Presa a Você escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 10
Eu Topo!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me pela demora, mas eu não estava conseguindo escrever nos últimos dias. Ficar doente fisicamente é horrível, mas sentir aquele outro tipo de dor que não podemos ver é ainda pior. Prometo que tentarei escrever semanalmente assim que eu puder lidar com tudo o que vem acontecendo. Até lá pode ser que saiam novos capitulos, pode ser que não.
Sinto muito que meu estado afete meu trabalho e vocês.
Atenciosamente,
Bia.



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Acordei decidido a esquecer Emma, a deixa-la seguir sua vida com Andrew. Ela não precisava de um cara como, um filho da mãe quebrado que não podia dar a ela tudo o que ela merecia.

Eu a evitei durante o resto da semana. Bebi todas as noites até o esquecimento, saindo da cama no outro dia apenas para ver Ellie e ajuda-la com sua mudança.

Quando o último dia chegou, eu não estava feliz com a ideia de que no dia seguinte teria que ver Andrew e Emma, o casal de ouro do Campus. Durante toda a nossa apresentação permaneci neutro, atuando como nunca fiz, apenas tentando não notar o quanto Hans e eu éramos parecidos, por desejarmos mulheres que não podíamos ter.

Quando por fim a peça acabou a vi correr para seu camarim, certamente para se arrumar para o nosso jantar de comemoração. Percebi que não estava pronto para vê-la no vestido de Lucy, então permaneci nos bastidores por um tempo, desfrutando de um bom uísque. Ele me aquecia quando me sentia tão frio. Quando dei por mim, eu já havia bebido todo o conteúdo da garrafa. Levantei um tanto cambaleante, eu tinha de voltar para o hotel e checar Ellie.

Posso ter pisado em falso na escada que dava acesso ao hall, tenho certeza de que teria caído se não fosse pelo par de braços macios que me seguraram.

– Em?!

– Vamos lá garotão, você não parece nada bem.

Eu a segui, ou a deixei me guiar até um táxi. Alguns minutos mais tarde entravamos em meu quarto, eu já podia distinguir a garota que me ajudava, e aquela não era Emma.

– Jenna, eu posso caminhar sozinho agora.

– Apenas quero me assegurar de que você vai chegar ao seu quarto Dean. – ah claro!

Agradeci mentalmente a ela, por abrir a porta para mim, não acho que eu fosse capaz.

Adentramos o quarto e a primeira coisa que me veio a cabeça foi um banho, um bom banho. E foi o que fiz, só não esperava que Jenna fosse se juntar a mim.

– Que porra é essa?

– Você não parece bem Dean, e eu quero faze-lo sentir-se bem. – a garota caiu de joelhos e começou a trabalhar em meu pênis. Eu não a queria, então não importava o quanto ela tentasse, meu amigo não colaborava. – O que há de errado com você?

A ignorando deixei o box e pegando uma toalha sai do banheiro.

– Você realmente a ama não é?

Onde ela queria chegar com aquela conversa?

– Pois não devia Dean. Quando você vai entender que caras como você não podem ter garotas como ela?

Esse era o problema, eu já entendi a muito tempo.

– Quando o ano acabar ela e Andrew vão finalmente se casar, serão eles dois com suas vidinhas perfeitas, e você ficará aqui, assistindo a tudo o que você mais deseja e nunca poderá ter.

Jenna era uma puta manipuladora, mas tinha um ponto. Qualquer um poderia ver o quanto eu me tornara um tolo nos últimos anos, por uma garota que nunca será minha.

– Então Dean, o que vai ser?

Sem pensar, sem ouvir meu fodido coração que implorava para que eu não o fizesse, a encostei contra a parede e comecei a beija-la grosseiramente. Ela parecia não se importar com minhas investidas nada cavaleiras. Tomando-a no colo, a joguei em minha cama e desliguei todo e qualquer sentimento, mesmo que enquanto a tocasse, seria Emma em meus pensamentos.

Aquilo era tão diferente do que Emma e eu fazíamos, tão diferente da forma com a qual eu a tocava. Jenna não era tão quente ou doce como Em, ela nunca seria digna de nada mais do que uma foda.

“– Basta ser gentil... Eu quero você Dean... Por favor!...”

Continuei a beijar a garota ruiva, pensando em um par de olhos azuis...

O barulho da porta fez com que eu me virasse, apenas para encontrar Emma, em todo o seu esplendor no vestido de Lucy, nos encarando como se fosse vomitar a qualquer momento.

Tentei chama-la, tentei até mesmo correr atrás dela, mesmo ainda estando nu. Eu não me importava com isso, não quando a minha Lucy corria para longe de mim.

Deus, eu era um idiota, um bastardo filho da mãe.

Voltei para o quarto, me vesti e disquei para a única pessoa que me restara.

– Ellie eu estraguei tudo!

...

Fazia uma semana desde que retornamos, a sete dias eu não a via. Não por falta de tentativas. Segunda Sophie, Emma estava doente, o que apenas aumentava meu tormento. Aquilo era uma droga, e a culpa era toda minha.

Jenna continuava a ligar, Andrew parecia ainda mais hostil, Sophie me fuzilava com os olhos e eu tentava me ocupar com Ellie.

– Dean?

Ellie estava com sua expressão preocupada desde que retornamos de Vegas. – Sim?

– Seu celular esta tocando querido.

Este era o meu estado ultimamente, distraído, pensativo. Sem mesmo ver quem era, atendi.

– Ei cara, estou ligando faz duas semanas. Onde você se meteu?

Carter. Droga!

– Eu disse que estava viajando para Vegas na última vez em que nos falamos. – um suspiro me escapou. Carter era um bom cara quando não estava chapado ou bêbado, o que era quase impossível.

– Acho que sim. A questão é, você perdeu muitas lutas cara.

Desde minha chegada a São Francisco Carter e eu lutávamos ou corríamos em rachas, por dinheiro ou apenas por diversão às vezes.

– Sim eu sei. – este era meu escape, recorrer as lutas ou a adrenalina, quando eu não podia lidar com meus sentimentos, ou quando o álcool já não ajudava.

– Preston o desafiou, temos muito dinheiro em jogo Dean.

– Eu estarei lá.

E nas próximas quatro semanas eu lutei, lutei como se minha vida dependesse disso, apenas para esquecer o quanto era difícil respirar com tantos pensamentos dolorosos dentro de mim. Eu não a vi, e a falta de seus sorrisos ou o som de sua voz ecoando pelo campus era demais.

– Ei cara! Temos algo novo essa semana – a empolgação no tom de Carter dizia que algo grande estava vindo.

– Manda – respondi, sorrindo para o olhar sonhador dele enquanto empurrava a porta da sala de aula. O alivio de estar a apenas três meses de me formar era bom e assustador ao mesmo tempo. A ideia de simplesmente ter um vazio a minha frente era frustrante.

– Temos um novo oponente, ele não se identificou, apenas entrou em contado, dizendo que queria você.

– Não acho que esta seja uma boa ideia Carter – respondi. Isso era novo, não conhecer meu oponente apenas fazia com que a excitação fosse maior, o que ainda não deixava de ser perigoso.

– Você diz isso por que não ouviu de “quanto” estamos falando – quando o assunto era dinheiro, esse era Carter, em seu modo “empresário” – O dobro de Preston!

– Puta que pariu! – o dobro? Mais isso era...

– Merda cara.

Ignorando a carranca dele, me virei para a porta, por onde uma Emma pálida passava.

Hoje era segunda, e as segundas nos tínhamos um período juntos. Eu costumava amar o tempo que tinha com ela sem Andrew por perto, mas agora a agonia de vê-la e não poder toca-la estava me matando. Emma cursava Literatura Inglesa, enquanto eu me ocupava com Fotografia. No último ano, um curso de “interação” fora adotado, esta era a razão de termos duas horas juntos todas as segundas.

Quando a aula finalmente acabou, corri para alcança-la, mas Andrew-carrapato era mais rápido e já a esperava fora da sala. Bufando tentei ignorar o calor que senti quando passei por ela.

Durante o restante do dia, tentei inutilmente me aproximar. Estava a ponto de entrar dentro do banheiro feminino onde a vi entrar a pouco, quando Sophie e James se aproximaram.

Não me preocupei com a falta de ligações de James no último mês, mas ver o olhar que ele direcionava a mim agora, me fez pensar melhor. Ele sabia!

– Merda cara, tudo o que pedi foi para que ficasse longe dela. Não me importei quando você se ocupou em comer cada garota neste Campus, apenas...

James parecia possesso enquanto me fuzilava com os olhos. Sophie ao seu lado mantinha sua velha expressão de nojo.

– Jimmy eu não sei...

– Cale a boca Hunt. Cale a merda dessa sua boca, ou eu o farei por você.

As palavras dele queimavam como ferro em brasa, James e eu éramos amigos, e mais do que isso.

– Fique longe dela Dean, fique longe de todos nós.

E foi o que eu fiz, mesmo que aquilo me matasse aos poucos. Agora era diferente, não como antes quando eu me recusava a aceitar que a amava. Agora de alguma forma eu sabia que nunca mais seria o mesmo.

Deixando o Campus, liguei para o único amigo que me restara.

– Carter, eu topo.


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Notas finais do capítulo

Dean é um cara confuso e machucado, alguém que já sofreu mais do que podia aguentar, e mais do que pode contar em palavras. Eu o conheço muito bem. Talvez ele apenas seja um reflexo meu.