O Portal escrita por sayuri chan


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!



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– sabe o que fazer?

O sol brilhava forte sobre os olhos de Elizia, mas mesmo assim ela assentiu confirmando a resposta de Key.

– ótimo. Agora você pula na água e nada até a margem, mas não demore a carruagem de passeio de Caroline vai passar daqui a pouco.

– tudo bem - ela olhou o antigo vestido que usara antes de chegar ao navio e que agora estava destruído - olha o que fizeram! Esse vestido era uma obra prima!

– vai sobreviver, agora se não se importa, não temos muito tempo.

Key fez um gesto para a água, Elizia foi à borda e antes de pular advertiu.

– não se esqueça: porta dos fundos sem chamar a atenção no dia certo.

Ela pulou, ele foi até a borda e a observou nadar até a praia e respondeu só para si.

– não vou esquecer.

– x -

Elizia chegou ofegante a praia se arrastando na areia, ela deitou com as mãos no peito.

– nunca mais vou nadar com um vestido desses.

Seu coração estava acelerado, quando ela ouviu o barulho de uma carruagem vindo, ela se apoiou nos cotovelos e olhou para o mar o navio estava indo embora.

– hora do show.

Voltou o olhar para a carruagem que vinha e tentou parecer o mais necessitada possível, o que não foi difícil. Deitou-se outra vez e fechou os olhos, respirando forçadamente.

– x -

Caroline andava sem animo pelas ruas da cidade olhando o movimento na pequena janela, estava triste, perdera sua única amiga para malditos piratas, seu pai vendo sua necessidade permitiu-lhe que saísse para passeios ao ar livre, mas desde a ida de Elizia ela perdera a vontade de se divertir. A carruagem passava pela areia da praia, ela olhava as ondas que se quebravam com facilidade quando algo despertou sua atenção.

Alguém, uma mulher, estava jogada na areia e parecia machucada, Caroline deu a ordem para parar e desceu indo em direção à mulher deitada, quando reconheceu quem era começou a correr gritando:

– oh meu Deus! Elizia! Não acredito! - ela se ajoelhou ao lado da amiga segurando sua mão - Elizia! Você esta viva!

Elizia abriu os olhos devagar os deixando semicerrados e abri um pequeno sorriso ressecado.

– Caroline. Sussurrou com a voz rouca e começou a tossir.

– não diga nada, minha amiga - lágrimas caiaram do rosto de Caroline - você vai ficar bem.

Caroline se levantou e gritou para o cocheiro.

– preciso de ajuda! Vamos levá-la para casa!

O homem barbudo vem até as duas e pegou Elizia no colo a levando para a carruagem, seguido por Caroline, a colocou no banco acolchoado da cabine e foi sentar-se para guiar os cavalos enquanto Caroline subia e sentava-se dando a ordem para seguir, ele obedeceu logo estavam a caminho da casa do conde.

Elizia abriu os olhos em um quarto, olhou em volta ela conhecia bem o lugar era onde dormia antes, sentou-se, já estava cansada de se fingir de desorientada, sentiu um cheiro delicioso vindo de seu lado, ela virou-se e pegou uma bandeja cheia de doces, pães e uma xícara de porcelana com chocolate quente, começou a comer. Há tempos não comia algo tão bom, as comidas do navio não eram grande coisa, ela ouviu a porta se abrir lentamente. Caroline entrou o quarto ainda com os olhos marejados.

Elizia sorriu. Caroline a abraçou forte.

– pensei que estava morta! - algumas lágrimas escorriam pelo rosto de Caroline - minha amiga como é bom tê-la aqui novamente!

– obrigada - Elizia retribuiu mais o abraço - também pensei que não voltaria mais.

Caroline sentou-se ao lado de Elizia.

– conte-me – Caroline sorriu - antes que eu me desespere, quero saber tudo o que houve desde seu seqüestro.

Elizia retribuiu o sorriso e começou a contar a historia, era lógico que ela não contou a verdade sincera, contou que foi raptada e trancafiada no calabouço e quando soube que estaria por perto de Londres se jogou do navio na primeira chance e nadou até a costa, Caroline escutou atentamente e quando ela terminou disse:

– que bom que esta bem! Tive tanto medo, mas finalmente vejo-te bem e viva!

– é. Isso é mesmo bom, mas chega de falar de mim, e aqui como estão às coisas?

– bem! Bom, é claro que eu fiquei triste e deprimida por não estar aqui, mas em geral esta tudo bem e agora esta melhor ainda! Aliás, Elizia daqui a uma semana será meu aniversario!

– que bom e melhor por eu estar aqui para participar!

– também acho, agora está disposta? Vamos sair, quero que me ajude a escolher as coisas para o meu aniversario.

– mas é só daqui a uma semana.

– eu sei, mas você esta aqui e isso me deixou feliz, quero que se divirta comigo.

– tudo bem, eu estou melhor. Eu vou, mas antes quero um banho, pode ser?

– claro vou pedir para a camareira prepará-lo e enquanto o toma, vou arrumar as coisas para sairmos.

– certo.

Caroline saiu do quarto, Elizia se levantou e foi até a janela. Segundos depois entrou a camareira, pedindo permissão para preparar o banho, ela foi ao outro quarto arrumá-lo, enquanto isso Elizia foi ao armário escolheu um vestido e arrumou-o na cama, a camareira saiu e Elizia entrou no banho.

Elizia saiu do banho quinze minutos depois, se sentia outra, foi até a cama e trocou-se. Até o vestido lhe caiu bem embora ela já não estivesse tão acostumada assim com ele. Saiu do quarto e desceu as escadas, Caroline a esperava na sala de visitas.

– oh! Você esta linda!

– obrigada.

– vamos então!

Caroline enlaçou seu braço no braço de Elizia e a puxou porta a fora, a carruagem estava à espera delas.

Foram para a cidade, e todo o caminho conversavam animadamente procurando por flores, vasos e tudo que Caroline achava que faria a diferença notável em seu aniversario. E o dia passou-se assim.

O resto da semana passou do mesmo modo, o dia tão esperado chegara.

– x -

– o que acha deste?

Caroline mostrava um vestido azul para Elizia.

– muito bonito - ela olhou de modo critico - mas ainda acho que aquele verde carvalho com detalhes prata ficou melhor.

– mas verde? É tão comum.

– eu sei, mas ele é lindo e você ficou maravilhosa com ele, mesmo por que azul é sempre elegante para uma noite, mas o verde trás a verdadeira dama.

– não acha que vou ficar parecida com as convidadas?

– não, você tem uma beleza única e sempre será uma luz no salão.

– você sempre sabe como me convencer, eu vou com o verde.

– muito bom e…

Elizia baixou os olhos, Caroline pareceu desconfiada.

–e… o que?

– nada - Elizia sorriu - é só uma coisa em que estava pensando.

– no que?

– acho que não posso participar da festa.

– como assim?!

– Caroline. Tenho uma coisa para dizer e pedir.

–o que?

Ela se sentou de frente para Elizia.

– Caroline, eu menti.

– o que? Sobre o que?

– sobre toda a história do seqüestro.

– como?! Quer dizer que não foi seqüestrada?!

– sim, quer dizer, não. Espera… fui seqüestrada de verdade.

– e então?

– mas não estou aqui por que consegui fugir.

– o que quer dizer?

– olha, antes de eu te contar quero que prometa que vai manter nossa amizade, caso temos alguma, acima de tudo.

– é lógico que sim! Você é minha amiga e nada pode mudar isso!

– não sei se vai continuar sendo minha amiga depois do que eu te contar.

– é tão grave assim?

– é.

– tudo bem, eu prometo.

– bom, mas antes vou te fazer uma pergunta e quero que seja sincera. Você confia em mim?

– lógico! Confio minha vida! Você me salvou uma vez, estou em divida eterna, lembra?

– certo, mas e se eu te dissesse que fui mandada para te seqüestrar, isso depois que desapareci, e que vou precisar do seu sangue.

– o que?… espera um segundo… você se tornou um deles! Você se tornou um pirata!

– ou fala baixo, é você entendeu é isso mesmo.

– mas por quê?

– eles viram em mim algo que os ajudaria e eu… gostei disso.

– você me traiu!

– não! Lógico que não. Eu só… - Elizia fechou os olhos - não acredito que vou confessar isso.

– confessar o que?!

– que me apaixonei, droga!

Caroline estava estática, só o que conseguiu foi sussurrar.

– o que?

Elizia suspirou, seus olhos mostravam uma dor enorme.

– foi o que ouviu. Apaixonei-me por um dos piratas e só fiquei do lado deles por ele - lágrimas caíram pelo rosto de Elizia - me desculpe Caroline, eu te adoro de verdade, mas algo dentro de mim me disse pra ficar e eu obedeci, mas também me senti dividida por dentro entre a amizade e o…

– amor. Não diga mais nada, eu entendi, é sério. E vejo que diz a verdade - Caroline tirou as lágrimas do rosto de Elizia - essas lágrimas provam sua fidelidade a mim, sua dor demonstrou e como eu disse você sempre será a minha amiga não importa de que lado esteja eu estarei sempre com você, então te perdoou.

Elas se abraçaram e choraram, Elizia se afastou enxugando as lágrimas.

– me desculpe, eu não sei por que estou chorando.

Caroline também enxugou as lágrimas com um sorriso nos lábios.

– por que você finalmente esta feliz de verdade e não a nada que eu deva te desculpar, odeio admitir, mas faria o mesmo se encontrasse o homem certo, afinal nós não escolhemos quem amamos, o amor é que escolhe.

– é isso você tem toda razão, mas e agora o que vai acontecer?

– já disse você é minha amiga e não vou te trair, você recebeu ordens e tem de cumpri-las pra não morrer, então vamos, se é pra morrer que seja logo.

– não vou te matar.

– não? Então como quer meu sangue?

– tenho um plano por isso queria que soubesse tudo que esta acontecendo.

– não vou morrer?

– se tudo der certo não.

– ótimo, então diga o que quer que eu faça?

– tem certeza que quer fazer isso?

– achei lindo o quanto se ariscou por amor, então pra pagar minha divida farei tudo que quiser.

– obrigada. Então escute com atenção.

Elizia contou todo o plano para Caroline que escutava atentamente. Elizia sentiu-se feliz e aliviada por ter uma amiga em quem podia confiar de verdade e ela faria tudo que estivesse ao seu alcance para que Caroline chegasse sã e salva em casa em poucos dias, e Caroline sentiu-se livre, nunca experimentará ir contra as leis e finalmente conseguiu o que tanto esperou, sua liberdade.

Já era noite, os convidados chegavam aos montes, Caroline estava na porta recebendo-os com um lindo vestido verde, o mesmo que Elizia comentará mais cedo que havia ficado muito bem, os convidados que entravam iam para o salão de festas, logo Caroline seguiu para o salão.

Carruagens iam e viam. Elizia ainda não estava vestida para a festa, foi até a cozinha que também estava lotada. Garçons passavam levando e trazendo petiscos ou repondo coisas da mesa, ela foi até a porta da dispensa que dava para a porta dos fundos, entrou e fechou à primeira porta, ninguém percebeu sua entrada, abriu à segunda porta o vento do jardim entrou quente, ela olhou para fora e viu uma silueta no meio dos arbustos e sussurrou.

– é um estranho?

–talvez.

Elizia sorriu.

– vem logo não temos muito tempo.

Key adentrou na saleta, ela disse:

– talvez? Que historia foi essa?

– ora sua pergunta não foi das melhores.

– é. Vem.

Passaram de volta para a cozinha e saíram dela sem serem percebidos, debaixo da escada, Elizia sussurrou.

– já sabe o que fazer. Tenho que ir me trocar - ela começou a sair quando parou e o olhou outra vez - ah é, ia me esquecendo, ela já sabe e concordou quando for dançar com ela diga “que essa dança faça você iluminar mais a noite”, então ela saberá quem é.

– entendi.

Elizia saiu e sobiu as escadas voltando para seu quarto para trocar-se. Assim que terminou de se arrumar desceu e foi para o salão, que estava iluminado cheio de rosas espalhadas e uma decoração maravilhosa, ela viu Caroline no meio de varias mulheres conversando, ela foi até lá e entrou no meio do grupo.

– boa noite, damas.

– boa noite - responderam todas em uníssono, até uma ruiva perguntar - e você quem é?

– oh, me desculpe - disse Caroline - essa é minha amiga, Elizia Marquenzi.

– é um prazer conhecê-las e Caroline quem esperava chegou.

– e podemos saber quem é? Perguntou uma loira.

– sim- disse Elizia- o pai de Caroline.

– mas ele já estava aqui.

– eu sei. É que Caroline não o tinha visto.

– é verdade.

Confirmou Caroline, Elizia continuou.

– bom, me dêem licença, mas tenho que ir.

Ela fez uma pequena reverencia segurando a saia do vestido e saiu, Caroline e as outras continuam a conversar, mesmo que Caroline não esteja prestando tanta atenção. Elizia andou pelo salão e parou na mesa para pegar uma taça de vinho, um homem vem em sua direção.

– o que uma moça tão bela faz andando sozinha pelo salão?

O homem perguntou com certo interesse, Elizia sorriu.

– e o que um homem desconhecido quer?

– mil perdões senhorita, não quis ser indelicado, sou major Glamber e vim apenas apreciar uma beleza tão rara quanto a vossa.

– gentileza sua e é um prazer, chamo-me Elizia Marquenzi e vim apenas pegar uma bebida.

– ha! A senhorita tem um ótimo senso de humor, o que acha se…

– com licença - Key entrou no meio da conversa olhando Elizia - a senhorita me daria à honra de uma dança?

Ele estendeu a mão, o homem estava visivelmente irritado com a intromissão, mas antes que questionasse, Elizia colocou a mão sobre a de Key aceitando o convite.

– seria um prazer - ela olhou para o homem - me desculpe, agora tenho que ir.

Key a puxou para o meio do salão deixando o homem pasmo, ele a roda, ficando frente a frente com Elizia, pôs uma mão na sua cintura e a outra manteve a pequena mão dela, eles começaram a valsar.

– o que você esta fazendo?

– o que parece? Estou dançando com você.

– isso eu sei, mas deveria estar dançando com Caroline.

– logo vou dançar com ela, mas antes queria dançar com você. E, aliás, você esta linda.

Elizia sentiu o rubor crescer em sua face, “linda” ele disse, ela não via isso para ela estava normal, mas o vestido bordô lhe caiu bem, deixando-a leve e graciosa.

– você também não esta mal - disse Elizia o olhando - não estava com essa roupa quando entrou.

– obrigado. Eu tenho os meus truques.

– isso é bom.

Depois disso nada mais disseram apenas curtiam o momento, Elizia sentiu-se nas nuvens, nunca se sentira tão leve e assim ficaram até a música acabar, quando acabou eles se separaram, reverenciaram e se distanciaram. Key foi até Caroline e a convidou pra dançar, dizendo-lhe o que Elizia dissera, ela entendeu e aceitou o convite, valsaram uma musica e depois saíram para o terraço, poucos os notaram indo até lá, e quando ambos estavam sozinhos, Caroline perguntou:

– então, é agora que vou ser seqüestrada?

– não pense assim senhorita, pense que dará um passeio de alguns dias.

Caroline sorriu olhando as estrelas.

– como consegue?

– o que?

– ser tão educado e… romântico, pensei que piratas fossem bárbaros.

– a maioria é mesmo, mas existem exceções - ele olhou para o salão lotado - logo as luzes se apagaram e será nossa deixa.

– eu sei e não ligo, confio em Elizia e falando nela vi vocês dançando, foi lindo.

Key sorriu.

– não houve nada de mais.

– você é quem pensa. Gosta dela não?

Key a encarou, aquelas grandes orbes azuis faziam ele se sentir afundando, ele olhou o céu estrelado.

– não sei do que esta falando.

– não minta, é obvio demais quando se vê de fora.

– o que minha resposta mudaria?

– é apenas curiosidade e você já me deu um sim.

– mas…

Neste momento escutasse um estrondo enorme.

– vamos.

Ele a puxou, Caroline olhou rapidamente para o salão, o lustre estava espatifado no chão. Eles desceram a escada que Elizia colocara mais cedo e correm pelo jardim até a carruagem que já estava preparada, Elizia esperava quando eles entraram, ela deu a ordem para os cavalos correrem e assim eles seguiram para o cais depois de Elizia ter destruído o lustre de cristal do salão, a distração perfeita.

– x -

– o que aconteceu?!

Caroline estava afoita e confusa. Eles já estavam na rua principal quando Key respondeu.

– Elizia.

– como?!

– digamos que foi uma pequena distração.

– mas… o que…

– vou conduzir e ela te explicará.

Key bateu no vidro da porta e a abriu, a carruagem estava em alta velocidade.

– enlouqueceu Key?!

Gritou Elizia enquanto conduzia a carruagem.

– pare Elizia, vou conduzir, é melhor que fique aqui dentro chama menos atenção.

– certo.

Ela puxou as rédeas, os cavalos pararam devagar, a carruagem cessou.

Key desceu e ergueu a mão para dar apoio a Elizia, que aceitou e desceu.

– obrigada.

Ele sorriu.

– não tem de que.

Key subiu e tomou a condução da carruagem e voltou a correr assim que Elizia entrou e se sentou.

Caroline olhava confusa para a amiga a sua frente, Elizia, ao perceber isso, sorriu carinhosamente.

–o que houve? – perguntou por fim.

– está tudo tão confuso, o que aconteceu com o lustre?

– eu o derrubei.

– como?

– a musica estava alta, me aproveitei disso e atirei na corrente que mantinha o lustre suspenso e ele caiu.

– passou pela sua cabeça que podia ter machucado alguém?

– sim e foi por isso que esperei o momento certo, não tinha ninguém embaixo do lustre exatamente, apenas perto, quando ele caiu o máximo que aconteceu foi alguns arranhões.

– foi perigoso. Como saiu sem ser vista?

– eu sei, mas sabia o que estava fazendo e foi fácil, fiquei na escada e quando atirei os que estavam na porta automaticamente olharam para o salão, então sai por trás e peguei uma carruagem.

– engenhoso.

– eu sei.

Elas riram e então sentirão a carruagem parar e um segundo depois Key abriu a porta.

– chegamos senhoritas.

Ele estendeu a mão outra vez, Caroline foi a primeira a descer usando de apoio a mão estendida. Elizia foi logo em seguida, mas ao sair pisou na barra do vestido e caiu, contudo antes que chegasse a tocar o chão Key a segurou.

– está tudo bem?

Elizia já no chão ficou de pé, mas os braços de Key ainda estavam em volta de sua cintura. Isso a deixou, constrangida.

–é… tudo… bem.

Ficaram assim por um tempo se olhando até que escutaram a voz de Caroline que se divertia com a cena.

–oi! - ela acenou e sorriu - Não quero atrapalhar, mas temos que ir.

Eles se separam repentinamente olhando para o lado oposto um do outro, de cabeça baixa. Ambos muito constrangidos.

Elizia olhou para Caroline tentando esconder o rubor que crescia em sua face e mudou de assunto.

– Caroline, sabe o que vai acontecer agora, vou ter que vendar você.

– é, esperava que dissesse isso - ela virou de costas, olhando as águas escuras do ma r- ande logo com isso.

Elizia pegou uma faixa preta, presa a cintura e vendou os olhos de Caroline.

– não se preocupe minha amiga, ninguém vai chegar perto de você sem minha presença.

– obrigada, isso me deixou mais tranqüila.

Key se pronunciou.

– já podemos ir?

– vamos - respondeu Elizia, pegando a mão de Caroline e dizendo a ela - siga minha voz, não vou soltar sua mão.

– tudo bem.

Eles começaram a andar por uma passarela que ia em direção ao mar, Elizia falava tudo o que podia para que Caroline não caísse.

Key entrou em um barco a remo e disse:

– venham.

– espere um segundo - Elizia soltou à mão de Caroline e entrou no barco, em seguida pegou a mão dela outra vez enquanto Key segurava a outra mão de Caroline - devagar, abaixe e coloque o pé no barco, cuidado ele balança.

Caroline fez o que ela disse e quase caiu e levou os outros dois junto, mas se equilibrou novamente e se sentou.

– pronto - Elizia olhou para Key - agora podemos realmente ir.

Key assentiu e começou a remar mar adentro. Logo o pequeno barco a remo se perde na nevoa densa que o seguiu.

– x -

– o que houve?!

Pessoas gritavam desesperadas, mulheres choravam e tremiam.

– como esse lustre caiu?!

– mantenham a calma! - disse o conde em tom grave fazendo todos se calarem - a corrente deve ter arrebentado, todos estão bem?

Os convidados assentiram, o conde continuou.

– ótimo. Alguém venha limpar isso. Eu peço à todos perdão pelo inconveniente, vamos para a sala de jantar.

Todos juntos seguiram para a sala de jantar enquanto os empregados viam para tirar o vidro do chão, o conde foi o ultimo a sair e para de frente a Olga que veio inspecionar o trabalho.

– sabe onde está Caroline?

– não senhor.

– então peça para alguém procurá-la, quero noticias daqui a quinze minutos.

– sim senhor.

Ele voltou a andar indo para a sala de jantar, depois de um tempo quase ninguém se lembrava do ocorrido, conversavam animadamente quando um criado franzino adentrou a sala e foi falar com o conde, ninguém deu importância a isso até o conde gritar:

– como não a encontraram?!

Todos os olhares se dirigiram ao conde, o criado continuou.

– desculpe senhor procuramos por toda a casa e todo o jardim.

– não é possível - ele olhou para os convidados- alguém sabe onde anda minha filha?

Ninguém respondeu, até que de repente um cocheiro entrou na sala dizendo:

– senhor, perdão, mas uma das carruagens foi roubada.

– o que?!

O homem que havia se interessado por Elizia se levantou.

– conde. Sei o que deve ter acontecido, se todos olharem essa sala verá que falta mais alguém, vi um rapaz dançando com sua filha e depois ambos foram para a sacada, e segundos depois o lustre caiu. Acho que o lustre foi uma distração se a carruagem sumiu e sua filha também só a uma explicação…

– seqüestro! Minha filha foi seqüestrada!

Todos estavam paralisados e o conde deu a ordem para o criado.

– avise a todos os outros e chamem a policia, vamos atrás da minha filha!

O criado assentiu e saiu e o cocheiro também. Alguns dos convidados se ofereceram para ajudar enquanto outros foram embora para casa. Essa seria uma longa noite.

– x -

O pequeno barco bateu em alguma coisa amadeirada pelo que Caroline pode entender do barulho que ouviu. Elizia lhe dirigiu a palavra.

– Caroline, nós chegamos. E agora quero que preste atenção; vamos subir por uma escada móvel, então ela vai balançar, mas não se assuste e vai devagar. Vou à frente e Key vai te ajudar a subir, depois ele irá atrás pra te segurar caso você caia, não tem pressa, então tome cuidado.

– Elizia, eu estou com um pouco de medo, não vejo nada.

– não se preocupe, vai ficar tudo bem.

Elizia começou a subir. Logo em seguida Key ajudou Caroline e ela começou a subir. Depois Key subiu tomado cuidado para não olhar diretamente para cima, já que ambas as moças estavam de vestido. Caroline ia devagar e tentava escutar ao máximo os passos de Elizia. Elizia chegou ao convés e se abaixou para dar a mão para Caroline que quando estava ao alcance segurou firme a mão de Elizia e adentrou o convés, Key adentrou no lugar em seguida.

Toda a tripulação mostrava um visível interesse nas moças, Elizia estava muito bonita e se não fosse à espada amarrada as costas, jamais perceberiam que era ela. E a outra moça causava certa vontade já que também era visivelmente bonita, mas eles sabiam que não podiam fazer nada, ela estava vendada, o que significava que era a prisioneira sobre a tutela de Elizia, ou seja, não podia ser tocada.

– mas que cheiro horrível é esse?

Sussurrou Caroline para Elizia que sorriu e respondeu.

– piratas suados. Não se preocupe logo se acostuma.

–isso é asqueroso.

Elizia riu e logo parou ao ouvir a voz do capitão.

– foram muito devagar.

– capitão, não dava pra ser mais rápido assim - Ela abriu os braços e olhou para o vestido longo - se é que me entende.

O capitão começou a descer as escadas, as botas batiam com força nos degraus fazendo eco, Caroline apertou a mão de Elizia e se encolheu um pouco engolindo em seco. O capitão se pronunciou.

– então essa é a verdadeira Poirot?

– sim.

– bom, já que não estamos em movimento deixe que veja onde esta.

Elizia tirou a venda de Caroline que olhou com certo receio em volta e fixou olhar no capitão.

– é um prazer senhorita – disse ele cordialmente - espero que não tenha sido maltratada.

Ela balançou a cabeça negativamente.

– ótimo. Bom senhorita não temos muitas visitas nem boas acomodações, mas terá uma cela só sua e sem ser incomodada.

O sorriso dele dava medo em Caroline, então ela apenas assentiu.

– menina, leve-a pra cela.

– como quiser capitão.

Elizia começou a levar Caroline gentilmente para o porão e quando não tinha mais ninguém à vista disse:

– desculpe Caroline, mas vai ter que ficar aqui em baixo.

– não tem outro lugar?

– não, mas será por pouco tempo dois dias no máximo, vou te trazer algumas coisas, virei aqui todos os dias e se alguém te maltratar fale comigo que eu resolverei, é só o que posso fazer.

Elizia abriu a cela e antes de entrar Caroline a abraçou e sorriu.

– tudo bem, eu sei que vai me proteger.

Ela deu um passo pra trás e fechou a cela, Elizia a trancou.

– já trago algo pra você e tente descansar.

– vou fazer o possível.

Elizia sorriu e subiu à escada voltando ao convés, Caroline olhou a cela e respirou fundo, sentando-se e fechando os olhos.

Todos voltaram a seus respectivos trabalhos, Key e o capitão estavam tendo uma conversa enquanto o capitão conduzia o navio. Jonathan há muito tempo olhava incisivamente para Elizia e para Key, e quando ela cruzou o navio para chegar ao capitão ele a barrou.

– o que quer?

Disse ela friamente, ele não se abalou mantendo-se superior.

– logo cairá, garota, lembre-se de minhas palavras, não durará muito.

Ela sorriu desdenhosa.

– você não passa de uma barata que posso esmagar e como qualquer inseto desprezível nada que diga ou faça vai me atingir.

– não duvide de meus poderes.

– que poderes? Você não passa de um monte de lixo, quando mostrar ser no mínimo respeitável, voltaremos a conversar.

Elizia saiu andando com o nariz empinado, isso deixou Jonathan mais que furioso, mas, contudo ele sentiu os olhos severos do capitão em seus ombros e por isso manteve-se quieto.

Elizia subiu as escadas para chegar ao timão com certa dificuldade já que não era fácil usar salto em um navio.

– oh menina! Finalmente apareceu.

Disse o capitão feliz, o que fez Elizia ficar desconfiada.

– é. E se não for abuso posso saber o motivo da felicidade?

– ora conseguimos a garota e logo a fonte eterna, isso é motivo para festejar!

– certo, então já estamos no curso?

– não vamos desviar um pouco, Key me convenceu de que não precisamos matar a garota e também que o melhor lugar para abandoná-la é a ilha Curts, totalmente desabitada, só o que aparece lá de vez em quando são piratas. O que não será muita sorte. Perfeito!

–É… claro. Agora sério estou confusa, pra onde estamos indo? Curts?

– exato, vai ser dois dias de viagem sem imprevisto, e só quando a deixarmos na ilha é que pegamos o sangue.

– é. Já é alguma coisa e já que ela é minha responsabilidade, vou cuidar dela.

– bom. É isso que deve fazer, mas de preferência sem essa roupa, vai te atrapalhar e a propósito bordô lhe cai bem.

Elizia sorriu.

– muito obrigada, senhor.

Ele assentiu, ela começou a descer novamente a escadaria e logo escutou mais passos descendo a escada. Key começou a andar a seu lado.

– então? Esta escondendo algo ou o plano que combinamos ainda está de pé?

– se esconder tem algo a ver com eu pegar alguns dos seus cobertores para emprestar a Caroline, sim. Mas se não tem nada a ver, então sim, o plano ainda está de pé.

– vai pegar meus cobertores?

– só alguns, relaxa.

– não vou comentar pra não começar uma guerra.

– isso é bom, vou pra cabine pra tirar esse vestido.

Dito isso ela se virou e foi a cabine se trocar enquanto Key voltou a seu trabalho.

Alguns minutos depois, Elizia saiu com uma roupa mais comum, alguns cobertores e desce para o porão indo á cela de Caroline.

– já dormiu.

Disse baixo, Caroline abriu os olhos.

– não. Ainda não.

Elizia sorriu.

– que bom, te trouxe uns cobertores e uma roupa mais confortável.

Elizia abriu a cela e entrou colocando as coisas no banco ao lado de Caroline.

–obrigada, Eli.

– não tem de que. Vou ficar fora pra você se trocar e impedir que venham. Depois me chama que eu te ajudo a arrumar as coisas pra dormir.

– está bem.

Elizia saiu e ficou perto da entrada do porão esperando Caroline se vestir, depois de algum tempo Caroline a chamou e ela voltou.

– pronto?

– sim e então como estou?

Caroline deu uma volta, vestindo uma das roupas de Elizia.

–melhor, achei que ia ficar grande, mas serviu e como se sente?

– estranha, sei lá, usar calça, não tenho costume.

– relaxa, é só pra não sujar demais o vestido, pelo menos com essa roupa vai ficar mais confortável aqui.

– quanto tempo eu vou ficar? Quando Phil vai vir?

– dois dias, aí ele vai te buscar numa ilha.

– e se ele demorar! Posso morrer!

– Ei! Não enlouquece! Ele vai estar te esperando, lógico que não vai vê-lo de cara, só terá de esperar um pouco e não se esqueça do que eu disse, vai ficar vendada outra vez.

– eu sei. Isso é algum tipo de hierarquia?

– quase, não tente entender.

– tudo bem.

– agora tenho que ir. Vai ficar bem?

–sim e boa noite Eli.

–boa noite.

E ela subiu outra vez voltando ao convés e a seu trabalho.

Elizia acordou com muita dor e cansaço, apesar de acordada mantinha-se deitada de olhos fechados. Hoje ia ser um dia cheio e alem de seu trabalho matinal ainda tinha de cuidar de Caroline e só de pensar em tantos afazeres ficou com mais vontade de continuar deitada, mas não podia então abriu os olhos observando o teto e finalmente depois de cinco minutos levantou-se. Já de pé vestiu-se e saiu. Key não estava mais deitado, já saíra há muito tempo.

O sol estava no céu e já muito quente, eram nove da manhã e Elizia estranhou ao perceber que a deixaram dormir até essa hora considerando que normalmente passara a ter a rotina de acordar todos os dias antes do sol nascer, o que mesmo cansativo tinha seu lado positivo, toda manhã ela via um lindo amanhecer.

Ela viu Key e foi até ele, chegando por trás e antes que dissesse qualquer coisa, ele a olhou sorrindo.

– bom dia Lise.

– é… bom dia.

Elizia estava confusa.

– o que houve?

– nada, eu acho. Bom… é só que as coisas me parecem estranhas.

Key olhou em volta.

– pra mim parece tudo igual. Está se sentindo bem?

– estou.

– então o que é estranho?

– bom… dormi até as nove ou mais ou menos isso, vim fala com você e me recebeu sorrindo antes mesmo de eu dizer alguma coisa e está preocupado comigo logo de cara, isso não acontece normalmente, perdi alguma coisa?- Key começou a rir e Elizia arregalou os olhos - você está rindo, é tem mesmo algo estranho rolando.

Key parou, ficando sério e olhou para ao lado irritado.

– valeu!- disse - quer dizer que eu não sou humano? Não sei rir nem me preocupar com alguém?

– não foi isso que eu quis dizer e você sabe, é só que é estranho estar tudo tão bom.

Ele a encarou ainda sério.

– pra sua informação, senhorita desentendida, pedi ao capitão pra te deixar descansar já que fez a maior parte do trabalho quanto a trazer Caroline. E todos no navio estão felizes e eu também porque me diverti criando aquela confusão na mansão do conde e estava me lembrando disso quando você chegou e acabei mantendo o sorriso e antes que fale do “bom dia”, isso foi involuntário.

– ah Key!- disse ela com uma voz manhosa - me desculpa, não quis ofender e muito obrigada por me deixar dormir mais.

Desta vez foi Key quem ficou confuso.

– quem é você e o que fez com a Elizia?

Ela ficou séria.

– o que quer dizer com isso?

– você foi simpática, pediu desculpas e agradeceu tudo na mesma frase. Agora eu concordo, as coisas estão estranhas.

Disse ele sorrindo. Elizia respirou fundo.

– essa eu não vou responder se não vou acabar te xingando.

Ela virou-se e foi até o porão, sem ligar para as risadas discretas de Key.

Todos estavam em movimento nos andares de baixo e Elizia teve que desviar de homens e barris para chegar à cela. E ao chegar, ficou boquiaberta.

– mas o que aconteceu aqui?

A cela estava limpa e com o piso brilhando, Caroline já estava acordada e terminava de limpar a pequena janela quando Elizia chegou e ao ver a amiga e escutar a pergunta sorriu.

– oi, bom dia. E então o que acha?

Disse Caroline enquanto mostrava o chão. Elizia permaneceu estática e só o que conseguiu foi perguntar outra vez.

– ah, nada de mais - respondeu Caroline - esse lugar precisava de uma limpeza, então pedi um esfregão para o senhor Carlo e limpei.

Elizia abriu a cela e involuntariamente abaixou tocando a madeira do chão que a refletia opacamente.

– impressionante - disse se levantando - e alias você sabe limpar? E que historia é essa de senhor Carlo?

– olha sei que parece estranho, mas já que eu nunca podia fazer nada em casa ficava observando os empregados limparem e acabei aprendendo e quanto ao senhor Carlo, eu conversei com todos os piratas que estão aqui. Bom, pelo menos todos que quiseram falar comigo, e certo modo me diverti, eles não são tão ruins quanto eu ouvi falar são até que legais e foram até que simpáticos.

– nossa, é estranho te ouvir falar isso, mas não é ruim. E é bom que pense assim de nós, ainda somos pessoas apesar do que fazemos.

– nisso eu concordo, mas não vai mudar o que aprendi, posso me dar mal se intervir.

– eu sei e não quero que mude apenas duvide.

– boa. Agora pode me dizer o que está acontecendo?

– não, sobre isso vai ter apenas que ter fé.

– não tem outro jeito mesmo. Ah! - ela sussurrou - me arranja algo comestível.

– já te trouxeram algo?

– já, mas não consegui comer.

– tudo bem, eu vou conseguir algo.

Elizia saiu trancando Caroline outra vez e foi até a cozinha pegar algo para comer, depois voltou e ambas comeram juntas enquanto conversavam sobre amenidades sem muita importância. Depois de algum tempo Elizia voltou a subir, indo ao seu posto.

O dia passou assim sem muitas novidades e o que o seguiu também. No segundo dia à tarde as coisas começaram a acontecer, a começar por terem atracado na ilha Curts e chegara a hora de recolherem o sangue.

Key desceu a cela para pegar Caroline enquanto Elizia procurava por faixas para conter o sangue depois da coleta. Quando ela voltou para ao convés todos estavam em uma roda e no centro Caroline, Key e o capitão a aguardavam-na.

Assim que Elizia entrou no meio do circulo o capitão pronunciou-se.

– finalmente depois de tanto tempo conseguimos o que precisávamos para a eternidade! O sangue!

Todos gritaram comemorando e ao se calarem o capitão continuou.

– essa garota - ele apontou para Caroline - nos dará a direção com o liquido quente que passa por suas veias - ele se dirigiu a ela- se puder…

Caroline andou até o capitão com certo receio, contudo prometerá ajudar e não ia quebrar a promessa com tão pouco.

O capitão pegou uma adaga antiga toda entalhada em ouro que se desgastou com o tempo e estendeu à mão, Caroline colocou sua mão sobre a dele e ele a virou deixando a palma á mostra. Caroline olhou com medo para Elizia que foi até ela e pôs a mão sobre seu ombro e a olhou de modo que Caroline ganhasse certa confiança, Key ficou entre Caroline e o capitão com um recipiente de vidro e o pôs sob o braço nu de Caroline, o capitão a olhou intensamente sem reação e Elizia sussurrou para ela:

– não tenha medo, vai terminar tudo bem. Só para que não retire o braço saiba de todas as circunstancias, isso vai doer.

Caroline arregalou os olhos e por um segundo não teve reação, mas depois apertou os lábios para não gritar e assentiu e em uma fração de segundo o capitão passou a adaga com um pouco de pressão acima do pulso, um corte de uns quinze centímetros. Ela ao sentir a dor mordeu com mais força o lábio inferior e como reação puxou a mão de Elizia e a apertou também. Seu sangue, um vermelho quase negro, escorria pelo seu pulso caindo dentro do recipiente e assim eles esperaram o sangue encher o pequeno vidro até a metade e quando isso aconteceu o capitão deu a ordem para parar, Key entregou-lhe o vidro e colocou a mão sobre o ferimento pressionando para estancar o sangramento. O capitão tampou o recipiente e foi para sua cabine e os outros voltaram ao trabalho. Elizia, Key e Caroline não se moveram.

Elizia pegou uma faixa com a mão livre, entregou a Key e sorriu. Key enrolou no braço ensangüentado.

– bom trabalho minha amiga, agora vamos cuidar direito deste corte.

E os três foram à cabine de Key.

Caroline sentou-se e Elizia fez o mesmo depois de puxar a cadeira para ficar de frente para Caroline, Key pegou um liquido esverdeado e entregou a Elizia.

– isso vai doer um pouquinho.

E em seguida derramou um pouco do liquido sobre o corte, Caroline fez uma careta e Elizia sorriu e depois de limpar o ferimento o enfaixou novamente. Caroline mexeu o braço enfaixado.

– isso dói Elizia.

– vai ter que se acostumar, vai doer por alguns dias e depois melhora.

– vai ficar marcado?

– provavelmente, mas nada exagerado.

– e agora? O que vai acontecer?

– vamos te deixar na ilha e partir.

– e sabe… aquilo… - ela olhou rapidamente para Key que estava silencioso encostado na parede - vai estar lá?

Elizia sorriu.

– pode falar. Não se preocupe, ele já sabe.

– sério? Conta tudo a ele?

– é, pode-se dizer que sim.

– hum… tudo bem. Então Phil vai estar lá?

– ele me prometeu que sim.

– e se ele não estiver.

– relaxe, ele vai estar.

– espero.

– bom agora é melhor irmos, não sei se o capitão vai partir já.

Eles saíram. O capitão ainda estava na cabine, um dos marujos veio falar com Key.

– senhor, o capitão pediu para desaparecer com o intruso.

– certo. Pode ir - ele se virou para Elizia - temos que levá-la.

– tudo bem.

O batel estava encostado no casco do navio, eles desceram e depois remaram até a ilha. Ao pararem no raso Key puxou o batel para a praia.

– adeus.

Disse Elizia dando um forte abraço em Caroline com os olhos marejados.

– adeus minha amiga.

Ela retribuiu o abraço e ao se soltarem lágrimas brilhantes molharam a gola de seu vestido que pusera mais cedo, Caroline passou a mão nos olhos tentando conter as lágrimas e sorrindo perguntou.

– vou te ver outra vez?

– creio que não, não mais. Mas jamais irei te esquecer.

– eu também não.

E elas se abraçaram outra vez, Caroline chorava sem parar enquanto Elizia lutava para não derrubar nenhuma lágrima, ela se distanciou.

– agora preciso ir.

E virou-se indo para o barco segurando as lágrimas que insistiam em tentar sair, Key estendeu a mão.

– foi um prazer conhecê-la.

Caroline instintivamente o abraçou e disse baixo.

– também foi bom te conhecer e… - ela o soltou e olhou para Elizia sentada no barco olhando o mar e sorriu - e não deixe de dizer o que sente, quando se der conta pode já tê-la perdido.

Ele sorriu fracamente.

– vou me lembrar disso, obrigado.

Ela assentiu e ele foi até o batel,o empurrou, entrou e começou a remar. Caroline foi até perto da água e gritou enquanto balançava a mão:

– Elizia! - Elizia a olhou - adeus!

Elizia sorriu e fez o mesmo movimento enquanto gritava:

–adeus! Seja feliz hoje e sempre!

E quando o batel já havia se distanciado o suficiente, ela baixou a cabeça enquanto Caroline sentava-se na areia vendo o mesmo se distanciar.

– o que foi?- perguntou Key- que cara é essa?

– nada, só não gosto de despedidas.

E de repente lágrimas cristalinas desceram por sua face e caíram no chão do barco.

– esta chorando, né? Não se preocupe tudo vai terminar bem, você teve a experiência mais emocionante que alguém pode ter. Ser uma garota do século XXI com uma amiga do século XVIII.

Ela sorriu fracamente.

– como tem tanta certeza que tudo vai acabar bem?

– olhe- ele apontou para um navio de vela amareladas atracado perto da costa, escondido - se isso te deixa melhor aquele é o navio do Corsário.

– Corsário?

– bom. Você o conhece como Phil, o pirata.

– ah, então ele é mesmo o capitão.

–é sim e Tyler e ele têm uma boa rivalidade, Tyler faria de tudo para saber desse segundo lado dele.

– não vai contar, né?

– não, isso é um segredo seu.

– obrigada.

O pequeno batel bateu no casco, Elizia passou as mãos nos olhos para tirar qualquer vestígio de lágrima que restou e começou a subir a escada para entrar no navio e Key foi logo atrás.

Eles adentraram o navio e o capitão os observou, Elizia o encarou e assentiu respondendo a pergunta muda do capitão, o navio levantou ancora e começou a se mover, tudo estava como o plano, à marinha britânica nunca saberia nenhum segredo sobre este navio.

– x -

Caroline viu o navio sumir no horizonte, sentada na areia, apesar de ter sido abandonada aquele lugar era magnífico. Ela escutou um barulho vindo da mata e olhou assustada, pois não via nada.

– quem está ai?! - Sem resposta. Ela se levantou rápido - estou avisando apareça!

– ei acalme-se, sou eu senhorita - Phil saiu dentre as arvores - me desculpe por tê-la assustado.

– ah! Phil! - Ela correu e o abraçou - achava que não viria.

– prometi que cuidaria da senhorita e é o que estou fazendo.

– muito obrigada.

– não há o que agradecer, mas Elizia lhe explicou o que terá de fazer?

– sobre a venda? Sim e já tive essa experiência e confio em você o suficiente para não ter medo de não ver.

– é bom saber, vamos senhorita.

Ele segurou sua mão e começaram a andar pelo caminho da praia enquanto conversavam sem nenhuma pergunta sobre os piratas. Em um determinado momento Phil a vendou e a direcionou para outro batel e depois de um tempo ela subiu em outro navio e foi levada a uma cabine, onde ele tirou a venda.

– espero que esteja confortável, vai ficar aqui todo o tempo até voltarmos para sua casa senhorita. E não se preocupe te trarei tudo que pedir.

– estou bem Phil e confortável.

– ótimo, agora tenho que ir, não se importa de ficar trancada, não é?

– não, aqui não, já tive experiências piores. Quanto tempo para voltarmos?

– uns três dias.

– bom, pode ir, vou ficar bem.

Phil assentiu e saiu trancando a porta.

A viagem durou três dias exatos e assim que eles chegaram Phil a levou com uma carruagem para a casa. A vida de Caroline voltara a ser normal e ela estava novamente segura.


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Notas finais do capítulo

Ahhh, por favor deem uma chance! Leiam tudo e deixem um comentário! Eu quero saber o que estão achando, mesmo se não estão gostando me digam!
Espero ver vocês no próximo Capítulo! Até mais! ^^



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