Eu simplesmente odeio essas histórias de amor cheias de açúcar e mel, porque isso nunca acontece, eu repito, nunca.

Com os meus atuais dezesseis anos, tenho certeza disso, pouca idade, não é? Mas e se eu dissesse que o meu coração fora partido inúmeras vezes? Vocês poderiam acreditar em mim?

Eu me apaixonei por um garoto, isso mesmo, um garoto. Ele era estranho, mas era uma pessoa tão amigável e feliz. Eu o vi jogar basquete com aquele sorriso enorme no rosto, empolgação e dedicação, por causa dele que eu entrei no clube de basquete. Então eu comecei a olhar para ele de uma maneira diferente, aquele cabelo azul escuro curto, sua pele morena, seus olhos imensamente profundos da mesma cor do cabelo, seu sorriso, suas palhaçadas... Sem perceber, eu me apaixonei pelo prodígio Aomine Daiki.

E eu não sabia que as coisas iriam mudar tanto.

Eu, ele e meus outros colegas de time, nós somos conhecidos como "Geração dos Milagres", por sermos talentosos no basquete e mais um monte de coisas desnecessárias. Eu comecei a sair com ele nesse meio tempo, eu estava extremamente feliz e cada vez mais apegado a ele, típico de alguém apaixonado. E então aquilo ocorreu, os talentos dele falaram mais alto e ele perdeu aquele sorriso e a empolgação na hora de jogar basquete, virou alguém fechado, e aquilo me atingiu.

Nós tinhamos feito sexo algumas vezes, eu consigo lembrar da nossa primeira vez, mas não gosto. E aquilo não passou de sexo, o único que realmente tinha "amor" para dar ali, era eu.

Exatamente, meu amor não era recíproco.

Eu demorei em descobrir isso, não, na verdade, eu não queria acreditar. Ele gemia o nome de outro ou outra, sempre estava olhando para todos, menos para mim. Minha personalidade é meio irritante, eu sei, eu sou muito grudento e chorão. Ele era forte e arrogante, somos opostos, eu gostava de acreditar que os opostos se atraem.

E no final eles nunca se atraíram de verdade.

Um dia, eu tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida, iria encerrar aquele relacionamento. Eu simplesmente cansei de amar e não receber amor de volta, porque eu estava morrendo por dentro aos poucos. No exato momento em que eu saí de casa, vi ele do outro lado da rua em um restaurante, mas ele não estava comendo, estava beijando alguém. Minhas pernas ficaram moles e eu cai sentado no chão, observava aquela cena cada vez mais aflito, aquilo era mentira, certo?

Então meu olhar mudou, eu vi o quão idiota eu fui. Levantei e esfreguei os meus olhos com força, deixando algumas marquinhas e fui até o restaurante. Cheguei perto da mesa dele e o puxei pela gola da camisa, arrastando-o para fora dali sem me importar com nada.

– OE, KISE! QUE MERDA É ESSA? – O joguei contra a parede de um beco e o encarei.

– Eu que deveria estar perguntando! VOCÊ ESTAVA ME TRAÍNDO, AOMINE!

– Traíndo? Não me faça rir, nós nunca tivemos nada pra ser sincero – Eu vi que ele simplesmente cuspiu aquelas palavras, eu deveria saber disso desde o início.

– TODOS AQUELES "EU TE AMO" E TODAS AQUELAS PROMESSAS FORAM FALSAS? VOCÊ TEM PENA DE MIM? DÓ DE MIM?

– Quer que eu te fale a verdade, Ryouta? Você era só meu brinquedinho, talvez eu tenha te amado, mas tudo era brincadeira de criança e você parecia estar adorando. Me chame do que quiser, monstro, estúpido, idiota, lixo, eu não ligo, entendeu? Aliás, nós estamos terminados, vá brincar de casinha com outro. – Enquanto eu falava, minhas pernas falharam em me manter de pé e eu cai de joelhos, cobri meu rosto já molhado pelas lágrimas. Toda a verdade caiu sobre mim e como aquilo doía... Ele foi embora e me deixou ali caído no chão e chorando.

Depois de uns cinco minutos eu levantei e sequei meus olhos com a manga da camisa, comecei a ter vagas lembranças de várias coisas, então eu sorri triste e sussurrei.

– Nós tínhamos tudo para dar errado... E demos.