POV Fionna

Acordei com o barulho da minha irmã mais velha, Cake, ligando o secador de cabelo no quarto ao lado. Abri os olhos e fiquei encarando o teto.

– Bom dia, dorminhoca - disse ela abrindo a porta num tom mais alegre do mundo. Fala sério, quem consegue ser feliz 05:30 da manhã?

– Bom dia - Disse eu com uma voz rouca e cara amassada.

Levantei da cama, escovei os dentes, tomei banho e desci as escadas pra tomar café (gente, como aquela casa era grande). Meu pai estava sentado na mesa, lendo jornal, como sempre, minha mãe bebendo seu chá preto, que nem uma rainha, Cake comendo que nem uma égua, aquela sem modos e Beemo, meu irmãozinho quase dormindo em cima da mesa.

– Acabei gente, beijo tchau, falou - Disse Cake quase atropelando a Sra. Harvey, que acabara de chegar. Ela é meio que uma empregada, sei lá, ela era legal.

– Pra que tanta pressa, nossa! - Perguntei

– Eu trabalho né, querida - Disse ela

– Cadê aquela meiguice de mais cedo?

Ela deu de ombros e saiu pela porta

– Bom pessoal, eu já vou indo também se não me atraso pra escola, Beijo mãe - Eu disse

– Beijo querida

– Beijo pai

– Tchau

– Beijo Beemo

– ...

– Beemo?

– ...

– Morreu?

Esse moleque ainda entra em coma, sério. Hoje ele vai para um internato em Liverpool, ficar um tempo longe de casa. Vai ser bom pra ele.

Chegando na escola nada de diferente, as garotas vieram ao meu encontro como sempre, eu estou sempre cercada delas. Não sei por que diabos elas andam comigo, acho que é pra tipo “sugar” minha popularidade, ou sei lá. Grande merda, se ser popular é ficar cercada de garotas falsas eu prefiro ser antissocial. Mas agora já tá feito, não tem como reverter isso né. Sento na primeira fileira, perto da mesa dos professores, que me adoram por sinal. Deve ser porque eu tenho um cérebro, coisa que as meninas que sentam comigo não tem e se tem não usam.

É bla bla bla meninos, bla bla bla maquiagem, bla bla bla sapatos. Um inferno.

Sentei no meio da primeira fila como sempre, pendurei minha mochila na cadeira quando a Carol (todo mundo chama ela de caroço) veio falar comigo, ela disse:

– Amiga, você viu o gatinho que está na nossa classe? - Num tom mais falso possível.

– Ainda não, acabei de chegar - E sorri. Tá, meu riso foi falso também, mas pelo menos eu tento ser legal sem querer nada em troca.

– Marshall Lee o nome dele, faz o tipo misterioso, a-do-ro - Disse ela toda animadinha

– Hm, interessante - Consenti com a cabeça.

Todos se sentaram, e o tal misterioso ficou a aula inteira lá no fundão, não falou muito. Ele era meio estranho, me lembrava o Slender Man ás vezes, por ser alto e magro. Esquisito.

Talvez ele só seja tímido, mas é bem bonito também, gostei do jeito dele, sua voz era baixa e rouca, ah como eu adorava aquilo.

Ele usava um all star vermelho, um jeans velho e uma blusa comprida xadrez vermelha. Algo que eu poderia chamar de Grunge.

Legal, no final da aula eu vou lá falar com ele.