Capitulo 5 — Ordinary Life

— De jeito nenhum que elas vão ficar usando saia naquele lugar cheio de meninos. — disse Emmett balançando a cabeça em negação ainda na primeira loja.

— Emmett não perturbe. Por que é que você veio mesmo? — questionou Alice irritada.

— Por que Helena nunca fez compras e você vai assustá-la.

— Que tipo de monstro vocês pensam que eu sou? — disse ofendida. — Helena não está acostumada com calças jeans, o que você vai fazer?

Helena riu, era divertido vê-los discutindo por algo tão bobo.

— Nada mais do que dez centímetros acima do joelho. — resmungou o vampiro cruzando os braços e indo se sentar ao lado de Bella, que já havia desistido de contestar Alice a muito tempo.

.

Três horas depois eles estavam em casa. Renesmee correu para o antigo quarto de seu pai, ao lado de Jacob e em poucos minutos adormeceu abraçada a ele. Já Helena e Seth, estavam no sofá da sala. Helena, também cansada, dormira apoiando a cabeça na perna de Seth, que fazia carinho em seus cabelos, enquanto Emmett o olhava com os olhos quase fechados e os braços cruzados.

— Só não a machuque, está bem? — disse Emmett descruzando os braços parecendo cansado.

— Vocês sabe que eu não conseguiria. — respondeu Seth olhando para o ‘sogro’.

— Eu sei. Mas não custa avisar. — disse sorrindo. — Acho que ela passou por coisas demais. Assim como Nessie, antes de chegar.

— Você realmente se apegou a ela, não é? — questionou Seth sorrindo. Emmett fez o mesmo antes de responder.

— Sim. Ela me cativou. Acho que foi sua inocência… — Um uivo pode ser ouvido, fazendo Seth e Emmett olharem para a orla da floresta, preocupados.

— Eu tenho que ir. — disse Seth. Ele segurou a cabeça de Helena, e se levantou. No segundo seguinte, Emmett já estava sentado onde o lobo estivera anteriormente.

— hm, Seth?! — resmungou Helena abrindo um pouco os olhos e se mexendo levemente.

— Shh, eu tenho que ir. Volto mais tarde pra te dar boa noite.

— Está tudo bem? — questionou ainda sonolenta.

— Está sim. Volte a dormir. Até mais tarde.

— Toma cuidado. — disse voltando a fechar os olhos, agora apoiada nas pernas de seu pai, que sorriu quando ela disse:

— O que ele foi fazer, pai?

— Foi cuidar de algumas coisas em La Push, não se preocupe. Ele sabe se cuidar.

— Que bom. — murmurou e alguns segundos depois sua respiração se acalmou, o que significava que ela havia dormido.

Emmett se levantou com cuidado, pegou sua filha no colo, mas como sabia que Ness e Jacob estavam dormindo, decidiu deixa-la em seu quarto. Colocou-a em sua cama, e se sentou em uma das poltronas em frente a janela, olhando-a dormir serenamente.

Começou a imaginar o quanto sua Rose estaria feliz. Se tudo o que acontecera nove meses atrás, conseguisse ter sido evitado, ela estaria radiante. Andaria grudada com Helena todos os dias, o dia inteiro pela eternidade.

Ela era mãe de Helena. Mesmo não estando lá para aproveitar dessa oportunidade, ela era; e Helena sabia disso. Ficara muito triste por não ter conseguido salvar Rose e também Embry, mas nada podia fazer, já estava presa, aguardando julgamento, e sem os seus dons de anjo.

A menina não tinha coragem de contar. Imaginava que se Emmett soubesse, ficaria bravo com ela por não ter feito algo para ajudar, e ainda assim aceitar ficar em sua casa, ser chamada de filha. Também teria que contar a Seth sobre Embry. Não o salvara, por que estava presa, mas ainda assim, a culpa a consumia, tanto quanto a Rose. Eles não aceitariam, mas Helena sabia que teria que contar. E faria isso logo, para não se apegar mais. Para não ficar com o coração ainda mais partido.

Quando acordou naquela madrugada, ela estava decidida. Contaria, pelo menos para Emmett e Seth, sobre Embry e Rose. Se eles aceitassem, ela seria uma pessoa completamente feliz e sem aquela culpa toda nos ombros.

Eram quatro horas da manhã. Helena olho para o lado e viu Emmett olhando-a com um sorriso adorável, que mostrava suas covinhas. Ele veio até a cama e se sentou ao seu lado.

— Bom dia, filha.

— Bom dia, pai. — respondeu buscando coragem olhando para as mãos no colo.

— O que houve, pequena? — perguntou Emm percebendo o desconforto da garota.

— Podemos conversar?

— É claro, sabe que pode falar qualquer coisa comigo. — respondeu o pai ficando cada vez mais preocupado com o silêncio um tanto prolongado. Ela parecia tão abatida

Helena respirou profundamente antes de falar.

— Eu não falei antes por que imaginei que você ficaria bravo. — suspirou — Lembra de quando eu contei que salvei duas pessoas mas deveriam ser quatro? — Ele assentiu — Eu juro que tentei ajudar, mas eu estava presa, e não ajudar mais ninguém. Aquelas outras duas pessoas eram Rose e Embry. Eu juro que eu tentei, gastei todas as minhas forças, mas não funcionou e…

— Espera. — disse Emmett. — Você está dizendo que estava presa quando aconteceu o que aconteceu e não teve como fazer nada? — ela assentiu — E mesmo assim você achava que eu ficaria bravo? Mesmo sabendo que você não podia fazer nada?

— É que eu pensei que…

— Não, me escuta. — ele a segurou pelos ombros. — Nunca pense que eu te culpo por alguma coisa que aconteceu. Sei que está preocupada que Seth vá ficar bravo, mas nem ele nem nenhum dos lobos irá te culpar, jamais. Isso é culpa dos Volturi e ponto final.

Ela abaixou a cabeça mas logo sentiu dedos frios puxando seu queixo para cima.

— Não quero que você pense nunca que tem culpa de alguma coisa. Entendeu? — questionou com um olhar severo, mas com um sorrisinho nos lábios.

— Entendi. Me desculpe.

Emmett puxou sua filha para um abraço de urso, e assim eles ficaram por algum tempo.

Ele acaricia os cabelos macios da sua pequena filha. Como um ser tão pequeno, que ponderava sobre a morte de todos de Forks por anos, pode ser tão inocente?

XxX

Quando Helena abriu os olhos aquela manhã, se sentiu mais ansiosa e animada do que nos outros dias que estivera naquela casa. Ainda era estranho para ela, acordar em meio a lençóis e aquela cama macia, mas ela tentava não demonstrar muito aquilo.

Sentia falta das confortáveis, e quase intangíveis, camas dos anjos. Você simplesmente pairava sobre ela, como se flutuasse no ar. E aquilo era tão confortável.

Helena ainda sentia a ardência nas costas e suas noites de sono nunca foram tão interrompidas como eram agora. Durante a noite, ela se revirava na cama para encontrar uma posição confortável — coisa que nunca havia feito quando era um anjo — e sempre a ardência em suas costas lhe fazia ficar terrivelmente desperta. O suficiente para lhe tirar de inconsciência, mas não para perder o sono.

Levantou lentamente e demorou alguns minutos para constatar que seu pai não estava no quarto. Ela franziu levemente suas sobrancelhas. Aquilo não era comum.

Quando se levantava para ir ao banho, sentindo aquela sensação engraçada que era a ansiedade, notou uma muda de roupa perfeitamente esticada sobre a ponta da cama desarrumada. Ela até mesmo parecia errado no contexto bagunçado, mas fez a realidade ainda mais notável. Era hoje.

Seu estômago deu algumas voltas.

Primeiro dia de aula.

A algum tempo atrás, Helena estaria ansiosa apenas de ver Renesmee superar toda essa emoção de voltar a escola, bem lá do alto. Por um instante se perguntou como pode se sentir satisfeita sem provar ela mesma as sensações, ao invés de apenas assistir. Mas lembrou que, apesar de agora que ela estava passando por aquilo, estava sendo bem mais intenso a mistura de sensações e sentimentos, ela sentia aquilo ao apenas assistir tudo. De uma maneira bem menor, é verdade, mas ela começava a comparar o que ela fazia, com ler livros ou assistir um filme.

O banho quente fez seus músculos relaxarem um pouco, mas a tensão da ansiedade não sumiu nem por um segundo. Outra coisa que o banho quente não conseguiu tirar foi a dor nas costas. As cicatrizes sempre doíam, mas naquela manhã, talvez por causa da ansiedade que só aumentava conforme ela ia colocando as roupas que Alice deixou separada em cima da minha cama. Antes de sair, ela aproveita para arrumar os cobertores bagunçados.

http://www.polyvore.com/sem_t%C3%ADtulo_86/set?id=111103154

Na noite anterior, finalmente o bando havia conseguido pegar o vampiro que rondava La Push. Não houve tempo para perguntas e se foram feitas perguntas, todas foram ignoradas. O vampiro só tentava fugir e escapar das investidas brutais de Paul e Embry. Ambos faziam uma ótima dupla, mas não mais do que Jacob, Leah e Seth, que conseguiram encurralar o vampiro e acabar com ele.

Tiveram uma conversa com os Cullen, mas Carlisle disse que não adiantava nada se não tinham respostas. Era apenas esquecer e torcer para que aquele vampiro não tivesse uma vampira que quisesse vinga-lo.

Bella imediatamente começou a rir junto com Edward e logo todos ali entraram na piada.

Seth se retirou da mesa, indo em direção ao som melódico do coração de Helena.

O som de risadas preencheu o ambiente assim que a porta do quarto de Helena é aberta e ela tem a certeza de que Seth estava ali. Na noite anterior, não o havia visto. Ele havia saído correndo ao ouvir o uivo. Saber disso só a deixou mais ansiosa ainda, mas se sentiu novamente segura ao vê-lo sorrir na sua frente.

— Bom dia Seth. — disse corada olhando para a porta.

— Bom dia, anjo. — sorriu. — Está linda.

— Obrigada.

— Venha tomar café, Ness já está pronta também. — disse esticando a mão com um pedido silencioso para que ela a segurasse.

— Ah, claro. — Helena pegou sua mochila — que Alice e Ness haviam a ajudado a preparar — em cima da poltrona e segurou na mão que Seth oferecia.

E ali estava a eletricidade mais uma vez. O pequeno choque que passava entre eles todas as vezes em que se tocavam. Helena, começou a andar olhando para baixo sentindo o sangue do seu corpo fluir paras bochechas, enquanto Seth tinha um grande sorriso estampado na boca.

Ao chegarem na cozinha, encontraram Ness tomando seu café e Jacob conversando com Emmett e Edward, que tinham feições preocupadas.

— Bom dia! — cumprimentou Helena se sentando ao lado de Ness e sorrindo para os outros.

Todos a cumprimentaram de volta e voltaram a conversar — Seth se juntando a eles —, e Helena aproveitou para comer algumas das panquecas que Ness lhe oferecera, antes de sair.

Quando entraram no carro, alguns minutos depois, Ness e Helena estavam eufóricas. Seth e Jacob que estavam na frente, riam dos sorrisos bobos no rosto das meninas.

— Se comportem. — disse Bella beijando a testa de ambas e indo para o lado de Esme, que sorria.

Edward e Emmett, obviamente deram uma lista de coisas para fazer e uma maior ainda para não fazer.

— E qualquer coisa chamem Rachel imediatamente. — concluiu Edward.

— Ok, agora vamos antes que elas se atrasem. — disse Jake ligando o carro enquanto as meninas se despediam dos pais.

Depois do último ‘tchau’, Jacob finalmente começou a guia-los em direção a La Push. No meio do caminho Ness e Helena tinham que se segurar para não dormir, mas se esforçaram ao máximo, já que estavam ansiosas.

Ao chegarem na escola da reserva — que não era tão pequena quanto haviam imaginado —, seus sentimentos já estavam completamente bagunçados de tanto que estavam ansiosas.

Seth e Jacob levaram um tempo para se despediram das duas, depois que saíram do carro, ainda mais depois de perceberem o olhar de praticamente todos os alunos da escola sobre ‘suas garotas’.

— Quem eles acham que são olhando pra vocês daquele jeito?! — exclamou Jacob olhando irritado para um grupo de meninos parados em frente aos portões.

— Jake, não comece. — disse Ness abraçando-o. — Sabe que só tenho olhos pra você.

Ele sorriu e abraçou-a ainda mais forte, fazendo questão de dar um beijo longo em seus lábios, para mostrar aos garotos ao lado que ela já tinha alguém.

— Estou começando a ficar nervosa. — disse Helena a Seth, que estava encostado no carro com as mãos nos bolsos e com uma perna apoiada na porta.

— Com o que? Estava tão animada.

— E se não gostarem de mim? — perguntou olhando para baixo. Ele levantou seu queixo com o dedo indicador e sorriu para a menina.

— Como alguém pode não gostar de você? É perfeita. — Ela corou. — E sei que Ness vai cuidar para que você tenha ótimos amigos.

— Ah, vou mesmo. — ressaltou a menina se soltando de Jacob. — É melhor irmos, ou vamos nos atrasar.

— Claro. — disse Helena. — Tchau Seth. — concluiu virando para ele, que a puxou para um abraço forte e quando enfim lhe soltou, deu um beijo estalado em sua bochecha e um na de Nessie. Eles entraram para dentro do carro novamente.

— Bom, aqui vamos nós. — disse Ness segurando a mão de Helena e levando-a na direção que uma plaquinha dizia ser a secretaria.