Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 69
Learning How To Love -- V


Notas iniciais do capítulo

Continuação...



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Na manhã depois de fazerem as pazes...

Niko e Félix conversavam na cama ao acordarem após uma noite de amor. Eles haviam feito as pazes depois da briguinha que tiveram na porta do shopping e, após um abraço caloroso da parte de Félix, seu carneirinho lhe distribuía beijos pelo pescoço, até que o moreno perguntou:

– Ei Niko... Posso te fazer uma pergunta?

– Claro amor! Todas que você quiser!

– Posso... – Deu uma pequena pausa. – Saber se estou perdoado?

Niko deu uma gargalhada com a pergunta que já tinha uma resposta completamente óbvia. O olhou nos olhos e respondeu:

– É claro que está! Eu nem tinha o que te perdoar... – Suspirou apaixonado. – E você?

– Eu o quê?

– Você me perdoou pelo... Pelo showzinho que eu dei?! – Perguntou um tanto envergonhado.

– Carneirinho... – Félix segurou em seu rosto com uma das mãos enquanto a outra, ainda o abraçando, passeou por suas costas largas. – Eu preciso mesmo responder?!

Niko viu nele a expressão que queria ver, de leveza, compreensão, e amor por ele, e não necessitou de respostas.

Aquela massagem que Félix lhe fazia nas costas foi ficando aos poucos mais intensa. Niko fechou os olhos e se debruçou em cima de Félix que, por sua vez, deu-lhe um beijo na cabeça, outro perto da orelha, e tudo isso fazia o loiro arrepiar-se. Ele levantou a cabeça para olhar para seu amado e ambos, com uma enorme vontade de estenderem um pouco mais a noite, fizeram amor outra vez.

Como ainda era cedo, ficaram um pouco mais na cama, abraçados, aconchegados um nos braços do outro e então, Félix lhe perguntou:

– Falando francamente, carneirinho... Você terminaria comigo?

Niko ficou surpreso pela pergunta.

– Que pergunta é essa, amor? Logo agora depois do que a gente acabou de fazer?

– Só me responde!

Niko olhou em seus olhos. – É claro que não! Eu te amo!

– É que... Eu tenho dúvidas se posso te fazer mesmo feliz, carneirinho!

– Por que diz isso? – Niko se debruçou na cama para olhá-lo nos olhos. – Se eu não tenho dúvidas, por que você as tem?

– Por que... – Félix começou a enrolar os dedos nos cachos de Niko. – Eu... Já fiz mal a tanta gente, Niko... Eu não quero... De jeito nenhum, por nada nesse mundo, fazer ou sequer pensar em fazer mal a você!

Niko notou que Félix estava estranhamente emocionado.

– Félix... Eu te amo! E eu sei que você me ama! Como você poderia me fazer algum mal?!

Félix parou por um instante apenas contemplando aqueles olhos verdes que o olhavam tão profundamente e tão profundamente quanto ele os olhou e então, com um sorriso leve, falou:

– Você tem toda razão, carneirinho... Eu não conseguiria te fazer mal... Eu amo mesmo você!

Félix falou isso como se fizesse uma descoberta de algo já óbvio para todos, menos para ele. E assim era. Tais palavras eram tão raras de sair da boca dele quanto encontrar pérolas em ostras perdidas na praia. E tal como alguém que encontra uma pérola assim, Niko ficou com uma expressão extremamente surpresa e feliz. Seus olhos verdes prontamente se encheram de lágrimas e ele abriu um largo sorriso para logo deitar-se sobre seu amado, abraçando-o o mais forte que podia. Embora já tivesse ouvido essas palavras antes, agora saíram com uma incrível verdade.

Abraçando-o, Félix se sentiu amado, se sentiu seguro, se sentiu completo. Sentiu uma paz imensa, mas que só seria completa se ele contasse o que provavelmente seu carneirinho queria saber.

– Niko... É... Mesmo correndo o risco de você se chatear comigo de novo...

– Não, amor, eu não vou me chatear com você, de jeito nenhum...

– Niko, deixa eu terminar... – Respirou profundamente e o loiro o encarou vendo que o assunto parecia sério. – Mesmo correndo o risco de você não gostar do que eu vou dizer... Eu quero te falar... Quem foi o Alonso na minha vida!

Niko saiu de cima dele e sentou ao seu lado. Félix também sentou e o loiro perguntou:

– Quem... Quem foi aquele homem na sua vida, Félix? O que ele significou para você?

Félix pigarreou. – Não... Não pense que ele foi grande coisa... Você sabe que eu nunca tive alguém como você! Mas... Você também sabe que eu... Tive minhas... Aventuras...

Niko baixou o olhar. – Não me diga que esse homem foi pra você tipo... Aquele... Anjinho!

– Não, não, não foi! Não tem nada a ver... O Anjinho era uma válvula de escape do meu casamento... Já o Alonso... Ele... – Félix respirou fundo para criar coragem e falou: - Ele podia ter feito minha vida ser outra! Se eu não tivesse me acovardado, se eu tivesse enfrentado meu pai... Niko, eu... Eu acho que nem estaria aqui! Eu não seria o Félix que sempre fui... O Félix que você conheceu!

Niko percebeu que aquele homem se tratava de alguém importante no passado do Félix, talvez numa parte do passado que só importasse mesmo a Félix e a ele somente. Então, não o pediu para contar nada, apenas ficou calado, olhando-o com seu melhor olhar de compreensão.

Sem entender o silêncio de seu carneirinho, Félix indagou: - Não vai me perguntar nada?

Niko respondeu com toda certeza: - Não! Não preciso saber do seu passado mais do que já sei! Pra mim, o que importa é que você está aqui comigo agora, e o nosso presente é só o início do nosso futuro!

Félix sorriu emocionado e o loiro completou: - Mas, se você vai se sentir melhor se me contar... Eu estou aqui e sou todo ouvidos!

Engoliu seco com receio da reação de Niko. – P-posso te contar qualquer coisa, carneirinho?

– Pode! – Niko então segurou em suas mãos e falou com toda calma do mundo: - Félix... Antes de ontem mesmo você me disse que nunca contou a verdade a ninguém sobre sua sexualidade, que ninguém sabia... Por que esse homem sabia?

– Por... Por que ele também... Bom, vivia no armário, sabe...

– E? Quem foi esse homem na sua vida?

Félix, embora nervoso, sentiu confiança no olhar de Niko e na sua voz mansa e começou a contar...

– Carneirinho... Eu e o Alonso já... Ficamos...

– Ficaram?

– É... Nós... Tivemos u-um rolo, um caso... Antes de eu me casar com a Edith...

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.

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Na tarde do dia anterior, no shopping...

Niko se aproximava da saída com passos cada vez mais largos. Não queria nem virar para olhar para Félix que o seguia depressa, quase correndo. Já na saída, Félix o alcançou e segurou em seu braço impedindo-o de ir.

– Me solta!

– Não, carneirinho, vem cá...

– Me solta! – Falou mais alto.

Félix quase soltou, mas segurou ainda mais firme e falou sério.

– Não, não te solto! Você precisa me ouvir!

– Não, não quero ouvir nada!

– Ah, mas você vai querendo ou não! – Mudou de tom, pedindo, quase implorando: - Niko, carneirinho, por favor, me escuta! Não é nada do que você está pensando...

– Você não sabe o que eu estou pensando!

– Seja lá o que for, não é nada disso! Não tem por que você ficar assim, eu não fiz nada!

– Ah não... Não, Félix! Ou melhor, desculpe-me... Prefere que lhe chame de senhor Khoury na frente de seu amiguinho?! Porque pelo que parece eu só estava te ajudando a carregar as sacolas!

– Eu nunca disse isso...

– Não disse, mas também não desdisse! – Gritou e logo baixou o tom de voz. – É quase a mesma coisa! O que eu sou pra você? Eu não passo de um peguete?!

– Eu também não disse nada disso, Niko! Foi ele quem pensou...

– E você não desmentiu! – Ele alterou a voz outra vez soltando com força o braço que Félix ainda segurava. – Félix! Pelo contrário, você riu como se confirmasse tudo!

Félix falou mais baixo controlando a voz e os nervos o máximo possível.

– Eu sei que eu devia ter dito logo a verdade, mas eu... Eu não fiquei à vontade para falar sobre isso...

– Não ficou a vontade para falar sobre mim?! Félix, eu ouvi tudo, ouvi muito bem você dizer que estava solteiro, que não tinha ninguém... O que eu sou pra você hein?! Eu sou nada?!

– Não, carneirinho, pelo contrário, você é tudo pra mim!

Félix disse isso com tamanha sinceridade que fez Niko apaziguar os desgostos um pouco, mas não deixar de sentir a revolta que estava sentindo, além de que o vinho que havia bebido a mais horas antes piorava seu ânimo e não o ajudava a raciocinar com a devida clareza.

Ele se aproximou mais de Félix, falando com a mesma revolta no olhar: - Sou tudo pra você? Sou? Então, prova!

– P-provar?

– É, prova! Faz alguma coisa, me abraça, me beija agora... – Voltou a alterar a voz falando mais alto. – Ou você quer continuar dando uma de solteiro pra cima daquele cara?!

– Niko, não é assim... Por favor... Você não está sendo racional! E fala mais baixo!

– Não, Félix, não estou! Aqui o único ser racional é você! Você é o mais racional de todos os seres da face da Terra!

– É provável que eu seja mesmo! Mas... Confesso que quando eu disse que eu estava solteiro, eu... Fiz sem pensar...

– Sem pensar, Félix?! Por favor... Sem pensar... Você não acabou de dizer que é o mais racional?! Você é! Você não faz nada sem pensar! Você é calculista! Você é uma calculadora humana em todo o sentido da palavra!

Isso bateu em Félix mais forte que se tivessem lhe dado um soco no meio do estômago. Ele encheu os olhos de lágrimas, mas não choraria ali. Pessoas que estavam por perto os olhavam. Aquela briga de casal já estava se transformando em um espetáculo. Ao mesmo tempo, Niko olhou em seus olhos e sentiu o peso do que havia dito, quase gritado, na cara de Félix. Apesar da decepção que havia sofrido, ele amava aquele homem com todas as forças. Então, com a voz mais baixa, pediu:

– F-Félix... Eu peguei pesado... Desculpa... Não queria dizer isso...

– Não, você queria dizer exatamente o que disse! – A voz de Félix estava ligeiramente embargada pelo choro que insistia em engolir.

– Não, eu... Exagerei! Mas, é que... – Voltou a ficar mais alterado emocionalmente, bateu o pé no chão, mas não levantou o tom da voz dessa vez. – Me doeu tanto ouvir tudo aquilo e você... O jeito que você conversava com aquele homem como se fossem íntimos e... O que você quer que eu pense?!

– Ele... É só um velho conhecido, Niko...

– Não mente, Félix! Não mente pra mim que não tem como aquele cara ser só um conhecido seu! Ele é mais que isso, tenho certeza! Se não fosse não falaria com você daquela maneira! Além do mais, não foi só isso... – Niko passou a mão em seu rosto com força como se limpasse algo. – Olha isso! Olha isso, Félix! Tinha uma marca de batom no seu rosto e eu te vi com a Edith, tá bom?!

– Mas que droga! Eu devo ter vendido ingressos pra a crucificação pra merecer uma ceninha dessas! Niko, a Edith parou para falar comigo e se despediu com um beijinho, só isso...

– Ah! E depois o quê?! Você ia se despedir dela com um beijo também?! Ficou mexido com sua ex de novo?! E depois? Aquele cara é quem ia te dar um beijinho de despedida?! Hein?! O que mais?!

– Para, Niko! Não é nada disso!

– Não... Imagina... – Foi irônico. – Eu estava imaginando coisas... Imaginei que aquele cara estava te paquerando descaradamente! Ou vai dizer que nem notou?!

– É óbvio que eu notei! O que você queria eu fizesse?! O que importa é que eu não correspondi!

– Pois não faltou muito! Como também não faltou muito pra a Edith te beijar na boca!

– Foi na bochecha, Niko! Não surta!

– Ah! Eu surto?! Pior você que é muito fácil...

– Fácil?! Que história é essa?! Eu não sou fácil, Niko!

– Ah não?! Menos mal! Por que se você fosse fácil andaria de mão em mão, por que paquerado por todos você é!

– Que posso fazer se todos me querem?!

Antes Félix não tivesse falado isso, pois fez Niko se revoltar ainda mais.

– Ah! Todos te querem?! Viu só?! E ainda diz que não é fácil!

– Para com essa história de fácil! Eu não sou fácil! Sou muito difícil, por sinal...

– É, foi... Foi difícil pra mim! Pra mim que me apaixonei por você praticamente desde o dia que te conheci você foi muito difícil, mas para os outros...

– Já chega, Niko! Eu não admito que fale assim comigo!

– Vai ter que admitir porque não passa da mais pura verdade!

Niko foi saindo, mas Félix o alcançou de novo e lhe segurou, falando:

– Vem cá! Não banca a geniosa! Você vai me ouvir!

– Não tô a fim!

Félix se pôs a sua frente e segurou em seus braços para ele não fugir.

– Quer saber por que fui tão difícil com você?! Porque demorei tanto pra ficar com você?! Por que eu tinha medo! Medo de te fazer sofrer...

– E como você acha que eu estou agora?!

O loiro disse isso chorando e Félix não suportou ficar sem abraça-lo forte, apertá-lo contra seu peito e acalmá-lo. Se sentia culpado por aquelas lágrimas e isso era como matá-lo destroçando-o por dentro, começando por seu coração.

Ambos estavam já do lado de fora do shopping, mas ainda de frente. Algumas pessoas ainda olhavam, inclusive Alonso de um lado e Edith de outro, mas Félix tampouco Niko estavam se importando com isso. Félix só sabia pedir:

– Shh... Não chora mais Niko, não chora... Por favor... Não suporto te ver chorando... Não chora... – Porém o loiro não parava. Só parou quando Félix, com a voz embargada, disse: - Para, por favor... Me perdoa, carneirinho... Me perdoa... Me perdoa por não ter falado de você, que estamos juntos... É que eu fico confuso às vezes... Eu... Eu sou mesmo um burro... Eu! Eu que sou a bicha burra! Eu... Sou um imbecil...

Niko se soltou de seu abraço e, cabisbaixo, permaneceu calado, contudo não parecia mais estar com tanta raiva. Félix, então, continuou: - Carneirinho... Me ensina a amar! Eu sou burro... Sou burro nessa coisa de amor... – Niko o olhou surpreso por ele falar em amor. – Eu... Eu fiquei nervoso, eu sei, eu sei que não devia ter mentido... – Félix suspirou. – Niko, por favor, não me deixa! Eu não sei o que fazer... – O loiro continuava encarando-o com uma expressão inexplicável e Félix, com uma expressão de quem suplicava por algo, concluiu: - Me diz o que eu deveria ter feito!

Niko deu um passo e ficou mais junto ainda a ele. Então, olhando-o profundamente, e muito sério, falou:

– Esse é Félix Khoury! Ele é meu namorado, e meu grande amor!

Félix ficou confuso e Niko puxou-o para um beijo. Félix não resistiu, pelo contrário, se entregou aquele beijo como se os lábios do seu carneirinho fossem a última coisa que veria na vida.

Beijaram-se, ali, na calçada, na frente de todo mundo, em frente àquele shopping que Félix já tinha ido tantas vezes sendo o Félix de antes e agora era o cenário para uma prova da existência do novo Félix que passara a existir desde que caiu de amores por aquele talentoso chef de cozinha.

Após o beijo, eles se olharam e Niko completou:

– Isso é o que eu diria! Era o que você deveria ter dito! Era isso que deveria ter feito! Simples assim! Mas... Fez exatamente o contrário! Me negou, Félix... Me negou... E por isso me machucou tanto!

Niko foi embora e dessa vez Félix não o impediu. Algumas pessoas que observavam tudo começaram a se dispersar, outras tantas comentavam entre si, Edith foi embora, e Alonso ficou olhando para Félix.

Félix deu uns passos até a calçada e sentou-se no meio-fio. Levou as mãos ao rosto, mas não chorava, não tinha expressão, seus olhos pareciam olhar para nada. Desnorteado, pensava como havia acabado de machucar a única pessoa que nunca quis fazer mal na vida... Justo o seu carneirinho que o estava ensinando a amar.

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Notas finais do capítulo

E agora? O que Félix vai fazer depois dessa briga?
Continua...



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