POV Silena.

As pessoas dizem que não nos devemos preocupar tanto com o passado,o presente é o tempo que mais importa.Eu sempre concordei com a frase e tentei seguir a filosofia que ela dava.Mas nem sempre consegui.E eu nunca consegui deixar ele no passado,por mais que eu tentasse.

Nós éramos o casal queridinho de Hollywood.Não querendo me gabar,mas isso era verdade. O artista POP apaixonado por uma garota de classe baixa. Isso dava um bom roteiro para romance de cinema,não?Por isso que era tão famoso assim.

Eu e Charles nos conhecemos na gravadora.Eu ainda tenho o vestido florido que eu estava usando no dia.Annabeth disse que nós podíamos ir farrear um pouco no trabalho da Madrasta dela e nós cinco fomos.Acontece que os meninos estavam gravando e como Thalia é prima de Percy,ele nos convidou para assistirmos o ensaio.Não lembro direito a música que eles estavam cantando,mas sei que era bonita e que eu me apaixonei nos primeiros acordes.Eu fiquei vendo e trocando vários olhares com Charles.Depois ele veio falar comigo...foi tudo na certa!As mensagens,os recados,os telefonemas,os encontros...então,tudo acabou mal no final.

Eu fiquei arrasada por causa disso.

E comecei a fingir que nada aconteceu.

Eu estava no sofá da minha sala,vendo um noticiário qualquer que passava na Televisão.Meus pais estavam no trabalho,hoje eu não tinha nenhum servicinho para fazer(geralmente arranjo alguns numa loja de maquiagens que uma amiga da minha mãe é dona) e o dia lá fora estava cinza e nublado.Deprimente.Pelo menos,eu tinha a minha TV,meu cobertor e minha caneca com chocolate quente.As coisas não estavam tão ruins assim.

Pelo menos não até eu aumentar o volume da TV por causa do barulho dos carros que estavam passando na Avenida e a mulher começar a falar:

–Hoje foi anunciado uma pausa na turnê da banda POP do momento:Translation.A turnê que já estava marcada para percorrer o mundo todo fez uma pausa nos show,pois seus integrantes estavam muito cansados e queriam,por um tempo,ter uma vida normal e...

Desliguei antes mesmo dela terminar a frase.Não aguentava mais.

–Até na TV você me persegue,Charles...-Resmunguei para mim mesma.

*

Annabeth:Onde você está,Silena?

Eu:Estou no ponto de ônibus,esperando o maldito ônibus chegar.

Annabeth:Está chovendo!

Eu:Sim,eu sei.Mas não sou rica,então tenho que ir para a escola.Mesmo se o mundo estiver caindo eu tenho que pegar o MALDITO ônibus.

Annabeth:Mau-humor?

Eu:Isso é pouco para descrever como eu estou.

Annabeth:Quer que eu te pegue?

Eu:Seria bom,mas...não é incômodo?

Annabeth:Não e você está com sorte!Hoje,eu não dou carona para os meninos do Translation?

Eu:Sério?

Annabeth:Sério.

Eu:Pelo meu novo gloss da Avon,obrigada,deuses!Estou no mesmo ponto de ônibus de sempre.

Annabeth:Logo estou aí.

*

–Oi.-Falei,entrando no carro chique que Annabeth tinha.Não era uma limousine(ia ser Hollywood demais até para ela),mas era um modelo muito grande e com motorista.A cara da riqueza que é a mãe dela.

As meninas estavam sentadas ali.

Annabeth tinha um livro no colo.Não consegui ler o título,mas com certeza era ou sobre Arquitetura ou alguma daquelas aventuras que ela tanto gosta de ler.

Clarisse olhava entediada pela janela perdida em seus pensamentos profundos(que a maioria são divididos comigos,porém nem todos) e batendo freneticamente as unhas no apoio de braço da porta do carro.

Thalia estava com os fones de ouvido por dentro da blusa.Ouvindo,provavelmente,algum daqueles rocks que ela tanto ouvi.

Katie estava com um caderno de capa verde no colo e uma caneta,escrevendo ou alguma poesia,ou alguma música,como sempre.Ela era muito boa com palavras,admito.Porém gostava mais de escrevê-las do que lê-las e era muito insegura para mostrar para alguém que não fosse cem por cento íntimo dela.

Eu estava com a minha revista da Capricho para ler até o percurso da escola,mesmo.Bom tamanho para mim.

Um coro de OIs foi direcionado a mim e me sentei ao lado de Katie.Ela foi um pouco mais para o lado,me dando um espaço para sentar.Vi que estava escrevendo alguma coisa em forma de versos,uma música,pelo que consegui notar.

–Posso ver?-Perguntei baixinho.

–Depois-Ela respondeu no mesmo nível-Não está pronta-Completou.

Assenti levemente com a cabeça e olhei para as meninas.

–Então,qual as novidades?-Perguntei,tentando puxar assunto.

–Briguei com a minha mãe.-Contou Clarisse.

–De novo?-Falou Thalia num tom irônico.

–-Sim-Ela respondeu dando de ombros-Ela não gosta muito do meu pai,vocês sabem.E ele,obviamente,me chamou para o casamento dele com a Alex.E ela disse que eu estava proibida de ir.

Arregalei os olhos.

–Por quê?

–Ciúmes.-Ela respondeu simplesmente-Ela ainda gosta do meu pai.Qualquer trouxa percebe isso.

A pior parte era que isso era verdade.Era nítido esse amor que ela sentia.Sempre achei o Amor uma coisa linda.Meus pais sempre se amaram e tiveram uma relação ótima.Sempre tive ótimos exemplos bons desse sentimento.Mas eu sabia que ele as vezes podia ser uma coisa terrível.Causa de guerrar,de choros,de sofrimento...eu só tentava entender como uma coisa tão linda se transformava tão rápido em algo que fazia tanta gente sofrer.É doentio.

Se não me engano,tem uma frase de uma música que é mais ou menos assim:

O amor é bom enquanto dura,mas as vezes,ele machuca.

Essa é a mais pura verdade.

O amor é como uma moeda.Tem duas caras.