Um Diário Nem Tão Querido escrita por The Reaper


Capítulo 53
Preparação


Notas iniciais do capítulo

Voltei com capítulo novo pessoal! Espero que gostem.
Um agradecimento a todas as pessoas que estão lendo, favoritando e comentando a fic, em especial a Lyvia Cullen Herondale que fez uma recomendação incrível. Beijão Lyvia! esse capítulo é para vc!
Boa Leitura



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Eu caminhei lentamente pela calçada em direção à floricultura da minha tia, Vincent ao meu lado tão silencioso como eu. Agradeci mentalmente por isso. Eu estava muito nervosa para suportar alguma conversa.

Apertei mais uma vez a bolsa de sangue que estava no meu caso buscando algum tipo de conforto. Era a primeira vez que eu estaria tão perto de um humano desde a transformação e eu tinha aquela bolsa para, num caso de emergência onde eu pudesse ficar potencialmente “mordedora” eu bebesse o conteúdo do pacote ao invés do pescoço da tia Nat ou do Arthur. Não era um plano brilhante, mas me oferecia um pouco de tranquilidade.

Era tão estranho me referir a alguém como “humano”, mas era o que era agora. E eu não devia estranhar tanto, uma vez que eu nunca fui humana. Certo? Errado.

Ao chegarmos na porta da florista, eu inspirei profundamente, uma mistura de fragrâncias muito ricas enchendo meus pulmões. Com o upgrade nos meus sentidos era quase como se eu estivesse aqui pela primeira vez, embora eu conhecesse aquele lugar tão bem quanto a minha própria casa.

A loja estava fechada, mas a lâmpada permanecia acesa e quando Vincent bateu suavemente na porta de vidro, minha tia logo apareceu.

—Susan — tia Nat falou analisando-me com seu olhar minucioso — como você está querida?

Ela não parecia exatamente feliz com minha nova condição, mas ela estava resignada.

—Oi tia — respondi, ignorando o leve aperto no meu estômago quando eu ouvi a pulsação da Natalie.

Pude perceber que ela parecia diferente também. Um pouco cansada, com as linhas de seu rosto mais pronunciadas.

—Entre querida. Vincent — ela abriu mais a porta para nos dar espaço — suponho que não seja uma boa ideia lhe dar um abraço, não é?

Eu me encolhi e Vincent respondeu em meu lugar.

—Digamos que é um pouco cedo.

Ela assentiu e juntos caminhamos para a casa dela que ficava localizada nos fundos da floricultura. Atravessamos o corredor estreito até chegarmos a sala onde logo avistei duas figuras, uma delas eu já conhecia bem, mas ainda assim não pude deixa de ficar surpresa com a aparência de Arthur. Ele estava sentado no sofá, seu cabelo escuro um pouco mais curto do que eu me lembrava mais ainda naquele tom escuro inconfundível. Seu rosto marcado por traços firmes estava um pouco pálido e seus olhos de um verde tão luminescente pareciam um pouco opacos. Ele estava mais magro também e eu me perguntei se ele estava doente ou algo do tipo.

Farejei o ar para tentar distinguir algo de diferente, mas não obtive sucesso. Vincent tinha me dito que os vampiros podiam notar traços de humor e as mudanças corporais nos indivíduos através de nossos sentidos aguçados, principalmente do nosso olfato, mas que nós aprenderíamos a usar isso melhor com o tempo. Eu estava claramente tendo dificuldades com isso uma vez que a única coisa que eu conseguia notar era o quanto todo mundo na sala parecia terrivelmente apetitoso.

—Pensei que seria uma reunião particular — Vincent falou olhando fixamente para a segunda figura, um homem alto de cabelo escuro.

Ele se virou para enfrentar o olhar de Vincent e eu pude observá-lo melhor. Devia ter mais de quarenta, barba por fazer e um olhar severo. Parecia mais um tipo de detetive ou algo do tipo. Mas era mais que isso. Havia algo muito familiar nele, algo que eu não conseguia nomear.

Natalie pigarreou apressando-se em dar as devidas explicações.

—Vincent, Susan este é Samuel Learn Líder do nosso coven.

Pisquei aturdida lembrando rapidamente da primeira vez que ouvi esse nome. Se este era Samuel Learn.

—Você é o pai do Eric — murmurei num sussurro.

Seus olhos castanhos rapidamente encontraram os meus num olhar duro e eu senti seu poder por toda a sala.

—Sim.

Vincent deu um passo ficando na minha frente o ar em torno dele ficando pesado e ameaçador.

—É melhor você pensar muito bem no seu próprio movimento se ainda quiser continuar com sua cabeça.

Samuel deixou de me encarar com aquela expressão assustadora e fitou Vincent com cuidado.

—Eu não sabia que recebia vampiros aqui Natalie.

—Você não achou que eu iria simplesmente trazer Susan aqui desprotegida não é? Não depois que os seus pupilos fizeram

Sua resposta de um tom de “é óbvio” impossível de não identificar. Eu fiquei ligeiramente ofendida com a crença da minha tia na capacidade de proteger a mim mesma, mas resolvi não dizer nada. Tínhamos algo mais importante para tratar no momento.

As feições de Samuel se contraíram enquanto ele se apressava em dizer.

—Eu não tive nada a ver com o que aconteceu. Meus alunos foram longe demais apesar de eu compreender a preocupação deles em manter o nosso povo em segurança.

—Então está dizendo que você não mandou, mas também não é contra o que eles fizeram? — a sobrancelha de Vincent se ergueu.

—Susan merecia uma chance — minha tia complementou — ela é uma Donovan e como tal tem tantos direitos como qualquer outro membro do Coven.

—É claro — ele concordou embora a sombra de um sorriso sarcástico pousasse nos seus lábios —mas você também tem que reconhecer que sob tais circunstâncias às vezes o medo domina nossas ações e foi isso que aconteceu com as crianças.

—Está dizendo isso porque não foi você que eles tentaram matar! — bradei já irritada — medo não justifica isso!

—Mas eles já foram suficientemente punidos, não acha?

—Não todos — Vincent rosnou.

—Corta essa — Arthur que até aquele momento estava quieto como um cadáver falou — toda essa discussão é inútil. O que queremos saber é o que será feito agora.

—Meus bruxos vão ficar longe de vocês desde que nos deixem em paz.

Como é que é? Esse cara está mesmo falando como se nós é que fôssemos os culpados de tudo?

—Bom, eu não sei se podemos levar isso em consideração — Arthur zombou — eu não sei se você notou, mas tudo que eles fizeram foi contra suas próprias regras. Ou não?

—Você me acusa, Longstride? — Samuel retrucou — como se você fosse a pessoa mais indicada para falar de honestidade, de traição?

Arthur ficou ainda mais pálido do que estava.

—Arthur deixou seu passado para trás. O que aconteceu naquela época não importa — Natalie se apressou em dizer.

Eu franzi o cenho. Do que é que ela estava falando?

Samuel sorriu.

—Será? Pode me dizer por que seu corpo está tão debilitado assim garoto? Gripe?

Arthur estreitou os olhos, fulminando Samuel que sorriu ainda mais abertamente.

—O sangue não nega — ele afirmou virando-se para sair — tenha cuidado Arthur. Estarei vigiando você de perto.

Com isso ele saiu sem olhar para trás.

—Desculpem por isso — tia Nat falou — ele apareceu de surpresa.

—Ele queria me espionar, isso sim — murmurou Arthur com um muxoxo.

—Do que é que ele estava falando? — não pude deixar de indagar.

Vincent parecia levemente curioso também.

—Nada que seja da sua conta — Arthur respondeu — não foi para isso que eu chamei vocês aqui.

Eu ia retrucar, mas o vampiro loiro foi mais rápido.

—E o que é? — Vincent falou cruzando os braços.

—Eu que sei um jeito de pegarmos o demônio que está atrás da Susan.

Dois dias depois, em alguma rodovia no meio do nada.

Eu olhei novamente para o Arthur enquanto ele dirigia o carro como se estivesse com o traseiro em chamas. Meus dedos estavam brancos de tão forte que eu segurava o banco.

—Você devia ir mais devagar! — reclamei — ou vai acabar nos matando.

Ele bufou.

—Você já está morta.

Eu ainda não sei como tinha acabado concordando em com aquilo, mas minha tia parecia absolutamente tranquila no banco de trás.

Para quem não percebeu o que tinha acontecido direito eu explico: depois que Samuel saiu da casa da minha tia, Arthur nos explicou que Patrick não era um demônio, não exatamente. Mas ele tinha recebido os poderes de um, dessa forma se tornando quase invulnerável. Quase.

Se quiséssemos matá-lo teríamos que remover a essência do demônio de dentro dele e só assim ele se tornaria mortal. Mas para fazer isso tínhamos que conseguir certos itens que unidos poderiam ser usados num feitiço.

Eu fiquei particularmente curiosa com o conhecimento tão profundo de Arthur a respeito de demônios, mas quando perguntei a ele fui terminantemente ignorada. Eu já tinha quase me esquecido o quanto Arthur podia ser irritante. Arthur Longstride. Eu nunca tinha ouvido seu sobrenome antes, mas ele não parecia gostar de ser chamado por ele. Eu queria muito saber o porquê.

E foi dessa maneira que eu acabei num carro com ele e a minha tia. Vincent tinha insistido em vir, mas Arthur disse que de jeito nenhum. Um vampiro iria complicar as coisas e eu só poderia acompanhá-los porque era parte bruxa.

Quanto a isso...eu nem sei se tinha restado algo de bruxa em mim após a transformação. Eu não tinha conseguido fazer nenhuma das coisas que eu tinha feito antes no meu curto período de realizadora de feitiços.

Vincent tinha me dito que isso não significava que eu tinha perdido meus poderes para sempre. Meu corpo poderia estar apenas se adaptando primeiro a minha nova condição.

Eu gostaria de poder conversar com minha mãe agora, mas eu acho que ela ainda não quer me ver. Se eu pudesse traduzir minha vida em duas palavras seriam com certeza “desastre total”. Mas, para a minha surpresa, tudo ainda podia piorar.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo é especial e se chamará As origens de Arhtur Longstride. Está na hora de conhecermos o passado por trás do nosso querido bruxinho/gato.



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