Ira escrita por AHSfan


Capítulo 1
Fúria




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Crash! Ela bateu com toda força de seus braços magros na TV de plasma que se estilhaçou por todo lado. A fúria ardia por seus membros e ela sabia que não seria capaz de parar. Foi para a estante dos quadros que ele mantinha e destroçou um por um. Massacrou fotos, cortando-se por acidente com o vidro que escapava de seus dedos como sangue. Insanamente ela se enfurecia e gritava. Seus lábios tremiam. Ele não está aqui. Ele nunca esteve! Arremessou a cpu pela sala e bateu uma,duas,cinco vezes até que não restasse nada do monitor.Ela ergueu o bastão de beisebol e saiu em busca de qualquer coisa que estivesse a sua frente. O micro-ondas, partido ao meio pelo surdo impacto do bastão. Ela levantou os braços sob a cabeça e bateu novamente.

Em seguida a geladeira foi violentamente derrubada, chutada e socada. Ela ergueu-se e dirigiu-se ao fogão quebrando o vidro externo do forno e desmontando, a cada golpe, o fogão em si. Seu corpo agora tremia e sangrava sem parar. Deveria doer, mas não doía. Pela primeira vez, ela não sentia dor. Sem pensar ela moveu seu corpo até as estantes de estoque e agarrou o máximo de coisas que pode. Jogou o que era solido na pia e derramou o que era líquido pelo chão.

Indo ao banheiro ela quebrou o Box, soltou a pia da parede, entortou o chuveiro e jogou os melhores livros dele na privada junto com os xampus e condicionadores. Ela dirigiu-se a cama. Ali ela quase parou, seus olhos se moveram rapidamente e uma lembrança quase surgiu. Então ela gritou furiosamente e se arremessou na cama. Pulou e pulou e chegou mesmo a morder os travesseiros até senti-los ceder sob seus dentes, rasgando-os em pedaços incoerentes e desfigurados.

Gritou até sentir que suas cordas vocais estavam completamente desgastadas e usadas. Como ela. Estava tão quente. Quem deixou o inferno aberto? Ela riu-se sozinha. Havia muito sangue em todo lugar. Ela passou a mão melada no rosto. Ah. O sangue era das suas próprias mãos. Ela riu mais um pouco.

Fa fa fa fa far better. Muito melhor sem aquela ridícula pintura que ele tanto amava também. Ela pensou que pasta de dente cairia muito bem no rosto desse rei babaca que estava pintado ali. Ela pegou os antigos pinceis de quando tinha vida, e, usando pasta de dente e sangue ela montou a melhor representação de Alex do filme Laranja mecânica já vista nos últimos anos. Ela afastou-se um pouco e sentiu que estava sendo observada. Por quanto tempo ela estivera se divertindo em sua pequena aventura? Então ela o viu. Ele estava parado feito uma porcaria de estátua. Como se nunca a houvesse visto. Seus cabelos tão estupidamente arrumados, com gel. Seu olhar impassível. A boca uma linha fina. O rosto tornando-se vermelho. Ele deixou cair à pasta de couro de suas mãos. Seu rosto belíssimo arruinado por uma expressão de dor. Ela sorriu debilmente. Alguma emoção, enfim. Ele caminhou lentamente até o quadro e seus olhos pareciam estar prestes a explodir. O coração dele parecia estar acelerado. Os lábios dele se moveram para falar, mas o som era mudo. Ela pensou em dizer algo. Impactante e doloroso, algo que o fizesse se arrepender pelo modo como a tratou durante todos esses malditos anos. Ela apenas sorriu novamente e concluiu que o que fizera foi o suficiente. Ela saiu do quarto. Ele a seguiu, os passos pesados atrás dela. Ela caminhou como se toda a bagunça na casa não fosse problema seu. E, em breve, quando ela saísse pela porta da frente, feliz e desimpedida, realmente deixaria de ser problema dela. Seus pés cambalearam para sair de vez da vida amarga que se envolveu, quando um aperto de mármore em seu pulso a parou. Sem entender bem o que acontecia ela virou-se lentamente. O olhar dele a perfurava.

“Vem cá.”

As palavras dele incendiavam com algo mais profundo, obscuro e sombrio que raiva. Paixão. Ela sentiu suas pernas tremerem de uma forma diferente. Ele a puxou e abraçou. Calor. Ela sentia seu calor através do frio terno. Cegamente ele procurou por seus lábios, arfando. Ela podia praticamente sentir seu desejo queimando por suas mãos grandes e quentes que a pegaram pela nuca e aproximaram-na do tão esperado beijo. Eles se beijaram e ela levitou por um instante. Levitou de simples prazer em poder ser tocada novamente pelo homem pra quem ela disse “sim” no altar. Em poder lembrar porque ela tinha amado tanto os lábios, doces, dele. Ela podia ver a si mesma derretendo de dentro pra fora, ansiosa de excitação, por ele como fizera anos atrás. Ela entrelaçou as mãos em seu pescoço e aproximou seu corpo do dele.


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Notas finais do capítulo

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