Noites escrita por Lyria


Capítulo 1
Capítulo Único




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As noites divididas por Kagami Taiga e Kuroko Tetsuya não podiam ser consideradas algo “fora do comum”, mas também não possuíam um único padrão, e nem podiam ser previstas com antecedência, já que a relação entre ambos era profunda e intensa o suficiente para que não precisassem se preocupar em agradar constantemente um ao outro com típicos clichês românticos, ou repetitivas declarações de afeto e juras de amor. Eles simplesmente faziam o que queriam, quando queriam, e, na maior parte das vezes, as ações e vontades de ambos eram semelhantes – talvez, isso fosse uma consequência dos anos que haviam passado juntos, mas nenhum deles tinha quaisquer reclamações a fazer: desde o início, eles eram “luz” e “sombra”, duas partes de uma mesma existência.

E saber disso lhes era agradável.

Em noites que se seguiam a um dia exaustivo de trabalho, os dois apenas deitavam lado a lado na cama, os corpos próximos um do outro, e dormiam tranquilamente daquela forma, sem estenderem suas conversas ou suas preocupações.

Em noites tranquilas, que se seguiam a um dia livre, gastavam um longo tempo desfrutando de beijos e carícias, que às vezes se estendiam mais do que o previsto – mas isso, é claro, estava longe de ser algo ruim.

Em noites animadas, que se seguiam a um breve jogo de basquete entre amigos, geralmente junto a Aomine Daiki e Kise Ryouta, eles riam juntos, como se houvessem voltado no tempo, e ainda estivessem usando o uniforme de seu amado time, Seirin. Também reclamavam do quanto seus amigos não faziam questão alguma de serem discretos quanto ao relacionamento que dividiam desde o ensino médio – sinceramente, certas coisas não precisavam ser vistas...

Em noites quentes de verão, ambos se deitavam sobre o chão do apartamento onde viviam, passando horas e horas daquela forma, e apenas interrompiam suas longas conversas quando um deles ia buscar algo para beberem, ou para reclamarem do calor, e do quanto o inverno lhes fazia falta.

Em noites frias de inverno, os dois se acomodavam juntos sobre a cama, com diversas cobertas ao redor de seus corpos, e era muito provável que nenhum deles tivesse coragem o suficiente para sair dali, e ambos – especialmente Kagami – apenas se rendiam quando a fome se tornava algo insuportável. Nestes momentos, eles amaldiçoavam o frio, desejando que o verão voltasse logo.

Em noites frescas de meia-estação, às vezes, eles decidiam sair um pouco para caminhar, e vez ou outra, relembravam silenciosamente dos dias que dividiram naquele lugar tantos anos antes, quando ainda eram jovens demais para imaginar tudo que seus futuros lhes reservavam.

Em algumas noites, eles simplesmente olhavam um para o outro, e então, se davam conta do quanto o sentimento que dividiam era intenso, o que resultava em ternos toques e palavras doces, as quais eles jamais diriam para qualquer outra pessoa.

Em outras noites, eles se davam conta do quanto eram atraídos um pelo outro, e os toques se tornavam menos castos, e as palavras eram substituídas por longos e incontáveis beijos, e sussurros baixos.

E também havia noites em que eles não pensavam em nada, e apenas se rendiam a qualquer desejo que pudesse tomá-los, enroscando-se entre o som de gemidos e respirações aceleradas, até seus corpos estarem tão colados que seria difícil perceber que não se tratavam de uma única criatura.

Mas havia algo em comum entre todas as noites que aqueles dois passavam juntos, e, ironicamente, era justamente o que acontecia quando o sol começava a surgir no horizonte, iluminando o quarto de ambos, como se os incentivasse a sair da cama.

“Kagami-kun, já amanheceu...” dizia Kuroko, com os cabelos bagunçados e os olhos ainda meio fechados, tentando reunir coragem para se levantar.

O ruivo, por sua vez, apenas passava seus braços ao redor da cintura do mais novo, mantendo-o ali, ao seu lado.

“Agora não... Só mais um pouco.” respondia o maior, em um quase resmungo.

E, geralmente, Kuroko não precisava de mais qualquer outro incentivo para permanecer ali.

“Acho que mais alguns minutos não vão fazer mal.” concordava o de olhos azuis em tom baixo e gentil, sorrindo levemente ao se aproximar um pouco mais do outro.

E então, eles se acomodavam da forma mais confortável que encontrassem, abraçando-se, enroscando suas pernas, fechando seus olhos e esquecendo o mundo.

E, geralmente, eles não levantavam após “alguns minutos”.

Mas nenhum deles se importava realmente com aquilo: no passado, ambos já haviam perdido noites demais perguntando-se se seriam capazes de vencer a próxima partida que viria, e se preocupando com a reação do parceiro caso isso não fosse possível.

Por isso, manhãs preguiçosas como aquelas eram tão preciosas para ambos, e mesmo quando se vissem obrigados a finalmente sair da cama, sabiam que logo chegaria a noite novamente, e então, uma nova manhã, em um longo ciclo que se estenderia pelos longos anos que eles ainda teriam pela frente.

Em meio àquele delicioso e preguiçoso momento, ambos não podiam deixar de se perguntar silenciosamente:

Como será que esta noite vai ser?


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Notas finais do capítulo

Ahh, eu não consigo escrever historias que não sejam de fantasia com facilidade... Escrever sobre animes como KuroBas é quase como um pesadelo pra mim (mas meu amor é mais forte, então eu continuo tentando ò__ó).
Provavelmente, seria mais fácil fazer algo como Kuroko no Mahou Shounen da próxima vez... Ok, me desculpem, acho que meu problema é sono. @__@'
De qualquer forma, espero que tenham gostado da fic. :)