Um choro ecoava pelo Olimpo, um choro de um recém nascido imortal, pois o poder que emanava podia ser sentido a quilômetros de distancia. Nos braços da deusa uma criança se engasgava entre lágrimas e soluços, no entanto seu desespero era ignorado. Tão pequena e já sabia o que o seu destino traria.

–Impossível!- Exclamou Zeus- Essa menina não pode ser sua filha e... Dele- Apontou para o homem com cabelo marrom e olhos verdes como o oceano, seu tridente se estendia do chão até o topo de sua cabeça

– O que você tem a dizer?!- Um raio atravessou o céu.

–Eu não sei! Eu poderia jurar que ela não é a minha filha...

–E aqui estamos com uma deusa menor!

–Eu estou dizendo que não sei!- O mar se enfureceu, ondas gigantes quebravam na praia fazendo os banhistas correrem para longe, enquanto no céu uma guerra era travada.

–Escutem!- A deusa aparentava estar irritada- Eu pensei em você Poseidon! Eu...eu fui uma tola e agora essa criança carregará esse fardo.

–Eu não posso acreditar nisso Atena.... O que faremos com ela? -Você pensou em mim?- Poseidon quase deixou o tridente escapar dentre os seus dedos- Como assim o que faremos com essa criança?

– A profecia “Dos Deuses o perigo nascerá, O mar e a sabedoria se unem. No futuro próximo o mundo em ruína estará, E pelas mãos de um imortal o mal e a traição se reúnem”, era estritamente proibido deuses terem filhos! Teremos que acabar com esse problema...

–Espere! Ela merece uma chance! Se é minha filha como Atena disse ser, ela tem direito a vida.

–Não permito sua permanência no Olimpo!- Zeus cerrou os dentes.

Era direito da menina viver entre os que eram iguais a ela, mas só de respirar ela simbolizava um grande perigo.

–Eu tenho uma solução- O silencio dominou, até a pequena de olhos mesclados parou de chorar. Como se soubesse que o seu destino dependesse daquele momento- Tiraremos a sua imortalidade e a entregaremos á uma família mortal, a criança viverá longe do Olimpo.

–Ela continua sendo um problema!- O mar e o céu explodiram.

–No futuro ela vai para o acampamento e Quíron irá treina-la- Poseidon grunhiu.

–O acampamento não torna todos leais aos deuses. – Respondeu Zeus e novamente um raio cruza os céus.

A tempestade assusta a todos no mundo mortal. A noticia da criança corria pelo Olimpo.

– Não podemos mata-la – Suplicou Poseidon.

– Você e seus atos de bondade, primeiro com Perseus Jackson... – Zeus dizia até ser interrompido.

– Percy salvou o mundo por duas vezes,irmão! Eu acreditei nele, assim como acredito que essa criança pode mudar a profecia.

Zeus aproximou-se de Atena que segurava a pequena deusa no colo, seus olhos eram de um azul cinzento, o rei do Olimpo fitou a criança que sorria encantadora, parecia tão frágil... Nenhum mortal desconfiaria que esse pequeno ser poderia ser perigoso.

O Deus dos céus não gostava da ideia, mas concordou com seu irmão mais velho.

Vira nos olhos de sua filha, felicidade, era obvio que não queria se desfazer da filha, mas como deusa da sabedoria, sabia que essa era a escolha certa.

Céu e mar se acalmaram.

–Ela irá para o mundo mortal, no entanto quero que cresça com Perceus Jackson, pode passar alguns meses de sua vida com os mortais, mas logo irá para o acampamento.

–Ela ainda é muito jovem- Lembrou-o Atena.

–Nós podemos mudar isso, Atena e Poseidon vocês vão ensinar tudo o que a criança precisa, mudaremos a sua forma e a deixaremos mais velha, não esqueçam de falar com Hera não quero que a criança se lembre que esteve no Olimpo- Zeus não estava satisfeito, porém só havia duas escapatória, matar a menina ou aceitar o plano de Atena.

–Obrigado irmão- O rosto de Poseidon se iluminou ao ver que a filha viveria- Quem diria...

–Eu ainda não acredito no que fiz - Não precisava prestar muita atenção, era claro a mudança na menina, as palavras de Zeus desencadearam um crescimento acelerado que não causava dor nem incomodo. -Ela precisa de um nome.

–Há alguns anos atrás eu conheci um mortal que tinha uma filha ela era doce e sonhadora, porém morreu com uma doença incurável, eu queria ajudar, mas eu não cuido da morte, ela se chamava Emily.

–Emily é um bom nome. – Comentou Atena

– Essa mortal... Teria alguma relação intima com você, Poseidon? – Perguntou Zeus com certo interesse.

– Sim, nós tivemos um relacionamento após a morte de sua filha, Donna Jo, será levada para o acampamento em alguns meses...- De repente o Deus do mar entendeu o motivo da pergunta. – Será uma boa ideia.

Emily , dormia em um dos quartos do grande Olimpo, Zeus a deixara com 15 anos, de estatura mediana, cabelos nos ombros e ondulados, era uma mistura perfeita dos dois Deuses.

Já se passara dois meses e a menina treinava com o pai e estudava com a mãe. Ela estava pronta, era incrivel a forma como aprendia as coisas rapidamente.

Era uma tarde nublada em Long Island, Poseidon descia o elevador do Empire State junto de Emily. Curiosa perguntava a cada minuto onde iriam, nunca tinha saido do Olimpo, ela estava anciosa, mas triste por Atena não ir falar com ela.

– Porque mamãe não veio falar hoje comigo? Ela esta estranha há dias...

Poseidon não respondeu. Se apegou a menina, pensar que a partir de agora, ela esqueceria tudo, machucava. Deuses também sentiam afeto por seus filhos, mesmo que as vezes não demonstrassem.

Andar 10, 9,8... Contagem regressiva, ao sairem do elevador a memoria da deusa menor seria apagada e substituida por uma que a nevoa criaria, 7,6,5,4..

– Nós te amamos Emily, não se esqueça. – Mesmo que seja em vão, Poseidon sentia necessidade em falar aquilo.

Emily sorrio e abraçou o Deus.

Andar 3,2,1. As portas se abriram.