Faziam 10 anos desde que Elize havia sido enviada para um orfanato em Londres, e já havia se passado 2 anos no qual ela trabalhava em um plano para se vingar da morte de seus pais.

     Faltavam 4 semanas para que ela completasse 17 anos, a data exata em que ela viu pela primeira vez em 2 anos, uma nova "criança" cruzar as portas daquele local, para ser mais exata, era um garoto, com 15 anos, olhos verdes, cabelo cacheado e loiro. Elize perdeu-se em meio a seus desvaneios no momento em que viu aquele garoto com ar tão angelical entrar naquele local.

     Digamos que ela não tenha sido a única a ser atraída por ele, mas ao contrario das outras garotas, ela não estava a fim de brigar com todas só para conseguir atenção dele.

                                                   (...)

     Já fazia 1 semana desde que aquele ser angelical, cujo nome era Gabriel, havia aparecido.

     Elize estava sentada em um sofá na sala de tv, sozinha como sempre, pois já era de madrugada, que para ela era o melhor horário,pois poderia assistir o que quisesse, pensar e até mesmo ler algo sem ser interrompida. Ela estava assistindo a um desenho que passava no Cartoon,quando ouviu alguem falar-lhe aos pés do ouvido

-Que feio, uma garota assim tão bela ficar até altas horas da madrugada na frente da tv - ela sentiu um arrepio subindo,mas para não mostrar algo preferiu falar com ele do mesmo jeito que tratava as outras "pestes" daquele local

-Se é tão feio assim, por que exatamente está aqui também?

-Achei que pelo horário não teria ninguém aqui, é que na minha antiga fámilia eu sempre ficava até tarde vendo tv, já que como tinha vários irmãos, a tv nunca era só minha - pulou por cima do sofá,sentando-se ao lado de Elize- mas e você, o que faz aqui a esta hora?

-Eu gosto de ficar sozinha um pouco, as crianças daqui me deixam de cabelo em pé, ainda bem que ano que vem estou livre

-Estás aqui desde quando?

-Cheguei aqui a 10 anos

-Uhm, mas o que exatamente aconteceu com seus pais?

-Bem, eu não gosto muito de lembrar isto, mas eu te conto, eu tinha apenas 6 anos na época, era uma bela manhã, eu morava em lugar bem grande, cheio de jardins e empregados, meus pais haviam discutido e então a moça que cuidava de mim me tirou de lá para não ter que vivenciar aquele momento que a alguns meses estava se tornando tão rotineiro, eram raras as vezes em que eles se viam e não começavam a brigar, então decidi ir brincar um pouco, passados não mais de 10 minutos eu ouvi tiros vindos de minha casa e fui ver o que era, me lembro que começei a gritar pelo nome de minha mãe enquanto corria, quando entrei na cozinha lá estavam meus pais, os dois mortos...

-Uhm, não precisa dizer mais nada se não quiser

-Mas e você, o que ocorreu com seus pais?

-Na verdade eu nunca cheguei a conhecê-los, desde que me entendo por gente fui criado com pais adotivos, a duas semanas eles acabaram sofrendo um acidente de carro, o carro onde eles estavam com 2 de meus irmãos adotivos acabou sendo jogado para fora de uma ponte por um caminhão, sem nenhum sobrevivente, eu e mais 3 irmãos também adotados fomos mandados para orfanato, como eles são todos menores a justiça preferiu achar abrigos para eles primeiro e me deixaram por ultimo, como nenhum de nós tem vínculos como irmãos de verdade não nos deixaram ficar no mesmo orfanato

-Entendo- quando ela disse isso, vozes que a mais de 4 anos não vinham mais lhe perturbar,acabaram voltando, e  estavam piores do que antes, era sempre assim, toda vez que ela permitia ser lembrada dos fatos ocorridos vinham estas vozes e começavam a perturba-la, para não assustar Gabriel e nem ser tachada de louca, ela simplesmente encolheu-se no lugar onde estava e começaram a escorrer lágrimas pelos seus olhos, lágrimas das quais ela estava reprimindo a séculos

Gabriel vendo aquilo só conseguiu pensar em abraça-la, e então disse com sua voz doce: - Está tudo bem, eu estou aqui, não precisa ter medo de nada - e afagou-lhe os cabelos