Félix & Niko - Dias Inesquecíveis escrita por Paula Freitas


Capítulo 30
O Primeiro Dia de Nossas Vidas -- parte 4


Notas iniciais do capítulo

... Pra onde você for... Eu vou!



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– Olha aí, meu filho, sua van já chegou! Eu já falei, quando eu for te acordar, você tem que levantar rápido...

Eu estalava os dedos apressando Jayminho com uma bronca, ele tinha que ser mais responsável quanto aos horários. Ele se levantou ainda mastigando, me deu um beijo e se despediu de Félix ainda com a boca cheia. Eu pedi para Adriana ir com ele até a van... Acho que ela entendeu que era para demorar um pouquinho mais lá fora... Eu sentia que Félix se divertia com tudo aquilo.

–--

– Levou bronca! – Eu me divertia com aquela cena familiar, ao mesmo tempo em que me sentia meio estranho ali. Jayminho me deu um tchau com a boca cheia, Adriana correu atrás dele, aquilo era muito engraçado e, ao mesmo tempo, um tanto assustador. Eu ainda não sabia se estava à altura de estar ali convivendo com o carneirinho e seus filhos.

Nós ficamos a sós... Somente eu e ele... Ah, e o pequeno Fabrício que dormia no berço no quarto...

– Ah... Que cena tão doméstica!

Brinquei... Mas, o que ele me respondeu me deu arrepios só de pensar...

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– É lindo né?! Eu, você e as crianças... Sabe que eu sonho com isso há muito tempo... Sempre sonhei com isso, na verdade... Uma família completa!

Não poderia ter dito nada mais verdadeiro...

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Esse sonho do carneirinho, por um lado, me enchia de uma coisa boa que eu não sabia explicar... A confiança que ele depositava em mim ao sonhar em me incluir na sua família era incrível... Mas, por outro lado, aquilo me enchia de angústia, de medo de não corresponder às suas expectativas, de receio de fazê-lo sofrer... Eu já estava conseguindo me perdoar por tudo que havia feito no passado, mas, se eu chegasse a magoar o carneirinho, eu jamais me perdoaria!

O jeito era disfarçar a angústia e me comportar como o Félix bem-humorado de sempre... Até que não seria tão difícil, afinal, eu estava muito feliz...

Pedi tempo; tempo era o que eu mais precisava para colocar tudo em ordem na minha cabeça... E no meu coração...

– Eu devo ter botado aplique na peruca de Maria Madalena pra te ouvir falar uma coisa dessas...

Ele ria, se divertia comigo... Mas, eu me sentiria muito culpado se me arriscasse a viver seus sonhos e depois tivesse que pisar neles! Eu tinha que jogar um balde de água fria em cima de suas ilusões...

– Vem cá... Eu tenho cara de família?!

Eu só não podia contar que ele jogasse primeiro em mim um balde de esperança...

–--

– Ninguém tem cara de família, a gente faz uma família, Félix! – Eu senti que era hora de jogar uma indireta bem direta para Félix. – E minha família já tá feita... É só você entrar!

–--

Aquilo atravessou minha alma pela garganta... Me deu vontade de chorar... Me deu vontade de sorrir... Mas, tudo que consegui foi ser sincero mais uma vez...

– Nunca pensei em ter uma família! – Suspirei com a triste verdade. – Até pensei né, me casei com a Edith, você viu o desastre que foi! – E eu me perguntava se não seria outro desastre maior se, de repente, eu entrasse para a família dele. – Niko, eu já te falei, eu quero sair daqui, eu quero recomeçar minha vida em outro lugar, sabe!

Então, ele me veio com mil argumentos... Que queria abrir outro restaurante japonês, que com minha ajuda seria mais fácil... Eu me perguntava se seria mesmo mais fácil a vida dele ao meu lado! E a minha? Seria melhor ao lado dele? Ao tentava agir naturalmente enquanto essas e tantas outras questões rondavam minha cabeça...

Depois de mais um momento em que eu soltei uma de minhas piadinhas e ele quase falou sério, eu senti que devia apenas ser o Félix que estava há algumas horas atrás dormindo em seus braços. O vulnerável, o entregue, o bobo apaixonado e felicíssimo Félix!

– Inacreditável! Agora só por que... Rolou... Você acha que já pode fazer planos, mudar minha vida toda... Não! Já sou bem crescidinho, já posso tomar minhas próprias decisões, dar rumo pra minha vida, viu!

E mais uma vez, aquele homem jogou um balde de realidade em cima de mim... E depois, me cobriu de esperanças outra vez...

–--

– Você pode realmente tomar suas próprias decisões, agora, a capacidade né... Realmente sobra! Não, porque você quer sair de São Paulo, você não sabe pra onde, você não sabe nem o que você vai fazer Félix!

Eu precisava fazê-lo entender que o melhor para nós dois era que ele ficasse comigo... E mesmo se ele não entendesse, eu não o deixaria ir embora!

– Eu tô te oferecendo um destino, Félix... A única coisa que importa é se você gosta de mim!

–--

Quando ele pegou em minha mão e me ofereceu um destino, eu vi meu caminho desenhado em seus olhos... Seria mesmo meu destino ver aqueles olhos verdes lindos todos os dias?... Beijei outra vez sua mão e declarei claramente o que sentia naquele instante.

– Claro que eu gosto... Eu gosto de você, carneirinho! – Mas, senti novamente aquela angústia... – Ah, mas é tanta coisa na minha cabeça...

–--

Ele beijou minha mão e disse com o olhar mais sincero que eu já vi, que gostava de mim! Como fiquei feliz... Mas, depois, percebi sua angústia. Eu já devia imaginar que não seria fácil para o Félix se entregar a uma nova chance de viver e de ser amado. Tinha que lhe compreender, afagar e ouvir...

–--

O que mais pesava na minha cabeça era a situação de papi soberano. Quando comecei a falar sobre ele para o carneirinho, lembrei que tinha ficado de levá-lo para o San Magno para fazer os exames. Infelizmente, eu tinha que sair correndo de lá da casa de Niko... Pedi desculpas a ele sei lá quantas vezes e fui indo em direção à porta dizendo que depois nós conversávamos. De fato, eu ainda nem tinha saído e mal podia esperar para vê-lo outra vez!

Só que, ele ainda tinha muito charme para me prender ali por mais alguns segundos...

–--

– Tá bom, mas, olha só, você não vai pensando que você vai me dispensando assim não, viu... – Era hora de eu demonstrar que podia ser engraçadinho como ele, mas, eu falava muito sério. – Eu não sou dispensável!

Acho que ele gostou! Riu e veio me abraçar, me agarrando pela cintura, beijando meu ombro...

–--

Eu simplesmente não acreditei no que estava ouvindo... O carneirinho era mesmo cheio de truques que eu estava começando a descobrir! Mas, era verdade, ele não era para se dispensar... Muito pelo contrário... Para mim, Niko foi INDISPENSÁVEL!

– Mas é que eu tenho muita coisa pra pensar mesmo!

–--

Eu sabia que ele tinha muito o quê pensar, mas queria muito que ele soubesse o que EU JÁ havia pensado...

– Eu só quero que você saiba de uma coisa, Félix... – Mirei em seus olhos castanhos para confessar a maior certeza que habitava meu coração e minha alma: - Para onde você for... Eu vou!

...


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Notas finais do capítulo

continua...



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