– Acorde – disse Cheryl abrindo as cortinas. As outras garotas se encolheram nas camas. – Vamos meninas! Estamos muito brancas, precisamos de um pouco de sol e praia!

– Sol pra mim só com protetor 50 – disse Kiyoko sentando-se na cama. – Olha minha cor! Eu fico vermelhinha se ficar muito no sol.

– Tá, tá – disse Cheryl – eu tenho protetor na minha bolsa, mas agora se levantem, e vão colocar os biquines!

– Não contem comigo – disse Bridget virando pro lado, ainda de olhos fechados – eu pretendo dormir mais um pouco.

– De jeito nenhum – disse Lila puxando os pés da garota. – Se a pentelha da sua irmãzinha já nos acordou, não vai ser você quem vai ficar na cama até tarde.

– Pentelha é a vó – disse Cheryl dando um peteleco na orelha de Lila, e a garota riu. – Kiyoko, joga o meu biquine pra mim?

– Beleza – disse a garota de cabelos brancos, arremessando um par de biquine de parte de baixo negra, e um dos seios da parte de cima, tinham três listras brancas.

– Hilário – comentou Bridget.

– Papai vai adorar – ela disse rindo antes de entrar no banheiro – esse biquine é tão simétrico!

– Kid continua com essa mania? – Kiyoko perguntou, enquanto fuçava a cesta a procura de seu biquine.

– Está pior do que nunca – disse Bridget – ainda mais agora que está ficando velho. E Cheryl faz de tudo para provocar surtos nele, parece a tia Patty.

Lila começou a rir – Imagine quando os cabelos dele começarem a ficar grisalhos, de uma maneira nada simétrica.

– Isso será divertido – disse Bridget mordendo uma maça.

As garotas foram para a praia usando somente biquines. Ryan, que estava escondido na moita com Blue Star, não pode evitar um pequeno sangramento no nariz quando viu Bridget passando por ele, usando um biquine negro como seus cabelos ondulados caindo-lhe pelas costas. Elas deixaram a bolsa de praia sobre as cadeiras, de depois de muita insistência de Lila, elas decidiram entrar no mar. Era o momento perfeito para o ataque de Ryan. Ele se esgueirou até onde estava a bolsa das garotas. Depois de fuçar, ele encontrou um protetor solar azul. Com cuidado ele tirou o rôtulo e colou em um potinho idêntico que estava em sua bermuda, depois voltou correndo para onde estava, e saiu disfarçadamente com Blue Star. Sua pegadinha demoraria algum tempo para surtir efeito, mas suas consequências seriam duradouras.

As garotas voltavam para as cadeiras um pouco depois, Kiyoko mexeu na bolsa e tirou de lá o protetor solar.

– Isso não parece um pouco liquido demais para ser protetor ?– disse Kiyoko.

– Eu sei lá – disse Cheryl – Minha mãe comprou essa marca nova... deve ser assim mesmo.

Kiyoko deu de ombros, então ela colocou um pouco nas mãos e espalhou pelas costas, pernas, barriga, braços e até no rosto, assim como todas as garotas. Depois elas se deitaram nas espreguiçadeiras, de olhos fechados.

– Ei Ryan – disse Blue Star quando eles já estavam distantes da praia. – O que tinha naquele potinho?

– Bom, digamos que, assim como eu Kiyoko tenha a pele bem sensível ao sol... ela sempre tem que passar protetor solar forte, para não ficar com queimaduras. Seria uma pena se alguém trocasse protetor solar por olho de bronzeamento, não é mesmo?

Blue Star sorriu – Boa...

Enquanto isso, as garotas continuavam deitadas no sol, Kiyoko havia caído no sono, e acordou com a pele um pouco ardida. Ela olhou para as garotas deitadas ao seu lado, e todas pareciam dormir, e suas costas estavam muito vermelhas.

– Meninas – Ela disse. – Vocês passaram protetor? Vocês parecem um pouco queimadas...

Bridget levantou os olhos para Kiyoko e não conseguiu conter a risada. A garota de cabelos brancos agora tinha a pele tão vermelha quanto seus olhos, nenhum ligar em seu corpo estava da cor normal da pele.

– Do que você está rindo – disse Kiyoko irritada.

– Você – ela disse entre as gargalhadas – Está parecendo uma pimenta!

Kiyoko olhou para o próprio corpo, assustada, depois olhou para Bridget.

– Bom, você não está muito longe bobona – ela disse. Bridget estava tão vermelha quanto Kiyoko e todas as outras.

Cheryl fuçou a bolsa de praia, pegando o protetor solar.

– Vocês tem certeza que esse treco está na validade?

Foi ai que caiu a ficha.

– Ryan...- Kiyoko rosnou entre dentes, e todas as garotas arregalaram os olhos.

– Ele não... – começou Bridget.

– Ele não pode... – disse Lila.

– Ele pode, e ele fez. – concluiu Kiyoko, jogando o olho de bronzear na cadeira e marchando para dentro da casa. Ela foi encontrar Ryan sentado com o violão na varanda.

– Você acha isso engraçado? – ela perguntou, quando ele levantou os olhos para ela, ele começou a rir. – Prepare-se maninho, minha vingança será terrível.

Então ela subiu as escadas para o quarto, deixando Ryan a gargalhar na varanda.

– O que houve filha? – Maka perguntou quando encontrou Kiyoko no corredor.

– Esqueci de passar o protetor solar – ela disse entrando no quarto. Se Maka ou Soul descobrissem que Ryan e Kiyoko haviam voltado a fazer pegadinhas, eles estariam muito encrencados. Como por instinto ela tocou a cicatriz na perna.

O banho foi a parte boa. A água estupidamente gelada batendo contra o corpo da garota foi a parte fácil. Isso aliviava intensamente a dor. A hora de vestir a roupa foi difícil. Kiyoko sabia que não conseguiria colocar nenhum shorts, então ela optou por um vestidinho branco e florido, de um tecido leve, mas mesmo assim, todas as vezes que a roupa colava em seu corpo fazia-a tremer.

– Parece que você decidiu se vestir a branco e vermelho essa noite maninha - ele disse durante o jantar. Kiyoko engoliu o comentário, guardando sua raiva para a próxima pegadinha.

Durante a noite, nenhuma das meninas conseguiu nem fechar os olhos. Tudo o que se ouvia eram os lamentos vindos das camas.

– Olhem pelo lado bom - comentou Lila, a espada. – Já que não conseguimos pregar os olhos, temos mais tempo para planejar nossa vingança...

– Eu gosto da sua atitude - disse Kiyoko rindo.

Na manha seguinte, quando os garotos desceram para tomar café, elas começaram a executar seu plano. Kiyoko e Cheryl entraram no quarto dos meninos.

– Esse lugar fede a cueca suja e a meia vencida – Cheryl comentou.

– E é por isso que eu faço Ryan manter nosso quarto organizado – disse Kiyoko.

– Ainda bem que eu não tenho irmãos homens...

Elas foram até o banheiro, onde encontraram um enorme porte de xampu. Cheryl despejou metade de seu conteúdo no ralo, e preencheu com detergente. Enquanto Cheryl trocava os sabonetes pelo sabonete que Lila usava em seu cachorro. E Por ultimo trocaram o pote amarelo de condicionador por um pote que elas haviam achado no armário do banheiro, um condicionador de quando eram crianças, vencido alguns anos antes.

Elas saíram do quarto como se ninguém tivesse estado lá.

Elas souberam que seu plano havia dado certo, quando, no final da tarde, pode-se ouvir um grito.

– Kiyoooookoooo!! – Ryan gritou. Ele entrou pela porta do quarto quase espumando. Seu cabelo, que sempre fora liso e sedoso, estava para cima, quebrado e esturricado. Ele cheirava a cachorro molhado. Foi a vez de Kiyoko dar risada.

– Você me paga! – ele falava, um pouco alto demais – Você verá, a próxima pegadinha que eu fazer com você vai ser tão terrível...

– Acho que eu ouvi alguém dizer “ pegadinha” – Soul estava parado na porta, com os braços cruzados e um olhar ameaçador em seus olhos vermelhos.

– FOI ELA – ELE QUE COMEÇOU – Kiyoko e Ryan disseram ao mesmo tempo, apontando um para o outro.

– Ela escondeu minhas roupas... – ele tentava se explicar.

– Ele batina na porta do quarto todos os di... – ela falava por cima.

– Quietos – disse Soul, e o quarto ficou em silêncio – Eu não quero saber quem começou. Pelo amor de Deus, vocês não são mais crianças de seis anos! Quando vão aprender a ter responsabilidade? Vocês são tão infantis quanto eram a dez anos atrás! Eu terei que bater com a cinta em vocês e deixar de castigo ou vocês vão simplesmente parar com isso por livre e espontânea vontade?

Eles olharam para o chão.

– Eu vou tomar isso como um “ Vamos parar papai”. Não me façam tratar vocês como crianças. – depois disso, Soul virou as costas e foi embora.

Kiyoko olhou para Ryan, ambos sorriam.

– Eu ia apimentar sua comida – ela disse.

– E eu cortar suas roupas. – ele disse.

Ryan então abriu os braços para ela e Kiyoko o abraçou.

– Ai, Ai Ryan! - ela exclamou – Não me aperta, eu to ardida!

Ele riu.

– E eu pareço uma vassoura.

Ela sorriu para ele.

– Até a próxima vez? – Ela disse com um ar de desafio.

– Estarei esperando, preparado – ele disse se levantando e indo embora.

– Isso foi no mínimo... esquisito – disse Bridget – Divertido, mas muito, muito esquisito...

– Espero que façamos outra vez no próximo verão. – disse Cheryl

– Eu também – concordou Bridget.