A Fórmula da Eternidade escrita por RobertaC


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oi people :)espero que gostemcomentem muito...beijos



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Foi há um bom tempo. Doze anos para ser precisa. Eu era pequena, tinha apenas cinco anos de idade.

Não me lembro de muita coisa. Apenas que a família de algum nobre com um titulo mais importante que o de meus pais, Conde e Condessa de York, estava vindo fazer uma visita.

A casa estava de cabeça para baixo. Os empregados corriam, carregando enfeites, limpando, espanando e cozinhando. Meu pai tinha se trancado em seu escritório e proibido qualquer um de entrar lá para atrapalha-lo, minha mãe estava ocupada tentando colocar ordem em tudo.

Eu deveria estar sob os cuidados da babá ou da tutora que normalmente eram destinadas a mim. Mas a confusão de atividades na casa me permitiu escapar de seus olhares severos.

Eu não podia ir para os jardins sozinha. Eram amplos demais, com árvores muito altas, flores com espinhos afiados e lagoas muito fundas onde eu poderia me afogar. O terror das descrições contrastava a beleza pacífica da paisagem.

Brincar com os filhos dos empregados era uma proibição maior ainda. Meus pais eram bondosos o suficiente para permitir que as crianças brincassem na propriedade, mas eu não poderia juntar-me a eles.

"Uma dama" diziam "deve ser educada como tal", por isso passava minhas manhãs na ala infantil da casa, com a tutora. E quando eventualmente fazíamos caminhadas pelos jardins, era levada pela mão, para evitar uma possível fuga.

"Seria muito impróprio", explicava a Srta. Wiesel, minha babá "se a pequena Lady Elizabeth se misturasse com aquelas pobres crianças com as mão sujas de terra e as vestes manchadas de grama."

Devo confessar que, se fosse por mim, eu iria todos os dias. Além do que, não há nada melhor para atiçar a curiosidade de uma criança do que impedi-la de algo. E quando, naquela tarde, pude escapar, corri para os jardins e para as crianças que lá estavam.

Não eram muitas, mas eu me lembro de apenas dois meninos. Não me recordo de seus nomes, e sua aparência física me escapou da mente há muitos anos. Sei apenas que se tratavam de dois irmãos. O mais novo era um ano mais velho que eu, e o mais velho dois. Dentre todas as crianças, eles eram os que tinham a idade mais próxima da minha, creio que, por isso, me aproximei mais deles.

Os dois garotos me convenceram a ficar descalça, coisa totalmente proibida para mim em qualquer circunstância, me ensinaram a subir em árvores e colher as frutinhas boas, nós brincamos de exploradores e corremos pelo gramado, cavando, rolando e nos escondendo dos horríveis animais selvagens criados pela nossa imaginação.

Mas o que mais me impressionou aconteceu depois, quando, já de tardezinha, nos sentamos às sombras das árvores para descansar.

"O que faremos agora?" perguntei, me sentando de pernas cruzadas.

"Ah, eu não sei..." o mais velho dos meninos deu de ombros e encostou as costas no tronco enquanto chupava um fio que arrancara da grama.

O mais novo então largou-se no chão, passando os braços por trás da cabeça para apoiá-la e olhou para o céu por um instante, como se esperando que uma ideia caísse de lá.

"Podemos contar histórias." ele disse por fim "Você conhece a história da forca?"

"Não, conte-me!" pedi "É uma história bonita?"

"Se é bonita?" espantou-se o mais velho "Bem... suponho que seja, de certa forma. É uma história de amor, você gosta de histórias de amor?"

"Gosto de histórias de amor." confirmei, pois era o único tipo de história que conhecia.

Príncipes e princesas, ervilhas em colchões, sapatinhos de vidro e maças envenenadas... Contos de fadas eram o meu único repertório de história e todas elas eram histórias de amor.

"A história aconteceu no vilarejo, antes de nós nascermos." começou o mais velho e, para ficar confortável, decidi me deitar como seu irmão, olhando para o céu "John Baines era um jovem moço que vivia por aqui. Ele era um criado. Levava as mensagens que seu senhor mandava, cartas, coisas assim. E tinha se apaixonado pela filha do Duque para quem trabalhava. Lady Victoria, a filha do senhor, também amava John Baines e queria casar-se com ele, mas ambos sabiam que o duque nunca permitiria tal união. 'Um criado e uma Lady? Onde já se viu?' o velho diria.

Então o pobre John trabalhava muito. Noite e dia, sem parar, porque queria comprar umas boas joias de ouro, tão caras quanto as que a rainha usa, para presentear sua amada e mostrar para seu senhor que era digno da jovem Lady.

O amor dos dois era grande, porém. Grande demais para esperar. Eles se encontravam todos os dias, em um canto afastado do jardim, escondidos pelas árvores. Lady Victoria fazia suas caminhadas solitárias todos os dias e pedia para que ninguém tentasse encontrá-la durante esses pequenos períodos de tempo.

Mas a relação secreta que eles tinham não impedia outros homens de cortejar e presentear Victoria.

A moça fazia de tudo para evitar os pedidos de casamento, mas seu pai já estava perdendo a paciência, ela completaria vinte anos em breve e se voltasse de Londres solteira mais uma vez, depois de três temporadas como debutante, mancharia a imagem da família.

Então, quando o filho rico de outro nobre que morava por perto apareceu e a pediu em casamento, foi o duque quem aceitou no lugar da filha.

Com o coração partido e com lágrimas escorrendo pelo seu rosto, Victoria correu para encontrar seu amado e explicar-lhe o que havia acontecido.

O desespero dos dois amantes para passar todo o tempo que podiam juntos tornou-os mais descuidados e os encontros passaram a ser mais frequentes. Foi assim que um dia o futuro marido de Victoria os achou.

Com ciúmes e raiva, ele contou para o duque, que imediatamente mandou prender John Baines. Acusado de assédio e traição ao seu mestre, John Baines foi condenado à forca e, apesar dos inúmeros protestos de Victoria, morto um dia depois.

A dor era tanta em seu coração que, de desespero, a jovem se matou na véspera do casamento. Junto ao seu corpo ensanguentado, eles encontraram um pequeno pedaço de papel.

'Estou indo encontrá-lo. A morte apenas me levará até ele.' eram as palavras que ela havia escrito.

O velho Duque ficou doente pouco depois, enlouqueceu. Falava que o fantasma de sua filha e do homem que ela amara o visitavam. Que via seus corpos todas as noites e que suas vozes falavam com ele.

Dizem que o velho estava certo, pois todas as noites ainda se pode ver, duas figuras escuras, um homem e uma mulher, caminhando de mãos dadas perto da forca do vilarejo e pelos campos onde costumavam se encontrar."

Me lembro de que quando ele terminou de contar, fiquei quieta olhando para a copa da árvore acima de nós. Era uma história de amor, mas para mim foi assustador saber de fantasmas e espíritos, que andavam pelo vilarejo durante a noite.

Não falamos muito depois disso, pois as empregadas me acharam e vieram me buscar. Ficaram horrorizadas com o meu estado: suja e descabelada. Passaram o que pareceram horas me limpando e, por fim, colocaram-me para dormir.

Tive pesadelos naquela noite. Algo com fantasmas, mulheres gritando e homens sendo enforcados. Acordei chorando, minha mãe e meu pai vieram correndo de seu quarto para me acudir, quando a babá lhes explicou o que acontecia.

"O que há, querida?" papai perguntou, preocupado.

"Teve um sonho ruim?" mamãe sentou-se ao meu lado, sua expressão se suavizou quando assenti "Ô, meu amor... sonhos ruins não são reais. Não precisa temer. Vamos, volte a dormir, acha que consegue?"

"Cante para mim mamãe." lembro-me de pedir.

"Certo, vou cantar. Mas depois terá que dormir, está bem?"

Fiz que sim. Ela colocou-me sobre suas pernas e começou a acariciar meus cabelos, enquanto cantava.

Com os olhos já pesados, lembro-me de tê-la ouvido cantar os versos do refrão da antiga canção de ninar:

"Just close your eyes

The sun is going down

You'll be all right

No one can hurt you now

Come morning light

You and I'll be safe and sound."


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, amanhã vou postar o primeiro capitulo :)



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