Meus olhos infantis não conhecem o mundo
Meu eu de tão puro é transparente
Tão fácil de ser tentado
Sou apenas uma criança em um corpo adulto

Só vejo dores ao meu redor
E não entendo como tudo foi ficar complexo
Ser feliz é simples
Mas o mundo é perplexo

O mundo é feito de entrelinhas
Da regra da troca
Da submissão
De tristeza... de sorrisos infelizes

Sorrisos malévolos
Gananciosos, todos loucos
Embebecidos pelo prazer
O prazer do poder

Um estranho mundo
Onde para se ter algo alguém tem de perder
Um mundo só de fortes...
Não. Tudo isso é um mundo de covardes

Mentes manipuladas
Mentes fabricadas
Prontas para serem escravizadas
Para serem abatidas

E alguns loucos
Temem e matam uns aos outros
Assim nasce a violência
Esqueceis a reles benevolência

Existem os tolos
Que creem na paz
Mas em suas casas geram preconceito e alienação
Apenas seguindo a tradição

Existem os desavisados
Criados em utopias
Sem conhecerem o real mundo
Acham que tudo são negociações

E por últimos existem as crianças
Salvas das complicações, seladas em redomas fraternas
Neutra de corações, protegidas pela inocência
Simples por serem simples

Eis eu aqui perdido
Entre o simples e complexo
Tudo tão perplexo
Uma inocência tão antiga

Meus olhos infantis não conhecem o mundo
Fico trancafiado nas trevas
Confuso e temo (crescer) enlouquecer
Ficar perplexo e sofrer