Eu suspirei e tentei responder com o que veio em minha cabeça no momento:
"Desculpa, Art. Você tem razão. Há realmente uma coisa que não queremos que você saiba. Olha, me desculpa mesmo, mas eu não posso contar. Eu juro que sempre conto tudo pra você, mas essa coisinha em especial, eu simplesmente não posso. Me desculpa" olhei para o chão me sentindo culpada. Isso não pode estar acontecendo.
"Não confia em mim?" Art parou de andar e me olhou com uma expressão magoada. Ai, não. Eu não aguento isso.
"Mas é claro que confio! Não tem ninguém em que eu confie mais do que em você!" eu não aguento isso. Só queria desaparecer. É tudo culpa minha e da minha falta de coragem! Eu não aguento quando ele me olha com essa expressão magoada. É como se seus olhos me matassem por dentro. Por favor, me diz que estou sonhando.
"Então por que está escondendo algo de mim?!" sua expressão magoada só piorava cada vez mais.
"Desculpa, Art. E-eu simplesmente não posso" meus olhos começaram a lacrimejar. Acho que ele percebeu isso, pois me abraçou. Será que estraguei nossa amizade por causa desse segredinho?! Se ele ao menos soubesse que o segredo é que o amo...
"Beca, não fica assim. Olha, tudo bem se não quiser me contar. Você tem todo o direito de ter segredos. E de repente o segredo nem é seu. Talvez seja da Laura e você está apenas mantendo sua promessa de não contar a ninguém. E mesmo se não for o caso, não precisa me contar. Todo mundo tem seus segredos. Só não fica assim, tá?" ele se separou do abraço e acariciou minha bochecha, me fazendo sorrir de leve. Eu balancei a cabeça positivamente em resposta a seu pedido e cocei um pouco os olhos, espantando as lágrimas que estavam prestes a cair.
"Desculpa por não poder te contar. Mas juro que sempre te conto tudo. Você sabe tudo sobre mim. É só essa coisinha que é... Assunto de garota" tentei explicar.
"Tudo bem. Não se preocupe com isso, tá?" ele disse dando um sorriso apreensivo.
"Tá" eu disse, quase em um sussurro. Por alguns segundos, fiquei perdida em seus olhos, até que ele me abraçou de lado e voltamos a andar. Preciso parar com esses pequenos 'transes'. Devo parecer uma idiota.

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{Às 22:00}
Art já havia voltado para sua casa há umas 4 horas. O cartaz está bem legal. Só falta colocar mais algumas informações e está pronto. As coisas até que rolaram normalmente depois do almoço. Nós dois tentamos esquecer o que aconteceu mais cedo. Mas, coitado dele, eu entendo seu lado. Imagina só se minha melhor amiga desde sempre, que nunca me escondia nada, de repente arranjasse uma amiga – que, a propósito, é minha ex – e começasse a ficar de segredinho com ela. Ok, agora eu me sinto péssima. O problema é que eu não posso simplesmente contar para ele o segredo. Eu poderia estragar toda nossa amizade. Ou ele diria que sente o mesmo e nós viveríamos felizes para sempre... É, isso não vai acontecer. Eu estragaria nossa amizade se contasse. Ai, mas que saia justa, viu! Vou apenas esquecer esse assunto por hoje e ir dormir. Eu me deitei na minha cama e peguei um livro que estava em cima da minha mesinha de cabeceira. Sempre leio para pegar no sono. Quanto mais livros, mais conhecimento você adquire. Sem contar que é divertido.
Eu estava entretida com a leitura quando meu celular apitou. Peguei o aparelho que estava do meu lado e li o que apareceu no visor.
"Você recebeu uma mensagem de Art".
Sorri para mim mesma e desbloqueei o celular.
"Ñ se preocupe com o q aconteceu hj cedo. Todo mundo tem segredos. Eu tbm tenho um ;) Boa noite".
Uma frase me chamou a atenção: 'eu também tenho um'. Então o Art tem um segredo? Mas, o que será?

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Senti uma brisa fria bater nas minhas costas e arrepiar minha pele. Abri os olhos aos poucos e me encontrei deitada na grama. Uma grama escura e mal cuidada. Mas onde eu estava, afinal? Me levantei e olhei ao redor. Parecia um tipo de floresta. Mas aquelas florestas escuras e bem sinistras. Não conseguia ver nada além de árvores enormes. Olhei para todos os lados, até que algo me chamou a atenção: uma placa grande e amarela escrita 'CUIDADO'. Cuidado? Mas porquê? Estou em perigo? Resolvi ir até o local onde estava a placa. Quanto mais eu me aproximava, mais placas iguais iam aparecendo no caminho. Minha mente me dizia 'Volte! Volte! Está ficando muito perigoso! Volte!', mas meus pés não seguiam seus comandos. Eles seguiam as placas. Me vi em um local onde não havia mais árvores ou placas, apenas um enorme buraco. Minha mente continuava dizendo para não me aproximar, mas alguma força era maior que minha intuição. Me aproximei e olhei para dentro do buraco. Apenas escuridão. Me inclinei um pouco mais, até que me senti empurrada e cai. Era um buraco sem fim! Eu caia, caia, caia, e não chegava a lugar algum. Eu gritava o máximo que meus pulmões aguentavam, mas não conseguia me ouvir. Ouvia apenas uma voz repetindo em minha cabeça:
"Isso ainda não acabou".
Espera, eu conheço essa frase, conheço essa voz... É o Edu! Mas o que isso deveria significar?
Eu caia, caia, caia. Gritava, não me ouvia. Isso ainda não acabou. Isso ainda não acabou. ISSO AINDA NÃO ACABOU!

Continua