Presa a Você escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 4
Algo Estúpido


Notas iniciais do capítulo

Capítulo um pouquinho grande, sorry. Tenho certeza de que esse momento é mais do que esperado por todos vocês, então por favor, comentem!! Quero saber o que vocês estão achando :D



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Os aplausos explodiram pelo teatro, junto de gritos e assovios enquanto a cortina era abaixada e Dean ainda me beijava. Seus braços me prendiam a ele de forma possessiva. Eu me agarrava a ele como se minha vida dependesse disso, suplicando a ele mentalmente que não me soltasse nunca.

Meus joelhos fraquejaram e ele aumentou seu aperto em torno de minha cintura, inconscientemente gemi.

– Arrumem um quarto!

Alguém gritava, alguém ria, e nada importava, eu estava nos braços de Dean.

Quando levei meus dedos ao seu cabelo, ele estremeceu e em seguida enrijeceu-se. Delicadamente Dean deixou meus lábios, relutante tirou suas mãos de mim e suspirando deixou o palco.

Seus olhos a pouco estavam tristes e já não brilhavam mais. Aquilo era dor? Eu vira dor nos olhos de Dean Hunt?

Desolada e sentindo-me insignificante, corri para meu camarim. Dentro de meu banheiro provisório, enfiei-me debaixo do chuveiro, a água gelada castigava minha pele, mas eu não me importava. Deixei-me chorar desesperadamente ali até quando Sophie me encontrou.

Ela me tirou do box, enrolou-me em uma toalha e não disse nada, absolutamente nada. Não me julgou ou gritou comigo. Ela apenas ficou ali, me segurando até os soluços sessarem.

Quando enfim pude respirar, levantei os olhos para minha sabia melhor amiga.

– Eu sinto tanto. – murmurei.

– Eu sei Emmie. – o apelido que vovô colocara em mim apenas fez com que eu quisesse voltar a chorar como um bebê, o que ele pensaria de mim agora?

– Não posso mais fazer isso Soph, não posso continuar negando. – nunca pensei que diria aquilo em toda minha vida, mas lá estava eu, - Eu acho que o amo.

Ela apenas abraçou-me apertado, dizendo que tudo ficaria bem, mas eu sabia que nada voltaria a ser como era antes, eu nunca seria a mesma novamente. Dean Hunt havia me marcado para sempre.

Não pude encarar Andrew quando deixei o teatro, apenas sai antes que tivesse de encontra-lo.

Naquela noite não dormi, pensando em Dean, Andrew, no que faria, no que queria fazer, no que deveria fazer,...

A lembrança de quando o conheci estava tão enterrada dentro de mim, não me permitira pensar naquele dia novamente, mas esta noite, era impossível não pensar nele, em seus profundos olhos azuis e a intensidade com a qual ele me tocara, desde o primeiro momento.

“James vai me matar.

James vai me matar.

Onde estava com a cabeça quando concordei em deixar Sophie me arrastar para longe de casa assim? Fugir no meio da noite não era algo de meu feitio. Droga eu era uma depravada, quantos adolescentes de quase 20 anos nunca haviam fugido de casa? Jogando minha mochila pela janela, comecei a descer, torcendo para que James, meu irmão não me ouvisse. Ele era um tanto ciumento e literalmente me esfolaria viva se descobrisse o que pretendo fazer.

Rindo, pulei do telhado, caindo graciosamente no chão, era em horas como esta que ser uma bailarina vinha a calhar.

Corri para a rua, indo até o parque a duas quadras de minha casa onde Sophie e Jenna me encontrariam.

Suspirei aliviada quando vi a SUV de minha melhor amiga encostar, mal a esperei estacionar e logo entrei. Estava tão nervosa e excitada com nossa pequena viajem rumo a cidade vizinha para o show de nossa banda favorita. Este era o melhor presente de aniversário que uma garota que tem tudo poderia desejar.

Cinco horas depois estávamos no grande parque onde o concerto aconteceria. Era bom ser Emma, só Emma, onde ninguém me conhecia ou esperava algo de mim.

Sophie e Jenna estavam deslumbrantes como sempre, me sentia insignificante perto de minhas amigas que mais pareciam atrizes de Hollywood, atraindo olhares aonde quer que fossemos.

Bufei. Eu precisava de uma bebida. Sim, álcool ajudaria.

– Preciso de álcool, vocês querem alguma coisa?

Sophie tinha sua atenção em um belo moreno que a cobiçava descaradamente, enquanto Jenna já havia sumido com um loiro.

– Não, estarei perto do palco. – sorri, deixando-a e saindo a procura de algo para aliviar meu estresse.

Meia hora mais tarde finalmente percebi que estava perdida. Como diabos eu tinha feito isso era uma boa pergunta.

Eu não conseguia encontrar Sophie, mas havia encontrado álcool, o que era bom de certa forma. Minha bebida tinha um nome estranho, e uma coloração bizarra de rosa.

Eu andava como uma barata tonta, tentando inutilmente encontrar minhas amigas quando um idiota apalpou minha bunda, ele ainda teve a audácia de tocar um de meus seios. Irada me virei e joguei o liquido de meu copo na direção em que o tarado estava. Em seguida, com toda a minha força, desferi um tapa em seu rosto.

O garoto a minha frente tinha pelo menos 1,90 de altura, era musculoso e coberto de tatuagens, parecia um perfeito idiota, mesmo tento o cabelo mais lindo que já vi.

– Nunca mais me toque outra vez seu filho da puta nojento. – eu posso ter rosnado.

O cara apenas levantou sua camiseta para limpar seu rosto manchado de rosa, revelando o tanquinho mais perfeito que eu já tinha tido a felicidade de ver.

Quando ele finalmente me olhou, vacilei na imensidão azul safira que eram seus olhos. Porra, como alguém podia ser tão perfeito?

Sua mandíbula estava travada e suas mãos estavam fechadas em punhos, por um segundo pensei que ele fosse me bater. Estufando o peito para não deixa-lo perceber o quanto me desestabilizava, preparei-me para fugir dali quando ouvi um outro garoto.

– Você é uma putinha selvagem, gosto disso... – assustando-me com seu palavreado, dei um passo para trás. – E sua bunda, Deus, ela é maravilhosa, eu poderia segura-la o dia todo...

Não! Espera, aquele cara era quem tinha...

– Cale a boca Carter. – sua voz era rouca e perigosamente suave, fazendo com que eu estremecesse.

Quando “Carter” fez menção de vir até mim, o garoto que a pouco eu havia estapeado colocou-se entre mim e seu amigo bêbado.

Suspirei aliviada, ainda muito envergonhada quando percebi que insultei e bati no cara errado. Quando abri a boca para pedir desculpas o vi dar dois passos e tomar meu braço, arrastando-me para longe de Carter, de um jeito nada delicado.

– Posso andar sozinha. – falei. Suas pernas eram muito maiores que as minhas, e acompanha-lo era difícil. – Solte meu braço, agora.

Ele recusava-se a responder, ou mesmo me olhar enquanto caminhava freneticamente até sei lá onde.

– Mas que merda cara, eu mandei você me soltar. AGORA.

Ele subitamente parou e abaixou-se até estar tão próximo que eu podia sentir seu hálito de menta.

– Primeiro: você é muito irritante para alguém tão pequena; Segundo: Você me deve um pedido de desculpa e também tem que me agradecer por manter as mãos de Carte longe de você; Terceiro: Nunca mais grite comigo, não sou um de seus amigos engomadinhos.

Acho que me perdi no primeiro item. Deus, que homem era aquele? Que voz, que cabelo,...

– Você esta me ouvindo docinho?

Docinho? Quem o idiota pensa que é para me chamar assim?

– É claro que sim, não sou surda idiota.

Ele segurou meu queixo de forma que eu o olhasse nos olhos antes de proferir:

– Essa sua boca é um problema.

Seus olhos hipnotizavam-me e era difícil respirar quando o tinha tão perto de mim.

– Um conselho, se não quiser ser apalpada por idiotas como Carter, deveria usar algo menos provocativo.

O que?

Olhei para minha saia, minhas botas e minha camiseta, isso não era nada provocante comparado com o que Jenna usava.

Abri a boca para responder quando o vi se afastando.

– Aonde você vai?

Ele não respondeu, apenas continuou andando.

– Estou perdida. - apelei.

– Boa sorte com isso.

Sua risada ainda ecoava em meus ouvidos quando o vi sumir no meio da multidão.

Ainda faltavam 40 minutos para o show começar, então voltei a minha caça a Sophie e Jenna.

Eu as encontrei com seus “acompanhantes” perto do palco. Eu diria que nem ao menos sentiram minha falta pela forma com que se enganchavam com os garotos.

Bufei, frustrada.

Hoje era meu aniversário de 20 anos, daqui exatamente 1 mês eu entraria na faculdade, eu nunca fui verdadeiramente tocada por um homem, tenho medo de escuro e ainda não sei andar de bicicleta. Pensar no quanto minha vida era patética não a tornaria melhor ou emocionante.

– Em, pare com isso. – Sophie me olhava como sempre fazia, agindo como se eu fosse uma criança e ela um adulto. – Relaxe, faça algo estupido para variar.

Durante o resto do show eu dancei, flertei com alguns caras, e até mesmo beijei alguns deles. Eu posso ter bebido um pouquinho e tropeçado algumas vezes enquanto saia para procurar um banheiro.

Acho que em minha confusão fui parar em uma espécie de estacionamento. Ali era gelado e afastado do show, comecei a sentir frio e medo. Onde diabos eu estava? Caminhando mas um pouco ouvi alguém praguejar. Suspirando aliviada por saber que havia uma alma viva neste lugar, segui os sons que a pessoa fazia.

Quando me aproximei de um Dodge charger R/T 1970 preto, fiquei sem folego, ele era perfeito, caminhei até ele e parei quando vi quem estava atrás do volante.

O loiro mal humorado.

Quando nossos olhos se encontraram, senti aquela coisa estranha no estomago. Por que ele? Por que além de lindo ele tinha que ter o carro dos meus sonhos?

– O que você...?

– Como disse antes, estou perdida. – respondi, o cortando.

Compreensão e algo com culpa passou por seus olhos.

– Desde àquela hora?

Por que não? Fazendo beicinho, balancei a cabeça, afirmativamente, aproveitando-me do momento.

Ele saiu do carro, passando a mão esquerda em seu cabelo, suspirou.

– Sinto muito, eu devia, devia tê-la ajudado...

Não pude evitar, o olhar de cachorro perdido em seu rosto me fez gargalhar.

– Relaxe, só estou curtindo com a sua cara. – falei, limpando as lágrimas que escaparam de mim em meu acesso de riso. – O que foi? – a expressão em seu rosto deixava claro que ele poderia matar alguém, apenas com suas mãos.

– Você é sempre assim tão estupida e imprudente a ponto de irritar um homem que tem o dobro de seu tamanho em um estacionamento deserto? – não percebi, mas o loiro se aproximara, silenciosamente até estar a menos de um palmo de distância de mim.

Seu tom era ameaçador, mas eu não tinha medo.

– Não m-...me chama de estupida. – gaguejei.

Um sorriso maroto tomou sua face. Espera! Aquilo eram covinhas?

Desviando do assunto e distanciando-me dele, perguntei enquanto passava a mão na belezura a minha frente. O carro. – Problemas no paraíso?

Em resposta ele bufou. Ignorei o quanto éramos parecidos quando estávamos irritados.

– Não consigo descobrir por que ele não funciona.

Indicando a porta do motorista, falei – Posso?

Olhando-me divertido ele assentiu.

Entrei no belo veiculo e chequei tudo, óleo, gasolina,... Graças a vovô Steve, eu sabia muito sobre carros, crescera em sua oficina. Sai e abrindo o capô, verifiquei todo o resto, ele parecia estar em perfeitas condições, talvez fosse apenas um problema na chave.

– Chave por favor.

Ele prontamente a me entregou, ainda sorrindo.

Inspecionei a chave e nada parecia errado.

– Você tem um alicate, preciso fazer uma ligação direta.

Incrédulo, ele me olhava como se estivesse me vendo pela primeira vez.

– Você sabe mesmo o que esta fazendo?

– Neta de um mecânico, sabe como é, não me importo de ter as mãos sujas de graxa. – respondi dando de ombros. – Aproposito, ...- estendi minha mão direita, que realmente estava um pouco suja de graxa. – Emma.

Ele piscou algumas vezes antes de responder meu aperto. Quando nossas peles se tocaram outra vez, senti o mesmo formigamento, agora familiar. – Dean.

Dean.

Sorrindo ele foi até o porta luvas, de onde tirou um alicate e o me entregou.

Quando tudo estava pronto, apenas o ensinei quais fios deveria juntar. Sai do carro meio sem graça, agora que não tinha um foco.

– Hum..., obrigado, Emma.

– Não há de que, Dean.

Ainda sorrindo, virei-me para ir, não antes de sentir sua mão em meu braço.

– Não posso, simplesmente não posso deixa-la ir.

Surpresa, o encarei. Os olhos de Dean queimavam minha pele. Eu. Nunca. Havia. Sentido. Algo. Assim. Tão. Intenso.

Suas mãos subiram por meus braços, uma delas se dirigiu para minha cintura, enquanto outra descansava atrás de minha nuca. Ambas me traziam para ele. Suspirei. Seu toque era reconfortante.

Quando seus lábios finalmente encontraram os meus, uma explosão de fogos de artifícios dançou em mim. Dean era quente, suave, delicioso.

Agarrando-me a ele como pude, o deixei me levantar em seus braços e me carregar para o banco traseiro de seu carro. Nos beijávamos desesperadamente como se nunca tivéssemos o suficiente do outro. Quando sua camiseta impedia-me de toca-lo como queria desde o momento em que bati os olhos nele, a tirei. Em seguida ele fez o mesmo comigo.

Quando eu usava apenas minha lingerie, e ele sua boxer, parei de beija-lo. O que eu estava fazendo? Fazer sexo com um estranho nas estava em meus planos, nunca esteve.

– Em? Eu a machuquei? – a preocupação em seus olhos era verdadeira, e a suavidade e paixão com que me tocava, mostrava que ele nunca me machucaria.

Balancei a cabeça, negando.

– Não quero força-la a nada. Eu só..., só não posso me controlar perto de você, estou duro desde o momento em que me estapeou. – suspirando ele descansou sua testa na minha.

Todo o meu medo evaporara, eu o queria também, tanto que até doía.

– Basta ser gentil. –sussurrei. – Eu hum, sou vi...

Quando ele entendeu o que eu estava tentando dizer, seus olhos se arregalaram e ele rapidamente se afastou.

– Deus, eu sinto muito Emma.

– Não sinta. Eu quero você Dean. – tenho certeza de que estava corada, mas não me importava. – Por favor. – sussurrei enquanto o puxava para mim novamente.

Relutante ele respondeu quando o beijei.

Eu o ajudei com o restante de suas peças de roupas e ele fez o mesmo comigo. Quando ambos estávamos prontos, permiti que Dean me tomasse.

Sempre pensei que seria doloroso, ou desconfortável, foi surpreendentemente maravilhoso descobrir que não. Dean era delicado e seguiu meu ritmo, amando cada parte de meu corpo de um jeito único. Não acho que poderia esquecer este dia, jamais.

Durante o que pareceram anos, ficamos deitados, abraçados.

– Feliz aniversário Emma. - sussurrei para mim mesma antes de adormecer deitada sobre ele.

...

Quando acordei, senti a falta do calor do corpo de Dean junto ao meu. Pisquei e levantei-me. Ele estava encostado no capô, olhando para o céu escuro. Vesti-me e sai do carro.

– Ei. – falei, um pouco envergonhada.

Ele não respondeu, apenas permaneceu como eu o havia encontrado.

– Dean?

– Isso tudo foi um erro Emma. Eu não devia ter me aproveitado de você. Sinto muito por ter sido tão fraco ao ponto de... – ele passava a mão pelo cabelo desesperadamente.

– Sente muito por ter feito amor comigo? Sente muito por ter me proporcionado a melhor experiência que já tive?

– Esse é o problema, ... – Dean andava de um lado para o outro, indo e vindo constantemente.

– Eu não me arrependo. Não quando o que fizemos foi maravilhoso...

– Não diga isso, foi apenas sexo.

Suas palavras eram como lanças entrando em meu peito. Lágrimas ameaçavam transbordar por meus olhos.

– Dean, aquilo não foi apenas sexo. Eu só sei, de alguma forma sei que não foi apenas sexo. Nós fizemos am....

– Não diga que fizemos amor. NÓS FUDEMOS EMMA. Eu não faço amor porra.

Um soluço escapou, e então não pude conter os que o seguiram. Por que ele não admitia?

– Vá, apenas vá embora. Vamos fingir que isso nunca aconteceu.

As malditas lágrimas caiam e eu não podia para-las, apenas assenti e sai correndo dali. Eu queria fugir, queria correr até de alguma forma sumir.”

Quando o sol finalmente deu as caras respirei aliviada, aquela fora a segunda noite mais longa de minha vida.


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Nosso Dean é um pouco malvado, vocês não acham rs?