Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 87
Natal... De novo não! -- parte 4


Notas iniciais do capítulo

Depois de tanta correria, vamos descobrir do que é feito o natal.



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Na manhã seguinte...

Dia 24 de dezembro...

Félix acordou no chão e se espreguiçou. Estava sem roupa, só com o lençol enrolado em sua cintura.

– O quê... Ah... Lembrei... – Sorriu. Levantou a cabeça e sentiu uma pontadinha. O vinho e a noite de amor selvagem havia deixado ressaca. Ele olhou para um lado e viu a garrafa de vinho na qual não havia sobrado uma só gota para contar história. Olhou para o outro lado e viu sua visão diária do paraíso: seu amado carneirinho, completamente nu, deitado de bruços.

– Ah, que coisa mais linda! Como é gostoso! – Deu um beijo em seu rosto e acariciou sua pele. – Do jeito que estava ontem, e ainda bebeu metade do vinho sozinho, esse meu carneirinho não vai acordar nem tão cedo! – Levantou e cobriu Niko com uma parte do lençol. Achou que ainda fosse cedo, pois as janelas estavam fechadas. Foi à cozinha tomar um copo d’água. Estava tranquilo, despreocupado mesmo lembrando que tinham um dia atarefado pela frente. Bocejou, começou a beber sua água, mas, ao olhar para o relógio, se engasgou.

– Carneirinho! Carneirinho! Acorda!

– Hum... – Gemeu.

Félix foi até ele, chamando:

– Acorda, carneirinho! Levanta!... – Começou a balança-lo dando beijinhos em seu rosto. – Carneirinho, meu amor, levanta... Rápido, criatura!

O loiro gemeu de novo e abriu os olhos. Perguntou ainda se espreguiçando. – Que foi, Félix? Por que tá gritando?

– Não estou gritando! Estou te chamando com todo carinho possível para você não acordar reclamando comigo!

– Amor... Por que eu reclamaria? Hein?! – Sorriu.

– Eh eh... Carneirinho! Já são quase onze horas!

– Ah é?... – Então o loiro se deu conta. – O quê?! – Levantou num pulo. – Onze horas?! Mas já tá muito tarde, Félix! Temos um monte de coisas pra fazer...

– Pelas contas do rosário, eu sei! Vem, vamos nos vestir e começar a arrumar tudo isso...

Dentro de pouco mais de duas horas arrumaram a casa toda como podiam e colocaram alguns dos enfeites de natal que já tinham de outros natais. Até que...

– Ai carneirinho, vamos parar um pouquinho! Tô cansado e morrendo de fome...

– Eu também! Só que eu não fiz nada para o almoço...

– Vamos pedir uma pizza! Pronto! Aproveitamos e descansamos um pouquinho! Senão mais tarde eu vou estar acabado! Vou desmaiar depois de acabar a ceia!

– Acho que eu também! Vou ligar pra pedir a pizza então...

Algum tempo depois a pizza chegou. Quando terminaram de comer, já mais descansados, Niko lembrou-se dos pratos que Félix havia preparado no dia anterior.

– Hum, Félix... Eu tô com vontade de experimentar alguma daquelas delícias que você fez! Você vai deixar?

– Carneirinho, acabamos de comer uma pizza inteira, só nós dois! Você ainda quer comer mais?

– Não, seu bobo! Eu só estou curioso pra provar o que você cozinhou!

– Ok... Espero que você prove e aprove! Vou pegar...

Félix pegou um dos pratos no freezer e esquentou no microondas.

– Pronto, Niko, agora tira só um pedacinho. Não vai comer demais!

– Ai, claro que sim né?!

Niko pôs uma colherada na boca. Começou a mastigar, mas achou algo estranho.

– Que foi, carneirinho? Não tá bom?

– Hum... Espera... – Disse ainda sem engolir. Pegou mais um pouco.

– Olha aí, já vai comer mais do que deve...

Mas a cara de Niko era de quem não estava gostando nada. O loiro até tentou engolir, mas acabou pegando um guardanapo e cuspindo tudo.

– Tá tão ruim assim? – Perguntou Félix.

– Félix... Desculpa, amor, mas... O que você pôs aqui dentro?

– Ué, nada mais do que o que você escreveu...

– Acho que teve alguma coisa errada!

– Não fiz nada de errado, tá?! Pelas barbas do profeta! Tudo que eu fiz foi seguir suas instruções... Inclusive, os ingredientes acabaram e eu peguei mais na despensa...

– Pegou mais? Mas eu nem havia comprado mais coisas!

– Como não?! E aquela caixa cheia lá?

– Caixa?! – Niko correu para a despensa. – Félix!

– Que foi, criatura?

– Você usou o que tinha nessa caixa?! Eram os produtos vencidos que eu trouxe pra jogar fora!

– A-ah... – Félix desviou o olhar e ajeitou a sobrancelha.

– V-você... Você fez a comida com produtos estragados, Félix?!

– Epa! Não me culpe! Como eu ia saber? Quem tem a ideia de jerico de colocar produtos vencidos dentro da despensa, carneirinho?!

– Eu te avisei que tinha trazido tudo pra casa por que no mercado não quiseram ficar! Eu ia jogar tudo fora depois...

– E jogou dentro da nossa despensa? Isso é burrice!

– Não me chama de burro! Quem é que faz uma receita sem olhar a data de validade nas embalagens, hein?!

– Ah! Tá querendo jogar a culpa toda pra mim agora?!

– Eu estou jogando, por que a culpa disso tudo é sua!

– Ah! Você traz essa maldita caixa pra cá e eu que sou culpado por que não prestei atenção? Só por isso?!

– Não é só por isso! É por tudo! Se você não tivesse inventado uma viagem idiota logo agora nada disso estaria acontecendo!

– Viagem idiota?! Você bem que queria ir...

– Eu nunca quis ir nessa porcaria de viagem, Félix!

Félix se calou por um instante e falou mais baixo, meio magoado, mas com raiva.

– Quer dizer que você não queria ir pra lugar nenhum comigo, é isso?!

– Não é bem assim, Félix...

– Não, é assim sim! Foi o que você acabou dizer! Que eu inventei essa porcaria de viagem idiota, que você não queria ir de jeito nenhum! É assim então? Faz o seguinte... Apronta sua festinha de natal como todos os anos, como você tanto gosta... Sozinho!

Félix foi para o quarto.

– Félix, volta aqui! Félix!

Niko ficou sem argumentos. Não acreditava que haviam acabado de ter uma briga bem na véspera de natal, e faltando apenas algumas horas para toda a família chegar.

Primeiro o loiro pegou aquela caixa e jogou no lixo. Depois, jogou também aquela comida estragada e começou a pensar no que fazer para compensar a perda de parte da ceia, mas só conseguia pensar no marido.

– Eu não devia ter brigado com ele... Eu também tive culpa por deixar aquela caixa aqui, devia ter jogado fora logo... Tenho que pedir desculpa ao Félix!

No quarto, Félix refletia.

– Eu não devia ter brigado com ele... Eu também tive culpa por não ter olhado o prazo de validade daquelas coisas... E por ter essa ideia de viajar logo agora... Tenho que pedir desculpa ao carneirinho!

O moreno levantou da cama e ia saindo, mas quando ia pegar na maçaneta da porta, Niko a abriu.

– Félix?...

– Carneirinho...

Os dois exclamaram ao mesmo tempo:

– Me desculpa!

Então sorriram um para o outro e se abraçaram. Deram um beijo e combinaram:

– Nada de brigas nesse fim de ano! Prometido?

– Prometido! Nada de brigas nunca mais!

– Vai ser meio difícil... Casais sempre brigam! Mas o que importa é que nosso amor seja maior que tudo!

– Eu te amo, carneirinho!

– Também te amo! – Beijaram-se de novo e Niko o puxou para fora do quarto. – Agora vamos, meu amor, que temos um natal para salvar!

– Pelos presentes dos reis magos! Temos quatro horas para fazer isso antes dos nossos filhos chegarem e em seguida o resto da família!

– Pois vamos bater um recorde hoje, Félix! Ei! Eu tive uma ideia para a ceia! Era algo que fazíamos quando eu era novinho na casa dos meus pais! Como a gente não tinha condições de fazer uma ceia grandiosa pra toda a família, nós convidávamos os parentes mais próximos e pedíamos que cada um trouxesse um prato, seu preferido! Assim tínhamos uma ceia farta e que agradava a todo mundo...

Assim fizeram. Na próxima hora eles se dividiram entre as tarefas. Enquanto Niko ligava para todo mundo e preparava na cozinha o prato principal da festa, Félix decorava o restante da casa com os enfeites antigos que tinham guardados.

Algum tempo depois...

– Pronto, carneirinho! Vamos dizer que fizemos uma decoração para relembrar os outros natais que passamos nesta casa, que tal?! Afinal eu misturei tudo que a gente já tinha mesmo...

– Adorei a ideia! Está tudo tão lindo, amor! Você tem muito bom gosto!

– Óbvio que tenho! Me casei com você!

Niko sorriu e enlaçou seu pescoço.

– Eu acho que é porque tudo que você faz você faz parecido com você! Por isso que tudo que você faz fica assim tão lindo!

– Eu sei que sou maravilhoso, carneirinho! – Enlaçou sua cintura. – Sabe que... Ainda temos uma hora livre...

– É? – Niko lhe deu um selinho e disse com um sorrisinho: - Então vamos aproveitar...

– Para quê?

– Para... Terminar o que falta fazer e descansar né Félix?! Abaixa esse fogo!

Félix o soltou. – Nossa... Você hein?! Estraga prazer...

Poucos minutos depois, Niko acabava de ligar o forno com o peru que havia comprado no dia anterior.

– Prontinho! Acabamos! Agora eu vou marcar o tempo certinho que esse peru vai ficar pronto! Ele vai sair do forno direto para a mesa!

– Agora vem, carneirinho! Vamos ficar ali no sofá mesmo? Pode ser que esse forno apite de novo e você não ouça de lá!

Foram. Niko deitou no sofá e Félix se aconchegou nos braços dele. Dentro de dois minutos os dois já haviam adormecido.

.

.

.

Anoitecia quando alguém ia chegando à casa. Outra pessoa já abria o portão.

– Fabrício?

O que abria o portão se surpreendeu e correu ao encontro do irmão.

– Jayme!

Os dois se abraçaram.

– Tá fazendo o que aqui? – Perguntou o mais novo.

– Eu liguei para nossos pais, disse que viria para o natal!

– Pensei que você ia passar o natal com a Angélica!

– É... Nós estamos mais ou menos separados...

– Mais ou menos? Vocês brigaram?

– Ela brigou comigo! Disse que queria um tempo pra pensar, queria ficar longe e quando eu fui atrás ela já tinha viajado com as mães! Acho que ela terminou comigo, sei lá...

– Que esquisito!

– Mas e você, tá aqui fora por quê? E essa mala?

– Eu deveria estar viajando agora sabia?!

– Ah é? O pai Niko deixou do jeito que ele é caseiro nessas épocas?

– Deixou! Sabe que o papi Félix sempre dá um jeitinho de convencê-lo né?! Mas a viagem não deu certo, com a chuva que caiu no Rio...

– Eu vi nos noticiários! Então, vamos entrar?

– Vamos... Mas, Jayme, eu tenho que dizer que eles também iam viajar...

– Nossos pais?

– É! O papi não queria comemorar o natal esse ano por que não ia ficar ninguém em casa, mas aí quando eu disse que ia voltar, eles resolveram ficar. Só que eu acho que nem vai ter natal, eles nem tinham arrumado nada...

– Ah que pena! Então... Eles não foram por nossa causa! Vamos entrar e dar um abraço neles, pelo menos né?!

Eles entraram... E se surpreenderam. A casa que estava linda, toda preparada para um natal em família, simples e aconchegante. A árvore que Félix montou era uma mais antiga que eles haviam guardado.

– Olha, Fabrício... Essa árvore era de quando você era pequeno! Você até arrancou um dos galhos aqui de baixo, olha... – Faltava um galho embaixo.

– Eh! Eu não me lembrava dessa! E esses enfeites? São novos?

– Não... Parecem uns que eu ajudei o pai Félix a comprar... E você foi também! Você até escolheu uns, mas talvez não lembre, você só tinha cinco anos...

– Cara, faz tempo... – Fabrício foi para a sala e voltou rindo. – Jayme, vem cá!

Os dois encontraram os pais dormindo no sofá. Cochicharam:

– E aí, a gente acorda eles? – Perguntou Fabrício.

– Sim! – Os dois se aproximaram prendendo o riso. Jayme disse algo no ouvido do irmão e ao que ele contou até três, os dois gritaram:

– FELIZ NATAL!

Niko e Félix deram um pulo do sofá. O loiro empurrou o marido que caiu no chão. Os filhos ficaram rindo.

Fabrício foi logo se pronunciando.

– Mas será que eu pichei as paredes do presépio pra chegar e pegar vocês dois dormindo no sofá essa hora?!

Félix logo retrucou.

– Eu que devo ter destroçado a manjedoura pra ser acordado dessa maneira pelos meus filhos!

Mas logo se recompuseram. Depois de darem muitos abraços nos filhos, eles contaram que sofreram um pouquinho para arrumarem as coisas, claro que não contaram todos os detalhes das trapalhadas que passaram. Também deram a notícia de que toda a família estava vindo.

Pouco depois já estavam todos prontos para receber os familiares.

Era quase sete da noite, quando Fabrício, observando a decoração, perguntou:

– Papis... Ficou tudo muito bonito, mas, eu tô sentindo falta de uma coisa...

– Que coisa?

– A parte que eu mais gosto... Os presentes!

Niko e Félix se olharam. – Os presentes! – Os dois correram, pegaram a chave do carro e saíram.

Jayme viu os pais saindo com pressa.

– Fabrício, pra onde eles vão?

– Sei não... Mas acho que eles esqueceram alguma coisa!

Menos de uma hora depois, os dois voltavam com o porta-malas cheio de presentes. Desceram do carro, se encostaram um no outro e respiraram aliviados.

– Batemos um recorde hoje, Félix!

– Só um recorde, carneirinho?! Acho que realizamos um milagre de natal, isso sim!

– Pois é... Vamos entrar! Vamos colocar isso tudo embaixo da árvore!...

Foram entrando pela porta da cozinha com sacolas cheias de coisas.

– E aquele carro ali?

– Quem será que já chegou!

Niko deixou as sacolas e correu para ver quem tinha chegado. Logo ficou emocionado quando viu os primeiros convidados a chegar.

– Pai! Mãe!

Eles já estavam com os netos. Niko abraçou os pais e logo depois Félix foi abraçar os sogros.

Eles colocaram os presentes embaixo da árvore e pouco tempo depois os outros começaram a chegar. Pilar com Maciel e Júnior foram os primeiros, seguidos por Paloma e sua família. Pouco depois chegaram os primos de Félix, Linda e Daniel, com seus respectivos companheiros, e seus tios Amadeu e Neide.

Como combinados com Niko, cada família chegava com seu prato para a ceia. A mesa dos Corona-Khoury já estava ficando mais cheia e mais bonita. Algum tempo depois, mais um carro chegou. De repente, Félix ouviu a vozinha de alguém que entrou gritando:

– Vovô Félix! Vovô Félix!

Logo virou para ela. Sua netinha, filha de Jonathan, adorava o avô e assim que saiu do carro, se soltou dos pais e foi correndo até ele. O avô orgulhoso logo a levantou.

– Oi meu amor! Como vai a menina mais fofa do mundo?

– Linda como você, vovô!

Jonathan e a esposa, Ana, chegaram perto.

– Pai! Você ensinou isso a ela desde que a gente veio da última vez, agora ela não para de falar que é linda como o avô!

– E ela está coberta de razão, Jonathan! Minha neta é linda, é minha cara!

– Não será por que ela se parece com o pai, Félix? – Perguntou Ana.

– Ana, querida, você tem bom gosto, por que o Jonathan saiu parecido comigo sim, mas a filha de vocês é a cópia do vovô, tá?! Dá licença! – Saiu orgulhoso com a neta nos braços. Os pais só podiam rir.

.

.

.

Família toda reunida... Mesa farta... Presentes pra todo mundo. Depois de tudo que passaram, tudo tinha dado certo no fim. A alegria se fazia presente na casa dos Corona-Khoury. Só uma pessoa não estava tão feliz: Jayme, que em um momento da festa deixou a sala e foi para o jardim sozinho.

Niko viu o filho sair e foi atrás dele.

– Ei, Jayme... Que foi, filho?

– Nada pai...

– Eu te conheço, filho! Está triste por que não está com a sua noiva não é?!

Suspirou. – Ah pai... Eu amo a Angélica! Não sei o que aconteceu para ela discutir comigo e depois ir embora assim sem nem me dizer para onde...

– Tem certeza que não houve nenhum motivo para ela fazer isso? Nenhum mal entendido?...

– Não pai! Eu não faço ideia do que houve! Ela só chegou pra mim um dia muito nervosa, eu estranhei o comportamento dela... Aí... Fiz umas perguntas, eu queria saber o que estava acontecendo!... Eu não sei bem quando a gente começou a discutir, mas ela saiu sem me dar explicação. E quando eu fui atrás dela, ela não estava mais em casa. Os vizinhos disseram que haviam viajado!

– Ah filho, que coisa chata... Mas não fica assim!... Vai que ela te esclarece tudo, fala com você quando aparecer... Vem, vamos entrar! É natal! Tenta ficar mais alegrinho, curtir um pouco a festa, a companhia de todo mundo...

– Vou tentar, pai!

– Vem... Não quero te ver com essa carinha! Eu vou entrar, você vem depois?

– Vou daqui a pouco!

Niko entrou em casa de novo. Jayme tirou, então, uma caixinha do bolso.

– E eu que queria tanto entregar esse presente a ela hoje!

Ali perto, Fabrício e Júnior iam caminhando para o jardim pegando na mãozinha da filha de Jonathan. Fabrício, com seu jeito cínico herdado de Félix, ia chateando Júnior que não gostava nada de ser chamado de...

– Tio! Oh tio... Fala comigo! Vai Mel, chama ele de tio, vai!

– O Júnior é meu tio! – Disse a pequena.

– Olha aqui, Fabrício, ela eu deixo me chamar de tio, você não!

– Ai Júnior... – Ajeitou a sobrancelha. – Será que eu soltei rojões de ano novo na sede da Microsoft pra você não me deixar te chamar de tio?!

– Deixa de ser chato, Fabrício! E para de falar igual ao meu irmão!

– Seu irmão é meu papi, portanto você é meu tio! E você não é tio da Mel, tá?! Eu que sou!

– E eu?

– Você é tio-avô dela!

– Ah! Cala a boca, Fabrício...

Os dois viviam brigando, mas eram os melhores amigos. Assim que viram alguém chegando a casa, Fabrício gritou chamando o irmão.

– Jayme! Jayme! Olha quem tá aqui!

Jayme olhou e seus olhos brilharam. Era sua noiva com suas mães. Ele logo correu até ela.

– Angélica!... Você... Você veio?... O que você tá fazendo aqui?

– Jayme... Desculpa ter viajado sem te avisar... Mas... Eu imaginei que você viria e queria mesmo te encontrar aqui!

– Por quê?... Por que você foi assim sem falar comigo?! Por que brigou comigo pra começar?!

– Jayme... – Ela respirou fundo. – Eu não queria brigar com você! Eu fiz isso pra poder você vir ficar com seus pais sem que eu tivesse que dar outra desculpa que você não acreditaria...

– Como assim, Angélica? Não entendo...

Ela o abraçou forte e sussurrou: - Eu te amo!

–... Eu também te amo!

Os meninos que estavam do lado de fora e as mães dela viam tudo, e Niko que já tinha ido buscar Félix também. Todos entraram em seguida.

Era hora de compartilhar os presentes.

Depois de todos só faltava os anfitriões, e Jayme e Angélica.

Niko e Félix haviam recebido presentes dos outros, menos deles mesmos. Os dois se olharam e se riram. Na correria de última hora haviam se esquecido dos presentes deles mesmos. Mas não fazia mal, estavam felizes mesmo assim.

E então foi a vez de Jayme se pronunciar. Pediu silêncio a todos, pois ia dar o presente de sua noiva. Pegou uma caixinha no bolso e se ajoelhou diante dela.

– Angélica, meu amor... Eu sei que já te pedi em noivado... Mas hoje gostaria de reafirmar esse compromisso!... Por mais que o casamento esteja fora de moda eu quero me casar com você e viver a vida inteira ao seu lado, vivendo um amor tão bonito e sincero quanto os dos meus pais!...

Niko e Félix se emocionaram.

–... Por isso hoje, nessa época tão linda do ano que é o natal, diante de toda essa família que me adotou e me deu tanto amor... Eu quero, quero muito formar uma família com você! Da última vez eu te perguntei se você aceitava ser minha noiva... Agora eu te pergunto... Aceita se casar comigo?

Todos estavam emocionados com a declaração apaixonada de Jayme. Angélica lhe abraçou, dizendo:

– Aceito! Claro que aceito!

Ele girou com ela nos braços e a beijou. Todos aplaudiram, mas antes de qualquer um se aproximar, ela pegou um papel enrolado com uma fita. As mães dela estavam muito emocionadas, pois já sabiam o que significava aquele presente.

– Este é meu presente pra você, meu amor!

Félix não podia deixar de soltar uma de suas piadinhas mesmo em meio à emoção.

– Jayme vai se casar e se formar ao mesmo tempo, gente?!

– Félix! – Niko lhe deu uma cotovelada. – Isso não é um diploma, não tá vendo?! Deve ser outra coisa...

– Eu sei, carneirinho... É brincadeira...

– Posso abrir? – Perguntou Jayme.

Ela consentiu com a cabeça.

Ele abriu e leu. E olhou para ela com uma expressão de confusão e extrema surpresa.

– O... Q-q-quê que é isso?

Ela tinha os olhos cheios de lágrimas. Com a voz embargada falou:

– É n-nosso p-presente de natal... Meu amor... E-eu... Estou grávida!

A surpresa foi geral. Não dava pra saber se quem se surpreendeu mais foi Jayme ou seus pais que se seguraram um no outro para não caírem.

– G-Grávida? E-eu vou ser pai? – Indagou Jayme.

– E-eu vou ser avô de novo? – Indagou Félix.

– E... Eu? Eu t-também vou ser avô? – Indagou Niko.

Ela confirmou.

Assim que a ficha caiu, Jayme a abraçou chorando e sorrindo.

Niko e Félix se olharam... Sorrindo e chorando muito... E se abraçaram muito forte. Haviam entendido que, definitivamente, aquele natal que começou tão mal acabou sendo o melhor de suas vidas. Que apesar de não terem ganhado presentes materiais, ganharam o que há de mais valioso. Além da companhia, do amor e da solidariedade de todos, ganharam mais um membro naquela linda família. Félix ganhou seu segundo neto, Niko, seu primeiro neto, Fabrício e Jonathan ganharam um sobrinho, e Jayme, antes tão triste e confuso, ganhou o presente de se tornar pai. Naquele natal, seu desejo e juramento foi ser o melhor pai do mundo, tão bom quanto os seus pais. Se existem verbos na conjugação mais que perfeita, Niko e Félix eram seus pais mais que verdadeiros, e seu maior exemplo. Era assim que ele queria ser para aquela criaturinha que estava no ventre de sua amada. Para ele, era a maior emoção do mundo e tinha um significado todo especial, ainda mais pela época do ano.

No fim da noite, já passava da meia noite, já era dia de natal, e o casal anfitrião, Niko e Félix saiu pelo jardim ainda desfrutando da novidade e da incomparável felicidade. Aquele seria, não só para eles, mas para cada membro das famílias Corona e Khoury, um natal inesquecível.


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Notas finais do capítulo

FIM!

FELIXZ ANO NOVO!!



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