Show Me Love escrita por noOne


Capítulo 69
Years Later


Notas iniciais do capítulo

Antes que me matem, eu explico o motivo do sumiço: Meu pc deu pau... E quando voltou do conserto, minha internet foi pra pqp. É isso.
Sem mais delongas, ta aí o capítulo, com todo meu amor/suor/sangue/sacrifício que vocês tanto me atazanaram pra terminar.(Cof cof The Moon cof cof)
Flw!



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POV Fionna

Tanto a situação física quanto a psicológica de Marshall estavam vindo de mal a pior desde o meu coma. Pelo o que Marceline e Cake me contaram, ele se isolou do mundo, parou de comer e sobrevivia á base de cigarros, álcool e drogas ilícitas. Eu não fazia ideia que poderia causar tanto mal á ele, e quando soube bateu uma certa culpa.

Segundo o doutor, ele agravou o quadro de depressão que já tinha, além de ter desenvolvido esquizofrenia pelo uso contínuo dessas porcarias que ele vinha usando. Estava tendo visões de vez quando, escutando coisas quando estava triste e distorcendo o mundo real com o imaginário. Além de anorexia e anemia, por ter parado de comer.

O que mais me intriga é: Como um sujeito pode ter depressão, esquizofrenia, anorexia e anemia, mas continuar mais gato do que muita gente saudável por aí? Pode isso produção?

Enfim, o pior de tudo é a teimosia crônica que ele tem desde que nasceu. O vampiro encasquetou de que não precisava ficar internado, que não precisava de ajuda. Insistia que não estava doente pra ficar mofando no hospital.

Mas como o esperado, apelei para o sentimental, junto com Marcy, e convenci o mesmo a aceitar ajuda médica, nem que seja por um tempo. Ele acabou dando o braço á torcer, e, com toda a má vontade do mundo, deixou a enfermeira aplicar a primeira dose de soro em seu braço.

Marceline e Finn nunca perdiam a oportunidade de zoar o mesmo, com comentários do tipo “É estranho injetar outra coisa que não seja éter na veia?” e outras piadinhas maldosas. O humor negro da dupla de debochados parecia não ter muito efeito, já que na maioria das vezes ele ignorava, ou até mesmo ria junto.

Algumas semanas depois do ocorrido, ele pôde finalmente voltar pra casa e retornar á sua vida normal. Agora, bem menos anêmico do que antes e sem ossos aparecendo, ele falava com entusiasmo sobre tudo o que pretendia fazer, agora que estava livre. Talvez depois dessa, ele aprenda a parar de se envolver com esses lixos sintetizados, que podem trazer uma boa sensação na hora, mas causam efeitos terríveis depois.

A primeira coisa que ele fez assim que chegou em casa foi dar um abraço nos gêmeos, que vieram correndo ao seu encontro assim que o viram. Apesar de terem apenas nove meses de idade, eles entendem algumas coisas, e já sentem falta do pai.

Foi a coisa mais fofa do mundo vê-los abraçados, e o mais lindo ainda foi escutar Arthur falar sua primeira palavra:

– Mass... Mashall! – Ele balbuciou, seguida de uma risada gostosa, que só bebês conseguem fazer.

– Oh my Glob! Vocês escutaram isso? – O pai bobão abriu um sorriso enorme – Ele disse... Ele disse meu nome!

– Ma-shall! – Arthur repetiu, morrendo de dar risada.

– Ele disse de novo! – O mesmo segurou ele nos braços e levantou no ar – Você disse meu nome!

– Nah, grande coisa... – Eu cruzei os braços, enciumada – Violet disse ma-má.

– Ma-má não é palavra – Ele deu de ombros – Ele falou meu nome, direitinho!

– Claro que ma-má é palavra! Ela quis dizer mamãe. – Teimei – E seu nome não é Mashall.

– Mas é quase, ele é só um bebê... Você quer que ele pronuncie tudo perfeitamente? – Ele retrucou – Você tá é com ciúmes, porque ele disse meu nome antes do seu.

– Sério mesmo que você estão discutindo sobre quem falou o quê primeiro? – Finn revirou os olhos – Noobs. A Mel disse pa-pá, e ela tem só sete meses.

– Mas o quê? – Me virei pra ele, emputecida – Pa-pá nem é palavra!

– Então ma-má também não é! – Ele respondeu

– Nenhum dos dois é – Marshall se meteu – Mas Arthur disse um substantivo próprio! Esse garoto é um gênio!

– Quanta pagação de pau, meu Deus... – Cake revirou os olhos – Quando eu tinha 9 meses, eu já estava falando o alfabeto inteiro...

– Alguém aqui chamou a Cake na conversa? – O vampiro se virou pra ela.

E assim, deixei os três discutindo e saí da conversa, apenas observando a treta que se formou, enquanto Arthur continuava rindo, Violet continuava dormindo e Mel aprontando. Me dirigi á cozinha, onde Jake, Flame, Chris, Babi, Beemo e Marcy discutiam sobre livros que viram filmes, curtas que viram séries. Terror vs Ficção vs Romance vs Comédia vs Drama...

Então eu tirei a conclusão de que o hobbie favorito dessa família é discutir. E que eu não saberia viver sem Marcy implicando com Cake, que provoca Marshall, que irrita Finn, que tira a paciência de Flame, que desconta em Jake, que pega no pé de Chris... que não briga com ninguém (E isso deixa Marshall nervoso, que desconta em mim, e por aí vai).

O importante é que eles estejam sempre juntos, brigando, implicando, mas amando, da forma deles, cada um, enquanto eu puxo uma cadeira, pego uma pipoca e assisto eles discutindo, com um sorriso bobo no rosto.

Senti muita falta disso.

Então o assunto se esvai, transforma-se em outro, eles se acalmam e riem de si mesmos... E no final, tudo acaba em pizza. Todo mundo aglomerado no apartamento da Cake, assistindo á um filme qualquer que passa na televisão, até tarde da madrugada.

E quando o filme acaba e dá lugar á estática da TV, enquanto todos dormem jogados nos cantos, eu recolho as pipocas do chão, cato os copos largados e as caixas de pizza amontoadas sobre a bagunça que as crianças deixaram, levando tudo á lata de lixo.

Marshall se levanta e me ajuda a arrumar as coisas, e quando nós terminamos, observamos do balcão da cozinha em frente á sala, uma família louca e bagunçada, porém insubstituível que nós dois juntamos e construímos.

Nos abraçamos e beijamos, e numa fração de tempo, já estamos como dois adolescentes no auge da idade, se pegando loucamente e esbarrando pelo caminho, derrubando as coisas, em direção ao meu antigo quarto. E naquele lugar, lar de tantas memórias, matamos a saudade de tanto tempo, e nos amamos na mais verdadeira forma, como nunca antes.

O que era aquilo, se não o amor em seu modo mais simples? Nada de camiseta, sem blusa, nem luz, só nós e um cômodo vazio.

E pela manhã, quando o sol entra pela fresta da janela e atinge meus olhos, eu acordo de um sono leve e me deparo no mesmo lugar de ontem á noite: nos braços de Marshall, que de olhos fechados, sonha como um menino. Sorrio e lhe abraço, sentindo seu cheiro e sua pele bem perto de mim. Eu o aperto, e tenho a certeza de que as coisas finalmente voltaram ao seu devido lugar.

Sei que estou em casa, pois ele é meu lar. A melhor coisa do mundo foi descobrir que eu nunca precisei de bem material algum, por todo esse tempo... A simplicidade acabou sendo tudo o que eu sempre quis.

(Nota: A história poderia terminar por aqui, mas como eu bem sei que a maioria espera que eu faça um casamento e dê mais ênfase pra Arthur, Violet e Mel, não frustrarei e farei esse bônus. Considerem isso como um final técnico, beijos.)

POV Marshall

Anos se passaram desde o incidente com Bonnie e Gumball, nos quais eu prefiro nem lembrar. Mas desde que Fionna voltou, parece que a felicidade retornou junto com ela, tanto pra esta casa, como em minha vida, em si.

Me afastei completamente de cigarros e bebidas, assim como havia prometido naquela noite de ano novo, na praia, há muito tempo atrás. Até porque desde o dia em que ela voltou, eu não vi mais necessidade em usar aquelas porcarias pra me sentir bem. A coelha se tornou meu vício, mas ao contrário dos outros, ela me fazia bem.

E por falar em fazer bem, percebi que continuar de relações cortadas com Beemo não estava mais dando certo. Mas como é de se esperar, quem veio pedir desculpas foi ele... Depois de CINCO ANOS!!! Reparei também que ele pode ser tão cabeça dura e infantil quanto eu, a diferença é que ele realmente era uma criança, e eu... bem, era quase. Ainda sou.

E pra esfregar sua maturidade na minha cara, em seu aniversário de 18 anos, logo após apresentar a namorada para a família (Sim, surtem... Eu disse “a”! Por muito tempo pensei que ele tendesse pro outro lado), que a propósito me afeiçoei á maluca que teve saco pra aguentá-lo, o mesmo veio falar comigo. E a partir daquele dia, não voltamos a brigar novamente até hoje, após 9 anos depois do acontecido.

E mesmo depois tanto tempo, eu e a coelha continuamos vivendo como adolescentes, tanto por dentro como por fora (Talvez esse tenha sido o motivo de Violet ter crescido tão rebelde). E se não fosse pelas rédeas curtas de suas tias, talvez Arthur tivesse seguido o mesmo comportamento da irmã.

Marcy diz que Violet é como um espelho pra mim. Que ela se parece e age como eu era quando mais jovem: gênio forte, boca-dura, teimosa, cheia do sarcasmo e princesa da ironia... Se faz de durona, mas é tão sensível e dramática, quando se trata de família e amigos, quanto eu. Arranca olhares por onde passa, e sabe disso, então usa este artifício ao seu favor.

“Igualzinha ao teu pai” – Sua tia sempre dizia – “Essa vai dar trabalho...”

No começo eu me recusava a aceitar, mas acabei me dando por vencido: A vampirinha é minha cópia, só que com os olhos de sua mãe. E sim, com certeza essa menina ainda me trará muita dor de cabeça...

Já Arthur é a versão contrária dela, daquele tipo de filho perfeito que toda mãe pede á Deus: sempre muito paciente com as loucuras de sua irmã, carismático, doce e tão amável, que se seus traços não fossem tão parecidos com os de sua mãe, eu acharia que ele foi trocado na maternidade.

A única preocupação que eu tenho com esse menino é o medo de que as pessoas lá fora o façam de gato e sapato, se aproveitando da bondade (e ás vezes inocência) que a personalidade pura dele têm. O que salva nessas situações, é a sua dificuldade de confiar no desconhecido... Tá pra nascer menino mais medroso.

Receio esse, que eu não tenho com Violet, já que essa garota é uma diabinha.

Sério, imagine uma menina ruim. Mas bem ruinzinha mesmo, daquelas que entram no seu psicológico e te fazem chorar que nem uma criança. Esta é minha filha, que consegue superar até seu tio Finn, quando se trata de frieza.

Com Arthur as notas na escola nunca foram um problema (ao contrário da vampirinha, que já tem uma lista enorme de ocorrências), disso eu não tenho o que reclamar. Talvez a única coisa que os dois tenham em comum é o fato de ambos terem a mesma genética aproveitável, que fazem com que se destaquem, muitas vezes, por uma beleza... notável.

É aí que eu morro de ciúmes.

Porém, enquanto Arthur não sai por aí iludindo corações alheios e usando mentes superficiais, Violet faz exatamente o contrário (Não é que eu me orgulhe das atitudes dela, mas acho bem feito).

E por mais que eu tente evitar comparar os dois, é meio impossível, já que são tão opostos. É até estranho como eu consigo amar incondicionalmente duas pessoas tão diferentes assim, mas é possível. Não dá mais pra imaginar minha vida sem eles... É aquela espécie de sentimento que você só entende na prática.

E por último, mas não menos importante, o resultado de Flame + Finn, que não poderia ter dado criança mais maluca: Mel.

A considero quase que como uma filha, assim como o casal-pavio-curto também considera Arthur e Violet como tal. É recíproco, já que os três vivem grudados, como carne e unha. Compreensível, pois nasceram e cresceram juntos, na mesma família desequilibrada... Não poderia dar outra coisa. E como nada faz sentido nessa vida, Mel consegue ser ainda mais diferente que os gêmeos.

É uma menina adorável, apesar de ser bem pirada de vez em sempre. Tipo muito mesmo, de um modo insanamente doida, que chega a ser engraçado. Nasceu com um parafuso á menos, e isso foi a melhor coisa que poderia ter acontecido: Sempre animada, é um poço de entusiasmo e irreverência por onde passa, o que alegra Violet (que é uma pequena emo) e descontrai Arthur (que ás vezes é um saco, de tão certinho).

A ruivinha parece ser um imã de positividade, vendo a vida como uma grande festa e irradiando suas “good vibes” por aí. Olhos azuis enérgicos de seu pai e madeixas ruivas de sua mãe, só que repicadas e emaranhadas trazem um ar despojado para si.

E ela vai que vai, afinal, “Paz e amor, baby! A vida é curta demais para não ser hippie!”, como ela mesmo diz, e eu acabo concordando, aos risos.

Talvez os três tomem jeito, quando envelhecerem e amadurecerem... ou talvez continuem com o mesmo espírito adolescente, assim como eu mantive o meu. Mas pra mim, o importante é que eles sejam felizes e vivam suas vidas com toda a resolução possível, assim como eu também fiz (Ou não).

Lógico que eles irão errar e acertar, chorar e rir muito, mas eu nem me preocupo com isso, pois sei que eles têm a melhor família que alguém poderia ter, e no final, tudo acaba bem. Digo isso por experiência própria.

E como a vida passa num piscar de olhos, decidi contar o dia em que Violet e Arthur completaram seus “dificílimos” 14 anos, que para minha sorte (ou azar) caiu justo em uma data tão importante quanto essa: O dia em que eu finalmente parei de enrolar a mãe deles, e coloquei oficialmente um anel em sua mão.

Sim, meus queridos... Eu me casei. No dia do aniversário deles... Violet fechou a cara, como era de se esperar, pois já tinha combinado uma daquelas festas do pijama com sua turma de baderneiros-pichadores-heavy-metal. Talvez eu esteja pré-julgando mal esses colegas estranhos que ela traz aqui pra casa, mas simplesmente não me desce aquela turma do fundão, que tira a paciência dos professores e me chama de “tio”.

“E aí, tio?” – Era como aquela garota de cabelos vermelhos, raspado na lateral me saudava, como se eu fosse um dos arruaceiros que ela está acostumada a lidar.

– Eu já disse que não, Violet! – Eu dizia com autoridade, pra ver se ela entendia – Quantas vezes eu tenho que dizer que eu não gosto quando você traz esses teus colegas aqui em casa?

– Eu não entendo porque você vê meus amigos como se fossem animais, mas baba ovo pra esses babacas que o Arthur traz pra casa – Ela levantava a voz e me encarava – Ele sempre foi seu preferido, não é? É por isso que você paga pau pros amigos dele e apedreja os meus! Cara, se tu me odeia, fala logo na minha cara, que saco!

– Essa é a coisa mais estúpida que você já disse, e olha que não foram poucas... – Tentei me acalmar, levando a mão á testa – Eu só quero o que é melhor pra você! Quero que você tome jeito, tenha uma postura! E não é com esses arruaceiros que você vai conseguir isso... A única diferença entre os seus colegas e os do Arthur, é que os seus deixam seu quarto com cheiro de maconha, bebem, não levam nada á sério, não respeitam os professores, vão pra diretoria todo dia...

– Exatamente como você fazia quando tinha a nossa idade – Ela cruzou os braços – Quanta hipocrisia... Você era igual á eles antes de eu nascer. Acha mesmo que pode dar lição de moral?

– Acho que você se esqueceu com quem você está falando – Me aproximei da mesma, que tremeu na base – Eu sou seu pai, e não sua turma do fundão, e você vai me respeitar, sim! Vai me obedecer, sim! Nem que pra isso eu precise te colocar por várias semanas de castigo! Tá me ouvindo?

– Sim, senhor general – Ela bateu continência e deu meio sorriso, provocativo.

– Você tá me desafiando? – Cerrei os cílios

– Sou louca, mas nem tanto... Não duvidaria do cara que matou seu próprio pai – Ela respondeu, me calando.

Eu simplesmente não tinha mais respostas, e ela sabia disso. Seu espirito sádico sabia da ferida de cada um e usava contra a própria pessoa, e eu não podia fazer nada, porque no fundo, ela tinha razão.

Mas de uma coisa eu sabia: Ela não poderia ter dito isso. Falar dele já é demais.

– Violet! – Exclamou sua mãe – Já chega! Você passou dos limites!

– Não, Fi – Intervi – Deixa que eu resolvo o problema que eu criei

– Quer dizer que eu sou um problema pra você, pai? – Ela indagou – É isso o que eu sou pra todo mundo nessa casa? Um problema? O que eu tenho que fazer para o senhor me notar, ter um pouco de orgulho de mim? Hein?

Engoli seco e senti como se uma faca fosse lentamente sendo encravada no meu peito. Meus olhos lacrimejaram, mas eu me mantive firme. O que eu fiz pra merecer isso? Cerrei os punhos, fechei os olhos e com voz vacilante, disse:

– Como eu posso ter orgulho dessa uma criança cruel e mimada, que você se tornou? – Olhei diretamente nos seus olhos – Como você quer que eu te note, sendo que você não para em casa, e quando para, é pra me fazer assinar uma advertência, boletim de ocorrência ou folha de ausência? Como é que você quer que eu não te compare com seu irmão, quando tudo o que ele faz é me trazer boas notas e amigos descentes, enquanto você só me traz dor de cabeça e preocupação? Hein? – Comecei a gritar – Me responde, Violet! Eu quero que você me diga!

– Mãe... – A mesma olhou para Fionna, com expressão receosa.

– Não meta sua mãe no meio, eu estou falando com você! – Eu berrava, enquanto ela se encolhia – Como você tem a coragem de dizer que eu matei seu avô? Você não sabe nem da mísera metade das coisas que você diz! Você não sabe o que é ter problemas, nem tudo o que eu passei pra estar aqui! Pare de achar que você é o centro do universo e que tudo gira ao seu redor!

– M-mãe... – Ela tapava os ouvidos e fazia voz de choro.

– Se você fosse a metade do filho que Arthur é, talvez eu fosse mais grato – Baixei o tom da voz e me acalmei, dando as costas – Vai já pro seu quarto. Castigo por 3 semanas.

– Mas... – Ela balbuciou

– 4 semanas – Interrompi

– Você não sabe com eu te odeio – Ela se dirigiu, com voz de choro, ao seu quarto – Sua hipocrisia me enoja!

Escutei seus passos subindo a escadaria e batendo a porta, no piso superior. Suspirei, dizendo baixinho:

– Eu também te amo.

E assim começou um dia que deveria ser perfeito. O relógio marcava 7:30 da manhã, quando eu resolvi ignorar os surtos de Violet e me concentrar na grande festa que ocorreria mais tarde. Ela pode ser minha filha, mas ultimamente têm ficado impossível, além disso, tenho mais o que me preocupar.

O silêncio e as caras de nada que me observavam já estavam começando a me incomodar, quando eu subi as escadas, um pouco depois da garota-problema e parei no corredor. Encarei sua porta por alguns segundos, pensando se seria boa ideia falar com ela agora, quando resolvi apenas deixar pra lá e ir em direção ao meu quarto.

Na minha cama, onde ninguém poderia me incomodar, me joguei e suspirei, encarando o teto. É tão estranha a sensação de saber que logo eu, que sempre fui espírito livre, iria me casar um dia... E viver de dar sermão em criança, (tentar) ser responsável e ter preocupações do tipo: contas pra pagar, matérias de faculdade, trabalho... A vida é mesmo uma pirada.

Fionna bateu na porta e entrou logo em seguida, cortando meus pensamentos.

– Amor? – Ela me olhou com uma expressão compassiva, tentando ler meu rosto – Você tá bem?

Continuei com cara virada pro teto, quando percebi que ela não sairia dali sem uma resposta. Virei-me, meus olhos se encontraram com os dela.

– Sua filha problemática acabou de jogar na minha cara que eu matei meu pai – Respondi, seco – Eu não poderia estar melhor...

– Arthur e Mel já foram lá, conversar com ela – A coelha se sentou do meu lado e acariciou meus cabelos.

– É, isso sempre funciona – Tentei esboçar meio sorriso quebrado.

– Você sabe que não pode levar á sério as coisas que ela diz quando está nervosa, não é? – Ela indagou, ainda olhando nos meus olhos.

– Eu tento – Fechei os olhos – Mas não dá... Não dá pra acreditar, como ela pode ser tão ruim comigo?

– Ela é exatamente como você era – A mesma jogou na minha cara – Vai negar que fazia a mesma coisa com seu pai?

Não respondi, apenas me virei pro lado.

– Marshall... – Ela me cobraria uma resposta até o fim.

– Eu não era tão mau assim... – Retruquei – Só era um pouco indisciplinado, teimoso e não pensava antes de falar e agir. Tu não estava lá pra saber.

– Mas Marceline estava... E pelas histórias que ela contou, vocês são cópias um do outro – Ela deu um sorriso paciente – E isso não é ruim. É só você saber lidar com o gênio forte dela, que é como o seu.

– Talvez meu pai soubesse lidar comigo, mas eu não sei lidar com essa menina... Ele era milhões de vezes mais sábio – Levantei, me sentando ao seu lado.

– Não exija tanto de si mesmo – Ela passou o dorso da mão em minha bochecha – Tenho certeza que dará tudo certo. Ela te ama.

– Eu também amo ela, mas... – As palavras não saíram – Tudo bem, mais tarde eu converso com ela.

– Faça isso. Mas agora... – Ela se levantou, me puxando pelo braço para perto de si – Você vai esquecer tudo isso e se concentrar apenas em ser o noivo mais gato da festa – Sussurrou no meu ouvido e mordiscou meu lóbulo.

– Eu não vou precisar me esforçar pra isso – Sorri, beijando-a.

– Convencido – Ela retribuiu o sorriso, roçando seu nariz em meu pescoço – Você nasceu metido assim, ou foi ganhando experiência?

– É o que eu faço de melhor – Arqueei os ombros

– Depois de música – Ela voltou seu olhar pra mim

– E burrada – Arqueei a sobrancelha

– E sexo – Ela corou, se arrependendo imediatamente do que disse.

– Isso é o que você diz... – Ri, sentindo minhas bochechas queimarem de leve.

Foi ali que eu percebi que, depois de tantos anos, nós continuamos os mesmos adolescentes idiotas de sempre... Isso era tudo o que eu precisava. E como sempre, depois de algo ruim, ela vem e me resgata de mim mesmo, fazendo com que absolutamente tudo passe a ficar bem novamente.

As coisas mais simples nessa vida são as mais bonitas, isso eu sempre ouvi falar, mas só pude aprender vivenciando, de uma forma bem difícil, devo dizer, mas agora que tudo passou, quando eu olho pra trás vejo que não poderia ter sido de modo diferente.

Beijei sua testa e afundei meu nariz em seus cabelos, sentindo seu cheiro, que permanecia o mesmo, mas eu nunca me cansava. Fechei os olhos e agradeci meu pai por pensamento, pois agora eu vejo que ele tinha razão quando dizia que os céus tinham um plano pra mim.


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Notas finais do capítulo

O que mais me deixa satisfeita é saber que o Marshall vai sofrer tanto na mão da Violet, quanto ele fazia com todo mundo. Mais do que justo (Sinceramente, eu acho é pouco!).
Arthur amorzinho ♥ Mel brizada XD
Beijos, até o último capítulo.
Ps: Como eu não sei se vai caber tudo o que eu pretendo colocar nesse final, talvez tenha mais um capítulo bônus, depois do 70.
Pss: Meus sinceros agradecimentos á DreamysFOREVER, por ter me ajudado a criar os três.