noite - Penso em aparecer, se não se importar.

– Faça isso, Valeska. Tenho certeza de que minha irmã agradeceria.

Mais tarde, o Dj já estava tocando, a cascata já estava ligada e já havia mais ou menos meia cidade lá dentro. Jamie a apresentou a todos os amigos da familia. A sua tia Lilly Scott (que ela ainda não conhecera), a seu amigo Kevin McFadden (que estava passando uma temporada em Tree Hill) e a Sarah Evans (irmã de Logan), que parecia demais com o irmão, tirando a cor dos olhos. Ellie estava bem animada, quando a chegada de Logan de mãos dadas com uma ruiva magrela a deixou chateada. Ele estava fantasiado de Drácula, enquanto ela estava vestida de diabinha.

– Ellie, bom te ver novamente - ele a cumprimentou com um beijo na mão novamente - Essa é minha namorada Jen.

– Foi mal pela sua irmã, Ella, mas hey, você deu um up maneiro nessa boate - disse Jen.

– Obrigada, Jenna - Ellie não resistiu. Ela ter errado seu nome foi tão deboche quanto Ellie ter errado o nome dela de propósito. Jen deu uma olhada furiosa nela e começou a arrastar Logan para longe.

– Não é como se ele não soubesse que ela é uma vadia, mas as vezes não dá para deixar para lá - Sarah a abraçou pelos ombros e as duas foram até o bar - Whisky, Jude! Pelo amor de Deus!

– É para já, gata - ele repondeu, colocando dois copos na bancada do bar e os enchendo com whisky puro. Ellie tomou um gole mais que depressa, fazendo uma careta depois de engolir. Jude deu uma risada.

– Se rir eu te demito - Ellie brincou.

– Me demite e só terá o Davis - Jude zombou de volta. Ellie lhe mostrou a lingua. Jude ofereceu mais whisky e as duas começaram a bater o copo na bancada aceitando. Depois que ela bebeu o segundo copo e viu tudo girando, alguém esbarrou no ombro dela. Ellie olhou para trás, pronta para uma discução, até que reconheceu o rosto por trás da maquiagem preta que a cobria.

– Oh, Valeska! Se junta a gente aqui no bar? - Ellie a convidou, mas Valeska começou a rir.

– Você não sabe nada sobre a sua irmã mesmo, não é, vadiazinha? - Valeska disse, tirando o sorriso dos lábios de Ellie e a fazendo ficar totalmente ereta diante da bancada - Isso mesmo! Você não fazia ideia de quem a Sawyer era, Ellie. Você não estava lá por ela, em nenhum momento. Você sabe porque ela veio para Tree Hill? Por acaso, seus pais perfeitinhos disseram?

– Porque você não vai embora, Valeska? Você está visivelmente alterada - Sarah tentou empurrá-la, mas acabou ganhado um empurrão mais forte, que a levou até o chão - Droga!

– Eu não era amiga da Sawyer, Ellie, eu menti - Valeska continuou. Sarah levantou do chão e acertou um soco surpresa no rosto de Valeska, que cambaleou, mas conseguiu se apoiar na bancada.

– Disse para dar o fora, vadia! - ela tentou acertar Valeska novamente, mas Ellie se colocou na frente, abrindo seus braços como cristo redentor.

– Porque ela veio a Tree Hill? Eu nunca entendi isso. Eu ficava ao lado dela em qualquer situação, Valeska. Quando ela quebrou o vazo que a vovó Karen deu a mamãe de presente, eu levei a culpa por ela, quando decidiu sair da faculdade, eu disse que fugiria se ela fosse expulsa de casa... Me diz então, essa verdade que todos escondem de mim? Me diz, Valeska?

– Porque ela disse a verdade sobre quem ela era. E porque essa verdade não foi o suficiente para SEUS pais pedirem para ela ficar - Valeska estava contando e ninguem se atreveu a impedi-la, em parte porque Ellie insistiria e ninguém queria contá-la e, em parte, porque estava mais que na hora de ela saber - Eu não era amiga da Sawyer, Ellie, eu era a namorada dela.

– O que? Como assim?

– Sawyer descobriu que os caras com quem ela ficava não eram suficientes. O namorado que ela arrumou na faculdade não era o suficiente. Ela não se interessava por eles. Ela largou a faculdade porque beijou uma de suas amigas e a garota fez um escandalo. Quando ela contou para seus pais, eles piraram e a mandaram embora, mas não queriam que você soubesse o porque. Sawyer era lésbica, como eu - disse finalmente.

– Eu preciso de um tempo sozinha. Continuem a festa. Uma rodada por minha conta, Jude.

Ela saiu correndo porta a fora, arrancando dente de vampiro falso e peruca. Então era isso? Sawyer fugiu porque era gay? Mas porque ela nunca contou a Ellie? Será que ela achava que ela a odiaria? Seria uma pergunta que ela nunca teria uma resposta, mas, por hora, ela precisava ficar sozinha, chorar sozinha, porque todos que ela pensou que conhecia eram o oposto do que ela achava. Sua irmã? Gay. Seus pais? Preconceituosos. Seus amigos? Mentirosos que sabiam de tudo e nunca a disseram nada. Ela pegou uma fotografia sua e de sua irmã que sempre guardava no bolso e observou por minutos, horas, a noite toda...