Show Me Love escrita por noOne


Capítulo 62
Vampires Don't Cry


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que vocês estão querendo me matar, mas calma... Respirem, porque a vida não é feita só de coisas boas u.u
Pelas ameaças de morte que eu recebi no último capítulo, presumo que vocês devem estar "um pouquinho" putos comigo euheuh :v Fico me perguntando aonde foi parar o amor no coração de vocês...



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POV Marshall

Respirei fundo. Inspirei ar e expirei névoa, que saía da minha boca como fumaça de cigarro... Era difícil de respirar com os pulmões congelados e o choro incessável. Minhas mãos doíam de tão geladas e meu velho agasalho já não era o suficiente, meu peito continuava apertado e minha mente estava rodeada de controvérsias quanto a minha decisão.

Que situação. Gostaria de recapitular como eu cheguei até aqui, mas não tenho tempo. Violet e Arthur precisam de mim agora.

Devagar e com pesar, movi um músculo depois de tanto tempo encarando o nada, sequei as lágrimas novamente e caminhei até o interior do hospital. Refiz o mesmo caminho, que me levou até a sala 6 na ala da maternidade. Fionna continuava ali, deitada na maca e com os olhos fechados, que pareciam lacrimejar.

– Sr Lee – O mesmo doutor de minutos atrás apareceu do meu lado – Já tomou sua decisão?

– Sim – As palavras novamente não queriam sair.

– E então?

– Prossigam com o parto – Disse, por fim

– O senhor tem certeza? – Ele indagou – Está ciente das circunstâncias? Eu suponho que não. Se continuar com esta operação, estará sentenciando-a á morte.

– Que assim seja. Eu já lhe disse, doutor – Me virei pra ele, com os olhos cheios de água – Salve meus filhos – Como se fosse um apelo – Fionna nunca me perdoaria, eles são parte dela.

– Tudo bem... Farei o possível para salvar todos – Ele me olhou nos olhos, segurando meus ombros – Se esta é sua escolha, eu entenderei – Suspirou e deu as costas.

– Es-espere – Segurei em seu braço – Antes disso... posso falar com a Fionna uma última vez?

– Considerando a situação, acho que sim – Ele respondeu – Mas seja breve.

– Muito obrigado – Agradeci, abrindo a porta – Eu serei.

Gelei ao ver Fionna naquela situação, quase não conseguindo acreditar que a mesma estava bem á algumas horas atrás, rindo e falando sem parar. Ela estava tão radiante e feliz, falava dos filhos como se fossem a maior conquista de sua vida.

Caminhei até ela e acariciei seus cabelos, me segurando para não desabar. Me ajoelhei e toquei a mão em sua barriga, beijando-a em seguida.

– Violet? – Disse, passando a mão na mesma, do lado esquerdo – A mamãe está muito mal... mas eu estou aqui, viu? Seu pai não vai deixar nada acontecer com você, minha princesa, nem com seu irmão.

Suspirei, a coelha abriu os olhos devagar e ficou me encarando, me observando a conversar com sua barriga.

– Arthur – Passei a mão do lado direito – As coisas vão mal, filho. Mas você terá que ser corajoso, desde já. Tenta não exigir muito da sua mãe, tá bom? Ela está muito fraquinha.

Senti o lado direito chutar, sorri.

– Meu garoto – Enxuguei rapidamente a lágrima - Eu te amo muito, apesar de tudo. Cuide bem da sua irmã e aguente firme aí.

– Marshall... – Fionna disse baixo, rouca.

– Fi! – Arregalei os olhos e me levantei – Xiiu! Não fale nem se esforce! Você precisa estar bem na hora do parto.

– N-não vai dar – Ela franziu o cenho e fechou os olhos – Não deixem eles tirar... Salve nossas crianças.

– Eu nunca irei deixar, não se preocupe – Segurei seu rosto e beijei sua testa – Nós vamos sair dessa. Olhe – Tirei o colar que ela me deu na noite da formatura – Lembra disso? A outra metade desse coração está com você. Você é Yin e eu sou Yang, nós nos completamos... Estaremos juntos, pra sempre.

– Eu estou indo embora, amor – Ela sorriu – O paraíso é lindo e seu pai está lá.

– Não diga isso – Ajoelhei-me novamente ao seu lado – É muito cedo pra você ir, não me deixe!

– Você tem que prometer que irá cuidar de Violet e... e Arthur – Ela entreabriu os olhos – É meu último pedido.

– Iremos cuidar deles juntos – Afirmei – Escute: nós sempre conseguimos atravessar os problemas, e não foram poucos. Driblamos a morte mais de uma vez, você se lembra?

– Você será um bom pai – Ela desfez o sorriso – Eu já estou indo.

– Não! – Esmurrei a parede e levei as duas mãos a cabeça – Não me deixe, por favor – Choraminguei.

– Me prometa que cuidará... você tem que prometer – A mesma olhou pra mim – Marshall, por favor – E me estendeu a mão – Seja forte.

– Tudo bem – Segurei sua mão – Eu prometo.

– Eu te amo – Ela sorriu e deixou escapar uma lágrima – Quero que saiba disso

– Eu te amo muito mais – Segurei sua mão e a beijei – Persista, coelhinha. Você é tudo o que eu tenho.

– Diga á Cake que ela foi a melhor irmã... do mundo todo – Ela pediu – Chris foi um.. um puta amigo

– Eu direi

– Beemo foi a criança mais amável que eu pude conhecer... Finn, apesar de ser um resmungão, foi um irmão maravilhoso. Flame é a cunhada mais companheira que eu já tive. Jake, eu nem preciso comentar... sempre ajudou todo mundo. Marcy é a amiga mais... foda que eu tive na vida – Ela dizia lentamente – Babi será uma ótima médica... e esposa. Diga isso á todos.

– Eu digo – Segurei firme sua mão – Pare de falar e descanse.

– Ah, e mande minha mãe ir pro inferno – Ela riu, o que a fez tossir – E mande meu pai ir junto com ela.

– Essa eu terei o prazer em dizer – Sorri também, mas logo desfiz o sorriso – Falando sério, Fionna... Quando você sair daqui, recuperada, eu juro que faço você pagar por esse susto que você está me fazendo passar.

– Sei... preciso ir agora – Ela fechou os olhos – Obrigada por tudo.

– Para com isso, Fionna... Não me faça chorar mais do que eu já chorei hoje – Pedi, mas ela parou de me responder.

Pelos menos continua respirando. Tudo bem, não vou exigir mais esforço dela. Beijei sua testa, senti seu cheiro pela última vez e soltei sua mão, dando as costas.

– Marsh... – Ela me chamou ainda mais baixo, sem abrir os olhos – Não se esqueça de mim.

– Nem em sonho eu me esquecerei de você – Me virei pra ela e sorri – Você vai melhorar, eu sei disso.

– Você teima até com a morte – Ela sorriu também – Ngh... Ma-marshall...

– Sim? – Apurei os ouvidos para escutar o que ela dizia, de tão baixo que era o tom de sua voz.

– Está doendo tanto... Me abrace, por favor – Ela suplicou

Senti meus olhos arderem, prontos para liberar uma cachoeira de choro, mas me contive, apenas me inclinei e a cobri com meus braços. Ela me apertou com o resto de forças que ainda tinha. Por um momento, nada mais existia além de nós dois. Seus olhos azuis, transbordando diziam que aquele era um abraço de despedida. Os meus não queriam aceitar, estavam cheios de esperanças e insistiam que tudo acabaria bem.

Eu só queria que ela continuasse me abraçando, para que eu não desmorone, mas infelizmente, o mundo real me chamou de volta.

– Sr. Lee – Escutei a voz do médico, me apressando – Está na hora.

– Tudo bem – Funguei e sequei o rosto, me virando pra ele – Cuide bem dos três.

– Faremos o possível – Ele falou – Você vai assistir o parto?

– Acho que não tenho coragem para isso – Respondi – Vai ser normal?

– Ela não tem força nem pra dar um espirro, imagina pra dar a luz – Ele chamou os enfermeiros e paramédicos – Você vai ter que sair agora.

– Ok – Assenti, olhando para trás mais uma vez.

– Faremos o possível – Ele repetiu – A cesárea vai durar menos de duas horas. Ela não sentirá dor alguma.

– Faça o impossível também

– Certo, você tem que sair agora – Ele apontou para a porta – Suas amigas lá embaixo já foram avisadas. Peça para a de cabelos pretos se controlar. Diga á ela que um pouco de educação não fará mal á ninguém.

– Marcy sendo Marcy... – Comentei comigo mesmo – Certo, eu digo.

– Até daqui a pouco – Ele colocou uma máscara cirúrgica no rosto e fechou a porta.

– A-até – Respondi, encarando a porta fechada.

Dei meia volta e desci as escadas, meus pés me guiaram até a sala de espera, onde estava o casal de malucas, abraçadas. Uma se lamentando pela cunhada e a outra pela irmã perdida. As duas se reconfortando entre si.

Ao perceber minha presença, parado na porta, as duas vieram ao meu encontro e me abraçaram também. Envolvi Cake com o braço esquerdo e Marcy com o direito, enterrando minha cabeça entre as duas e tentando não chorar na frente delas.

A quem eu quero enganar? Meus olhos vermelhos não enganam ninguém.

Ninguém precisou dizer nada por uns bons minutos, só o calor e afeto das duas já me acalmaram. O cheiro das duas faziam eu me sentir em casa, seguro. O olhar delas, mesmo cheios de lágrimas diziam que tudo acabaria bem. E eu apenas confiei nas duas, com todas as minhas forças tentei acreditar.

Me fizeram sentar com elas, mas não me obrigaram a dizer coisa alguma. Fiquei no meio, entre as duas, olhando pro nada e pensando em tudo. Segurei com a esquerda a mão gelada de Marcy e com a direita a mão anêmica de Cake.

Ficamos ali por um bom tempo de mãos dadas, apenas esperando pela notícia tão temida. Eu estava morrendo de medo.

– Precisamos avisar o pessoal – Marceline quebrou o silêncio, depois de quase uma hora.

– Eles... ainda devem estar dormindo – Cake disse, mas continuou olhando pro teto

– Já são 7 horas – Eu abri a boca, finalmente – Avise-os.

– É péssimo acordar os outros para dar notícia ruim – A vampira retrucou

– Escute ele, Marcy – Sua namorada pediu – Ligue.

– Tá bom – Ela se rendeu

Desbloqueou a tela do celular, discou o número de Finn e colocou no viva-voz. Chamou umas 5 vezes antes dele atender.

– Fala – Ele atendeu. Sua voz ecoou pela sala vazia do hospital.

– Aonde você tá? – Ela indagou

– No bar do Jake, cuidando de umas coisas... – Ele respondeu – O que você quer?

– Preciso te dar uma notícia não muito boa

– Ai meu Glob, viu... – Ele suspirou – Diga

– A Fionna... tá dando a luz agora

– E desde quando isso é uma notícia ruim? – Ele riu - Isso é ótimo!

– Não, Finn... escuta – Ela revirou os olhos – Ela tá muito mal, pode ser que não sobreviva ao parto. As crianças podem nascer com problemas também.

Tudo ficou em silêncio por um tempo.

– É sério isso? – Sua voz estava afetada

– Muito sério

– Ah... não – Ele parecia triste agora – Não... não pode ser... não....

– Nós estamos aqui no hospital – Ela disse depois de um longo silêncio – Pode avisar para o Jake também?

– Eu... eu estou indo pra aí – Em seguida, desligou.

Isso está sendo mais difícil do que eu esperava. Marcy encerrou a chamada e discou o número de Chris. Ele atendeu no primeiro toque.

– E aí, Marcinha... Beleza? – Ele atendeu, animado

– Na verdade, não – Ela respondeu, séria

– Ué, mas porque? – Ele indagou com preocupação – O que houve?

– Arthur e Violet estão nascendo agora.

– Yey! Não acredito! O Marshall deve estar morrendo de nervoso, né? – Ele riu – Oh Babi! – Ele gritou – A Fionna tá tendo bebê!

– Christian, pelo amor de Deus, você quer cala essa boca e me escutar? – Ela disse irritada

– Wow, calma aí – Ele riu – Tá bom, fala... O que tem de ruim nisso?

– É isso que eu estou tentando explicar – A mesma suspirou – Fionna tá muito mal e fraca, ela pode morrer nesse parto.

– O-o que? – Ele balbuciou – Mas o que? Não! Não pode ser, ela estava bem ontem, eu me lembro... Você tá maluca, Marcy?

– Pior que não, eu bem que queria estar – Ela segurou o choro – E tem mais: os bebês podem nascer com problemas.

– Pro-problemas? – Ele gaguejou – Oh my glob, isso não pode ser verdade... Eu... eu sinto muito mesmo – Ele disse com voz de choro

– Aguenta o choro, marica – Ela deixou escapar uma lágrima também

– Posso falar com o Marshall? – Ele pediu

– Estou aqui – Eu disse, tentando ser firme

– Sinto muito, bro – Ele falou, cabisbaixo – Vai dar tudo certo, cara. Seja forte.

– Todos nós sentimos – Respondi – Valeu, Chris

– Aonde vocês estão?

– No hospital de sempre – Marcy falou – Você vem?

– Estou á caminho – Ele avisou e desligou em seguida.

Marcy desligou e bloqueou a tela. Todos voltamos a olhar pro nada, até eu quebrar o silêncio.

– Liga pra mãe – Pedi, e ela no mesmo instante discou o número da dona Harvey.

POV Gumball

Há quanto tempo, senhoras e senhores! Meus queridos interlocutores estavam com saudades do vilão mais sádico e doente da trama? Suponho que não, mas eu voltei mesmo assim.

Vamos recapitular: Fazem aproximadamente uns 6 meses que eu saí da vida de Marshall e seu pessoal, dei á eles meio ano de paz, fazendo-os esquecer de minha existência para poder começar a executar meu plano. Posso estar sumido, mas não estou morto... e a Bonnie também não.

Acreditem ou não, mas eu consegui transformar aquela tonta em uma bela de uma aliada perturbada, maluca e sedenta por vingança (Quase tão má quanto eu!). Realmente, estou muito orgulhoso de mim mesmo.

Voltando ao que importa: o casalzinho do ano. Fiquei sabendo por aí que a coelha e o vampiro resolveram ter filhotes... Dois de uma vez! Parece que alguém andou caprichando... Piadas á parte, já estou vendo que meu plano vai ter que ser adiado por mais um tempo, pelo menos até que os gêmeos fiquem um pouco maiores.

Não terei nem um pingo de dó destas crianças... O vampirinho vai se arrepender por ter roubado Fionna de mim.

POV Marshall

Duas horas depois, todos estavam reunidos. Todo mundo mesmo. A sala de começara a parecer pequena com tanta gente dentro dela. Ninguém dizia nenhuma palavra sequer, tudo continuava com o mesmo clima de enterro, olhavam para o nada, pensando no pior. Alguns com um pouco mais de fé rezavam para que tudo desse certo.

Eu apenas pedia forças para o meu pai, pedindo para que haja o que houver, eu consiga cumprir a promessa que eu fiz á Fionna: Cuidar de nossos filhos.

Tarefa difícil, já que eu não sei cuidar nem de mim mesmo.

Quando eu estava prestes a começar a roer as unhas de nervosismo, uma mulher de jaleco branco abriu abruptamente as portas da sala, como há quatro horas. A expressão em seu rosto me dizia o que eu estava temendo. Ela olhou em meus olhos e fez sinal negativo com a cabeça.

Foi ali, naquele momento que eu soube: meu mundo acabou.


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Notas finais do capítulo

Não me matem...Não me matem...Não me matem!
Essa não é a primeira e nem vai ser a última tragédia na vida do vampiro, então... Não fiquem bravos comigo, que eu sei o que eu to fazendo (eu acho!) Lembrem-se: É só uma fic!!!
Beijo grande, feliz 2015 pra vocês!