Você disse que amava meu cabelo, e eu o cortei no dia seguinte.

Charles, eu não quis. Eu chorei Charles, eu chorei por estar cortando seu amor.

Além do corpo frágil, a mente e as cicatrizes agora eu também tinha outra coisa para te fazer surtar.

Acordar no meio da noite e te ver rabiscando as paredes porque os papéis pareciam pequenos demais para tuas palavras tão recheadas de sentimentos.

Querendo ou não Charles, a morte era um fato inegável. Não adiantava chorar em meus braços, ou tentar evitar que eu fumasse e passasse mais dias alcoolizada do que sóbria. Eu aprendi isso muito antes de você. Mesmo quando a morte não estava em mim, eu morria. E você que sempre tinha palavras pra tudo, só escrevia.

Você tinha os traços mais lindos que um garoto poderia ter, mas se deteriorava cada dia mais comigo. Eu te queria longe, tão longe quanto daqui até a eternidade. Mas sua desconstrução me drogava e me fazia perder os sentidos. Te ter longe ainda seria te ter, porque não importava nada Charles, você era meu e eu era sua.

Até quando você ameaçava queimar o apartamento, ou quando surtava lavando o sangue do meu corpo com suas lágrimas, eu era sua.

Sempre fui sua.

Dominika Barllet.