Segunda Opção escrita por Gii


Capítulo 1
One.


Notas iniciais do capítulo

Hello, boys and girls! Here's another fanfic Blackwater! I hope you enjoy as I do when I wrote! If you have come here is already a good size!
Thanks for reading!
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Foi como se tivesse caído de vigésimo andar de um prédio. Um baque que a deixou confusa e espantada. Como ela foi deixar isso novamente acontecer? Como ela conseguiu ser burra o suficiente para fazer isso acontecer?

Logo agora que tudo estava se ajeitando. Logo agora que não era mais a amargurada que ninguém quer aguentar. Logo agora que ela voltava a ver sentido na vida e a beleza nas coisas. Logo agora que voltava a ser a antiga rosa que fora um dia. Linda e formosa. Orgulhosa ao extremo, cheia de espinhos, é verdade, mas ainda sim, de uma doçura enorme.

Logo agora que voltava a ser a antiga Leah.

Ela deveria saber que não havia espaço para ser feliz naquela vida. Apenas curtos intervalos entre a dor e a tristeza; Que abria brechas para pequenos momentos que você poderia pobremente chamar de alegria.

Ela tinha esperanças, mesmo que inconscientes, mesmo que impossíveis, mesmo que... Mesmo ela não querendo ter, ela tinha esperanças em relação á Jacob.

De inicio, apenas se solidarizava com ele pelo fato de saber o final daquela história que ele vivia com os Cullen. As chances de Jacob sair sem o coração dali eram de cem por cento.

E ela sabia como era sair sem o coração.

Claro que havia diferenças na dor de ambos. Leah havia namorado Sam. Ela havia sido correspondida algum tempo antes de ter seu futuro roubado pelas lendas de La Push e pela sua querida e amada prima. Leah não conseguia aguentar ser a gozação da vez ou até mesmo ser alvo de piedade, mas era impossível não dividir sua dor com o bando. E cada vez mais, tudo que Sam queria era que ela desaparecesse.

E Jacob... Bem, o amor dele por Bella nunca foi correspondido — pelo menos não na mesma intensidade em que ele dava — Bella nunca fora sua. E era reconfortante, mesmo que estranho, reconfortante pensar que mais alguém já passara algo que você passou. E isso criou um elo entre eles.

Um elo que fez Leah apreciar sua companhia, mais do que o normal. Porque ele a entendia. E a cumplicidade era imensa; A ligação de Beta e Alfa ajudava muito.

As brincadeiras, as conversas e até mesmo alguns olhares. Ela novamente aceitou a mão do cara que “apenas” queria ajudar.

Onde estava mesmo a garotinha que dizia que nunca precisaria de ajuda alguma? A garotinha orgulhosa que não deixava que fizessem nada por ela?

Seu coração havia entregado novamente e novamente foi escorraçado.

“Burra, burra, burra, burra” Foi o que pensou ao ver pela janela da casa dos sanguessugas, Jacob com o olhar fascinado sobre o Projeto-de-Monstro que a Sonsa-Master havia parido.

Deprimida, destroçada, reprimida, dilacerada, dominada novamente por um maldito alfa. Talvez seja mesmo aquele o seu destino. Ser sempre a segunda opção. Sem final feliz. Sem um amor reciproco. Apenas sendo Leah, a garota irritante que não larga do seu pé porque gosta de você.

Se afastou. Fazendo do possível ao impossível para mal manter contato com Jacob. Não olhava mais para seus olhos. Praticamente não falava com ele. Tratava apenas de “coisas do bando” e então corria o mais rápido possível para casa e se trancava no quarto.

Sua vida voltava a ser o mesmo inferno de antes.

Então, recebeu uma carta. A gota que faltava para tudo desmoronar.

Naquela noite, não dormiu. A carta entre os dedos e olhar perdido no teto do quarto.

Levantou cedo e penteou os cabelos. Leah arrumou a cama, dobrou as roupas espalhadas pelo quarto e colocou algumas sujas dentro da maquina. Fez o almoço para a mãe e deixou que ela descansasse deitada no sofá. Lavou toda a louça e limpou a cozinha inteira. Ajudou Sue a limpar o tapete da sala e a replantar algumas flores do jardim. Fez o bolo favorito de Seth e chá, como fazia antigamente. Beijou a testa de Sue quando ela saiu com Charlie e desejou á Charlie um “Se divirtam” com um sorriso doce. Acariciou os cabelos do irmão enquanto ele dormia e o cobriu. Fez tudo o que não fazia desde antes da transformação.

Sue perguntou varias vezes no dia se havia algo que Leah gostaria de lhe dizer. Mas não havia. Apenas um boa sorte antes de ela ir se encontrar com o Chefe Swan. Apenas umdurma bem antes do irmão adormecer totalmente.

Não havia mais o que dizer.

O convite em suas mãos lhe dizia tudo. A campainha tocou.

Ela considerava completa sua vingança - O fizera relembrar de todos os momentos que tiveram juntos, tudo com seu toque único de amargura. Lembrá-lo de como a deixou quando foi embora.

— Simplesmente acabou. Agora acabou.

"Se esqueceu de mim, Sr. Falsidade?

Detesto incomodá-lo durante o jantar,

mas foi um tapa na cara o quão rápido fui substituída"

A musica soou ao fundo, lhe fazendo sorrir entre o silencio enquanto encarava os olhos negros de Sam depois de uma pequena discussão, onde pela primeira vez, quem gritava era apenas ele. Leah sorria.

"E você fica pensando em mim enquanto transa com ela?"

Sam bufou quando percebeu que a musica que tocava no radio não era coincidência. Fora ali para se desculpar, para pedir aceitar a proposta de Emily e fazer Leah ser a madrinha; Era isso que ela pretendia? Jogar-lhe mais verdades em sua cara?

O sorriso cínico ainda pairava tão acostumado no rosto dela, enquanto ela dizia que sim, ela já havia acabado.

"Quero que saiba que estou feliz por vocês.

Não desejo nada além do melhor para vocês dois"

Porque aquilo soava como uma ameaça para os ouvidos dele? Porque aquele olhar que lhe parecia sincero, com a musica tocando, se tornava um teatro?

“Porque o amor que você deu e que construímos

não foi capaz de fazer com que você se abrisse totalmente, não

E toda vez que você fala o nome dela

Ela sabe como você dizia que me teria

Até você morrer, até você morrer?

Mas você ainda está vivo”

A musica soou novamente. Desligou o rádio com um soco que quebrou o aparelho. A garota não se moveu um centímetro. Continuava com o mesmo sorriso angelical no rosto. O mirava docemente.

Aceitou finalmente a sua perda. Aceitou a morte na sua vida, no dia em que recebera o convite na porta de sua casa. O convite para o casamente deles. A proposta de ser madrinha anexada, escrita em uma folha de papel qualquer.

O sal limpando o seu rosto.

Não se considerava feliz. Era aceitação. Depois de todo aquele tempo, onde ela fez de tudo para manter ele em seu ser. Em seu interior. Lutando para manter vivas as lembranças dos dois juntos. Lutando para tirar algum sentimento dele em relação á ela. Chegou ao fim. Era o que ela queria. Era o que ela desejava.

Não foi real, mas a escolha estava ali. Uma bifurcação e duas escolhas. Esquecer ou continuar. Leah se agarrou, antes, á segunda opção. Fazia-o sofrer. Fazia-o sentir algo por ela. Sentia necessidade de ver nos seus olhos algum sentimento por ela. Não importava qual. Ódio, rancor, amor. Tinha que sentir algo por ela. Quão tola ela fora?

Agora, ela sabia que a melhor opção sempre fora a primeira. Continuar. Seguir. Esquecer.

Caminhou a passos leves pelo corredor da casa deles. A chuva caia torrencial do lado de fora. Não reprimiu as lágrimas como nas outras trilhões de vezes. Não quis ser forte. Deixou a Leah sair.

Tocou com as pontas dos dedos a cama deles. Sentiu o cheiro de ambos misturado, impregnando em tudo. Encontrou seu travesseiro. Não pode reprimir a vontade de coloca-lo perto do rosto e sentir seu cheiro. As lágrimas o molharam.

As gotas quentes descem pelo seu corpo. O chuveiro faz o barulho que precisava para atrapalhar os seus pensamentos. O som alto do rádio; juntamente com o barulho dos trovões e da chuva batendo nas janelas também ajudam. Seu corpo se move no ritmo da musica e ela está dançando sob a água do chuveiro deles.

As roupas encharcadas estão no canto do banheiro e o roupão de Sam desliza pelo corpo nu da garota. Toda sua gaveta está sob a cama e ela acabou de encontrar sua colônia. O cheiro trás as boas lembranças, das inúmeras noites de amor e desejo entre eles.

E lá esta ela novamente, deitada nua sob seus lençóis, segurando o travesseiro em seus braços e o apertando com força contra si. Sabendo que não deveria estar ali. Sabendo que eles poderiam voltar para casa logo. Sabendo que não tinha muito tempo. Mas eles se importariam se ela ficasse a tarde toda ali?

Algo dentro da gaveta chama a atenção. Uma carta com uma letra elegante que ela conhecia muito bem. E não, não era sua letra.

“Você é um idiota.

Eu também te amo. Muito.

Meia-noite. No lugar de sempre.”

A cabeça gira e Leah tem que se apoiar na parede. O que ela fazia ali? Porque estava ali afinal? Chorou no chuveiro, espalhou sal pela cama, chorou a tarde inteira. Ela queria uma despedida? Uma ultima vez? Aquela não era sua letra. Ela tinha que ir.

Ela cambaleou pelo quarto e chegou ao banheiro da casa de Emily. Por um segundo apoiou-se na pia, ainda com o roupão e as roupas molhadas nas mãos, em frente ao espelho. O banheiro escuro, iluminado apenas pelo raio que acabara de cair lá fora. O rosto inchado, os olhos vermelhos. Sua verdadeira face lhe assombrando.

Então a janela esta aberta e tudo o que existe ao redor é floresta. Arvores, agua e sujeira.

Quem se importa se largou as roupas em qualquer lugar perto da casa?

Quem se importa se ela corre nua pela floresta, chorando junto com o céu?

Quem se importa se está parada próxima dele, com aquele vestido idêntico a das outras três atrás dela?

Quem se importa se ela está assistindo sua prima subir ao altar com um sorriso tão grande, olhando para o seu ex-amado?

A musica que toca ao fundo enquanto sua prima desliza pelo altar parece fúnebre aos seus ouvidos, mas o sorriso em seus lábios continua. Sua alma queima enquanto segura o buquê de flores para Emily e dá um sorriso de aprovação. Seu coração queima a cada “sim” pronunciado. Os olhos se enchem de lágrimas, que escorrem, mas que ela não limpa. Fingindo que não existem.

Quem ela queria enganar? Ela não era Madre Tereza.

As taças eram levantadas no ar e o brinde era para ela. Emily olha em seus olhos e agradece. Sabe que palavras lindas saem de seus lábios desfigurados. Que seus olhos transmitem mais do que as palavras. Todos ao redor estão reprimindo as lágrimas. Então todos estão brindando á Leah. Brindando por finalmente ela ter aceitado.

Ela apenas dá um leve sorriso para a prima. Consegue um relance dos olhos de Sam. Sente os olhos de Jacob cravado á suas costas. E a festa se segue.

Mas seus demônios ainda estão ali. Lhe cutucando. Lhe dizendo aos ouvidos: Cadê a nossa garota? A garota depois da voz comportada. A garota agressiva e desimpedida que está impedindo isso tudo? Que ao invés sustentar tudo isso, de tentar ser altruísta e compreensiva, de tentar ser boa, está lá, optando pelo caminho mais fácil e cedendo a vontade. Cedendo á chance de culpa-los por dois minutos. Desordenada e sem bravura. De gritar abertamente. Espancar por minutos, sem conter, sem perdão. A quem está enganando? Ela precisava de uma bebida.

Tira as sandálias de salto alto que machucam os pés enquanto vira mais um copo de tequila que encontrou no bar. O álcool fazendo pouco efeito, sendo queimado tão rápido por conta da temperatura do seu corpo.

Até disso isso sua transformação lhe privava. Queria tomar um porre e acordar na cama de um desconhecido qualquer como na primeira noite em que ele lhe deixou. Queria esquecer de tudo o que fizera enquanto bebia. Mas era impossível.

A festa ainda rolava ao redor quando ela acabou com todo o álcool que encontrou. Tropeçou nos próprios pés quando desceu do banco alto e riu ao bater o queixo no chão. Alguns convidados devem ter visto a garota no chão. Então porque ninguém veio ajuda-la?

Quem se importaria? pensou enquanto tentava se levantar sozinha, como foi em toda a sua vida.

Mas Emily está ao seu lado, perguntando se ela está bem. Finalmente o álcool fazia o efeito que ela queria, porque quando ela abriu a boca para responder, tudo parecia sair arrastado e confuso. A garota má, amargurada, parecia ter se libertado novamente.

Não teve certeza do que fez com a prima, mas agora havia um circulo de pessoa ao redor e Sam se projetou em sua frente, bufando e gritando. Sam gritava para que ela parasse de dizer tais coisas. E então, Leah se viu ameaçando-os e os xingando deliberadamente. Em algum momento da discussão, avançou sobre eles, mas um par de mãos quentes a seguraram fortemente. Ela reconheceria aquelas mãos em qualquer lugar. Sentiu seu corpo tremer. A voz rouca de Jacob lhe impedindo de avançar.

— Cala a boca Leah! Emily, não escute ela. Ela está bêbada. Não está bem. Por favor, Emy, não chore. — Sam sussurrou, abraçando protetoramente a recém-esposa.

Foi como uma descarga elétrica. Rápida e eficiente. Leah assistiu as lágrimas escorrerem pelo rosto da prima. A multidão ao redor assistia. Ela reconhecia aquela cena. Ela já vira aquilo acontecer. Não... Não poderia estar começando de novo. Ela não poderia estar voltando ao inicio disso tudo. O inicio da vida de amargura.

Ela já havia escolhido os perdoar. Era para isso que ela estava ali, vestida como madrinha deles, comemorando o casamento deles. O que ela estava fazendo? A loba caiu no chão novamente e se deixou ficar.

E novamente sua prima foi até ela, com as lágrimas escorrendo pelos olhos, olhando o estado de Leah. Algo nela parecia dizer que ela sabia. Que havia algo mais nos atos de Leah. Algo que ninguém ainda percebera.

— Você não está bem Leah...

— Estou indo embora.

— Do que você está falando?

E quem ela estava enganando? Ela não era nenhuma freira. Se ela não fizesse algo logo, iria morrer, restrita. Subjugada.

Por que Deus fazia aquilo com ela?

As lágrimas se extinguiram. Os passos pareciam pesados, mas libertadores.

Ouviu á suas costas a frase que lhe libertaria:

— Volte logo para os nossos braços. — Emily fungou.

Então se foi. Correndo pela floresta, apenas ouvindo os sons que ela fazia. Chegou em casa e percebeu que já havia feito as malas. Que elas estava em cima da cama apenas lhe aguardando.

Como ela não percebeu antes? Tudo que havia feito desde que recebeu o convite foi se despedir. Fez tudo o que quis fazer. Beijou a mãe, pôs o irmão para dormir, foi até a casa dele e teve uma ultima briga. Ficou bêbada. Aquilo era um adeus.

Mas estava fácil demais.

— Aonde pensa que vai? — a voz rouca e quente lhe perguntou e Leah fechou os olhos.

Por que Deus fazia aquilo com ela?

Por que não podia simplesmente deixa-la ir?

Não conseguiu responde-lo ou sequer olhar para o lugar onde ele estava parado, dentro do seu quarto. O cheiro dele por todos os lados, contaminando o seu ar.

O coração de Leah se apertou. Ela engoliu em seco.

— Para longe. — respondeu finalmente.

Uma risada sarcástica.

— Nunca pensei que fosse do tipo que foge.

— Estou tentando ser do tipo não masoquista.

— Então está falhando miseravelmente. Todos que você ama estão aqui. Todos que te querem bem estão. Ir embora não ajudará em nada. Somente trará mais tristezas e você sabe disso. Então, Porque ir?

Por que Deus fazia aquilo com ela?

Por que não podia simplesmente deixa-la ir?

Por que tudo tem que ser tão difícil?

— Resolveria todos os meus problemas.

— Mas não há problemas!! Está tudo bem! Você já não se acertou com Emily? Não está tudo certo? Então porque você está indo embora logo agora que está tudo bem?

E Leah não queria que ele soubesse. Não queria ir embora e deixar ele ali, pensando que a causa era ele. Não queria dizer aquelas palavras. Não queria que ele soubesse.

E por que ele era tão contra a sua partida? Ela não faria diferença aqui. Porque ele simplesmente não a deixava ir. Não faria falta. Apertou mais os olhos e ficou em silencio. Seria tão mais fácil se ele não insistisse.

— ME RESPONDA! - Gritou Jacob

Mas ela sabia que Deus não era o seu maior fã. Ele a faria passar por aquilo. Porque Leah não merecia a felicidade. Porque Leah era a garota que não largava do seu pé porque gostava de você.

— POR SUA CAUSA! — Ela gritou de volta, se irritando com a insistencia — Feliz agora?

E as lágrimas estavam novamente em seus olhos. Embaçando sua visão do rosto em choque na sua frente. Mas isso não a impediu de circular os dedos pela mala e sumir do quarto, descendo as escadas como um raio e se precipitando pela porta.

Já estava á alguns metros de distancia da casa quando Jacob apareceu correndo. Perguntando do que ela estava falando, mandando ela o esperar. E quando ela não o fez, usou seu tom alfa.

— Enquanto você não me dizer tudo, não poderá ir embora! Eu não permito.

E ela quis chorar o resto de sua vida, levar um tiro no coração, ser infeliz para sempre, morrer da pior forma possível... qualquer uma daquelas opções ela aceitaria, menos admitir aquilo para ele. Ela nem admitiu para si mesma que tinha alguma coisa a mais. Por que faria isso?

Deixou as malas caírem no chão. Deixou-se cair no chão. Não podia deixar que aquilo acontecesse novamente. E implorou. Implorou para ele que não a forçasse dizer aquilo. Tinha certeza que tudo pareceria pior em voz alta, saindo de sua boca.

— Leah...

— Por favor... Não.

— Eu quero que você me fale por que você queria ir embora. — O maldito tom alfa lhe impondo.

Leah se forçou a não responder a pergunta.

— Eu não queria... Eu quero ir embora.

Jacob revirava os olhos ao ver sua petulância ao desviar da pergunta.

— Ok! Tudo bem! Vamos fazer o seu jogo. O que eu fiz?

— Nasceu.

Ele deu uma risada irônica.

— Vai continuar assim?

— Assim como?

— Desviando da minha pergunta.

— Não estou desviando de nada.

— Então responda de uma vez!! Com todas as letras!

Talvez ela tenha esquecido de pagar por algo a outra vida e agora estavam lhe cobrando.

Leah virou o rosto para o lado oposto, decidindo o ignorar por completo. Mas a discussão nunca termina no ponto que você quer. Jacob é conhecido por sua insistência. Ele sabia o que dizer para faze-la falar. Sorriu desdenhosamente para ela antes de dizer:

— Nunca pensei que Leah Clearwater fosse uma medrosa.

Aquilo foi como um soco.

— Do que me chamou?

— Medrosa. É o que você está sendo.

— Cale a boca, Jacob. Você fica melhor com ela fechada.

— Só fecharei se você abrir a sua. Eu quero que você me diga!

— O QUE VOCÊ QUER QUE EU DIGA?

— DIGA DE UMA VEZ QUE VOCÊ ME AMA!

— PARA QUÊ? PARA EU ME SENTIR UMA IDIOTA POR AMAR UM CARA QUE TEM UM IMPRINTING? O QUE VOCÊ QUER QUE EU DIGA? VOCÊ JÁ TEM RENESMEE! NUNCA ME ESCOLHERIA! E EU NÃO QUERO SER NOVAMENTE A GAROTA QUE NÃO CONSEGUEM SE LIVRAR!

E as lágrimas estavam por todos os lados que ela olhava, embaçando a vista.

— Eu nunca desejaria me livrar de você.

Essa foi a vez de Leah rir. Tinha o queixo erguido alto e o olhava com ódio.

— Por favor... — Ela disse ironicamente, havia quase nojo no seu olhar - Você sempre desejou isso. Na matilha do Sam. Quando entrei na sua matilha...

— Não mais!

— A quem está tentando convencer? Você ou eu? Olha... Só... Me deixe ir embora. Prometo que vou me recuperar disso.

O coração de Leah se esfarelando com tais palavras.

Se recuperar disso. — Ele repetiu as ultimas palavras de Leah — Você fala como se seu amor fosse uma doença.

— Amar é uma doença.

— Você tem que rever os seus conceitos urgentemente.

Os passos eram novamente lentos no corredor de sua casa. Os pés descalços pisando no chão gelado. Sozinha como no começo de tudo.

Novamente com seu coração devolvido. Novamente com a sua beleza rejeitada. Novamente uma aberração. Ela voltara a sua vida antiga que não estava disposta viver. Não queria voltar a ser a antiga Leah ao se deparar novamente com os pensamentos amargos em relação á Jacob.

Ela estava no inferno e seus demônios haviam voltado.

Era óbvio que ela não queria ser como antes. Não queria as lembranças em sua cabeça. Ela sabia como era viver com elas e experimenta-las novamente seria o seu fim. Enlouqueceria mais ainda. Ela não seria mais uma aberração. Não seria mais a amarga da família. Não seria o fardo que o bando tinha que carregar.

Ela se lembrou quando cogitou se matar a primeira vez. Não teve coragem e não daria aquele gostinho de vitória á Sam. Ele teria que enfrentar algo pior do que a morte em suas mãos e ele enfrentou a fúria de Leah Clearwater. Mas dessa vez, tudo parecia diferente. Não havia ódio, não havia sede de vingança e de provar que poderia viver muito bem sem ajuda de ninguém.

Ela apenas não queria mais viver. Não depois de tudo o que passou. O amor não era para ela. Viver não era para ela. Nunca foi. E ela não culpava Jacob por ser o seu o motivo de tudo. Amar um garoto que ela tinha certeza que era inalcançável era o empurrão que ela precisava para descer a ladeira.

Leah estava feliz. Se sentia feliz ao sentir cada arrepio em sua espinha. Seth não havia vindo conversar com ela aquele dia. Leah ficou triste por não ouvir a voz de seu irmão uma ultima vez.

Aproveitou a casa vazia. Tirou todas as facas de dentro da gaveta e as colocou sobre o balcão. Não soube quanto tempo ficou a olha-las. Pensando qual seria a que lhe daria a morte mais fácil.

E então, caminhou até o banheiro. A faca girando entre os dedos. O olhar morto nos olhos. Todo o desalento parecia grudado nela.

O chuveiro foi aberto. As roupas encharcadas. A agua escorrendo pelo corpo. Leah se sentou no chão frio do banheiro, com a agua batendo em suas costas. Segurou a faca com ambas as mãos, encarando-a com uma frieza indescritível.

Tocou a ponta da faca no local exato que tinha certeza que mataria. Veia femural. Lhe parecia uma boa escolha. Fechou os olhos com força e segurou a faca com as duas mãos. A cena dramática... Chegava a ser ridícula.

Um som de choro baixo tirou sua atenção da faca nas mãos. Sabia que não era o seu, porque não chorava. Apenas as gotas de água que caiam do chuveiro desciam pela sua face. Um lamurio sinuoso, parecendo atormentado, ecoando pelos corredores da casa vazia. Seu coração se esmagou, torturado pelo murmuro de um soluço entre o gotejar das lágrimas.

Seu coração, mesmo ainda inerte no mar de solidão, quis parar tal som. Som esse que o fazia sofrer, a cada vez que capitado. Mesmo o mais silencioso chocar de uma lágrima com o chão, parecia rasgar lhe.

Passou pelo corredor devagar, descendo pelas escadas como um felino, com as orelhas em pé, seguindo o som angustiante. Se viu com o ouvido colado na porta da frente, tentando ouvir melhor o choro que parecia vir dali.

As roupas molhadas pingavam, fazendo um lago aos seus pés. As gotas descendo pelo seu corpo e lhe causando cocegas. Mas Leah não se moveu. Ou ousou respirar. Pelo menos até ouvir novamente o soluço, que continuava a levar seu coração à ruína.

Quando abriu a porta, ela arfou alto, mas isso não despertou o emissor do choro.

Encolhido em uma bola, com os ombros nus tremendo pelos soluços, e o queixo quase encostado na barriga, ele parecia apenas um garotinho amedrontado, chorando.

Mas quando Leah viu seus olhos, percebeu que não era um garotinho. Era um homem. Eu homem destruído. Um homem eliminado. Um homem consumido. Um homem arrasado.

Um homem, que tinha um olhar que Leah conhecia muito bem.

Porque era idêntico ao seu.

Olhar para Leah pareceu piorar a situação. Jacob apertou com mais força o chão da sacada de madeira, fazendo dois buracos. E seus soluços ficaram mais alto. Os nós dos dedos brancos. E Leah mais desesperada, olhando para o homem em ruínas.

Leah — ele gemeu entre as lágrimas, abrindo os braços, como se pedisse um abraço.

Não perguntou o que acontecia ou porque chorava. Raiva, dor, tristeza, são sabia e não importava. Não importava o motivo, odiava a coisa que fazia Jacob sofrer. Mesmo ela odiando odiar aquilo. Mesmo ela odiando se importar com o que ele sentia.

Quando foi coloca-lo no sofá, foi puxada enquanto o peso dele caia sobre o estofamento macio. Acabou sentada ao lado dele, com as mãos em seus cabelos, enquanto ele afundava a cabeça em seu ombro, chorando como nunca.

Por que eu não mereço ser amado, Leah? — perguntou rouco, com a voz abafada pelo ombro de Leah — Por que não Deus acha que eu não mereço o amor?

Leah engoliu em seco. Não disse nada.

Ela... Ela estava com ele... Estava com os dois ao mesmo tempo... Queria que eu aceitasse dividi-la com ele... Disse que o amava!

Apenas continuou a afagar os cabelos do homem em sua frente, se sentindo usada.

Usada por saber que somente quando ele precisava, vinha atrás dela. Usada porque Jacob sabia que ela o amava, e vinha pedir consolo por causa da sua vampirinha vadia. Usada, pois o motivo de ele estar ali, chorando, não era porque ela iria se matar, e sim, porque outra o magoou. Usada por saber que não demoraria muito, ele se levantaria e iria embora, como se aquilo nunca houvesse acontecido. Como se ele nunca tivesse precisado do seu consolo.

Ela queria tirar os braços dele que estavam ao redor de sua cintura. Queria tirar o seu rosto enterrado em seu colo. Queria ficar o máximo possível longe dele. Queria gritar, espernear, xingar e brigar com ele. Queria que ele fosse embora, de uma vez e não ficasse ali, alimentando a cada segundo as suas esperanças, a abraçando daquele modo e chorando em silencio.

Mas tudo que conseguiu fazer foi continuar abraçada com ele daquela forma nada paternal.

A monstrinha havia aparecido e revelado sua verdadeira face. Mimada e vagabunda. Leah sempre soube, desde o inicio. Aquela ali puxou para mãe. Não queria apenas um, tinha que ser os dois.

Aquela talvez fosse a lei da vida. Se você ama, nunca será amado de volta. Se não fosse a lei da vida, ainda era a lei de Leah. A lei que estava também se aplicando á Jacob.

As lágrimas secaram. A boca se abriu e ele desatou a falar. Soltou todo o ódio, raiva e magoa presos em seu peito. Leah apenas escutou tudo.

Ela sabia o que ele estava sentindo. Sabia de sua frustação de ter lutado tanto e ter morrido na praia. Lutado pelos seus amores e eles serem tão errados. Mas apesar de saber de tudo isso, ainda se perguntava o que ele fazia ali, sentado no seu sofá, na sua casa, falando tudo aquilo para ela. Para a garota que havia se declarado para ele. Para a garota que ele rejeitara.

— Eu não quero mais tentar amar o errado, Leah.

Ele disse enquanto desabafava.

— Tudo o que fiz a vida toda foi me prender à amores errados, achando que eu não tinha escolha, mesmo sentindo outras coisas por outras pessoas, eu não tinha escolha.

Jacob insistiu a dizer

— Mas eu sempre tive escolha, como todos nós temos. Só espero que a minha ainda não seja tarde demais.

Jacob a beijou.

Leah ainda estava confusa, perdida em alguma parte entre o desabafo do alfa, do sofá molhado e dos lábios deles pressionando urgente os seus. Sentia o corpo tremulo enquanto ele segurava sua nuca, aprofundando o beijo. Sentia-se meio tonta enquanto provava o seu gosto e sentia sua mão quente segurando sua cintura, puxando para mais perto

— Eu nunca intendi direito essa atração que sempre senti por você, Clearwater, mas ela só vem aumentando. Eu tentei ir contra, mas...

— Esquece a parte de ir contra.

E quem precisa de ex, futura e atual? Quem precisa aqueles patéticos que só conseguem destruírem seus corações? A casa estava pegando fogo. As roupas pegando fogo. A cama pegando fogo. Eles estavam pegando fogo.

Queimaram juntos, felizes e completos, uma, duas, três, quatro vezes. E no dia seguinte. E no próximo. E na semana. E no mês.

Uma nova possibilidade.

Aquilo era possível? Ou era apenas uma brincadeira de mal gosto? Leah se sentia um lixo. Ela devia estar sonhando. Talvez tenha enlouquecido.

Mas tudo se concretizou ao ver ele ali em sua frente, de joelhos no chão e um olhar decidido plantado no rosto. Nas mãos uma caixinha com baba de lobo e nos lábios a frase de toda a sua vida. Se ela sonhara com aquele momento alguma vez - E diga-se de passagem, toda a sua vida - não esperava que fosse com ambos nús no meio da floresta.

Não havia imprinting. Não havia corações partidos mais. Ele implorou para que ambos pegassem os restos de seus corações e juntasse em apenas um. Jurou que nunca a magoaria como todos os outros fizeram com eles.

Quando foi que aquele sentimento entre eles ficara tão grande a ponto de quebrar um imprinting? Leah se sentia confusamente feliz.

Aquilo não era possível, era? Perguntou-se Sam novamente ao ver na mente de ambos quando se transformaram novamente. Um laço forte havia entre eles e o imprinting de Jacob parecia ter sido quebrado.

Jacob havia escolhido e lutado pelo amor de Leah. Havia a escolhido e não desistido como Sam havia feito. Como Bella havia deixado de lado. Como Renesmee havia estragado.

Jacob e Leah sempre foram seres destinados a sofrer no amor. Sempre foram pessoas que estavam escritas na lista de sem sorte. Então por que não unir essa má sorte? Por que não juntar o sujo com o mal lavado?

Os lábios se roçando, as mãos entrelaçadas, os corpos unidos, dizendo ao mesmo tempo enquanto explodiam:

— Eu te amo!

Talvez Leah estivesse errada quando aquela frase. Talvez haja espaço sim para ser feliz naquela vida.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem a minha amada fanfic! Eu trabalhei bastante nela, até sair isso aí. Espero que tenha valido a pena os seus minutos gastos com a leitura. :D
Eu amo a Leah e aprecio ela com qualquer personagem, então, se vocês tiverem/conhecem alguma fanfic boa sobre ela, me enviem por favor! Vou adorar lê-la!
Até a próxima!



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