Nossa Hogwarts, Nosso Mundo escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 13
Dragão de Halloween


Notas iniciais do capítulo

Ah, queria ter postado esse capítulo realmente no Halloween, mas não tive tempo mesmo.
Gente, eu tenho mais um mês de aula pela frente, e agora estou tendo de entregar praticamente dois trabalhos por semana e tendo de estudar para as últimas atividades... Semana passada, por exemplo, eu fiz até minhas refeições enquanto estudava por causa de uma prova interdisciplinar que ia fazer. Mal estou tendo tempo para respirar.
E isso é péssimo, porque mês que vem eu vou para a Alemanha e vou morar lá por dois meses, e duvido que eu vá ter tempo de postar lá também.
Assim, espero conseguir postar mais um capítulo antes de ir para lá, mas se eu não der, saibam que eu amo todos vocês e juro solenemente que vou postar assim que puder. :)
Agora, espero que gostem desse capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/474942/chapter/13

Embora o aviso que tivesse sido posto em todos os Salões Comunais dissesse claramente que a permissão de usar vestimentas trouxas só seria válida durante o banquete de Halloween, na manhã do dia 31 de outubro, muitos alunos apareceram para o café da manhã e para as aulas com algumas peças de roupas trouxas, que mostravam para os amigos ou trocavam entre si.

Foi difícil manter a ordem – Professor Haverford passou o dia surtando com os alunos, quase sem deixar sua personalidade calma aparecer. Professora McGonagall prometeu que nunca fariam algo do tipo novamente. Professora Silsbury tirou muitos pontos de todas as casas (com exceção da própria, a Corvinal, o que todos os grifinos, sonserinos e lufanos acharam uma injustiça). Mas nada disso apagava a animação dos alunos.

Os únicos que pareceram não estar gostando nem um pouco daquilo, ficando emburrados e reclamando o dia inteiro, foram os estudantes da Sonserina.

Eles achavam os trouxas nojentos, até piores do que verme-cegos, porque pelo menos os vermes eram criaturas mágicas. Por que se vestiriam como eles, então? Achavam essa ideia patética, e como forma de protesto, saíram todos do Salão Comunal da Sonserina naquela noite vestidos com seus uniformes escolares completos, as capas exibindo bem o símbolo da casa deles e um broche onde se liam as palavras Orgulho de ser um bruxo, que alguns alunos do quinto ano tinham feito e distribuído para todos, para reforçar o ponto deles ainda mais.

Infelizmente, ninguém pareceu ligar para seus broches ou para o que eles pensavam no Salão Principal.

A massa de pessoas vestidas com o preto habitual tinha sido substituída por gente usando todas as cores, muitas misturadas. Bruxos que nunca antes tinham tido contato com trouxas usavam modelos esquisitos, como garotos com saia e garotas com sombreiros grandes demais para suas cabeças. Os nascidos-trouxas riam dos outros, e até o corpo docente estava usando uma ou outra peça de vestimentas trouxas.

E isso piorou ainda mais o humor dos sonserinos.

– Devíamos ter nos recusado a aparecer para o banquete. – Disse Adelie McGloven enquanto ia com os outros para seus lugares na mesa. – Queria só ver o que eles fariam...

– Por que não deu a ideia antes? – Jeremy Krieger falou. – Duvido que fossem fazer pouco caso de nós assim. E se fizessem, poderíamos todos escrever cartas para nossos pais contando que nos deixaram sem comida, e eles iam ver só.

– Não valeria a pena. – Disse Melinda Williams. – Perderíamos a primeira comemoração que estamos tendo em Hogwarts, e o banquete parece ainda mais delicioso do que normalmente.

– É claro que valeria! – Jeremy bateu o punho na mesa. – Somos bruxos de sangue-puro, temos uma causa a defender.

– Bela causa. Acho que nesse exato momento Você-Sabe-Quem está lutando por ela também. – Ela retrucou. Ao contrário da maioria dos alunos de sua casa, seu pai era Auror e sua mãe fora da Corvinal, não da Sonserina, de modo que sua família não simpatizava com aquela “causa” que seus companheiros pareciam achar tão nobre.

– Não que esse seja o ponto da conversa, é claro. – Falou Morgana Albini, ao ver que aquilo se transformaria em uma discussão. Como seus pais tinham posições elevadas no Ministério, crescera ouvindo que ela e o irmão Lorenzo eram jovens demais para entender muitas coisas, e agora já estava num ponto em que achava bobagem ouvir pessoas de sua idade discutindo sobre Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado e coisas do tipo.

E se os sonserinos já estavam bravos com aquela situação em si, teriam ficado ainda mais se tivesse passado pela mesa da Lufa-Lufa naquele momento e escutado Atenna Grace falando para as outras meninas:

– Vejam só os sonserinos... Coitados, será que não conseguiram arranjar nenhuma vestimenta trouxa a tempo?

– Ah, Atenna, não seja boba. – Disse Laura Jane, balançando a cabeça. – São os sonserinos. Se eles tivessem vestimentas trouxas, teriam vindo para o banquete pelados.

Todos que estavam sentados perto delas riram, mesmo que Laura não tivesse dito menos do que a verdade.

– Bom, bem feito para eles. Não sabem se divertir. – Concluiu Merody Hoddie, ajeitando a barra do seu kilt.

Mas na mesa da Grifinória, Rosemary Le’Leukën não estava pensando do mesmo modo. Tinha uma echarpe rosa brilhante que Marie François tinha lhe emprestado amarrada em torno de seu pescoço, mas ao ver seu irmão Demyan usando as vestes de sempre, se perguntou se não devia emprestar a echarpe a ele. Talvez ele fosse ficar mais animado...

Ou não. Era Demyan, afinal de contas – se estava daquele jeito, era porque não via graça naquilo, não porque achava que isso seria sinônimo de traição de sangue como os outros. Assim, Rosemary tentou se distrair desse assunto comendo seu pudim.

Nicolas Cooper, por sua vez, estava muito quieto para seus padrões habituais. Olhava para os outros com atenção, e no momento em que viu que ninguém estava dando atenção para ele e para Elliot, chutou o amigo por debaixo da mesa como sinal que podiam sair para por o plano deles de espionar o que tinha sob a cama de Ken em prática.

Os dois foram discretamente para fora do Salão Principal, e uma vez fora deles, dispararam a correr pelas muitas escadarias até a torre da Grifinória, enquanto riam.

– Nem precisamos usar as bombas de bosta que pegamos para distrair os outros. – Comentou Elliot no caminho, e Nicolas assentiu.

O Salão Comunal da Grifinória estava vazio quando eles chegaram lá. Subiram, já sem fôlego, para o dormitório deles, aparentemente vazio e silencioso, e trocaram um olhar antes de irem até a cama de Ken e se abaixarem para olhar debaixo dela.

Mas sob a cama não era possível ver nada senão escuridão. Elliot pegou sua varinha e murmurou um lumos, fazendo a ponta acender-se. Contudo, a claridade não revelou nenhum segredo escondido.

– Não tem nada aqui! – Reclamou Nicolas, que decepcionado continuou abaixado procurando por alguma coisa mesmo depois que Elliot se levantou; e por isso, não viu quando o baú de Ken se abriu de repente e uma criatura com o tamanho e a aparência de um lagarto e asas cobertas de escamas saiu voando de lá.

– Nick! – Exclamou Elliot, alarmado. Nicolas se virou, e nesse momento a criatura cuspiu fogo.

O menino foi rápido o suficiente para virar a cabeça de forma que o fogo não atingisse sua face, mas não pôde evitar que ele alcançasse a lateral de seu rosto, causando uma grave queimadura que fez Nicolas gritar e cobrir o rosto com as mãos.

Aquilo não era um lagarto voador esquisito. Era um dragão, encolhido por magia.

Elliot ficou completamente atônito, sem saber como reagir.

Por um lado, lá estava seu amigo, ferido e precisando de ajuda.

Por outro, agora havia um dragão descontrolado a solta no dormitório, cuspindo fogo raivosamente.

*********

– Ei, vocês viram para onde o Elliot e o Nicolas foram? – Perguntou Elizabeth Anderson aos outros grifinos de seu ano, que estavam terminando suas sobremesas.

– Não. – Respondeu Amy Smith, balançando a cabeça. – Acho que já faz quase quinze minutos que eles saíram...

– Talvez devamos avisar a Professora McGonagall do sumiço deles.

– Não! – Foi Ken quem disse, parecendo preocupado. Mas, no momento em que todos os outros olharam para ele de maneira indagadora, disfarçou: – Não tem por que chamar uma professora porque dois alunos foram da uma volta durante um banquete. Eles devem apenas ter ido até o dormitório. Eu vou atrás deles, certo? Não saiam daí. – E deixou a mesa correndo, mesmo que Elizabeth ainda não parecesse muito convencida.

E Alec Wings foi outro que observou Ken sair do Salão Principal com desconfiança. Era óbvio que havia algo estranho acontecendo ali, e Alec não era o tipo de pessoa que conseguia deixar que coisas estranhas simplesmente passassem – e, além disso, a frase “não saiam daí” fora tentadora demais para ele. Só esperou que Ken se afastasse um pouco para segui-lo.

Ken estava tão alterado que praticamente correu pelos corredores sem olhar para trás, e Alec conseguiu não ser notado até o momento em que eles passaram pelo quadro da Dama Gorda, adentrando o Salão Comunal da Grifinória. Então, finalmente ele se virou pela primeira vez e avistou o outro atrás de si.

– Alec! O que você está fazendo aqui? – Perguntou, sem parar de andar, e como já tinha sido descoberto, Alec foi para seu lado.

– Oi. – Disse.

– “Oi”? Você me responde “oi”?! – Disse Ken, descrente, mas Alec não teve a chance de se explicar, pois tinham acabado de entrar no dormitório.

E lá, viram um caos.

O dragão de Ken voava pelo quarto, que já tinha parte da mobília em chamas, e Elliot gritava alguns feitiços que eram sem uso naquela ocasião (todos que tinham aprendido dos dois meses que tinham passado em Hogwarts). Não devia estar tendo a menor ideia do que fazia.

– Draig! – Ken gritou, e o dragão imediatamente parou. Fitou-o por um momento, e quase pareceu que tinha se acalmado por ver o dono quando disparou para o Salão Comunal, passando bem entre Ken e Alec.

Ken correu atrás dele, dizendo coisas em uma língua que nenhum dos três colegas conhecia. Mas Alec reconheceu o que era, pois murmurou, impressionado:

– A língua dos dragões...

No entanto, a língua em que Ken gritou em seguida foi inglês perfeitamente compreensível:

– Dá para alguém vir me ajudar?!

Elliot correu para o Salão Comunal, e Alec também já ia atrás quando reparou em outro detalhe no quarto: Nicolas, deitado no chão perto da cama de Ken, com as mãos cobrindo o rosto. Pensou em fazer alguma brincadeira maldosa com ele – afinal, era assim que a relação dos dois funcionava – mas teve uma má impressão. Nicolas parecia... ferido.

– Cooper, está tudo bem? – Perguntou, sendo cuidadoso para manter o tom despreocupado.

Como resposta, ele tirou as mãos do rosto, e Alec pode ver que toda a lateral de sua face estava vermelha e cheia de bolhas, com um aspecto grotesco. Fez uma careta.

– Você está horrível!

– Ainda estou melhor que você. – Retrucou ele, com dificuldade. De certa forma, foi bom ver que ele continuava normal.

– Então você precisa de um espelho. – Alec se aproximou e sentou no chão ao seu lado, examinando a queimadura com uma expressão enojada. – E de ir para a Ala Hospitalar.

– Não vou para a Ala Hospitalar. Vão fazer perguntas e descobrir o que está acontecendo!

– Ah, claro, ainda mais porque a mobília em chamas não vai dar nenhuma pista.

– Precisamos apagar o fogo. É o mais importante. – Nicolas sacou sua varinha, e Alec fez o mesmo. – Temos de pensar em um feitiço...

Os dois se entreolharam por uns segundos, e então, ao mesmo tempo, se viraram para lados opostos e apontaram as varinhas para móveis diferentes, gritando “Aguamenti!”. Jatos de água saíram de suas varinhas e apagaram o pequeno trecho de fogo em que miravam. Os dois se olharam de novo e abriram um breve sorriso antes de sair correndo pelo quarto apagando todo o fogo, parando apenas ao perceber que aquilo estava causando outro problema: Estavam alagando o dormitório.

Entreolharam-se novamente, mas daquela vez não houve nem um resquício de inimizade em seus olhares – e eles não saberiam dizer se era apenas por causa da situação ou se era definitivo.

– Você não conhece um feitiço para secar água, conhece? – Perguntou Alec, e Nicolas fez uma careta que queria dizer “não”.

Mesmo assim, eles tinham certeza de que poderiam ter pensado numa forma de resolver o problema se naquele momento não tivessem ouvido a voz de uma furiosa Professora McGonagall vindo do Salão Comunal:

– Drakon e Geoffrey, o que está acontecendo aqui?!

Nicolas e Alec correram para a porta do dormitório para ver o que estava acontecendo. McGonagall nunca ia até o Salão Comunal – alguém devia ter dedurado que algo devia estar acontecendo por lá. Elizabeth, pensou Alec, bravo.

Por sorte, aparentemente nada no Salão estava queimado ou destruído, mas isso não amenizava o fato de que Elliot e Ken estavam parados lá com um dragão sobrevoando suas cabeças. E como nenhum dos dois respondeu à professora, ela puxou sua varinha e, com apenas um gesto, transfigurou o dragão em uma galinha, que caiu nos braços de um Ken horrorizado.

– Draig virou uma galinha. – Disse, como se tentasse se convencer daquilo.

– É um dragão. – Falou a professora, lívida. – Um dragão em Hogwarts! O que vocês estavam pensando? Alunos da minha casa, sendo expulsos logo no primeiro ano...!

– Expulsos?! – Elliot também empalideceu.

– Não é óbvio? Qual você achava que seria a consequência para algo tão grave?!

– Não o expulse! – Pediu Ken. – Elliot não tem nada a ver com isso, ele só descobriu sobre Draig agora. Quem trouxe o dragão e o escondeu fui eu! É que... sou de uma família de treinadores de dragões, então não consegui ficar longe...

– Foi uma decisão muito estúpida de sua parte, Drakon! E me deixa muito surpresa, pois achar que o que quer que sua família faça te deixa acima das regras da escola geralmente é algo visto em alunos da Sonserina, não da Grifinória!

– Mas não foi o que eu...

– Você não pensou nas consequências nem por um segundo?!

Com aquilo, Alec e Nicolas deixaram o dormitório e foram diretamente para onde a professora e os outros dois meninos estavam.

– Professora, o dragão não é perigoso! – Disse Nicolas. – Ficamos dois meses no mesmo quarto que ele sem nem ao menos saber que ele estava lá! Ele só saiu porque tentamos mexer com ele.

– E nós destruímos o dormitório tanto Draig! – Completou Alec.

– Vocês o quê?! – Professora McGonagall gritou.

Nem Alec e nem nenhum dos outros respondeu. Os quatro meninos encararam os próprios pés, e a professora respirou fundo.

– Menos cinquenta pontos para a Grifinória. Para cada um. – Declarou, e eles sentiram o sangue abandonar suas faces. A Grifinória ainda nem tinha duzentos pontos. Ficariam com pontos negativos? Os outros alunos da casa jamais iam perdoá-los. – E detenção diária até o Natal.

– Mas não vamos ser expulsos? – Perguntou Elliot, só para garantir.

– Tentamos dar segundas chances para alunos que acabaram de entrar na escola. Mas só mais um deslize, por menor que seja, e garanto que vocês vão poder se despedir de Hogwarts. – Pelo tom dela, dava para ver claramente que não estava blefando. – Drakon, você vem comigo para a sala do Professor Dumbledore, ele vai decidir o destino deste dragão. E Cooper, o aconteceu com o seu rosto? Já para a Ala Hospitalar.

Ken, com a galinha nos braços e parecendo arrasado, seguiu a professora para fora do Salão, e Nicolas foi junto, embora fosse tomar um caminho diferente. Alguns segundos depois os outros alunos que estavam no banquete começaram a chegar.

– Aconteceu alguma coisa? – Rosemary perguntou, gentil como sempre, ao notar a expressão de Alec e Elliot.

Mas será que todos continuariam sendo tão legais com eles quando descobrissem dos pontos perdidos?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários e recomendações são bem vindos!
Até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nossa Hogwarts, Nosso Mundo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.