Nossa Hogwarts, Nosso Mundo escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 10
Primeiro dia de aula


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, gostaria de saber: Algum de vocês acessou o meu perfil nos últimos dois meses? Se o fizeram, certamente viram a nota que deixei, dizendo que veio uma intercambista da Alemanha para a minha casa e por isso tive estado muito ocupada com elas nos últimos tempos, de modo que parei de atualizar por um tempo. Mas agora, estou de volta! Sinto muito por ter feito que esperassem tanto por um capítulo, mas sinceramente espero que gostem dele ;)



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Depois de uma boa noite de sono, a energia dos alunos estava revigorada. Na manhã do primeiro dia de aulas, todos estavam ainda mais barulhentos e empolgados do que na noite anterior, mal podendo esperar para ver quais matérias aquele novo ano lhes reservava.

– Eu mal posso esperar para aprender a duelar! – Exclamou Elliot Geoffrey, na mesa da Grifinória, balançando o garfo como se este fosse uma varinha e fazendo quem se sentava próximo a ele se inclinar para não ser atingido.

– Não acho que aprenderemos a duelar tão cedo. – Opinou Elizabeth Anderson. Elliot a chamou de “estraga-prazeres” com um murmúrio.

Nisso, dezenas de corujas entraram no Salão Principal ao mesmo tempo, chamando a atenção de todos os alunos. Todos os primeiranistas – até os que sabiam o que aconteceria e esperavam por aquilo – observaram impressionados enquanto as aves iam em direção aos alunos, entregando a correspondência diária.

– Como podemos ser independentes se não estamos longe dos nossos pais há nem um dia completo e eles já estão atrás de nós? – Queixou-se Nicolas Cooper.

– Podem simplesmente estar querendo nos parabenizar por termos ido para a Grifinória. – Disse Amy Smith.

– Ou não. – Ken Drakon indicou Rosemary Le’Leukën e Alec Wings com a cabeça e todos os olharam, para ver que ambos estavam muito pálidos e segurando envelopes vermelhos.

– Nem um dia completo – disse Nicolas – e já receberam Berradores...

– O que é isso? – Perguntou Marie François.

– Você vai ver. – Ken respondeu.

– Abram logo, vai explodir! – Falou Elliot.

Mas Rosemary parecia mais disposta a sair correndo do salão a abrir o envelope – e provavelmente, o teria feito se Alec não tivesse olhado para ela naquele exato momento e dito:

– Não dá para escapar de um Berrador. Mas... podemos passar por isso juntos. Acho que fica mais fácil.

Rosemary o encarou por um instante e então encolheu os ombros. Estava grata pela atitude dele, mas continuava querendo desaparecer.

– Certo. Juntos. – Concordou ela.

– Um... – Começou Alec.

– Dois... – Ela continuou.

Três! – Exclamaram, juntos, por fim, e abriram seus Berradores simultaneamente.

ROSEMARY MARIEN LE’LEUKËN! – A voz do Sr. Le’Leukën soou por todo o salão, vinte vezes aumentada, ao mesmo tempo em que a da Sra. Wings gritava:

ALEXANDER EDWARD WINGS II!

–Ah – Disse Marie. – Entendi por que “Berrador”.

COMO PÔDE ENVERGONHAR A NOSSA FAMÍLIA DESSA FORMA?

– NÃO POSSO ACREDITAR! MEU PRÓPRIO FILHO, MEU PRIMOGÊNITO...

– ERA TÃO DIFÍCIL ASSIM IR PARA A SONSERINA?

– QUEBROU UMA TRADIÇÃO DE CENTENAS DE ANOS!

– VOCÊ ENVERGONHOU NOSSA FAMÍLIA!

– E É MELHOR EU NÃO SOUBER DE MAIS NEM UMA GRACINHA SUA, ALEXANDER, PORQUE SENÃO...

– O QUE EU DEVERIA FAZER COM VOCÊ AGORA, ROSEMARY, DEFINITIVAMENTE ERA...

– TIRAR VOCÊ DA ESCOLA NO MESMO SEGUNDO!

E com isso, os berros pararam e os envelopes se desfizeram. Todo o Salão Principal, que tinha parado para escutar os Berradores, estourou em risadsa, e Alec e Rosemary afundaram-se em suas cadeiras. Tinha sido muito ruim.

Mas, ainda assim, muito melhor do que se tivessem passado por aquilo sozinhos.

*********

– Vocês ouviram aqueles Berradores durante o café? – Perguntou Morgana Albini para os amigos da Sonserina enquanto eles desciam novamente para as masmorras para a primeira aula do dia: Poções.

– E quem não ouviu? – Arleen Hafno retrucou.

– Como se a vergonha de ir para a Grifinória já não fosse suficiente... – Lorenzo Albini riu com desdém.

– Bem feito para eles. – Jeremy Krieger disse, e os outros concordaram. – Agora, onde será a sala de Poções? Este castelo é um labirinto.

Demyan Le’Leukën, que andava um pouco atrás do grupo, estivera pensando no Berrador que o pai mandara para sua gêmea, e com o comentário de Jeremy voltou a pensar nela – Rosemary estava sempre se perdendo, e dependia de Demyan para muitas coisas. Ele quase preferia também ter ido para a Grifinória e ser desonrado a ficar longe dela. Deixá-la sozinha.

Sem uma palavra, Demyan passou pelos colegas e seguiu para a sala – tinha decorado o caminho ao ir para o Salão Comunal as Sonserina na noite anterior. Os outros o seguiram, não muito felizes por precisarem fazer isso.

Os sonserinos esperavam encontrar algum professor já na classe, mas lá viram somente os alunos da Corvinal, que faziam Poções junto com eles. Eles tomaram cuidado para não se misturar ao escolherem seus lugares.

– O meu pai me contou que o professor de Poções, o Slughorn, é legal. – Comentou Melinda Williams com Morgana, que tinha se sentado ao seu lago. Nisso, Adelie McGloven (que tinha se sentado ao lado de Jeremy) virou-se para elas e disse:

– Bom, aquele professor não parece com a descrição do Slughorn que recebi.

Foi só então que elas repararam no homem que tinha acabado de adentrar a sala.

Era um senhor de, no mínimo, oitenta anos. Não era muito mais alto que a maioria dos alunos do primeiro ano e era muito magro, tinha cabelos brancos e olhos azuis tão claros que eram quase transparentes.

Toda classe calou ao vê-lo. O senhor sorriu e foi até a mesa do professor com calma. Mexeu em algumas coisas sobre ela, olhou para os alunos e os cumprimentou antes de se apresentar, com a voz baixa e suave:

– Sou o professor Linus Haverford, e darei as aulas de Poções neste ano. Também serei o responsável pela casa Sonserina e...

– E professor Slughorn? – Cortou Adelie. Linus Haverford, no entanto, não pareceu se importar com a interrupção, limitando-se a erguer as sobrancelhas.

– Ah, não esperava essa pergunta de alguém do primeiro ano. Muito bem, professor Horácio Slughorn precisou se ausentar por este ano, mas voltará a dar aulas ano que vem. Estarei com vocês enquanto isso. Tive de passar os últimos meses me atualizando em Poções, como não dou aula desde a década de trinta. – Contou. – Certo, vamos começar. Eu tinha o hábito de sempre utilizar os primeiros meses dos primeiranistas para ensinar o manuseamento certo dos ingredientes das Poções, e vou voltar a fazer isso agora. Por favor, abram os livros de vocês na página 8. – Enquanto os alunos faziam o que lhes fora ordenado, professor Haverford olhou para um pergaminho que estava sobre a mesa e chamou: - Sr. Myers, pode começar a ler.

Doug Myers pigarreou e começou a leitura, em voz baixa:

– “A preparação de poções é uma das mais antigas e importantes atividades bruxas. Um bruxo sem conhecimento de poções é o equivalente a um unicórnio sem seu chifre:” - alguns dos alunos deram risadinhas a comparação. Professor Haverford sorriu, como se se divertisse com a reação deles, e Doug prosseguiu, sem se abalar: - “ridículo e não funcional até o ponto em que algo inexistente pode ser. Este livro foi criado para a instrução de alunos e bruxos iniciantes em geral para a introdução destes nesta área de estudo. Esperamos que usufruam do conhecimento que...”

– Pare! – Exclamou, de repente, o professor. Todos os olhos, antes acompanhando a leitura no livro, correram até ele. Sua expressão já não era mais amigável, constataram, e sim azeda e raivosa. Ele começou a marchar pela classe, olhando para cada um dos alunos.

– Mas o que aconte... – Começou Jeremy Krieger, baixo para só quem estivesse perto o ouvisse, mas professor Haverford, mesmo não estando exatamente perto, ouviu e se virou, apontando para ele.

– Sem conversas na minha aula! – Berrou. – Não vou tolerar isso! Detenção!

– O quê?!

– Não discuta com seu professor! Detenção dupla!

Jeremy, então, fechou a boca e cruzou os braços, carrancudo e com os olhos cheios de lágrimas.

Professor Haverford continuou a andar, até parar na mesa de Lorenzo. A acidez em seu olhar aumentou.

– Ah! Um Albini, não é? Reconheceria um de longe, você é igualzinho ao seu bisavô, aquele italiano irritante com quem tive de dividir o quarto nos meus tempos de Hogwarts...

Lorenzo, por já ter visto o que acontecera com Jeremy, não retrucou, mas o professor sequer continuava olhando para ele. Tinha se voltado a Adelie, que o olhava tentando disfarçar seu mínimo temor com arrogância.

– E você, uma McGloven. Vamos ver se... – e sua expressão zangada sumiu. Ele sorriu como antes e, subitamente, era o mesmo Linus Haverford que começara a aula. – ... Você pode continuar a leitura do ponto onde o Sr. Myers parou, por favor?

*********

– Aquele professor Haverford é assustador. – Comentou Manuella Brown, da Corvinal, enquanto ia para sua segunda aula do dia, Defesa Contra as Artes das Trevas, com os outros alunos de sua casa. Como os primeiranistas ainda não conheciam quase nada da escola, os prefeitos sugeriram que andassem todos juntos no começo, para não se perderem. – A personalidade dele mudou de repente, e depois voltou ao normal.

– Ele é uma pessoa estranha. – Concordou Andrew Skyful. – Acho que vou escrever uma carta para os meus pais perguntando sobre ele...

– Pais? Ele disse que não dava aula desde a década de trinta. É melhor perguntar para seus avós. – Disse John Miller.

– Sabe, acho que isso pode ser efeito colateral de um feitiço. – Falou Augustus Geoffrey, pensativamente. Quando percebeu que todos olharam para ele, esperando que falasse mais, corou e olhou para o teto. – Quando pessoas são torturadas, elas podem enlouquecer. Quem sabe não foi um feitiço que fez isso com ele...?

– É bom que estejam todos no clima da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, porque vamos ter de lidar com uma aula dupla agora. – Disse Charlotte Solar, com uma risadinha.

Eles chegaram à sala de aula junto com os alunos da Grifinória, que fariam aquela aula com eles. Assim como eles, os grifinos entraram na sala conversando, mas também como eles, se calaram assim que viram o professor.

Se eles não tivessem visto Hagrid no dia anterior, eles diriam que era o maior homem que eles tinham visto, com quase dois metros de altura. Mesmo setembro não sendo um mês muito frio, ele usava grossas vestes negras e marrons. Seus cabelos eram castanhos e iam até o queixo e suas sobrancelhas eram grossas. Seus olhos eram duros e tinham a mesma cor do cabelo.

Não parecia nem minimamente com o professor de Poções.

– Bom dia. – Grunhiu ele quando os alunos já tinham se sentado. Ele tinha um sotaque estranho, os alunos repararam. Aquele professor não era inglês. Alguns alunos murmuraram “bom dia” em resposta. – Sou professor Grigor Popov.

Popov. – Sussurrou Nicolas Cooper da Grifinória para Elliot Geoffrey, sentado ao seu lado. Os dois tiveram de sufocar uma gargalhada escandalosa, e professor Popov percebeu.

– Sou professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, e nos dias de hoje, muitas artes das trevas no mundo. Minha disciplina é para ser levada a sério, não para fazer brincadeirinhas. Se algum de vocês não querer levar a sério, pode sair. Não atrapalhar os outros.

Os garotos queriam continuar rindo, agora do sotaque do professor, mas morderam a língua para se calarem. Não queriam sair da classe logo no primeiro dia de aula.

– Eu estudei em Durmstrang, não em Hogwarts. – Continuou Grigor Popov. – Lá, aprendemos artes das trevas de verdade. Sabemos do que estamos nos defendendo. Aqui, professor Dumbledore só deixar ensinar como se defender, então, é com isso que trabalharemos.

– Durmstrang? – Perguntou John Miller, em voz baixa. Não se lembrava de já ter ouvido falar de lá. Dante Rosso, que era nascido-trouxa mas já tinha pesquisado tanto sobre o mundo bruxo que já sabia tanto quanto qualquer sangue-puro, foi quem lhe respondeu:

– É uma outra escola de magia. Fica em algum lugar na Suécia ou na Noruega... Mas o sotaque do professor Popov é búlgaro.

– O quê? – John pôs a mão atrás do ouvido. Como Dante sussurrara, não entendera o que ele dissera, mas não teve a oportunidade de ouvir de novo:

– Silêncio! – Exclamou professor Popov. – Não ter brincadeirinhas e não ter conversas na minha aula. Em primeiro ano vocês ainda ser crianças, mas bruxos das trevas não sentir pena de crianças. Vocês têm de saber se defender, e não podem aprender assim.

– Desculpe, professor. – Disse Sophie Mercure, levantando a mão. – Mas quais são as possibilidades de um bruxo maligno querer algo conosco?

– Bruxos malignos querer muitas coisas. – Respondeu o professor, com suavidade, mas algo no seu olhar foi ameaçador. Nenhum dos alunos respondeu. – O que vocês devem entender é que o mal vem de muitas formas. – Enquanto dizia isso, ele pegou um rolo de uma fina corda branca que estava em cima de sua mesa. – Para hoje, eu querer que vocês façam um exercício de colaboração.

– Colaboração? – Perguntou Elliot, frustrado. – Pensei que com toda essa conversa, iríamos aprender a lutar com bruxos do mal...

– A seu tempo. – Disse professor Popov. – Mas lutar com bruxos do mal não é tudo que minha matéria estudar. E no caso de essa situação acontecer, colaborar é uma coisa que vocês devem saber fazer. Se cada um agisse por si, seriam presas fáceis. Todos de pé.

Os alunos obedeceram, se perguntando o que o professor ia fazer. Ele pegou a varinha e, com um gesto, fez todas as carteiras voarem pela sala e pousarem num canto da sala de aula, uma do lado da outra, abrindo um grande espaço no centro.

Professor Popov foi até Olivia Chapman e pediu que ela segurasse o rolo de corda que tinha pego. A menina concordou, e assim que pegou o objeto, o professor deu um toque com a varinha na ponta da corda, fazendo a se desenrolar e, antes que qualquer aluno compreendesse o que aconteceria, ela entrelaçou-se entre eles e apertou-se, deixando-os presos uns aos outros.

– Vocês têm de colaborar para sair daí. Eu não vou ajudar. Poder usar a aula toda, e se necessário for, passar hora do almoço tentando também.

– Professor Popov? – Chamou Olivia, a única que não estremeceu com a possibilidade de passar o almoço lá. – Nossas mãos estão presas. Como vamos poder pegar nossas varinhas?

– Sem varinhas. – E pela primeira vez, a voz do professor pareceu assumir um tom de diversão.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!