Mask of Shadows escrita por nymph


Capítulo 6
Adapting, Or Nearly So.


Notas iniciais do capítulo

Thinking Out Loud - Ed Sheeran (recomendação).

"If you ever leave me, baby
Leave some morphine at my door
'Cause it would take a whole lot of medication
To realize what we used to have
We don't have it anymore".


P.O.V.: Clarissa, Simon.



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Clarissa

Está frio e escuro. Não sei como conseguem enxergar. Já os perdi de vista, então corro em linha reta, para tentar alcançá-los. Meu pulmão começa a palpitar e não sinto meus pés. Tropeço deliberadamente e caio, sentada por cima de meus joelhos. Ouço passos, que vem na minha direção e logo me arrasto pra longe, me encolhendo contra a parede fria e áspera, cobrindo a boca com as mãos. Eles ligam a lanterna, que por pouco não me atinge em cheio. Consigo me esconder de sua luz,mas por pouco. Sinto suor frio brotando de minha testa e meus olhos se arregalando. O que farão comigo se me pegarem? penso, apavorada. O som dos passos aumenta e eu me encolho ainda mais. Estamos a bons metros de distância, mas como estão de costas para mim, é difícil identificá-los.

– O número de Divergentes está crescendo, Magnus. Você tem certeza de não haver nenhum aqui? – Uma voz rouca, podre. Era muito assustadora, como a de uma velha bruxa.

– Eu já respondi a essa pergunta. – Magnus... Magnus Bane, o que fez meu teste? Sua voz estava amarga e desgostosa.

– Hm, desculpe. É bom esteja do nosso lado quando a coisa esquentar. Tenho alianças poderosas, sabe. Você não seria poupado se mentisse para nós. Mas sei que jamais faria algo assim. Não é, meu bem? – Ela ri. Sua voz me dá náuseas e fico com vontade de vomitar. O hálito podre dela, quem quer que seja, parece chegar ate mim. Coloco a gola da blusa em frente ao nariz, o que impede o fedor. Magnus faz um mínimo movimento com o braço, e quando está prestes a me iluminar, esquivo-me. Foi uma sorte prever sua ação, mas não conseguirei fazer isso por muito tempo.

– Ora, ora, ora...- Fala Bane, como se só então, visse algo que permaneceu debaixo de seu nariz por algum tempo. – Milady, nunca desafiaria seu poder, você sabe bem. Não estaria em meu perfeito juízo ao proteger um deles. – Fala, num tom orgulhoso, ofendido e ao mesmo tempo sarcástico. Uau. Será atuação?

– Sendo assim, adeus Magnus. – Fala a voz. Ouço-a caminhar para minha direção e seu cheiro podre invade minhas narinas. Me encolho ainda mais contra a parede tampando o nariz, agora com as mãos.

– Vá indo, meu bem. Sigo logo adiante, tenho assuntos inacabados a tratar. – Ele parece cantar ao responder. Passam-se alguns segundos antes que os passos sumissem de vez. – Clarissa, apareça, não tenho o dia inteiro. – Ele fala, balançando a lanterna impacientemente. Vou para a luz.

–Olá, Magnus. – Falo, forçando uma falsa naturalidade.

– Escute, garota. Volte aqui as duas da madrugada de amanhã, e seja pontual. Vai ter suas malditas respostinhas. – Fala ele, de um jeito emburrado, afinado a voz a cada palavra. – E, nem pense em trazer aquele seu amiguinho fracote. – Acrescenta, ao me ver saindo de fininho.

Volto para o dormitório e fico acordada a noite toda, esperando Jonathan e seus amigos voltarem, mas não ouço nenhuma movimentação.

*

A próxima coisa da qual me lembro é de sentir meu rosto molhado.

– Clary! – “Ahnf?!”resmungo, falando no leite. Levanto a cabeça, abruptamente. Só então noto que eu peguei no sono, sentada na mesa do café da manhã. E, em cima do meu cereal.

– Simon, eu...eu vou me trocar...está bem? – Falo. Me sinto extremamente vermelha, como um tomate ruivo.

– Esta bem. – Fala Simon, segurando o riso.

Simon

Fico olhando Clary sair da mesa, e me perguntando o porquê dela ter adormecido. Notavelmente passou a noite acordada, mas não entendo isso, tão pouco. Mesmo que não queria estar aqui, consegui ter uma boa noite de sono. Começo a rir ao me lembrar de seu rosto, cereal nos cabelos grudados a face pelo leite. Só então, me dou conta de que pareço um idiota, rindo sozinho da hora do café.

Maryse adentra a sala e bate palmas. Todos se calam.

– Iniciados, atenção: Estejam prontos para o treinamento em quinze minutos. Sebastian ira instruí-los. – Dizendo isso, Maryse se retira e, alguns minutos depois, Clary adentra a sala e vem em direção a minha mesa. Pego a maçã da minha bandeja e levo-a em direção a boca. Ao morde-la, ela parece ter o gosto da minha infância. Clary senta-se ao meu lado e sorri. Ela também parece guardar a recordação de nós dois ajudando a colher maçãs das grandes macieiras da fazenda de Luke. O que estamos fazendo aqui? No que você nos meteu, Clary?

– Simon, você tá bem? – Clary pergunta-me. Saio de meus devaneios e informo-lhe sobre o treinamento.

– Vamos, então. Parece que Sebastian não irá nos esperar. – Ela é tão pequena. A camiseta que veste é três vezes o seu tamanho e a calça e bastante frouxa. Seus cachinhos caem do rabo de cavalo mal feito em seus olhos. Sorrio. Ao menos Clary ainda é a minha Clary.

Sebastian nos conduz ate um salão com sacos de pancada, alvos, armas e poeira. Posiciona-nos diante dos sacos de areia e murmura um “batam”. Em seguida, sai da sala. Dou um soco, o mais forte que consigo, de qualquer jeito. Tento agarrar minha mão para massageá-la, mas ela acerta meus óculos, que caem no chão. Me abaixo para pegar e quase dou uma risada de alegria ao ver que não se quebraram. Se tivessem, onde eu conseguiria novos? Minha mente para de tentar encontrar uma resposta para isso quando olho para o lado e vejo Clary treinando com afinco.

Sua face esta séria e levemente suada. Ela dá impulso se lança contra o saco de areia, dando socos fortíssimos e tentando dar alguns chutes, mas se desequilibrando ao tentar. De repente, parece me notar caído no chão, e me estende a mão. Eu aceito, levantando e sorrindo para ela, ao notar sua respiração falha e cansaço visíveis. Viro-me para frente, encarando o saco de areia com um sorriso triste. Conformei-me em virar um sem facção já havia tempo.

– Hey, bando de inúteis. Hora de treinar a pontaria. – Fala Sebastian ao adentrar a sala. Ele nos dá facas e nos pede para que acertemos o alvo, do outro lado da sala. Em seguida, escora-se na parede confortavelmente.

Atiro e acerto. A parede, é claro. Tento mais duas, cinco, oito vezes. Nada. Olho para o lado. Clary não acertou o meio do alvo, mas pelo menos acerou o alvo. Ela tenta mais uma vez, e dessa vez consegue acertar o ponto preto (na verdade foi na bem linha que divido o circulo vermelho do preto, mas... detalhes). Arregalo os olhos e Clary olha para mim e sorri.

–Veja, se você fizer menos força com a mão e mirar bem, fica mais fácil. – Tento mais sete vezes. Acerto o alvo, e quase pulo de felicidade.

Clarissa

Após debater com Simon o faríamos no tempo livre, decidimos ir a sala de tatuagens. Não me interesso por nenhuma, mas surpreendo-me que Magnus esteja tatuando. Depois de um tempo, na entendo o porquê de eu ter me surpreendido. Simon parece crescer um pouco a cada palavra que pronuncia. Não entendo muito bem. Contemplamos o abismo, que tinha-nos sido apresentado no dia anterior. Fico de olho no relógio.

Algumas horas depois, ouço algo a respeito de um conflito dentre os nascidos na audácia. Procuro saber mais, temendo que envolvesse Jace, mas desisto. Essa preocupação exagerada que eu tenho com ele, é no mínimo horrível.

Mais tarde, Simon e eu fazemos guerrinha de pasta de dente no banheiro. Eu ri bastante, apesar de fazer isso o tempo todo na minha antiga facção. Isso faz-me ficar feliz ao deitar. Fitar o teto, olhar para o lado e enxergar Simon, com o cabelo branco. Rio um pouco, e volto a fitar o teto mas dessa vez, sorrindo. Simon pega no sono rapidamente, mas eu ainda preciso de respostas. Calço um sapato qualquer e caminho, em direção ao corredor.

Algo me diz que seja lá o que for que Magnus queira me dizer, não é bom.


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Notas finais do capítulo

Bem desculpem a demora; eu estive sem net por um tempo.
E desculpem os possíveis erros de português; eu estou na corrida e não revisei.