Capitulo 01 — Falling

Cullens e Quileutes estavam reunidos na casa grande, tentando decifrar quem era o vampiro que estava rondando as redondezas de Forks há uma semana, e o que ele queria na cidade.

— Não tem como segui-lo, ele nunca deixa rastros. — comentou Paul.

Era verdade. Sendo um dom ou não, o vampiro não deixava nenhum tipo de rastros além de pegadas, mas estas se tornavam inúteis, já que ele sempre seguia para o mar. Eles discutiram por mais alguns minutos, mas depois decidiram tomar alguma providência depois, ambos aumentando rondas e vigias.

O silêncio tomou conta do lugar por alguns minutos, até que um uivo soou pelo ar. Não era um uivo de dor, e muito menos de alarme, parecia apenas querendo chamar os outros, que sabiam muito bem quem era. Leah. Ela estava em ronda com Quill enquanto todos se reuniam. Rondavam o território dos Cullen, enquanto Jared e Brad rondavam o território Quileute.

Todos saíram correndo pela porta — menos Renesmee, que ficou tomando conta da pequena Rose, filha da Leah e do Nahuel — no caso dos lobos, se transformando imediatamente, enquanto os Cullen, apenas seguiam rápido na direção do som.

Pararam em um pequeno espaço com grama, pequeno demais para ser considerada uma clareira. O cheiro estava diferente. Jasmim e morango, misturados com o cheiro amadeirado de lobo e sangue. Mais a frente conseguia ver Leah, já humana e vestida, parecendo meio perturbada, curvada sobre um corpo.

Era uma menina. A pele dela parecia brilhar. Não como a dos vampiros, já que não havia sol naquela tarde, o brilho parecia vir de dentro dela. A visão seria perfeita se não fossem os cortes que ela tinha pelo corpo todo e pelo fato de estar deitada em uma poça do próprio sangue, molhada, enquanto Leah tentava tampar os cortes que sangravam, com a mão, pra impedir que mais sangue escorresse para fora do corpo.

Eles correram para ajudar, torcendo para que ela, quem quer que fosse, sobrevivesse.

POV Leah.

Eu estava na ronda enquanto todos estavam na casa dos Cullen falando sobre o sanguessuga nômade que ficava rondando a cidade. Obviamente eu preferia estar lá, com a minha filha e com Nahuel, mas era o meu trabalho, então eu tinha que cumpri-lo.

Corri em direção ao norte, e enquanto passava por uma trilha marcada, senti um cheiro forte de sangue, um barulho de folhas se mexendo, galhos se quebrando e logo depois, o barulho de algo se chocando com a água.

Quando finalmente cheguei até lá — o que pareceu uma eternidade, apesar de ter durado segundos — fiquei completamente chocada com a minha visão.

Havia um corpo flutuando na água clara e límpida de um pequeno riacho que havia no meio da floresta, logo ao lado de uma ribanceira que descia ao lado de uma pequena colina. De alguma forma sangue saía do corpo e manchava toda a água.

Transformei-me ali mesmo, corri para ajudar quem quer que fosse e quando consegui tirar a pessoa completamente da água percebi ser uma menina coberta por cortes profundos pelo corpo todo.

Estava, obviamente, desmaiada. Fiz massagem cardíaca por um minuto e logo após, ela começou a cuspir água.

Ela chorava convulsivamente, e quanto mais se mexia, mais sangue saía por seus ferimentos, e mais vermelho ficava seu vestido, que um dia fora branco. Como ela havia ficado daquele jeito eu não sabia, mas sentia que deveria ajuda-la. Não somente pela áurea muito pura que ela emanava, mas eu pensei em minha filha, e, se eu não pudesse ajuda-la, gostaria que alguém o fizesse por mim.

Coloquei a mão em cima de alguns ferimentos, tentando estancar o sangue, mas não estava funcionando muito bem.

— Qual é o seu nome? — perguntei a ela que parecia estar engasgando no próprio sangue.

— Me-meu nome é Helena. — sussurrou. Quando ela disse o nome, notei que sua pele pareceu brilhar, mas relevei e me virei pra ela novamente.

— Eu vou cuidar de você, está bem, Helena? — ela sorriu, e desesperadamente notei que ela estava, literalmente, engasgando com o próprio sangue. — Preciso chamar umas pessoas, já venho.

Ela não pareceu nem pensar em me pedir pra ficar. Apenas assentiu e tentou novamente sorrir.

Transformei-me novamente e uivei o mais alto que pude, mesmo sabendo que todos ouviriam.

Voltei a forma humana e me ajoelhei ao seu lado novamente. Eu já estava coberta de sangue, água, e ela estava quase dormindo. Podia não ser nenhuma médica formada, mas sabia que em situações como aquelas, tinha que fazer de tudo para manter a pessoa acordada, afinal, eu assistia muita televisão.

— Por favor, não dorme. — implorei. Mesmo eu não sendo a pessoa mais amável do mundo, eu sentia as lágrimas rolando pelo meu rosto, apenas pela visão, de uma vida que parecia ser tão pura, se esvaindo aos poucos. Ser mãe havia me mudado, eu não conseguia imaginar a minha filha, minha bebê, naquela situação. E não conseguia me imaginar no lugar da mãe daquela menina. — Eu sou Leah. De onde você é Helena? Nunca te vi por Forks.

Ela não respondeu. Apenas levantou, lentamente, o braço direito, que antes estava apoiado em cima de suas costelas, e ainda lentamente, apontou para o céu.

Eu não falei nada, apenas continuei olhando para o ponto em que ela apontava, esperando ver algum paraquedas, ou alguma coisa em que ela poderia estar, antes de cair. Mas não havia nada.

Escutei passos vindos do sul e me virei para a entrada do pequeno espaço, vendo o resto dos lobos e os Cullen, parando chocados por um segundo, antes de correrem ao meu encontro.

— O que houve? — perguntou Carlisle com os olhos arregalados. Acho que aquilo era sangue demais, até para um médico.

— E-e-eu não sei. — disse nervosa sentindo o sangue de Helena pulsar sobre meus dedos. — Ela estava assim.

— Tudo bem, vamos leva-la pra casa, ela precisa de sangue urgentemente. — disse já a pegando no colo.

Todos correram de volta para a casa grande. Renesmee ninava Rose em seus braços quando todos entraram correndo, fazendo-a levantar-se assustada.

O pequeno consultório de Carlisle — o mesmo que ele usou na gravidez de Bella — ficou ainda menor, depois que todas aquelas pessoas entraram.

POV Leah OFF

Carlisle expulsou a todos do consultório, ficando apenas Alice, que o ajudou com as roupas e curativos.

A menina estava muito machucada, e eles não tinham a menor ideia de o que teria acontecido para ela ficar daquele jeito. Cortes como aquele eram similares a atropelamentos — causados por carros grandes —, mas ela estava no meio da floresta, e os rastros de sangue vinham desde o começo da colina, o que não ajudava a identificar se ela já estava machucada quando foi largada ali.

Quando enfim acabaram, foram se juntar aos outros na sala. Estavam em silêncio desde que Carlisle os havia colocado pra fora do consultório com o intuito de escutar todos os detalhes do que se passava lá dentro, mas os dois trabalhavam em um silêncio absoluto. Jacob explicava tudo a Renesmee, aos sussurros.

Leah ainda vestia as mesmas roupas. Uma camiseta regata de algodão, e um short jeans curto. Poderiam dizer que ela estava do jeito que sempre esteve se não fosse por todo aquele sangue, água e pela feição em seu rosto. Ela parecia estar catatônica, travada em choque. Abraçava Nahuel fortemente.

Para todos ali, era pelo fato de ter estado em contato com todo aquele sangue, ou pelo jeito em que a menina se encontrava. Mas a única coisa que estava realmente a perturbando, era o último movimento feito pela garota. Não era possível, era?

Edward a olhava estranho, não por ela ser uma loba, nem por estar coberta de sangue, mas sim pelo pensamento que estava presente em sua mente desde a floresta. Era real, afinal, Leah não era uma pessoa que se abalava fácil, mas naquela noite, parecia tão chocada, que Seth teve que carrega-la até a casa dos Cullen, antes de voltar a La Push para contar a Collin, Jared e Brad, o que havia acontecido.

Quando Carlisle e Alice finalmente voltaram para a sala, eles todos se viraram e o olharam em expectativa.

— Carlisle, o que houve? — questionou Esme parando ao seu lado.

— Não sabemos ainda. Ela está machucada demais. A única coisa que passou pela minha mente, foi que ela tenha sido atacada por algum animal, mas não haviam sinais de mordida, então não tenho certeza. O que quer que tenha acontecido foi definitivamente uma sorte Leah tê-la encontrado.

Quando Carlisle disse aquilo todos os olhares se viraram para Leah, que continuou parada no mesmo lugar.

— Ela se chama Helena. — disse depois de alguns segundos. Virando pra Carlisle. — Eu perguntei.

— Ela disse mais alguma coisa? — perguntou Bella.

— Enquanto vocês não chegavam, eu perguntei de onde ela era, já que nunca a havia visto em Forks, e precisava mantê-la acordada, e ai ela... — Leah se calou. Não sabia como explicar.

— Ela? — perguntou Jacob a incentivando a continuar.

— Ela apontou para o céu. — respondeu Edward por ela. Ele via em seus pensamentos que ela não sabia bem como iria explicar, como uma pessoa simplesmente diz que veio do céu.

Todos o olharam como se ele tivesse criado chifres e escamas. Não era uma coisa literalmente possível, era? Uma pessoa apenas caía do céu se estivesse em um avião ou alguma coisa assim, e ele sofresse uma queda, mas não havia escombros.

— Ela disse que caiu do céu? — questionou Paul incrédulo. — Mas isso não é possível, é?

— Tem outra coisa. — comentou Edward estranho. Todos o olharam com curiosidade. — Eu não consigo ler sua mente.

— Bom, é melhor esperarmos ela acordar. — comentou Jasper. — Não vai adiantar em nada ficarmos esperando aqui.

E foi o que eles fizeram. Esperaram.