SEGUNDA FEIRA

03:07AM

... John acorda ao sentir o movimento na cama, passa a mão nos olhos e vê Sherlock ao seu lado, com os olhos assustados.

–Sher... -passa novamente a mão nos olhos, pra se certificar do que esta vendo- Sherlock!-fala um pouco surpreso e olha ao redor para ver a hora- São 3 da manha...

–Não consegui dormir.

–Ainda pensando naquilo?

–Não sei nem... Nem o que pensar!

–E veio compartilhar sua insônia comigo?! Legal!

–Desculpa, não era minha intenção te acordar.

–Veio ate meu quarto pra que então?-diz após um bocejo sentando-se na cama.

–Não sei, te ver e tentar entender talvez.

–O que você precisa é dormir, por que não toma algum desses seus experimentos? Talvez funcione.

–Já pensei nisso!

–Então?

–Não é isso que eu quero.

John olha para o lado sem mais soluções e volta a olhar para Sherlock.
–O que você quer...?

Ao se virar para Sherlock se deparou com o mesmo o olhando fixamente e aproximando rosto cada vez mais ao seu, John por sua vez, não consegue ter nenhuma reação a não ser a surpresa e o medo em seu olhar do que pode acontecer, o rosto de Sherlock se aproximava cada vez mais, John tenta falar algo.

–Sher... – John é interrompido por um pensamento rápido seguido de um calafrio.

–Entendeu não é?!

–... Sheeerlock, não me venha com suas ideias malucas, por favor.

–John, John eu... Eu preciso...

–O que?! Não! Sherlock!

–Vai ser rápido, eu prometo que...

–Que o que?

–Que quando você acordar hoje de manha você não se lembrar de nada, nem mesmo daquela conversa.

– E acha que vou conseguir voltar a dormir?

Sherlock respira fundo e olha para ele de maneira direta e persuasiva, John respira e desvia o olhar por um instante logo voltando sua visão para Sherlock e o olha de um jeito interrogativo e preocupado, a ponto de ter um surto.

–Posso???

Sherlock entende o silencio de John como sim, ele percebe cada mínimo detalhe da reação de John e tenta acalma-lo e prepara-lo para o que esta por vir- Eu acredito que o melhor seria fechar os olhos!-Sherlock se aproxima ainda mais e John fecha os olhos e Sherlock por sua vez, ainda pelo medo do que pode se passar por dentro de si, aproxima sua boca lenta e cuidadosamente da boca de John e o beija, pra sua surpresa John simplesmente deixa fluir. John tenta se controlar e entender tudo que esta acontecendo, por um lado pensa nos danos, talvez irreversíveis, que isso irá causar ao seu psicológico, mas pelo outro pensa no bem que, de alguma maneira, está fazendo ao seu melhor amigo deixando-lhe por a prova um sentimento totalmente novo que chegou de uma maneira repentina e diferente no universo de um ser que não acredita em nada além do que a razão possa explicar, a cada segundo Sherlock consegue sentir a apreensão de John.

Já no caso de Sherlock, mil e uma coisas se passam dentro daquele homem de ferro, dentro daquele corpo exilado do mundo e naquela mente onde acreditava estar armazenado o real sentido da palavra amor. O coração esta a mil, as emoções a flor da pele, só em pensar que o que ele mais temia era verdade e que John tinha razão sobre o que falava... Ao cair a ficha de que estava no quarto de John as 3 da madrugada, na sua cama, o beijando, sentindo seu cheiro, e seu calor tão convidativo, cada vez que o beijava sentia que seu controle sobre si mesmo e sobre seus atos eram consumidos pelo prazer e pelo desejo proibido, que porem não lhe foi negado, a cada beijo ia inclinando John sobre a cama fazendo-o deitar-se novamente.

– Deite-se, vamos, deite-se...

–Sherlock, o que está tentando fazer?

–Cumprir com minha promessa!

–O que...?

Em meio a suspiros e beijos aplicou uma injeção que fez John sentir uma pequena pontada e adormecer em questão de segundos. Sherlock está nervoso, descontrolado, e vendo John deitado à sua frente, sai do quarto antes que faça uma loucura.

Depois que John foi se deitar Sherlock se empenhou em algo novo, trabalhar em uma substancia que apagasse da memoria tudo o que a pessoa, que tome a substancia, viveu nas ultimas 24 horas, e arriscando-se, resolveu testar em sua cobaia, o pobre John, e esperar o resultado na manha seguinte.

10:03AM

São 10 da manha, e Sherlock escuta o bater de uma porta, a do quarto de John, e um arrastar lento de chinelos pelo corredor, é John procurando por ele.

–Bom dia Sherlock!-John o cumprimenta ainda sonolento-

–Bom dia, acordou bem?

–Com uma dor de cabeça leve, mas estou bem, obrigado. E você como acordou? Você dormiu feito uma pedra depois que te dei aquele comprimido.

–Bem, obrigado por ter se preocupado comigo, você e a Ms. Hudson. Desculpe ter dito todas aquelas coisas com você na sexta. Vi que é inútil tentar competir com sua namorada, por sua atenção.

Sherlock sente um enorme alívio por dentro, após horas de sofrimento, arrependimento e angustia esperando que John acordasse.

–Pode ser! Talvez você nunca entenda o real sentido de ter alguém, assim como eu tenho a Sarah.

–Talvez... –Sherlock fala encarando o nada, lembrando do que acontecera há algumas horas atrás.

–A proposito, falando de sexta, você foi dormir sem me dizer porque foi embora de novo depois de ter voltado pra cá por volta das 11:00PM, o que aconteceu?

–Ah, é... que... a, porta, estava... trancada, é! Foi por isso.

–Trancada?! Tem certeza porque eu...

–Claro que tenho, se não porque eu não teria entrado?

–Não sei!!

–Você não ia trabalhar hoje? Já são 10:10AM.

–No domingo? Tá louco?

–Hoje é segunda feira John.

–QUE??? Não mas... a nossa conversa foi...

–Ontem, no domingo, logicamente hoje é segunda não?

–Que? Não, mas... é... você saiu na sexta e volto no sábado quando...

–Quando eu fui dormir, e fiquei o dia seguinte inteiro no quarto e de noite você foi falar comigo.

–Domingo, domingo?

–Não lembra?

–Não, não lembro de domingo.

–Uma pena! – Sherlock sorri.

–Ah quer saber, esquece.

Quando John se retira, Sherlock pensa no que fazer pra tirar da cabeça essas ideias confusas que o estão fazendo perder o controle da razão, ou pelo menos ele acha estão...

–Melhor preparar mais duas doses daquela substancia. Quem sabe três.

~Fim~