I Choose You escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 1
I Choose You


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, leitores!

Esse aqui é resultado da criatividade de uma autora irresponsável em meio a chuva e ao frio de uma tarde de domingo... Em que Sara Bareilles e "O Grande Gatsby" foram as melhores companhias.


Escutem "I Choose You" da Sara e mandem ver, espero que gostem!



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Acho que já haviam se passado uma ou duas horas desde que eu sentara à beira da minha janela em nosso apartamento de New York. Kurt e Santana haviam saído. Admirava os dois pela coragem, afinal, a neve não caía e sim, desabava sobre a cidade. Até mesmo as aulas em NYADA haviam sido canceladas e eu resolvera ficar em casa, sem nem ao menos saber o porquê, enquanto Kurt e Santana saíam para desbravar a cidade embaixo daquela neve infernal.

Começava a acreditar que a minha decisão não fora realmente produtiva e, muito menos, saudável. Eu era Rachel Berry. Ficar sozinha com meus pensamentos era o mesmo que me permitir uma profunda análise psicológica. Eu realmente ficava estranhamente pensativa quando calada. Talvez, Santana estivera certa ao sempre dizer que eu falava demais para não pensar em meus próprios problemas e demônios.

A que ponto eu e minha consciência chegamos: eu dizendo que Santana Lopez está certa em seus comentários maldosos e maliciosos. Ela que jamais escute isso ou, muito menos, cogite essa hipótese. Eu não seria capaz de conviver com ela e seu egocentrismo por eu, finalmente, admitir que ela esteve sempre certa a respeito de um defeito meu. Aliás, que fique claro, eu sou Rachel Berry e costumo ser perfeita, até mesmo, em meus defeitos.

Levantei-me da poltrona próxima a janela e, extremamente agasalhada, percorri a sala em minhas meias de lã, apanhando o último livro que Quinn me indicara na última vez que conversamos.

Outra constatação sobre Rachel Berry, sozinha em casa enquanto uma pesada nevasca acaba com todos seus planos: ela tende a pensar muito nas pessoas, principalmente em Lucy Quinn Fabray.

Enquanto me sentava e procurava a página de minha última leitura, meus pensamentos foram parar junto dela. Eu sabia que desconhecia o motivo de sentir tanta falta dela, mas eu me enganava perfeitamente bem ao pensar que era porque Quinn era o mais próximo que eu tive de uma melhor amiga e que eu sentia falta de um pouco de intimidade com alguém. Não que Kurt fosse um péssimo companheiro, ele era o melhor quando não estava pensando e sonhando com Blaine e Santana... Ela ainda era a filha de Satã e só sabia ser prestativa e sensata quando realmente via que alguém passava por uma situação bem ruim.

Eu não estava mal, só com saudades. E Quinn... Quinn era simplesmente Quinn. Com aqueles olhos verdes que conseguiam me interpretar e me deixar calada e com aquele jeito que conseguia me passar segurança, mesmo debaixo do sarcasmo e da ironia. Ela era única e eu queria que ela estivesse aqui para conversarmos, mesmo que passássemos horas discutindo entre vermos um musical ou um dos seus filmes chatos. Ou, mesmo, para ela me orientar em minha leitura de “O Grande Gatsby”.

O estranho em minha relação com Quinn Fabray foi a rapidez com que saímos do ódio latente e corriqueiro para uma amizade que ninguém mais entendia a não ser nós mesmas. O que era de fácil compreensão para nós era extremamente difícil para os outros até mesmo aceitarem.

Confesso que eu fiquei assustada no começo e demorei a perdoar tudo que aconteceu entre nós no ensino médio... Mas a faculdade veio. A solidão em New York também, Cassandra July e sua autodestruição me atingiram, Brody quebrou meu coração... E, em todos os momentos, ela esteve comigo. Foi Quinn quem atendeu minhas ligações quando eu chorei e duvidei do meu talento após uma aula com Cassandra e foi ela quem me consolou quando descobri o que Brody fazia depois de viajar por 130 km, debaixo de uma chuva torrencial na estrada.

Eu sabia de tudo aquilo, só que, conforme eu lia as páginas do livro e não absorvia uma palavra sequer do texto... Eu me forcei a lembrar que Quinn desaparecera. Quinn simplesmente sumiu depois do que acontecera com Finn. Eu não a vira em Lima e ela sequer mandou condolências ou apareceu por lá para ser consolada ou consolar alguém. Eu não me atrevi a ligar para ela na época, nós duas tínhamos uma ligação fortíssima com Finn e eu sabia que ambas estavam quebradas pelo que acontecera... Uma precisava da outra. Mas ela não apareceu e eu tive que lidar com tudo sozinha, pela primeira vez, desde que começamos a nossa amizade.

Eu suspirei, eu sentia muita falta dela. Tanta falta que doía. Quando eu, finalmente, parei de pensar em Finn e, de acordo com as palavras de Santana, saí do meu luto dramático e sem motivo, eu percebi que realmente a queria aqui mais do que qualquer pessoa em New York.

A última coisa que eu soubera dela foi por Santana que, ironicamente, esbravejou em uma manhã que Quinn finalmente largara o professor de Teatro Contemporâneo e, agora, estava namorando um rapaz que dividia a classe de Teatro Shakespeariano com ela. O gosto amargo em minha garganta não desaparecera desde aquele dia. Era típico de Quinn procurar consolo nos homens de sua vida quando algo a abalava. Era da natureza dela usar os homens para suas reconstruções emocionais enquanto ela mesma os desconstruía... Fora assim com Finn, Puck, Sam...

E eu não a julgava, porque eu mesma escolhera fazer isso com eles também. Inclusive, com Sam. Ele viera a New York no Natal e nos beijamos depois de champagne e brincadeiras idiotas de Kurt e Santana a respeito de um visgo que tinha sobre nossas cabeças. Eu não atendi as ligações dele nas semanas que se seguiram a esse fatídico fato. Muito menos recebi ligações de Quinn nesse tempo. Tudo voltou ao normal, exceto que ela não estava mais em minha vida.

Aos poucos eu me acostumei com isso. Mas eu sempre sentia falta dela em situações como aquela. Eu esperava sempre que, em dias de chuva e nevasca, Quinn apareceria para me tirar do tédio e me levar à Broadway ou traria cafés e assistiríamos ou leríamos algo, juntas... Mas isso jamais acontecera desde que Finn se fora.

Era irônico o fato de que eu perdera minha melhor amiga quando o meu primeiro amor morrera. Duas pancadas emocionais de uma vez. Talvez, eu devesse passar por aquilo ou fosse a sina de qualquer diva que desejasse o sucesso. Achava, agora, que existia uma espécie de pacto em que ficasse sacramentado que o topo era solitário e vazio, exceto pelo próprio talento daqueles que o alcançassem...

Suspirei e chacoalhei a cabeça, joguei meus cabelos para trás com um movimento de minhas mãos. Desde que Finn morrera, eu parara de alisá-los e até mesmo a minha franja crescera. Era uma forma de manter aquela Rachel, de franja e cabelos lisos (que ele amara) intacta e também, era a minha forma de fugir dela. Agora, meus cabelos estavam ondulados e eu parecia mais madura de acordo com Kurt e, de acordo com Santana, aquele visual melhorara minha aparência e diminuíra meu nariz, considerei isso como um elogio. Só pensava em como Quinn reagiria quando me visse assim.

Enfim, fechei os olhos com força e respirei profundamente. Ignorei a imagem dela em minha cabeça e me concentrei no texto e nas palavras, procurando absorver todo o mistério que envolvia Jay Gatsby até que uma passagem na história me chamou a atenção. O livro era de Quinn e eu estava acostumada com suas anotações nos cantos das páginas, mas nunca notara um parágrafo ou passagem grifada e ali estava uma. Sublinhada por uma caneta vermelha, com um risco fino e bem orientado, eu li:

"Sorriu compreensivamente - muito mais do que compreensivamente. Era um desses sorrisos raros que têm em si algo de segurança eterna, um desses sorrisos com que a gente talvez depare quatro ou cinco vezes na vida. Um sorriso que, por um momento, encarava - ou parecia encarar - todo o mundo eterno e que depois concentrava na gente com irresistível expressão de parcialidade a nosso favor. Um sorriso que compreendia a gente até o ponto em que a gente queria ser compreendido, que acreditava na gente como a gente gostaria de acreditar, assegurando-nos que tinha da gente exatamente a impressão que a gente, na melhor das hipóteses, esperava causar."

A citação por si só já me desconcertara, porque Quinn gostara dela e eu também. Mas uma seta, no final dela, chamou a minha atenção. Acompanhei-a até o canto direito da página, próxima ao número da mesma e, escrito na caligrafia inclinada e elegante de Quinn, li:

“O sorriso de Rachel.”

Eu fiquei boquiaberta, dramaticamente, olhando para a página. Imediatamente, meu coração foi preenchido por calor, por dor, por saudade... Tudo ao mesmo tempo. Eu tinha certeza que ficara sem respirar por breves segundo. Ela realmente se lembrava do meu sorriso e fora capaz até de achar uma descrição para ele.

Eu não percebi as lágrimas que chegaram aos meus olhos, só as senti escorrer pelas minhas bochechas e eu as limpei entre suspiros, lendo e relendo várias vezes. Considerando quando Quinn me emprestara aquele livro, fora antes de tudo acontecer. Eu me perguntara se um dia era me mostraria ou me falaria aquilo ou se ela realmente me emprestara aquele livro para que eu lesse essa pequena e delicada surpresa que ela me preparara.

E diferentemente de antes, a saudade dela me preencheu violentamente dessa vez. Eu coloquei o livro de lado e encolhi minhas pernas de encontro ao meu peito enquanto me encolhia na poltrona e escondia o meu rosto em meus joelhos. As lágrimas vieram mais rápidas do que a primeira vez e eu fiquei ali, sozinha, enquanto uma nevasca caía em minha cidade preferida, pensando em uma pessoa que sumira da minha vida para sempre, aparentemente.

Silenciosa e venenosamente como uma serpente, aos poucos, a verdade foi me preenchendo e interrompendo meu choro enquanto o mesmo era substituído pelo choque e pela minha incredulidade.

Todo aquele tempo que passamos brigando por Finn, todas aquelas vezes em que eu olhei para ela e vi muito mais do que a líder de torcida ou a futura rainha do baile, todas as nossas brigas e implicâncias, todos os meus apelidos e, principalmente... O dia em que eu fui atrás dela depois de ela integrar as Skanks, o dia em que eu a impedi de destruir a vida de Shelby e Beth, o dia em que ela me impediu de casar com Finn... Aquilo tudo estava, aos poucos, fazendo sentido.

A verdade me atingiu, tanto em meu coração como em meu cérebro. Eu, violentamente, me coloquei em pé e passei a andar de um lado para o outro enquanto tentava pensar. O drama me engolindo. Eu não ousei dizer em voz alta o que eu acabara de perceber. Parecia que, se eu finalmente dissesse, se tornaria uma verdade tão forte que eu não poderia voltar atrás.

Finn, Puck, Jessie, Brody... Eles todos estiveram ali, mas, agora, pareciam errados e fora do meu padrão. Eu nunca soube que eu tinha uma segunda escolha, acho que nem ela sabia. Talvez, ela nem soubesse quando grifou aquela passagem no livro. Mas depois de tudo que acontecera entre nós depois do empréstimo do livro... A distância só tornara as coisas mais claras.

Eu escutei a maçaneta da porta se movendo e procurei voltar ao melhor dos meus estados, talvez, eu conversasse com Kurt depois. Mas eu precisava digerir tudo sozinha, primeiramente. Ou eu hiperventilaria ainda mais do que já estava hiperventilando.

Respirei fundo e abri um sorriso, adotei a melhor das minhas atuações e me virei para encarar Kurt e Santana. Mas falhei miseravelmente porque não eram os dois que estavam ali a me observarem.

Quinn Fabray estava parada, no meio da minha sala, com os cabelos loiros cobertos por um beanie roxo que tinha flocos de neve em sua textura. Seus ombros estavam caídos e cobertos por um imenso sobretudo negro, ela usava calça jeans e botas e estava sorrindo para mim e, naquele momento, eu imediatamente julguei que a descrição do sorriso grifada no livro que, agora, estava amassado em minhas mãos, se encaixava perfeitamente para ela também. Porque eu me sentia segura e parecia que eu estava em casa depois de muito tempo.

Os olhos verdes dela continuavam os mesmos e, naquele momento, me observavam com uma energia diferente... Brincalhona. Eu me aproximei insegura, como nunca estive e tentando controlar todos os meus instintos que me mandavam correr em direção a ela. Ela ergueu a palma da mão direita e eu estaquei no meio do caminho, confusa. Quinn riu sonoramente e revirou a bolsa carteiro que usava até que tirou um monte de papéis A4 de dentro dela.

Ela respirou fundo e ergueu o primeiro deles.

“Deixe o galho romper, deixe-o desabar. Deixe o sol desvanecer em um céu escuro. Eu não posso dizer que sequer percebi que estava ausente... Porque eu poderia viver pela luz de seus olhos.”

Eu engoli em seco, estava perdida em meus pensamentos e procurei encontrar a compreensão em seus olhos. Mas Quinn os tinha fechado e respirava rapidamente. Ela estava nervosa e eu não precisei olhar suas mãos trêmulas que abaixavam essa folha e que levantavam outra, para notar isso.

“Eu vou me abrir diante de você... Juntarei as primeiras palavras de uma carta de amor para toda a vida.”

Seus olhos continuavam fechados e os meus perdiam-se nas palavras que ela estava me dedicando sem dizer e nem sequer me olhar. Eu sentia falta dela, mas enquanto estávamos ali, presas naquela estranha interação, ela parecia ainda mais distante. Eu não queria me confundir ainda mais, eu só ficaria feliz se pudesse abraçá-la. Mas Quinn continuou e, dessa vez, suas mãos pareciam mais trêmulas.

“Houve um tempo em que eu teria acreditado neles se eles me dissessem que você não se tornaria realidade, apenas mais uma desilusão de amor... Mas então, você me encontrou e tudo mudou... E eu acredito em algo novamente.”

Quando terminei de ler as palavras, meu coração quase saiu pela minha boca. Eu olhei para ela, esperando seus olhos fechados, mas os encontrei abertos e enérgicos. Ela me olhou e aquela foi a primeira vez que eu me senti verdadeiramente vista em toda a minha vida. Agora sim as coisas mudaram entre nós e agora, parecia mais real do que nunca.

“Todo o meu coração será seu para sempre. Este é um belo começo para uma carta de amor para a vida toda.”

Nós duas estávamos ilegíveis uma para outra. Eu imaginava que minha expressão estava fechada porque vi sua energia se dissipar. Seus olhos estavam perdidos agora e eu segurei a vontade que me impulsionava para seus braços. Olhei para Quinn mais uma vez e dei um passo em sua direção, ela fraquejou e derrubou a folha bruscamente ao chão, erguendo outra em seu lugar.

“Nós não somos perfeitas. Nós iremos aprender com nossos erros. E leve o tempo que for... Eu provarei meu amor por você.”

E dessa vez, fui eu quem me assustei e recuei. Quinn arregalou os olhos, preocupada, mas se manteve estática. Ela me olhou e, silenciosamente, senti que ela perguntava se estava tudo bem. Percebi que chorava e sorri de lado. Ela retribuiu exatamente o mesmo sorriso e nós duas continuamos a nos olhar.

“Eu não estou com medo dos maus tempos. Estou preparada, mas estou disposta. E melhor ainda, eu vou ser a outra metade de você.”

A última folha caiu e eu abaixei a cabeça. Meu coração estava gigante em meu peito, mas eu, inexplicavelmente, não conseguia me mover para perto dela. Parecia tudo irreal, parecia estranho ter meu peito ocupado por outra pessoa além de Finn e parecia ainda mais estranho que aquela pessoa fosse Quinn... Ou talvez, tudo estivesse tão confuso porque fora ela que sempre preencheu meu coração e agora, depois de tanto tempo e de tanta distância, ela voltara para reclamar a posse de seu lar.

Estava prestes a levantar meus olhos quando um papel delicadamente dobrado foi colocado em minhas mãos. Senti o perfume de rosas de Quinn preencher meu espaço pessoal e vi suas botas antes de abrir a última folha.

“Diga ao mundo que nós finalmente nos acertamos (?). Eu escolho você (!). Vou me tornar sua e você vai se tornar minha. Eu escolho você (!).”

Eu ergui meus olhos e ela me observava insegura. Eu sorri para ela e ela deu um passo para trás, mas eu a puxei para mim e a abracei. Quinn me engolfou em seus braços e me ergueu, enquanto me girava. Senti o vibrar de sua risada em meu corpo e apertei-a ainda mais contra o meu corpo, sentindo seu calor envolver meu corpo frio... A neve não parecia mais tão gélida e infeliz do lado de fora. Eu afundei o meu rosto em seu pescoço a respirei o máximo que minhas aulas de canto permitiriam, seu perfume de rosas me envolveu e, calmamente, murmurei:

– Você sempre esteve ali, me esperando enquanto eu insistia em todas as escolhas erradas até, finalmente, escolher você. Eu finalmente te escolho também, Q...

Afastei-me dela só para ter tempo de ver um relance de seu sorriso. Porque ela voltou a se aproximar e nossos lábios se encontraram. Primeiramente, tranqüilos e delicados... Até que eu cedi a sua entrada completa em minha boca. Nossas línguas se encontraram e lembrei-me de Finn que dissera que o beijo dela era como fogos de artifício... Eu não sabia o que ele quisera dizer com aquilo, mas eu só estava sentindo explosões no momento.

Ela se afastou de mim e juntou nossas testas quando o ar nos faltou, eu me perdi naqueles orbes esverdeados que, agora, eu via que me enxergavam de verdade. Eu podia enxergar o amor que ela tinha por mim nos milhões de pontinhos dourados em sua imensidão verde. Senti-me corar quando a mão dela envolveu a minha e a levou até seu coração, ele batia forte por debaixo de tantos casacos e meus olhos marejaram. A abracei de novo e ficamos em silêncio.

Eu a puxei para a poltrona e ela se sentou ali, me puxando pra seu colo e deitando minha cabeça em seus ombros. Olhei para cima, encontrando seus olhos e beijei seu queixo, sentindo-me preenchida. Ela sorriu e piscou para mim enquanto eu corava. Nos olhamos mais uma vez até que eu a escutei pigarrear, Quinn tossiu e eu perguntei:

– Você veio andando da Grand Central Terminal aqui?

Ela afirmou envergonhada com um aceno em sua cabeça. Eu revirei os olhos para ela, mas depois acabei rindo e comentei para sua carinha confusa:

– Pegou um resfriado e está sem voz agora, por isso dos papéis?

Ela corou ainda mais e eu gargalhei, beijando sua bochecha e me erguendo de seu colo. Quinn fechou a expressão e tentou me puxar para perto dela, mas eu fugi de suas mãos ágeis e atravessei a sala, iria pegar alguns cobertores e a colocaria para dormir, depois, um chá e mel até que ela recuperasse sua voz. Porém, antes de eu entrar em meu quarto, voltei a sala e a encontrei tirando o beanie.

Seus cabelos estavam bagunçados e vendo-a ali, fazendo-se em casa, percebi que me acostumaria fácil com aquela nova condição. Caminhei até ela e ela sorriu quando me aproximei e me abraçou. Fiquei na ponta dos meus pés e beijei seu pescoço para dizer:

– Acho que vou começar a gostar de nevascas e chuvas. Elas sempre me trazem você.

Quando me afastei, ela sorria e beijava todo o meu rosto. Eu não podia escolher entre a nevasca e chuva, muito menos pelas condições pelas quais a vida me trazia a ela... Mas eu podia escolher ler os livros que ela me indicava, podia escolher meus musicais enquanto ela escolhia seus filmes antigos, podia escolher ir de trem ou de carro a New Heaven e até mesmo podia escolher entre o seu capuccino e o meu frapuccino nos Starbucks de New York. Mas, principalmente... Eu podia escolher amar. Eu era capaz de escolher Quinn milhões de vezes porque ela também me amava e aquela se revelava a nossa escolha mais certa entre as milhões de escolhas erradas que tomamos até nós duas nos encontrarmos naquele dia de nevasca, com ela sem voz, em meio a papéis A4, declarações e a uma futura gripe que ambas pegariam por causa dos beijos e abraços que vieram depois...

FIM


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Notas finais do capítulo

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