Clichê escrita por desjeitos
Sair da cama no dia seguinte foi uma luta. Repetir as ações do dia anterior foi quase automático, a única diferença foi que meu pai resolveu me levar até a escola. Paramos o carro, ele deu um beijo em minha testa e eu entrei.
Sentei no mesmo lugar que havia me sentado ontem antes de me mudar para o lado de Amanda. Coloquei meus fones de ouvido e só os tirei quando eu senti a presença da ruiva ao meu lado. Tirei os fones e a encarei:
– Bom dia... –ela disse.
– Mal dia, 7:20 da manha era pra eu estar dormindo e não aqui
– É mesmo horrível acordar cedo.
– Concordo....
– Bom, eu só queria agradecer por ontem.
– O que eu fiz?
– Me defendeu ué, nunca ninguém fez isso por mim, pelo menos não aqui.
– Não foi nada.
– E você gosta mesmo d-d-de de...
– Meninas? Pode se dizer que sim, eu gosto dos dois.
– Entendi... E tudo bem se eu sentar aqui? Por que você é a única que fala comigo.
– Claro! Mas não liga se eu for grossa ou chata é que eu sou um lixo de manhã.
– Tudo bem – ela disse rindo.
O professor entrou em sala e nós voltamos nossa atenção para ele. Passamos a aula toda conversando, nós tínhamos muita coisa em comum, parecia que éramos amigas a anos, a aula até acabou passando rápido.
Aquele dia foi melhor que o anterior, ninguém tinha se dado ao trabalho de falar comigo e não seria eu a tomar tal atitude. Acabei me dando conta que nunca parei pra reparar em ninguém daquela sala e resolvi deixar por isso mesmo, supus que todos seriam como Miguel.
No final da ultima aula Amanda me perguntou:
– Ontem eu estava indo pra casa e ti vi indo embora de skate, você mora aqui perto?
– Moro naquele condômino asa sul sabe? É uns dez minutos daqui de skate, mas hoje eu vou ter que ir andando então acho que vou demorar um pouco mais.
– Mentira! Eu moro lá também, na primeira rua. Sua casa fica no fundo ou no começo?
– No fundo! É a ultima casa.
– Ah é! A casa vazia. Eu sempre invejei o seu jardim, é gigante! Minha casa não tem espaço pra isso.
– Um dia eu deixo você ir me visitar.
– Para sua sorte de terça e quinta minha mãe não tem como me buscar e eu tenho que ir andando pra casa, então você terá o prazer da minha incrível companhia.
– E quem disse que eu quero? – disse rindo.
Amanda me mostrou a língua, e agarrou meu braço me arrastando para fora da sala. Andando juntas o caminho pareceu muito mais curto, nos conhecemos à apenas dois dias e já tínhamos milhares de assuntos em comum. Ela entrou na sua casa e eu fui para minha. Repeti meu ritual diário e me joguei na piscina.
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