O Meu Muro Caiu, literalmente escrita por Carol Araujo


Capítulo 8
Capítulo 8 - Amigos?


Notas iniciais do capítulo

*Presente õ/



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-Alexandra! – Gritou minha mãe do outro lado da porta, me tirando o sono


Minha cabeça latejou, gemi de dor.


- Já to indo – Gritei me levantando da cama.


Troquei meu pijama pela farda e lavei meu rosto, me acordando com a água gelada. Ontem passou, está no passado, eu nem vou chorar mais, pois é, confirmei com minha cabeça. Peguei minha mochila no canto e saí do meu quarto. Minha mãe estava sentada na mesa comendo, peguei metade de uma torrada e saí, eu estava realmente sem fome.


- Vai sair sem comer? – Minha mãe falou


Mostrei pra ela a torrada e saí pela porta de casa, indo em direção do jardim. Ele estava lá, parado, na casa dele, como estivesse me esperando, eu ri, isso nunca iria acontecer, esperar por eu sair da porta? Ele me ignorou, eu o ignorei também, bom, uma parte de mim, mais outra gritava o seu nome, querendo correr e agarrá-lo, mais me controlei. Peguei minha bicicleta e saí pelo portão, indo pra rua.


 Me sentei na cadeira do fundo, meu lugar. Ajeitei minhas coisas, e o professor de Álgebra já ia entrando na porta. Fiquei tamborilando os dedos na mesa, pensando no sonho e sobre ontem.


- Alexandra? – Ouvi uma voz abafada no meio de muitas conversas na sala


- Presente – Falei, finalmente olhando pra cima, o professor estava na minha frente, olhando preocupado e o resto das pessoas também me olhavam. – O que foi?


- Você está chorando? – Ele sussurrou


Eu estava chorando? Peguei no meu rosto, tinha duas lágrimas lá, as sequei. IDIOTA!


- Eu estou bem – Falei o mais nítido possível


- Você quer ir para casa?


O professor oferecer que eu vá embora mais cedo, não expulsar da sala... Isso é novo para mim.


- Não – Eu não quero me fazer de fraca


- Ok – Ele disse voltando ao quadro, corrigindo o dever.


Bom, eu tentei prestar atenção na aula, distrair meus pensamentos. Mais os rostos de Sabrina e Fernando olhando pra mim eram de assustar, fiquei olhando pra baixo umas vezes.


- Uma latinha de coca-cola – Pedi pra mulher da cantina e ela me entregou a lata gelada, ardendo na minha pele.


- Por favor, Alexandra, me diga – Pediu pela terceira vez Sabrina, querendo saber o que estava acontecendo.


- Eu digo, só que outra hora, eu não to com muita vontade de contar agora.


Sentamos-nos à mesa de sempre, eu, Sabrina e Fernando.


- Ei, vamos ao cinema esse fim de semana? Eu estou querendo assistir 2012desde que lançou, dizem que é muito bom – Fernando disse


- Legal, vamos ver o mundo se acabando!- Sabrina riu – Se quiser ver o mundo se acabando ligue no Jornal Nacional, é mais real, acredite.


Ele revirou os olhos


- Eu estou é querendo ver Lua Nova – Ela riu – Edward  – Ela suspirou


Beberiquei minha coca cola, prestando atenção na conversa.


- E você Alex? – Fernando olhou pra mim


Dei ombros – O fim do mundo parece legal para mim – Eu que não estou querendo ver um filme romântico essa hora


- Ai, Alex. Não pode escolher Lua Nova pra mim não? Cara, eu queria tanto assistir -  Ela suspirou


- Eu não estou para filmes românticos esse momento, obrigada – Falei, ignorando o blábláblá dela sobre Lua Nova.


- A maioria vence – Fernando deu um sorriso vitorioso e Sabrina deu um empurrão de leve no ombro dele, fazendo os dois rirem, argh, puro romance juvenil.


- Então, essa sexta né? – Falei interrompendo


- Pois é, eu vou checar os horários.


- No shopping perto de casa não – Falei – Eu fui meio que expulsa de lá, um mês.


 Pois é, os dois riram. Depois das ultimas aulas e o sinal de fim de aula finalmente tocar, saí sem pressa com minha bicicleta preta pra casa, o mesmo trânsito de sempre, que eu passava facilmente, em uns 20 minutos eu cheguei em casa. Joguei minha bicicleta de qualquer jeito no jardim e fui tomar banho e me vestir. Almocei com Gorete me contando sobre o ultimo babado no bairro dela, eu acenava fingindo prestar atenção, Gorete é legal, mais às vezes, fala pelos cotovelos. Fui para o quarto, fazer o dever de biologia, enquanto eu tinha vontade o suficiente de fazer. Ouvi uma discussão fora do meu quarto, mais não prestei atenção, fiquei concentrada na pergunta de biologia, que merda é essa?  Saltei da cadeira quando abriram a porta do meu quarto, bom, nem é mesmo por ter aberto, é mais de quem saiu de lá. Ele.  Não estava sorrindo, estava preocupado, sua boca estava rígida, seus olhos, apreensivos.


- Oi – Eu falei, meio que um sussurro


- Oi – Ele ficou em pé no pé da porta.


- Senta – Eu apontei pra cama, eu não queria que ele ficasse em pé, ele se sentou na minha frente.


- Eu fui muito duro com você ontem, desculpa – Ele disse me olhando


- Tá bom, mas é tudo verdade que você falou mesmo. Você só veio se desculpar comigo?


- Ontem, eu falei porque eu estava irritado, e não, você não é fraca nem covarde como eu falei ontem, você é a pessoa mais durona que eu conheço – Ele riu – Eu que fui o idiota. Eu vim pra confirmar uma coisa.


- Que coisa? – Eu falei, meio que foi um estrondo, porque o quarto estava muito silencioso, estávamos muito próximos, centímetros pra falar a verdade, a respiração dele estava irregular, igual a minha,a tensão era tanta, e me deu um deja vu, meu sonho. Ele se afastou e estendeu a mão dele para mim, rapidamente, me tirando do transe.


- Amigos? – Fiquei atordoada, ele queria ser meu amigo?


Apertei a mão dele hesitando.


- Amigos – Sorri fraco, amigos pareceu soar como um palavrão agora


Ele sorriu também, mais num instante se tornou uma careta.


- O que você estava fazendo antes de eu chegar?


Fiz uma careta pro meu caderno e livro na escrivaninha.


- Tentando quer dizer, meu dever de casa de biologia.


Ele se levantou e deu uma olhada no meu caderno.


- Tomara que seu professor não veja isso, você está lascada- Ele disse com o rosto no meu ombro.


- Biologia é um saco – Bufei


- Qual é sua matéria favorita então?


- Recreio  - Sorri


- Muito engraçado, Alex


- Cadê a Alana? – Falei com uma pontada de magoa


 - Ela tem o curso de inglês dela hoje.


È claro... Todas as patricinhas precisam saber inglês direitinho, para quando estiver nos Estados Unidos, baby. Meio que saiu um rugido da minha boca.


- Como vocês se conheceram? – Perguntei ironicamente, vai ver foi no shopping


- Do colégio – Isso também serve


- Você gosta dela? – Eu perguntei, meu coração deu uma pontada de dor, o que ele viu nela?


- Ela é... Legal -  Legal? Tá bom, eu to besta com isso – Eu gosto dela... – Ele completou, meu coração fraquejou dessa vez, olhei para baixo.


-Hum... Nossa – Eu falei


- Pois é. – Ele se levantou – Eu já estou indo, eu tenho um dever de casa para fazer também.


- Peraí – Eu me levantei também – Quer ir ao cinema sexta? Como amigos? Meus amigos também vão estar lá, você pode conhecer eles e... Iria ser legal – Convidei desesperada


- Que filme?


- 2012 –  Eu ri


- Nossa, que legal, vamos ver o mundo acabando – Ele falou igual a Sabrina – Ok, iria ser legal


Ele me abraçou forte, eu suspirei, só amigos, o cheiro de sabonete dove dele invadiu meu nariz, não querendo mais me separar dele, senti segura, feliz, protegida, até que ele me soltou.


- Tchau – Ele acenou pra mim, saindo do meu quarto.


- Tchau – Falei acenando também, só amigos, bons amigos.


 Assim que ele partiu, eu cai derrotada na minha cama com os olhos fechados. O que acabou de acontecer?  Suspirei, amigos? Amigos. Tão próximos, quase meu sonho ia se tornar real, e aparece essa palavra, amigos.  Deu vontade de correr até ele e agarrá-lo, mais eu deixei o escapar, e quem agarra ele é logo aquela Alana, dá vontade de arrancar aquela peruca falsa e jogar longe. Porque ela? E por misericórdia, porque eu estou assim? Eu já disse que eu não ia chorar mais, pois é. Alias, ser amigos não é uma coisa tão ruim, será que eu ainda posso lutar por ele? Sim. Levantei da cama, com uma idéia na cabeça : No amor e na guerra, tudo vale.


 Peguei meu celular e liguei para Sabrina.


- Sabrina? 


- Alexandra? É você?


- Sim sou eu, eu só quero saber se você pode vir aqui para casa hoje


- Hoje não dá, eu tenho meu curso de inglês.


Coincidência ou não?


- Curso de inglês?


- Sim, o que eu faço no CCAA, lembra?


- Tem uma Alana na sua turma?


- Sim, por quê?


È pura coincidência


- Nada não, eu a conheço de um lugar. Mais me diga, e amanhã dá?


- Pode ser, o que você quer Alex?


- Amanhã eu te digo


Desliguei o telefone, com um sorriso malicioso na cara, que a guerra comece. Coloquei meu som as alturas e dancei, vitoriosa, meu plano estava na cara. Alana vai ver o que é bom para tosse.


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