“—Eu realmente gostei, vou cuidar muito bem do seu coração, princesa.”

Na manhã seguinte, Sakura parecia distraída, e todos na casa notaram aquilo. A rosada acordou quieta, com os pensamentos distantes e olhos perdidos. Quase errou a mão no café da manhã e se perdia no meio da conversa matinal, nem se esforçando para tecer algum comentário, por mais irrelevante que fosse.

Ao sentarem a mesa, Miku e Sasuke trocaram um olhar de cúmplices, ambos notando a mudança de Sakura.

Então, a refeição se deu silenciosa, a não ser por alguns comentários soltos e casuais, que logo morriam sem ter interesse para germinarem. O moreno observava cada ação da companheira... Observava como a Uchiha encarava o nada e em como estava indiferente com os cereais que mastigava lentamente.

O moreno queria conversar com a mulher, mas esperou até que Arata viesse buscar a Miku para brincar para fazê-lo.

Claro que ele fez questão de endereçar uma olhada fatal para o tímido loiro antes de fechar a porta e caminhar para a cozinha, onde sua esposa lavava a louça suja.

O Uchiha a surpreendeu com um carinhoso abraço por trás. Ela soltou um sorrisinho amável e o encarou enquanto ele apoiava o queixo em seu ombro, sem machucá-la e Sasuke soltou um profundo suspiro.

—Eita, o que foi, Sasuke?—Perguntou Sakura, ainda sorrindo.

—Ei, eu sou quem deveria estar perguntando isso á você.—Murmurou Sasuke.—Não roube minhas falas, Sakura. O que está te incomodando?

—Nada ué.—Respondeu Sakura, enquanto ensaboava um prato.

—Fala logo, Sakura!—Retrucou o moreno, como sempre, não muito paciente.— Até a nossa filha já notou que você está toda esquisita desde que acordou.

O Uchiha soltou da rosada quando a mesma se esticou para pegar o pano de prato, e esperou até que sua esposa dissesse alguma coisa, e depois de longos minutos, a Uchiha o fez, hesitante e lentamente, como se as palavras derretessem em sua língua.

—É ruim sentir inveja, não é?

Inicialmente, o ninja ficou sem palavras. Sasuke não estava entendendo o que a Sakura estava querendo dizer, e ficou calado, esperando que a rosada soltasse mais alguma fala, alguma frase menos abstrata. Mas a Uchiha ficou quieta e o moreno se viu obrigado a tecer algum comentário. Abriu a boca, mas nenhuma palavra lhe veio em mente, e por fim, falou hesitante e lentamente:

—Bem, eu acho que... Não.— Ao ouvir o suspiro frustrado da mulher, o ninja se sentiu um idiota e perguntou á Deus o por que das mulheres serem tão confusas.

De súbito, a médica se virou, o que assustou o homem, que não esperava aquela súbita ação. Eles estavam tão próximos, que se ela quisesse, poderia encostar suas testas sem se mover muito. O ANBU notou o quanto Sakura estava angustiada e tão hesitante quanto ele, a rosada passou a mão pelo cabelo, o deixando desgrenhado, seus olhos verdes estavam inquietos e seu delicado lábio inferior estava sendo mordido suavemente, e se ambos não estivessem em uma situação tão delicada, Sasuke já teria roubado um beijo da rosada.

—Ontem foi um dia maravilhoso...—Começou a Uchiha, sem jeito e com um leve sorrisinho tímido.— Mas... Eu, eu senti inveja da Hinata.

—Por que?— Perguntou o moreno, sério, sem entender o porque.

Várias ideias invadiram a sua mente, o Uchiha se esforçava para encontrar algo que sua esposa poderia sentir inveja da morena... Seria o cabelo? Bah, logo o ninja rejeitou essa ideia, a Uchiha não seria tão fútil assim... Os pensamentos do ninja viajaram, e ao ver a confusão que o marido estava fazendo, a médica segurou o rosto dele com as mãos frias e enrugadas pela água gélida e disse, quase gritando:

—A Hinata vai ter um filho!

Aquilo surpreendeu a ambos, o ANBU arregalou os olhos e seu cérebro pareceu congelar, se sentiu um idiota por não ter pensado naquilo antes.

Percebendo a reação quase assustadora dele, ela logo se apressou em falar:

—Eu sei que temos a Miku como nossa filha, eu realmente a amo como mãe e morreria por ela! Céus, não pense que quero substituí-la, mas... mas... Eu quero gerar um filho seu, quero que meu ventre cresça, eu quero dar a luz, Sasuke!

De súbito, Sasuke a calou com um beijo súbito, um beijo desejoso e generoso, um tipo de beijo que um casal casado e adulto não deveria dar em uma cozinha. Quando o moreno se afastou, sua esposa estava ainda de olhos fechados e lábios entreabertos, em uma expressão, no mínimo absorta, como se ainda quisesse mais, o que fez com que o Uchiha sorrisse um sorrisinho sacana, bem canalha.

—Idiota...—Sussurrou a Uchiha, ainda de olhos fechados, fazendo com que Sasuke sorrisse ainda mais.—Eu sei que está sorrindo, seu sem-vergonha...

—Ei, o que foi, amor? Eu estou apenas começando...—Sussurrou o moreno, ao pé do ouvido de Sakura, fazendo com que a mesma se arrepiasse.—Bem, se quiser gerar um irmãozinho para Miku, eu te ajudarei, com todos os meus esforços e vontades, a todo momento que desejar.

A rosada soltou um suspiro sôfrego quando a mão dele tocou seu pescoço e não demorou muito para que ambos subissem as escadas em meios aos beijos e carícias, como um casal tolamente apaixonado. Quando Miku chegou em casa, depois de tantas brincadeiras com o coleguinha, estranhou o fato da mãe estar sorridente novamente, sentada no sofá, deitada no colo do marido. A mesma distribuía sorrisos e cantava, radiante e docemente. Enquanto a Uchiha saíra do cômodo para pegar algo sem relevância agora, a menininha se aproximou e se sentou ao lado do pai e sussurrou inocentemente:

—O que você fez com ela?

—Mágica...—Sussurrou Sasuke em resposta, sorrindo e gesticulando com os dedos, um arco íris ao redor de seu rosto.

A morena sorriu e seus olhinhos ingênuos brilharam antes que ela falasse:

—Me ensine a fazer mágica, papai!

—Oh não!—Disse ele, dramaticamente, abraçando a criança com ternura.—Você não pode fazer essa mágica por muitos, e muitos anos!

Miku não entendeu o que seu pai quis dizer com aquilo, mas também não perguntou, pois logo depois, a médica voltou ao cômodo, trazendo consigo um novo assunto, tragando apenas para a intimidade do casal, a tal mágica...