Show Me Love escrita por noOne


Capítulo 29
Cake's Freedom




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POV George (Pai da Fionna)

Estava tentando destravar o celular da Fionna depois de ter bloqueado ele, de tanto tentar senhas diferentes, nenhuma batia. Larguei o maldito celular na banquinha.

– Ah, depois eu compro outro – Pensei – Não que ela esteja merecendo um novo.

Foi quando as duas entram do nada pela porta, com expressão séria, me cobrando satisfações. As ignorei, bebendo tranquilamente meu café enquanto elas falavam sem parar. Engasguei quando elas tocam no nome de Finn, o bastardo que eu rejeitei durante 25 anos. Agora já deve estar um homem, preso por tentativa de homicídio pelo o que eu soube. Bom, foda-se ele.

– De onde vocês o conhecem? Quem te disse isso? – Eu estava na defensiva até de mais, claramente alterado.

– A gente já sabe de tudo, seu cretino – Cake disse com desdém – Eu tenho nojo de você e abomino o sangue que corre pelas minhas veias.

– Como você pode esconder isso da gente? – Fionna estava quase caindo em lágrimas – Por todo esse tempo ainda mais! Eu tenho um irmão e nunca soube!

– Ele não é seu irmão, ele é um bastardo nojento morador de subúrbio como seu namorado, Marshall. São todos da mesma laia!

– Você é um monstro! – Fionna exclamou

– Eu só fiz o que tinha que fazer.

– Negar seu filho? Quanta bravura! Que exemplo! – Cake ironizou

– O que você queria? Que eu criasse um neguinho do pé preto na minha casa?

– Tecnicamente, ele é loir...- Fionna foi interrompida.

– Calada! – Eu continuei – Isso destruiria minha imagem! Eu tenho uma reputação á zelar, vocês não entendem? Eu tive um envolvimento com uma das empregadas da casa e ela acabou engravidando, eu mandei ela tirar logo a maldita da criança mas ela se recusou a abortar e eu tive que mandar ela embora. Acho que ela virou moradora de rua ou sei lá, nunca mais soube dela, deve ter morrido. Mas fiquei sabendo que esse tal de Finn foi parar na cadeia né? Eu acho é pouco, por mim ele não teria nem nascido mesmo.

– Como você pode falar desse jeito do seu próprio filho? – Cake questionou indignada.

– Não o considero como um filho meu – Bebi mais um gole de café – Considero como um acidente. Devia ter jogado ele na cara daquela empregadinha ao invés de ter jogado esse garoto dentro dela. Mas fazer o que, né? Aconteceu, não posso fazer nada.

– Eu tenho nojo de você! Olha bem o que você está falando!

– Digo e repito se você quiser. Por mim seu irmão não teria nem nascido, eu o matava na primeira oportunidade.

– Você não é meu pai! – Ela se afastou

– Eu não queria nenhuma de vocês pra falar a verdade, mas como vocês tem sangue nobre nas veias eu as criei e dei meu sobrenome. Não tenho nojo de chamar vocês de filha, ao contrário do Finn, ele é pobre, nojento, suburbano – Acabei o café, repousei a xícara no pires – Mais alguma pergunta?

– Eu não moro mais no mesmo teto que você, eu nunca mais piso nessa casa e não quero que você me chame de filha – Cake disse subindo as escadas – VOCÊ NÃO É MEU PAI! VOCÊ É UM MONSTRO! UM MONSTRO! – Ela berrou de lá de cima.

– E aonde você vai morar? De baixo da ponte? – Eu ri – Junto com seu irmão e seu cunhado?

– Eu me viro, eu quero é que você se foda, meu velho! Cansei dessa porra, chega! Seu preconceituoso de merda!

– Tá desinibida hein, filhinha? Criou asas na faculdade? Com sua turma universitária de merda? – Eu a segui – Vai conseguir dinheiro como? Rodando bolsinha ou tocando banjo com sua turma hipster? Vai fumar maconha também? Vai virar atéia? Tá uma bela de um falsa comunista agora! Hein? Hein?

Cake explodiu e deu um tapa bem ardido na cara, me fazendo virar o rosto pra esquerda. Assim fiquei por um momento tentando assimilar o que realmente tinha acontecido. Conforme eu ia retomando a realidade meu corpo se enchia de ódio.

– Você – Eu apontei o dedo pro seu rosto – Some da minha frente agora.

– É o que eu pretendo fazer, babaca – Ela tirou bruscamente meu dedo da cara dela.

– Eu sou seu pai, você não pode me tratar assim!

– Você não é meu pai, eu te odeio! Você é um babaca de bosta! Um merda! Eu preferia que você estivesse morto!

– Como pode dizer isso? – Ele serrou o olhar

– Eu to cheia dessa merda! – Ela dizia com a boca bem aberta, liberta – E que saber, Sr. Mertens? Vou mandar a real pra tu! Você tá puto com a Fionna por estar namorando o Marshall do subúrbio, não é? – Ela engoliu a saliva e disse com vontade, sem nenhum pudor – Pois eu estou dormindo com a Marceline! Chupa essa, Mertens!

Um gosto amargo veio á minha boca, era desgosto misturado com ódio e com tudo o que de mais ruim eu poderia ter sentido na minha vida.

– Você morreu pra mim – Eu disse á ela.

– VOCÊ MORREU PRA MIM! – Ela berrou e fechou a porta na minha cara, trancando.

Quando virei pra trás Fionna estava atrás de mim. Séria de braços cruzados.

– O que você quer? – Eu perguntei á ela

– Falo nada. Só não pense que isso acabou, você não vai se livrar tão cedo. Ele pode não ser seu filho mas é meu irmão – Ela encerrou toda a discussão, entrando em seu quarto e o trancando também.

Me sentei ali no corredor mesmo, tentando me recompor. Eu estava suando, com as veias do braço saltadas e as do pescoço também. Afrouxei minha gravata e senti vontade de chorar de nervoso ali, mas não dei esse gostinho á Cake.

POV Cake

Depois de ter dito tudo o que eu queria e ter dado um tapão bem dado na fuça daquele cretino que eu chamava de pai, peguei minha mala vermelha em cima do meu guarda-roupas e enchi com minhas roupas e sapatos (Que não eram muitos) e mais algumas coisas de uso pessoal. Depois de uma hora mais ou menos eu já estava pronta, ia partir pra nunca mais voltar daquela casa. Mas antes eu tinha que falar com a Fionna, é claro.

Girei a maçaneta, mas a porta estava trancada, então o jeito foi bater.

– Fi? – Eu disse com uma voz serena, bem mais calma do que á uma hora – Abre aqui, eu já estou indo.

Ela abriu no mesmo instante, como se estivesse esperando que eu batesse, estava com a cara inchada, como se estivesse chorando.

– Eu não quero que você vá – Ela me abraçou, se desmanchando em lágrimas – Eu não posso ficar sozinha aqui!

– Calma, flor – Eu a abracei também e a guiei para a cama, ela se sentou lá, enxugando as lágrimas.

– Vo-cê-não-po-de-me-dei-xar-a-aquii! – Ela soluçava muito, eu tentava contê-la mas era quase impossível.

– Fi, olha pra mim – Eu disse olhando no fundo de seus olhos azuis, encharcados de lágrimas – Se acalma tá? Eu não vou morrer não! Só vou me mandar daqui, é só isso.

– E como fica mi-nha vida depois que-vo-cê for? – Ela se acalmava lentamente.

– Eu tenho certeza que você consegue sobreviver sem mim aqui – Eu sorri – Além do mais você pode me visitar todo dia.

– Pr-pra onde você vai?

– Eu ainda não sei, vou passar na Marcy, peço pra ficar uma noite lá e depois eu me viro.

– Eu não quero ficar sozinha nesse inferno! – Ela resmungou, enxugando as lágrimas.

– Isso é só até você completar a maior idade e ser dona do seu nariz – Eu toquei meu dedo indicador na ponta do narizinho pequeno dela.

– Não sei se aguento esperar.

– Aguenta sim, você tem 17 né?

– Isso.

– Só falta 1 mês pra você chegar á maior idade – Eu sorri, ela sorriu confortada – Se tudo der certo, conforme for, você mora comigo.

– Não vejo a hora

– Só mais um mês.

– Só mais um mês – Ela riu e me abraçou.

Ficamos assim por uns 30 segundos, ela não queria me largar e estava encharcando minha jaqueta. Confesso que também não queria soltar ela. Minha maninha, tadinha, sempre esteve comigo. Me sinto mal por ter que deixa-la aqui, mas é o único jeito, não posso leva-la comigo. Foi quando ela me soltou e eu a soltei junto, ela me levou até a porta, seguida pelo olhar severo do meu pai. Onde estava minha mãe nisso tudo? Ah, no salão de beleza, é claro.

Abri a garagem, dei partida no MEU carro, que eu comprei com MEU dinheiro suado e com muito orgulho. Dirigi até a casa da Marcy, quem me atendeu foi Marshall.

– Eai Cake – Ele coçou a nuca – A Marcy não tá aqui não.

– Como você sabe que eu estou procurando ela?

– Tu pensa que eu não sei que tu dá uns pega na minha irmã? – Ele sorriu e arqueou a sobrancelha esquerda – Sua filha da mãe!

– Ela te falou né – Eu senti minhas bochechas queimando. Droga, eu estava corada! Logo eu?

– Tá de boa, entra ai – Ele deu passagem – Tu já é de casa.

– Literalmente – Eu disse – Eu estou precisando passar uma noite aqui.

– Ah sei lá cara, se você arrumar um lugar, ótimo – Ele brincou – Sério, eu não to brincando. Se você achar um espaço aqui é milagre.

– Exageraado – Revirei os olhos

– O que você carrega nessa mala, chumbo? – Ele resmungou arrastando-a pra dentro

– Só algumas coi...

– O MÃE!

– OE

– A CAKE VAI DORMIR AQUI

– TA

Fui brutalmente interrompida por Marshall e sua delicadeza, Harvey. Foi quando Marceline chegou, com algumas compras pra casa.

– Ae, peso morto – Ela disse pro Marshall – Faz um vento ai, me ajuda a carregar essas coisas.

– Já que você pediu com tanta educação né – Ele falou com sarcasmo

– Fala ai, Cake – Ela disse me dando um beijo na bochecha.

– Você sabe que todo mundo sabe de vocês duas né, então para com essa cerimônia – Marshall comentou.

– Calado imbecil – Ela pôs o dedo indicador na frente da boca, fazendo sinal de silêncio, eu dei um riso sem graça – O teu pai deve estar muito puto com isso, né não?

– Porrr! – Eu ri – Demais velho, ele disse que eu não era mais a filha dele, que não sei o que lá...

– Foi por isso que você saiu de casa? – Ela questionou

– Não, por um bilhão de fatores á mais, eu já estou guardando raiva á tempos. Tem uma hora que a gente explode né?

– Sei... Dai ele te expulsou de casa?

– Não, eu sai porque eu quis. Mas antes de ir eu dei um tapão bem dado na cara dele

– Isso ai Cake, representou o bonde! – Marshall falou lá da cozinha.

– Nossa mano! – Marcy ficou pasma – Você deve estar um tanto arrasada com tudo isso né?

– Pior que não, á tempos eu não me sinto tão bem. Me sinto livre.

– E a Fionna?

– Ah coitada, essa está arrasada com tudo isso mais do que eu.

– Oh tadinha – Marshall disse invadindo a sala – Eu tenho que ir lá prestar minha “caridade”

– Mas é um cachorro mesmo – Marcy riu

– Senta ai, seu cadelo – Eu puxei ele pro sofá também – Eu precisso falar sério com vocês agora.

– Diga

– Fala

– Se lembra do Finn né?

– Claro, aquele vacilão me deu um espanque no beco.

– Esquece isso, eu tenho uma coisa pra mostrar pra vocês – Eu puxei o envelope do laboratório dos testes de DNA.

– O que é? – Marcy tomou da minha mão

– É de comer? – Marshall tomou da mão dela

– Para de zoeira vocês dois, o assunto é sério.

Contei toda a história pra eles, até a Harvey parou pra ouvir também, todos ficaram tão chocados quanto eu fiquei na hora. O foda é que a Harvey conhece a mãe do Finn. Ela é uma diarista, que assim como a Harvey já trabalhou pro tal de George Mertens e acabou engravidando do mesmo, gerando meu irmão. Pois é, o assunto está ficando interessante. Vou aproveitar minha atual nova liberdade pra correr atrás disso e descobrir essa história direito.

Ficamos a noite inteira conversando até que eu apaguei de cansaço. Amanhã eu procuro uma casa, porque emprego e carro eu já tenho, então já estou com metade do caminho andado. Um novo tempo pra mim se inicia, e eu posso afirmar com todas as letras que eu nunca me senti tão bem em toda minha vida. Uma nova Cake surge, agora sem nenhum velho arrogante pra me dizer o que fazer.


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Notas finais do capítulo

Ui Cake, sua diva hueheuhue
O que achou do capítulo? Sugestões, críticas? Comentem!
Até quinta, beijos!