Enquanto Jake e Pandora lutavam – aquilo poderia ser chamado de luta? -, algo acontecia no plano físico, longe da cabeça do garoto.

E, claro, era Dean que estava observando tudo aquilo.

Um momento depois de oferecer a sua vida, desde que Jake ficasse vivo, o corpo do outro garoto simplesmente parou. Seus olhos gatunos ainda brilhavam perigosamente, mas tudo o que ele fazia, era se contorcer por alguns instantes, antes de voltar a postura completamente ereta, inexpressiva, como se não houvesse qualquer traço de vida ali, no corpo de Jake.

Mas, antes de deixar que as lágrimas escorressem pelo seu rosto, ele decidiu examinar a situação. Quer dizer, tudo ali estava completamente destruído embora, agora que o corpo de Jake estivesse completamente parado, estivesse voltando a se iluminar, mesmo que vagamente.

E também havia Luki.

O netuniano, que havia curado Loki e mandado Brianna sair dali há pouco mais de uma hora, ainda estava caído no chão, em posição fetal, trêmulo. Lágrimas frias escorriam pelos seus olhos extremamente abertos. Mas, apesar de seus olhos estarem abertos, Dean sabia que ele não enxergava nada. Estava preso em seus próprios medos... há tempo demais.

Tanto tempo que Dean achava quase impossível que ele retornasse.

Mas, como se quisesse refutar o seu pensamento, Luki arquejou por um rápido instante, antes de se envergar para a frente e se sentar. Sua respiração estava acelerada, assim como seus batimentos cardíacos. Ele abraçava os próprios joelhos.

– Luki?

– Eu estou bem – a voz do garoto soara rouca e áspera. Dean sabia que ele não estava bem, mas, ainda assim, Dean achou melhor não dizer nada. Se ele quisesse dizer algo, ele diria. Ele também não gostaria se ele perguntasse sobre ele e Jake, afinal.

Dean suspirou e se virou para onde estava Jake. E, para a sua surpresa, o corpo do garoto emanava uma espécie de névoa dourada, em uma forma vagamente feminina - Pandora. Aos poucos, o brilho negro de seus olhos iam desaparecendo.

Dean não pôde deixar de sorrir. Ele havia conseguido. Pandora abandonaria o corpo de Jake.

Mas, como se quisesse desanimar Dean novamente, a voz de Pandora ecoou novamente por todo o campo de batalha, fazendo com que ele e Luki tivessem calafrios.

– Dean – a voz dela soava assustadora, como se fosse o som da própria morte – você está morto.

Mas, depois que ela disse, a névoa não o atacou, somente se elevou aos céus, dissipando-se completamente. E, no momento em que ela desapareceu por completo, Jake caiu, ajoelhado, no chão.

E ali, sob a luz da Lua Cheia, Dean correra até o garoto, sem se importar com a presença de Luki. Em instantes, ele já estava ali, ajoelhado ao lado de Jake, que esboçava um sorriso fraco e olhava para ele com se olhar intenso, mesmo que seu corpo ainda parecesse terrivelmente frágil.

– Estamos juntos nessa, Dean? - Jake perguntou. Para Dean, era bom ouvir a sua voz ao invés da de Pandora, mesmo que rouca e áspera.

– Sempre estivemos, Jake - ele respondeu, sorrindo.

E então, depois de mais um violento espasmo, Jake fechou os olhos, mergulhando na inconsciência.