Clichê escrita por desjeitos


Capítulo 13
Capitulo 13




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/477564/chapter/13

Eu acordei com Bruna falando ao telefone do meu lado. Acho que não dormimos por muito tempo. Não ouvi o telefone tocar, parecia que a conversa havia começado a algum tempo. Ela estava sentada apoiando a testa nas mãos e parecia transtornada. Me sentei virada pra ela e a encarei enquanto ela falava com alguém, fazia perguntas e falava que iria pra algum lugar, não entendi bem.

Logo ela desligou o telefone, ficou um tempo parada antes de se voltar pra mim:

– Eu tenho que ir - ela disse.

– Aconteceu alguma coisa? Você parecia meio transtornada no celular...

– Nada, eu só tenho que ir pra casa me trocar e depois pegar um taxi pro hospital.

– Hospital?

– Eu sei que você não perguntou, mas mesmo assim vou te contar porque acho que posso confiar em você, não posso? - concordei com a cabeça - É por isso que eu não estava bem hoje cedo, meu avô esta internado já tem uns dias e ele só esta piorando...

– E você vai pro hospital sozinha, cadê seus pais?

– Bom, meu pai esta viajando e minha mãe já esta lá.

– Vem. - Eu levante e estendi a mão. - Eu te levo la.

– Não precisa - ela se levantou - eu pego um taxi, não tem problema nenhum.

– Não custa nada eu te levar, você vai pra casa se arruma e daqui a uns 30 minutos eu passo lá pra te buscar com minha irmã.

– Não quero incomodar...

– Não vai ser incomodo nenhum. Vamos logo que eu também quero tomar banho.

– Tudo bem.

Ela concordou, se dirigiu pra sua casa e eu entrei na minha em direção ao quarto da minha irmã. Bati na porta pedindo licença pra entrar.

– Cadê sua namorada? - perguntou Barbara.

– Ela não é minha namorada e foi pra casa dela. Eu vim te pedir um favor.

– Fala. - Ela disse levantando as sobrancelhas .

– Tem como você levar a Bruna pro hospital?

– Por que? Aconteceu alguma coisa?

– O avô dela esta internado, e a mãe dela já esta lá esperando. Ela queria ir de taxi mas eu falei que você levaria, fiz mal?

– Não! Tudo bem, eu levo, mas depois você vai ter que me contar tudo o que fez hoje, e com detalhes!

– Juro que conto! Obrigada irmãzinha, vou tomar um banho e ai vamos. -

Dei um beijo na bochecha dela e sai de seu quarto indo direto pro banheiro. Entrar no banho e sentir a água quente nas minhas costas fez com que meu cansaço se tornasse presente. Eu fique na piscina a tarde toda e dormir deitada na grama não era a coisa mais confortável do mundo. Minhas costas doíam e meus olhos estavam quase fechando mas eu não podia deixar Bruna ir de taxi pro hospital. Balancei a cabeça tentando acordar de algum jeito e me lavei o mais rápido que consegui, se não ficaria pra sempre lá.

Quando eu terminei de me trocar já estava quase na hora combinada de ir buscar a loira. Chamei minha irmã e tomei um café antes de sair. Acabei levando mais um pouco em um copo térmico, eu não gostava muito de café, mas o nível de sono em que me encontrava não me permitiu recusar cafeína.

Chegamos na casa de Bruna e eu desci do carro para chama-la. Toquei a campainha e uma mulher que eu não havia visto antes atendeu a porta:

– Você é a Giovana? - ela me perguntou.

– Sim, sou eu.

– Bruna avisou que você viria. Ela agradeceu pela carona mas disse que não será mais necessária.

– O que? Por que?

– Não sei. Ela me pediu pra te falar isso e depois se trancou no quarto.

– Será que eu posso subir pra falar com ela?

– Acho que sim.

A mulher saiu da frente da porta me dando passagem pra entrar. Pedi pra minha irmã esperar e ela concordou com a cabeça. Subi em direção ao quarto da loira. Bati na porta e tentei entrar, mas ela estava trancada.

– Bruna, sou eu. Abre a porta por favor.

Ela abriu e se sentou na cama.

– O que aconteceu? - perguntei

– Nada, eu só não quero ir mais.

– Do nada isso?

– É ué.

– Tem que te um motivo Bruna, nem vem.

– Eu só não estou pronta pra ver ele lá Giovana. Meu avô me criou praticamente, meu pai sempre esta viajando e minha mão trabalha o tempo todo, eu nem sei como ela consegui esse tempo pra estar lá com ele. Ele me ensinou basicamente tudo que eu sei! Eu não quero ver ele no hospital, eu quero lembrar dele aqui comigo, não lá.

– Você já parou pra pensar que ele precisa de você lá? Com certeza ele te ama tanto quando você ama ele, talvez até mais.

– Me deixa Gi, eu não quero ir....

– Vai logo menina, levanta dessa cama e vamos! Eu fico lá com você.

– Que?

– Eu fico lá com você ué, quer dizer, isso se você quiser....

– Você faria mesmo isso?

– Sim - ela em um pulo me abraçou prendendo meus braços e me deixando sem reação.

– Tudo bem, então vamos.

Ela respirou fundo e me puxou pela mão me levando pela casa. Fomos primeiro até a cozinha, a loira pegou uma maça antes de sairmos. Entramos no carro, ela comprimento minha irmã e passou o resto do caminho em silêncio mesmo comigo e Barbara conversando.

Demorou um pouco para chegarmos no hospital, o horário de rush em São Paulo não nos permitiu levar menos que o dobro do tempo necessário. Minha irmã estacionou na entrada, assim que o carro parou eu olhei pra trás e me deparei com Bruna de olhos fechados fazendo uma leve careta, ela parecia estar prendendo a respiração.

– Você sabe que a gente pode ir embora quando você quiser, não sabe?

Ela concordou com a cabeça, respirou fundo e saiu do carro.

– Irmã - Barbara disse - eu vou sair mas se vocês precisarem de alguma coisa é só me ligar. Eu vou avisas o papai quando chegar em casa então quando quiser ir embora é só ligar pra ele.

Eu a abracei e sai do carro, fui de encontro a Bruna que me esperava em frente a porta automática do lugar. A porta abria e fechava e ela não entrava. Eu parei do lado dela e segurei sua mão, ela olhou pra mim e entramos juntas no hospital. Fui eu que fui até a recepção, dei o nome do avô da loira e entreguei meu rg para a recepcionista liberar nossos crachás e passar o numero do quarto.

Entramos no elevador ainda de mão dadas, e assim ficamos até chegarmos no andar desejado. Assim que as portas do elevador se abriram nos avistamos a mãe de Bruna no fim do corredor, andando de um lado pro outro falando no telefone. Eu percebi que a loira muitas vezes se esquecia de respirar, ela parecia realmente nervosa. Sem soltar as mãos nós caminhamos até ela. Bruna me apresentou, e a mãe dela sorriu pra mim, ela não disse muita coisa, disse que o seu Antônio, avô da Bruna, estava dormindo. A loira avisou que entraria no quarto mesmo assim e sua mãe apenas concordou com a cabeça.

Bruna se dirigiu até a entrada do quarto, a esse ponto já não estávamos mais de mãos dadas. Antes de entrar ela me chamou e eu neguei com a cabeça. Achei que aquele era um momento intimo demais para eu estar presente;

– Por favor... - ela disse fazendo aquela cara que com certeza me convenceria a fazer qualquer coisa.

Concordei e fui até ela. Me sentei em um sofá azul de couro que fica no canto do quarto enquanto ela se sentou na cama, e segurou a mão do seu avô que não tardou a acordar. Quando seu Antônio a viu, abriu um sorriso tão grande que me fez sorrir também. Bruna a esse ponto já estava com os olhos cheios de lagrimas. Ela se deitou do lado dele enquanto ela acariciava seus cabelos. Por um momento só existia os dois naquele espaço, era como se eu não estivesse presente.

Demorou alguns minutos até que eles saíssem daquela posição:

– Minha loirinha, eu estava morrendo de saudades - Antônio disse.

– Eu também estava vovô, me desculpe, se não fosse por ela eu acho que nem estaria aqui - Bruna disse com o semblante triste e apontou pra mim

– Venha até aqui menina bonita - ele me chamou e eu senti minhas bochechas arderem. Parei ao seu lado e ele segurou minha mão. - muito obrigada - ele sorriu pra mim e eu sorri de volta.

Nos três ficamos conversando por muito tempo antes de Bruna resolver ir embora. Já estava tarde para irmos de taxi então eu resolvi ligar para meu pai que demoraria 30 minutos para chegar. Resolvemos esperar na recepção, o avô de Bruna precisava descansar, sua mãe foi embora sem avisa e sem que nos percebêssemos. A loira e eu nos despedimos de seu Antônio e fomos esperar por meu pai:

– Obrigada por praticamente me obrigar a vir - Bruna disse, fiz uma careta e ela riu - acabou que foi melhor do que eu esperava...

Ela deitou sua cabeça em meu ombro, no primeiro momento eu acabei me assustando e arregalei os olhos, depois eu apoie minha cabeça na dela.

Meu pai não tardou a chegar, nos entramos no carro e Bruna mais uma vez passou o caminho em silencio. Ele falava entusiasmado comigo sobre o churrasco que planejara para ver o jogo no domingo, eu dava alguns palpites e ria dos comentários que ele fazia.

Deixamos a loira em casa e ela agradeceu mais uma vez antes de descer. Cheguei em casa e tomei um banho longo na tentativa de relaxar meus músculos que estavam rígidos graças ao cansado. Mal me sequei e já me joguei na cama, sem roupa mesmo, apenas me cobri e em um minuto já estava dormindo. O dia tinha tinha sido longo...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!