Imutável escrita por Segunda Estrela


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Foi tão maneiro ver que cada um tinha uma opinião diferente no capítulo passado sobre o que os Guardiões fizeram, eu me mantenho neutra, mas é mais por causa de eu ser indecisa do que por ser neutra mesmo.
Esse capítulo deu um pouco de canseira, porque eu precisava fazer o Sandman falar várias coisas sem que ele realmente falasse. Se eu simplesmente colocasse as falas dele assim:
"bla bla bla" Uma voz dele falando viria na minha cabeça.
Esperaí, um minuto de silêncio.... Alguém recomendou essa fic, eu quero deixar bem claro que eu não chorei tá? Foi só um cisco que caiu no meu olho, não é como se eu quisesse isso ou algo assim.
Mas eu gostaria de agradecer não só a Crystal Heart (uma pessoinha maravilhosa) por ter recomendado, gostaria de falar obrigado para quem favorita, comenta e até mesmo para VOCÊ, leitor que leu minha fic até aqui.
Obrigado!



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Eu voei pelas montanhas e ventos do norte, tão desnorteado e confuso como quando ouvira pela primeira vez aquela maldita história pelos lábios profanadores de Breu. E no final das contas quem realmente não escondera nada de mim, quem fora sincero comigo, foi o desprezível espírito que mentira tantas outras vezes. Eu me sentia um idiota por ter defendido os Guardiões naquele momento, mas também eu não teria como ter pensado de outra forma. Eu fui sincero quando disse que confiava plenamente em cada um deles, e nunca me arrependi tanto disso. Eu acabei pousando no topo de um pico tomado pelo inverno e afundando meus pés na neve. O dia inteiro eu passara tentando repensar tudo e arranjar uma explicação lógica para o que eles fizeram, mas ao descobrir no final das contas que a desculpa era apenas uma covardia repugnante, tudo pareceu desabar sobre minha cabeça. Eu não conseguiria reorganizar meus pensamentos e achar uma saída. Eu saí da fábrica com palavras determinadas, mas agora que eu refletia sobre isso, não havia mesmo nada que eu pudesse fazer para mudar o passado. Tudo bem que havia uma forma, mas eu poderia demorar anos, séculos, sem a ajuda deles para conseguir realizar tal feito. E apesar de tudo, eu ainda era um Guardião, não importa o que os outros fizeram, eu ainda mantinha minhas convicções firmes.

Conforme o tempo passava e eu esfriava a cabeça, passava a ver tudo mais claramente. Meus sentimentos em relação aquela garotinha não mudaram nem um pouco sequer, mas eu sabia que não importava o que eles fizessem, eu perdoaria os outros Guardiões mais cedo ou mais tarde. Todos cometemos erros no passado e assim como eles foram capazes de me perdoar pela minha fraqueza egoísta há alguns meses quando Breu me enganara, eu deveria ter a capacidade de retribuir o favor. Mesmo que fosse por uma única vez. Respirei fundo. Apesar de dizer aquelas palavras com certa certeza, dentro de mim algo não conseguia simplesmente esquecer. Talvez fosse pelo simples fato de entender o sofrimento da Elsa, saber com tanta exatidão tudo que ela passara. E não querer que mais ninguém vivesse como eu.

Virei o rosto vagamente olhando ao redor. Meu coração juntou-se ao fígado e subiu a boca quando vi o pequeno Guardião dos sonhos ao meu lado me encarando tristemente. Coloquei a mão no peito e apoiei-me no meu cajado.

– Sandman? O quê...? O quê ta fazendo aqui?

Ele não respondeu, apenas me encarou melancolicamente. Então me lembrei da discussão que tive pouco tempo atrás com os Guardiões.

– Olha, não pense que vai conseguir me convencer de que estavam certos. Deixe-me aqui, eu quero ficar sozinho.

Ele negou veemente. Olhei desanimado ao ver os símbolos se formarem acima de sua cabeça. Ainda não me acostumara bem com a forma alternativa que ele falava. Encarei-o atentamente tentando compreender o que queria dizer.

– Você quer... Brincar? – Perguntei tentando ao máximo traduzir a seqüência.

Ele negou novamente e começou outra vez. Fiz uma pausa e repeti em voz alta para ver se realmente tinha entendido.

– “Quer me ajudar”?

Ele lançou-me um sorriso e continuou. Não podia acreditar no que estava ouvindo, se ele me ajudasse tudo se resolveria.

– “Você tem o que eu preciso...”

Eu podia ver que o outro Guardião se animava ao ver que eu interpretava bem seus códigos. E eu não conseguia me segurar, também esbocei um grande sorriso e repeti tudo que Sandman dizia atropelando cada palavra. Ele estendeu suas mãos e eu pude ver que elas carregavam dois dos globos de neve que Norte usava para suas longas viagens.

– O Quê?! – Disse desta vez sem ser seu intérprete.

Ele estendeu insistentemente os globos na minha direção.

– “Ele funciona como...” – Semicerrei os olhos, tentando me concentrar ao máximo.

– Um buraco de cobra? – Disse com o cenho franzido e uma sobrancelha levantada.

Sandman bateu os pés no chão, reformulando tudo para que eu entendesse.

– Ah, buraco de minhoca! Perai! Como é que é?!

Ele começou a usar símbolos complexos que eu não fazia idéia o que significavam.

– Sandman, vá direto ao ponto.

Ele levantou as mãos em um gesto leviano e continuou.

– “Isso vai me levar para o momento exato do passado em que eu possa consertar tudo”

Dei um grito de alegria e girei meu cajado criando fortes ventos invernais. Segurei o Guardião entre meus braços e o levantei no ar. Sandman me olhou surpreso, mas pareceu se alegrar com toda a minha animação.

– Vamos! Quanto antes eu for melhor!

Estendi minha mão para pegar os globos, mas Sandman afastou-os de mim.

– O que foi agora?

Novamente os símbolos recomeçaram, revirei os olhos de impaciência.

– “Você vai me dar um globo para o meu retorno, então eu tenho que tomar muito cuidado para não o perder. E também está me mandando de volta porque acredita que eu tenho o poder de consertar as coisas, mas acima de tudo eu não posso dormir”

Ele me olhou confuso.

– Ah, morrer - Disse me corrigindo.

– “Porque se eu morrer no passado, toda a minha existência... Se apagará no futuro”.

Apesar dele parecer ter dado um ênfase no seu aviso, eu não dei muito atenção. Sentia meu fervor aumentar conforme ele finalmente me estendia as duas bolas de cristal. Peguei-os de suas mãos sem jeito. Ele olhou para mim preocupado.

– Eu vou tomar cuidado Sandman, não se preocupe.

Ele não pareceu convencido, mas eu sabia que ele fazia isso por prezar pelo que é certo. Eu me ajoelhei na neve e passei os braços sem jeito pelo seu corpo.

– Obrigado por acreditar em mim Sandman.

Ele suspirou fundo. Depois deu de ombros. E mais uma vez os símbolos correram apressados por sobre sua cabeça.

– “Tome cuidado com... A princesa. Não fique muito impressionado e acabe fazendo alguma besteira”. - Repeti seus pensamentos para que houvesse uma confirmação.

Dei uma grande risada, mais rápido do que pensara, o humor voltou para meu rosto.

– Por favor, Sand, quando foi que eu fiz diferente?

Ele cruzou os braços me olhando com uma sobrancelha levantada. Virei às costas para ele e segurei um dos globos a centímetros dos meus lábios.

– Me leve para Arendelle do passado. Para o tempo exato em que eu possa consertar o destino da princesinha Elsa.

Joguei o círculo de vidro na minha frente e um grande portal se abriu. Lancei mais um sorriso para Sandman e tremendo de animação, e não agüentando mais esperar, entrei no buraco sendo levado por um turbilhão.

...

Andei vagarosamente por minha caverna. Nos últimos tempos eu me sentia tomado de algo que se assemelhava muito a felicidade. Tudo ocorria exatamente como eu planejara. Eu sabia que rapidamente o tolo Jack se compadeceria da minha querida garotinha e tentaria resgatá-la de minhas garras. Dei uma risada sarcástica para mim mesmo. Tolo, tolo Jack. Tudo fora tão meticulosamente planejado, e eu me enchia de satisfação ao ver que todas as peças se encaixavam. Os cristais negros que enchiam as paredes da caverna serviam como espelhos, e eu podia ver toda a agonia que o espírito da diversão passara recentemente. Ele voando entre os ventos, confrontando Norte, a Fada e todos os Guardiões. E agora, finalmente ele estava prestes a fazer o que eu tanto esperara. Eu me enfraquecera com a última derrota, então não poderia simplesmente usar meus poderes para voltar ao passado. Mas ao ver Jack criar o portal e fazer um corte no tempo eu gritei de excitação. Isso era tudo que eu precisava, um simples corte. Dei uma grande risada e juntando todo o poder que me restara levantei as sombras do chão. Reunia todas em único ponto, fazendo um esforço sobre-humano para poder criar uma brecha entre os dois mundos. E novamente me alegrei ao ver que sem a ajuda de Jack eu não poderia realizar este feito. A matéria de minhas sombras repuxavam-se e insistiam em dispersar-se, eu tencionei meus músculos do braço forçando-as a se unirem e formarem um portal com energia suficiente para eu conseguir atravessar. O suor escorreu pelo meu rosto e eu semicerrei os olhos com força. Mas então eu finalmente tornei aquele corte estável. Olhei com satisfação para o que fizera e atravessei o buraco o mais rápido que pude antes que ele se desfizesse.

As sombras me engoliram e eu me senti ser puxado para todos os lados ao mesmo tempo. O mundo ao meu redor girou e foi engolfado pela escuridão. Continuei nesta agonia por um tempo até que tudo se acalmou. Abri meus olhos rapidamente prestando atenção ao meu redor. Sim, eu reconhecia tudo. As montanhas, os bosques, o rio, mas principalmente o castelo imponente que se erguia ao final do lago. Dei uma longa e prazerosa risada.

Eu conseguira! Eu conseguira!

Levantei-me no ar com todas as minhas sombras. Experimentando um poder que eu nunca mais sentira, o que aumentou meu júbilo grandioso. Estendi minhas mãos e vi a escuridão me seguir sem receios.

– Como é bom ser poderoso novamente! – Gritei a plenos pulmões, após tantos anos eu finalmente poderia ser ouvido. E eu queria que meu grito fosse ecoasse por quilômetros e enchesse de desespero e principalmente de medo as pobres almas de todos.

Juntei-me as sombras e movimentei-me pelo ar em um surto de poder que eu sentira falta. Fui andando cada vez mais rápido na direção do castelo de Arendelle com um sorriso cruel se formando em meus lábios.

– Espere por mim minha querida rainha, eu estou voltando.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo é um pouco menor do que o normal, mas acontece bastante coisa.
Como eu queria que tudo se assemelhasse a verdade eu andei fazendo várias pesquisas sobre teorias de viagem no tempo. Jack usou a teoria mais aceitada, pois eu percebi que os globos de neve do norte nada mais são que buracos de minhoca que se abrem no espaço. Nós, seres humanos não temos energia e nem ao menos matéria suficiente para criar um buraco de minhoca, mas tudo conserva um toque mágico. E Breu usou outra teoria, a criação de uma porta no universo por meio da criação de anti-matéria, mas esta não é uma teoria muito aceita, pois é dito que o mundo entraria em colapso caso a anti-matéria entrasse em contanto com a matéria comum, por isto é algo que somente Breu pode fazer. Mas ele só poderia voltar para uma época em que já houvesse uma brecha no espaço, por isso precisava fazer Jack voltar. Não existem dois Breus no passado, pois alguns ramos da ciência que estudam viagens no tempo dizem que isto é impossível. O corpo volta ao passado e substitui o original, refazendo todas as suas ações até que se volte ao futuro.
E é claro que tudo conserva um toque de liberdade mágica.
Eu estava pensando sobre uma coisa, vocês tem alguma dúvida sobre a estoria até agora? Se tiverem perguntem, nunca se sabe.



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