Tinha três semanas que eu estava no Acampamento, e já me sentia em casa. Toda manhã eu tomava café, e ia para aula de arco e flecha com Jenn e Annabeth (elas tentavam me ajudar, mas eu era péssima). A tarde ia para aula de canoagem com a Nathy e Percy (eu não era muito fã de barcos) e depois ia para aula de esgrima com meu professor preferido. Eddie, pelo que eu sabia, tinha ido à busca de um novo meio-sangue, no Brooklyn, e eu não sabia quando ele voltaria.

Um dia, depois do jantar, Luke me puxou e disse:

–Vamos quebrar algumas regras?

–Como assim? –perguntei.

–Tem uma praia mais ao longo do Acampamento. Gostaria de ir lá comigo?

–Tipo, sozinhos? Depois do toque de recolher? –eu perguntei, corando.

–Sim, ou a aprendiz está com medinho? –ele debochou.

–Nunca. Que horas? –eu disse confiante.

–Dez horas? Vou ficar em frente ao seu chalé te esperando. Mas não demore ou as harpias podem me devorar. –disse ele olhando pra mim e sorrindo.

–Tudo bem. Elas não devem te querer. Você não deve ter um gosto bom. –eu disse sorrindo.

–Nossa, obrigado. –ele disse.

Eu ri e fui dar um beijo na bochecha dele, ele se virou no mesmo momento e por alguns centímetros não foi na boca.

–Epa! –ele disse rindo.

Fiz uma careta e fui pro chalé 13. Nico tinha saído novamente. Pensei no tempo que eu estava no Acampamento. Eu vim para cá com meus dois melhores amigos, estávamos em segurança. Fora que meu professor de esgrima era lindo. Até que não foi uma má ideia. Quando dei por mim já eram dez horas. Olhei pela janela, Luke vinha em direção ao chalé. Deuses, ele era lindo. Peguei um casaco e sai.

–Hey. –eu disse sorrindo.

–Olá Sophie. –ele sorriu de volta.

–Vamos? –eu disse.

–Sim. –ele disse e então começamos a caminhar em direção a praia.

O lugar era realmente lindo. Até a noite era perfeito. Mas eu sentia falta da minha casa, da minha mãe. Aquele mundo ainda não parecia real pra mim.

–Sabe do que eu tenho saudade? –eu disse olhando para as estrelas.

–Do que? Deixa-me adivinhar, da sua família? Acertei? –disse ele olhando pra mim.

–Sim! E você? Tem saudade de algo? –disse eu olhando para ele.

–Hã, sim. –ele evitava olhar para mim. -Bem Sophie. Eu tenho que te falar uma coisa. Já que você é filha de Hades e tal.

–Pode me dizer. –eu disse.

–Bem, não era pra eu estar vivo. Na verdade eu já morri uma vez, essa é como eu diria minha segunda chance.

–Morto? Como assim? –eu o olhei espantada.

Luke me contou sobre sua primeira vida. Como chegará ao acampamento. Como ele passou pro lado inimigo, e no final se tornou um herói que salvou o mundo, graças a Percy, como ele me contou.

–E como você voltou? –eu perguntei.

–Bem há algum tempo, a deusa Gaia tentou despertar e conseguiu abrir as portas da Morte, que deveria estar sobre cuidado de Tânatos, tenente de seu pai. Ela controlava quem voltaria à vida, na maioria monstros. Eu aproveitei essa brecha e consegui encontrar o caminho de volta para o mundo mortal. –ele me olhou cauteloso.

–Mas o que aconteceu com as portas? –eu perguntei intrigada.

–Ah, ouve uma missão em que se juntaram os sete semideuses mais poderosos. Estes conseguiram derrotar Gaia e fechar as portas. Seu pai me ignorou e alguns mortos que voltaram à vida estão ai até hoje, como sua irmã Hazel.

Pensei nisso por um momento. Bem, eu era filha do deus dos mortos, então a morte deveria ser normal para mim. Mas eu imaginei as portas abertas, eu poderia... Não, Luke disse que muito poucos voltavam, na maioria monstros.

–Está tudo bem? –perguntou Luke me olhando.

–Sim está tudo ótimo! –eu consegui sorrir.

–Por um momento eu pensei que você iria correr me chamando de fantasma, ou sei lá. –ele disse.

Eu ri.

–É claro que não Luke! – falei.

Chegamos a frente ao chalé 13. Luke se inclinou e me deu um beijo na bochecha.

–Até amanhã Sophie. –ele sorriu e se afastou.

Entrei no chalé sorrindo, me aprontei e fui logo dormir.

O sonho começou comigo sozinha num jardim estranho. O centro das flores eram pedras preciosas e o céu era escuro, não era um lugar comum. Então um pensamento me ocorreu. Eu estava no reino do meu pai. Eu estava morta então? Olhei para o lado e Jennifer e Eddie estavam ali. Eles olhavam fixamente para frente. Seus olhos eram ouro puro.

–Pessoal? –eu disse assustada.

–Encontre-a, ache o que foi roubado e dei-o a mim. –disse Jenn numa voz que não era sua.

–Tudo ficará bem. Você só tem que entregar a mim. –disse Eddie com a mesma voz, num tom mais insistente.

Então tudo ficou escuro e eu me encontrava em outro lugar. Dessa vez completamente sozinha. Era um lugar lindo e ao mesmo tempo perigoso. Eram cercados de rosas, estas com muitos espinhos. E mais a frente numa espécie de jaula se encontrava a mulher mais bela que eu já vira.

–Encontre-me criança. Busque os filhos de Ares. Encontre-me, não resistirei por muito tempo.

Então eu acordei.